Como as redes sociais impactam a saúde mental?

Não é novidade que o uso excessivo de redes sociais têm um impacto direto na saúde mental das pessoas.

Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, LinkedIn… Vivemos imersos em um turbilhão de mensagens e conteúdos constantes que são gatilhos de ansiedade, depressão e comparação.

É claro que, no mundo hiperconectado em que vivemos, é muito difícil se isolar totalmente das redes sociais, no entanto, é possível viver com mais equilíbrio a fim de evitar os efeitos nocivos dos extremos.

Podemos e devemos utilizar as redes sociais a favor e não contra a nossa saúde. Vamos refletir juntos sobre essa pauta tão importante?

Neste artigo você verá:

Como as redes sociais afetam a saúde mental?

As redes sociais têm um lado muito bom, que é a possibilidade de romper fronteiras geográficas, permitindo que pessoas de diferentes lugares do mundo se conectem.

Além disso, a globalização também  permite que notícias, emergências e informações que impactam a população mundial como um todo sejam disseminadas com maior agilidade. Ou seja: algo pode acontecer no Japão que, rapidamente, pessoas do outro lado do mundo ficam sabendo em tempo real.

Não podemos negar, portanto, que as redes sociais têm um papel fundamental e necessário na sociedade. O problema começa quando o seu uso se torna excessivo e, às vezes, até mesmo um vício.

De acordo com o relatório “Digital in 2022: Brasil”, da Hootsuite e We Are Social, os brasileiros gastam, em média, mais de 10 horas por dia na internet. Desse total, por volta de 3 horas e 41 minutos são gastos nas redes sociais.

Outro dado impactante veio de um levantamento da Comscore, que apontou que o Brasil é o 3º país que mais consome redes sociais no mundo, sendo mais de 130 milhões de contas ativas, sendo 127,4 milhões usuários únicos.

Esse uso excessivo das redes sociais é capaz de gerar diversos problemas de saúde mental. Os gatilhos são os mais variados: comparação social, exposição a notícias negativas, necessidade de exibir a própria vida constantemente, cyberbullying e até mesmo isolamento social.

Hiperconectividade e transtornos mentais

O ambiente virtual, se não for muito bem administrado pela pessoa que está consumindo conteúdo, é capaz de desencadear transtornos como depressão, ansiedade, problemas de sono, dependência digital, entre outros.

A comparação social é um dos maiores problemas, pois as redes sociais promovem essa cultura em que todos se sentem pressionados a comparar as suas vidas e conquistas. A consequência? Em muitos casos, problemas de autoestima, sentimentos de inadequação e questões de ansiedade em relação à imagem social.

Afinal, quem nunca se sentiu inferior, nem que seja por um minuto que seja, ao ver os conteúdos de pessoas que parecem “ter a vida perfeita”?

Além disso, outro ponto de atenção é a exposição a notícias negativas, como crises políticas, desastres naturais, guerras e violência. Tudo isso também pode causar depressão, ansiedade e estresse emocional. 

A pandemia de Covid-19 é um ótimo exemplo desse tipo de situação, pois os casos de depressão e ansiedade explodiram nesse período, e há uma relação direta com o consumo excessivo de informações negativas.

A síndrome de FOMO e suas consequências

Com as redes sociais, também se fortalece ainda mais o FOMO (Fear Of Missing Out), uma síndrome caracterizada pela necessidade constante de saber o que as outras pessoas estão fazendo.

Trata-se de um sentimento de ansiedade, que é esse medo de ficar de fora do que está acontecendo na vida dos outros, afinal, usamos as redes sociais justamente para isso: saber o que os outros estão fazendo.

O que é necessário se lembrar para evitar esse sofrimento é que nem sempre o que celebridades, influenciadores e até amigos próximos compartilham nas redes sociais condiz com a realidade.

A maioria das pessoas tende a mostrar apenas a parte boa de suas vidas e ter essa consciência é fundamental para evitar a comparação e problemas graves de autoestima.

Quando você coloca muita energia do seu dia para acompanhar o dia a dia alheio e perde o foco da sua própria vida porque fica apenas se comparando excessivamente, é um sintoma de que algo não vai bem. Preste atenção!

Os principais sinais de que as redes sociais estão atrapalhando a sua vida

Os smartphones já se tornaram uma extensão do nosso corpo e, durante a maior parte do tempo, estão ao alcance de nossas mãos. Por isso, nem sempre as pessoas se dão conta de que estão lidando com um problema relacionado às redes sociais.

Ficar atento aos sinais na sua vida ou no dia a dia de amigos e familiares é o ponto de partida para a mudança. Confira os principais:

1. Você checa as redes sociais antes de dormir e logo que acorda

Você vai para cama, está morrendo de sono, mas o celular continua na mão. Nada de fechar os olhos antes de dar a última checada nas redes sociais. Contudo, basta dar uma olhadinha e pronto, o sono já se foi! O jeito então é continuar online até conseguir dormir. 

Ainda assim, no dia seguinte, quando acorda, a primeira coisa que faz é pegar o celular e abrir as redes sociais, para ver o que estão publicando. O dia nem começou e você já se sente cansado.

2. Você checa as redes sociais infinitas vezes ao longo do dia

Apenas cinco minutos se passaram desde a última vez que você checou as redes sociais. No entanto, mesmo assim você para de novo e olha tudo outra vez. Vai que alguém perguntou alguma coisa importante no WhatsApp? E se a blogueira postou um novo tutorial no Youtube, aquele que você estava esperando? 

E se alguém tiver comentado o seu último post no Instagram? Aliás, quantas curtidas até agora? Você pensa nisso tudo e vai correndo dar mais uma olhadinha. Finalmente vai rodando a barra de rolagem sem parar, atrás das novidades.

3. Você se sente por fora de tudo quando não está conectado às redes sociais

Você não consegue lidar bem com a ideia de passar um dia inteiro desconectado. Quando isso acontece, se sente completamente excluído e por fora de tudo. É consumido pela ansiedade, raiva e nervosismo e reza para o dia acabar logo. É um sofrimento se “desligar” do mundo virtual.

4. Você anda distraído e não consegue se concentrar

Você fica tão entretido com as redes sociais que não presta muita atenção ao que acontece à sua volta. Não vê que a fila andou, o sinal abriu, o elevador chegou. Além disso, tem dificuldades para se concentrar nas tarefas mais simples da rotina, por conta das distrações tecnológicas. 

No trabalho, faz pausas frequentes para checar as redes sociais e demora a retomar o foco. “Onde foi que eu parei mesmo?” – você se pergunta frequentemente.

5. Você interage ao mesmo tempo com o mundo real e virtual

Por mais que tente se policiar, você ainda não consegue estar 100% presente quando conversa pessoalmente com alguém. 

Há sempre um celular para atrapalhar. E nele está todo o seu arsenal de aplicativos; todas as redes sociais a um clique. Basta uma nova mensagem para o seu senso de urgência gritar. Aí já era! Você vai responder a mensagem na hora, mesmo que não seja urgente.

6. Você se preocupa demais com a aprovação dos outros

Não basta só postar. Você também gasta muito tempo e energia pensando nos textos e nas legendas antes de publicar. Tudo em busca da aprovação dos outros, que é instantânea no mundo virtual. Vem por meio de curtidas, comentários, compartilhamentos etc. 

Assim, você posta e não consegue se desligar. Fica ansioso para saber a resposta da audiência e acompanhar tudo em tempo real. Se a publicação não for um sucesso, o resultado é frustração, baixa autoestima, insegurança e insatisfação.

7. Você se compara o tempo todo com os outros

Você compara a sua vida, o seu corpo e o seu status social com a blogueira famosa, o amigo do Instagram, o colega de trabalho, e por aí vai… Pensa que a grama do vizinho é sempre mais verde e se culpa por não ter a mesma vida “perfeita”.

Convive com um sentimento de que sempre falta alguma coisa. A sensação é de que você está ficando para trás, enquanto todos estão dando um passo à frente. Aí vêm as cobranças, a frustração, a angústia e a ansiedade.

8. Você está com problemas de sono

As redes sociais são grandes geradoras de dopamina. Ao checar o celular antes de dormir, mesmo que apenas por alguns minutos, os estímulos gerados impedem o cérebro de desacelerar e descansar.

Inclusive, a própria tela do celular tem efeitos negativos, pois a iluminação faz com que o cérebro não entenda que já é noite, reduzindo ou até inibindo a produção de melatonina, hormônio que contribui para a indução e manutenção do sono. 

Portanto, as pessoas que sofrem com vício em redes sociais costumam ter problemas de insônia.

8 dicas para usar as redes sociais com equilíbrio

Não é necessário eliminar as redes sociais da sua vida, afinal, se você gosta de publicar e consumir conteúdos, isso não precisa mudar completamente. 

O fundamental é fazer um uso consciente, saudável e equilibrado para evitar consequências negativas para a saúde mental.

Em seguida, confira algumas dicas importantes nesse sentido:

1. Faça uma limpeza de seguidores

Elimine pessoas que, por qualquer motivo que seja, geram algum gatilho de ansiedade, estresse, comparação, autoestima, entre outras questões.

É importante manter nas suas redes sociais apenas quem contribui para a sua saúde mental e oferece conteúdos que não geram sentimentos negativos.

2. Não mantenha a conta logada no aplicativo

Para algumas pessoas pode parecer algo muito radical, mas é uma forma de evitar as notificações constantes e a tentação de abrir o aplicativo da rede social o tempo todo para verificar as novidades que foram publicadas.

Se achar isso muito difícil, uma alternativa é apenas desativar as notificações, o que já ajuda bastante também.

3. Deixe o celular fora do alcance em alguns momentos do dia

Se o celular está sempre ao lado, fica mais difícil reduzir o uso, não é mesmo?

Por isso, uma dica interessante é definir momentos do dia para checar as redes sociais, como durante as pausas do trabalho, durante o período de descanso do almoço ou após o expediente, por exemplo.

Defina algo que funcione para você e que traga mais equilíbrio para a sua vida, reduzindo a dependência digital extrema.

4. Estabeleça uma meta de uso

Outra dica para criar uma relação mais positiva com as redes sociais e não sofrer impactos negativos na saúde mental é criar uma meta de uso.

Isso significa definir um tempo limite para gastar diariamente com as redes sociais. Alguns smartphones oferecem a possibilidade de envio de relatório semanal de uso de cada aplicativo, o que ajuda bastante também.

5.  Tenha outros hobbies

É importante ter outras atividades no seu dia que proporcionem prazer e satisfação.

O celular oferece jogos, conteúdos, memes, vídeos e reflexões interessantes, mas não é a única maneira de se distrair ou se entreter. Para fugir um pouco das telas, é importante descobrir o que você gosta de fazer além de usar as redes sociais.

6. Tenha senso crítico

Se você deseja continuar usando as redes sociais, é importante cultivar um senso crítico para sempre se lembrar de que as pessoas costumam mostrar apenas um recorte positivo de suas vidas.

Isso ajuda a evitar problemas de autoconfiança e autoestima provenientes das comparações sociais.

7. Foque na beleza da vida presencial

Por mais que as redes sociais encurtem distâncias e ofereçam entretenimento o tempo todo, nada substitui as relações presenciais e o contato humano.

Lembre-se de como a vida pode ser boa sem o celular. Seja enquanto assiste a um filme sozinho ou durante um jantar com os amigos, as redes sociais não são necessárias nesses momentos. Na realidade, atuam apenas como fonte de distração.

8. Elimine a necessidade de exposição exagerada

Vivemos dentro de um contexto em que “se não postamos, não vivemos”.

Sempre que possível, evite publicar tudo o que faz, afinal, esse comportamento também aumenta a ansiedade em relação à necessidade de aprovação do olhar do outro. 

Experimente não publicar nada durante uma semana e analise se você se sente mais tranquilo. Pode ser uma boa forma de começar a reduzir o uso das redes sociais.

Como a terapia pode ajudar nesse processo?

Se você está enfrentando dificuldades para usar as redes sociais a seu favor e não prejudicar a sua saúde mental, um(a) psicólogo(a) pode te ajudar nesse processo.

Ao longo das sessões de terapia, será possível compreender o que está por trás das sua necessidade constante de se manter hiperconectado para, assim, analisar outras questões que podem estar relacionadas ao uso das redes sociais.

A partir desse aprofundamento, é possível identificar padrões de comportamento e gatilhos estressores para, assim, construir uma estratégia de enfrentamento eficaz de acordo com as suas necessidades.

Contar com o suporte de um profissional especializado em saúde mental traz ótimos retornos positivos se houver comprometimento da sua parte como paciente. E você pode dar esse primeiro passo com a Vittude, que te conecta a psicólogos altamente capacitados de diversas abordagens psicoterapêuticas. Clique aqui e saiba mais!

Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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Samuel Dias
4 anos atrás

Tirei nota 7/7.
Tenho uma tremenda dificuldade de sair das redes sociais, resultando na dificuldade de fazer tarefas diárias e ter foco.

Fico o tempo todo inquieto toda hora verificando o Facebook na expectativa de ter alguma novidade. Às vezes fico com raiva de mim mesmo por não conseguir ficar muito tempo sem verificar nada. Me comparo com as pessoas e me sinto inferior. Sofro de ansiedade e depressão e estou no começo do tratamento com o objetivo de mudar a rotina de vida. Conteúdo bem interessante de ser ler.

Artigo publicado em Autocuidado