AIDS: a importância do acompanhamento psicológico
18 de junho de 2019
Tempo de leitura: 10 minutosAIDS, sigla de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença que afeta o sistema imunológico, reduzindo as defesas do organismo diante de infecções que, numa situação normal, seriam combatidas sem maiores transtornos.
O vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o causador dessa síndrome que, na realidade, é o estágio avançado da infecção.
Ou seja, AIDS e HIV estão relacionados, mas não são a mesma coisa. Uma pessoa infectada pelo vírus pode viver anos sem apresentar sintomas e, com tratamento preventivo, jamais chegar ao estágio da AIDS.
Complicado? Vamos explicar, com mais detalhes, como se dá o desenvolvimento da doença e você entenderá todas as etapas, do contágio ao tratamento.
É fundamental ter esse conhecimento para a prevenção efetiva, bem como saber o procedimento diante de um resultado positivo para o vírus.
Um alerta: os casos de HIV tiveram um aumento de 700% entre jovens de 15 a 24 anos, na última década. Portanto, os esclarecimentos sobre o assunto são urgentes e precisam estar mais presentes em nossas discussões.
O que é HIV?
Como pontuamos, o HIV é um vírus. Ele atua no sistema imunológico, atacando as células de defesa, em especial os linfócitos denominados T CD4+. O vírus altera o DNA dos linfócitos, se multiplicando no organismo.
Possui um tempo de incubação prolongado, o que significa que os sintomas da doença podem tardar a aparecer. Logo, não há como saber se uma pessoa é soropositiva apenas por indícios. Quando os sintomas se tornam evidentes, é porque a doença já evoluiu.
Como o HIV é transmitido?
A falta de informação sobre a AIDS pode estigmatizar a pessoa soropositiva, causando temores de contágio infundados. Por exemplo: o vírus não é transmitido pela saliva, pelo ar, pelo suor. Logo, compartilhar talheres, assentos, piscinas ou lençóis não é um risco. Tampouco abraçar e beijar!
Por outro lado, o entendimento raso e equivocado pode insinuar a desnecessidade de cuidados.
Devemos ter claro que o HIV pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno. Portanto, não basta imaginar que o uso da camisinha, em relações sexuais que envolvem a penetração, é suficiente para prevenção.
De forma geral, as situações de risco são:
- sexo vaginal, anal e oral, sem uso correto da camisinha;
- compartilhamento de seringas;
- compartilhamento de instrumentos perfurantes ou cortantes, não esterilizados (daí a insistência no cuidado com estabelecimentos que oferecem serviços como colocação de piercings e realização de tatuagens, por exemplo);
- transfusão de sangue contaminado;
- durante a gravidez, parto e amamentação, no caso de mães infectadas.
Sintomas do HIV e da AIDS
A infecção dificilmente apresentará sintomas evidentes num primeiro momento. O mais comum é que, de 2 a 6 semanas após o contágio, o portador do HIV manifeste leves mal-estares, tais como:
- cansaço;
- febre;
- dor de cabeça;
- dor ou irritação na garganta;
- calafrios;
- enjoo;
- vômito;
- diarreia;
- dor muscular e nas articulações;
- suor noturno;
- ínguas;
- pequenas feridas na boca.
Esses sintomas desaparecem em até 14 dias, o que faz com sejam ignorados. No mais, como são idênticos ao quadro de uma gripe — inclusive no que diz respeito ao período de manifestação —, costumam ser assim interpretados.
Depois dessa fase inicial, o HIV pode ficar silencioso por anos — até décadas! Essa etapa é chamada de fase assintomática, justamente por não apresentar alterações perceptíveis.
Contudo, mesmo sem sintomas, o vírus estará atacando as células de defesa, deixando o organismo gradativamente mais fraco e vulnerável a outras doenças.
Sistema imunológico vulnerável
Quando o sistema imunológico chega ao estágio de severo comprometimento, falamos da AIDS e seus sintomas propriamente ditos. Dentre esses, podemos citar:
- febre persistente;
- emagrecimento substancial;
- lesões ou manchas na boca e língua;
- erupções cutâneas;
- fadiga crônica;
- dores de cabeça recorrentes;
- diarreia constante;
- ínguas;
- aparecimento de doenças oportunistas (que evoluem em função da baixa imunidade) como tuberculose, hepatite viral, pneumonia, candidíase, toxoplasmose, meningite e alguns tipos de câncer.
Diagnóstico da AIDS ou HIV
O HIV só pode ser detectado através de exame específico, com a coleta de sangue ou fluido oral. O exame pode ser realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por qualquer pessoa que esteja em dúvida, após um comportamento de risco.
Também é possível entrar em contato com o Disque Saúde, via telefone (136), para descobrir locais onde são realizados os testes.
É indicado realizar o exame 30 dias depois da exposição à situação de risco, pois o organismo precisa desse tempo para produzir anticorpos contra o vírus — e são esses que indicarão a presença, ou não, do HIV.
O diagnóstico da AIDS — ou seja, estágio avançado da infecção — de dá a partir da contagem dos linfócitos T CD4+ que, em pessoas saudáveis, apresenta-se entre 800 a 1.200 unidades por mm³ de sangue. Quando esse número fica abaixo de 200 unidades por mm³, há confirmação de que o HIV evoluiu para a síndrome da imunodeficiência adquirida.
Tratamento de HIV e AIDS
São muitas as pesquisas em busca da cura definitiva. Mas ainda não chegamos lá. O que temos são variedades de tratamentos, bastante eficazes, desde que administrados de forma ininterrupta e de acordo com as orientações médicas específicas.
Existem medicações anti-HIV oportunas para atacar o vírus em diferentes estágios de sua manifestação. Quanto antes o HIV for detectado, mais precoce o tratamento e, por consequência, menores os danos ao sistema imunológico da pessoa soropositiva.
A combinação de drogas, prescritas pelo médico a partir da avaliação do paciente, pode controlar a multiplicação do HIV e realmente impedir que evolua para AIDS. As chances de uma vida normal, com qualidade, são significativas!
Porém, o que especialistas vêm percebendo é que, diante do sucesso da medicação, muitos soropositivos relaxam com o tratamento, chegando a interromper o uso.
É importante enfatizar que o nenhuma droga extermina o vírus em definitivo. Logo, sempre que existe irregularidade na administração das doses, o HIV pode avançar, comprometendo seriamente os resultados benéficos do tratamento.
A importância da orientação psicológica para pacientes com HIV/AIDS
No Brasil, temos um momento propício para campanhas que estimulam o uso da camisinha: o Carnaval. Não restam dúvidas que essas campanhas são de extrema relevância! A questão é que elas são pontuais e acabam, não raro, transmitindo impressões equivocadas sobre a necessidade do uso do preservativo.
Por que o Carnaval coloca o assunto em evidência? Porque a festa tem uma forte conexão com sexo e, para fugir de moralismos — discutindo abertamente a pluralidade de parceiros nessa época do ano — acabamos assumindo outros preconceitos. O mais perigoso deles é, precisamente, essa falsa conexão entre AIDS e comportamento promíscuo.
Camisinha e HIV não são datados ao Carnaval e, muito menos, devem ser circunscritos a um imaginário libertino. O uso de preservativo é um cuidado a ser mantido em toda e qualquer relação sexual, mesmo com parceiros fixos e de longa data, independente de métodos anticoncepcionais ou certeza de fidelidade.
Como vimos, o vírus pode ficar longos anos incubado. Portanto, não é preciso que exista traição para que o risco de transmissão seja real. Basta que o parceiro não saiba que é portador do HIV — simplesmente por não ter realizado exame.
Nesse ponto, já encontramos um primeiro argumento que aponta a importância do acompanhamento psicológico e apoio emocional para a pessoa soropositiva.
Acompanhamento Psicológico
As dificuldades podem surgir em função do entendimento equivocado das pessoas com as quais o soropositivo convive. Quando sabem de sua condição, amigos, familiares, colegas de trabalho e mesmo o parceiro podem se afastar, pelo medo de contrair AIDS ou por prejulgar o caráter do portador do vírus.
A ausência de informações factuais, como as que apontamos neste artigo, leva a conclusões preconceituosas, que precisam ser enfrentadas.
É preciso muita resiliência para se adaptar aos impactos do diagnóstico. Tanto para aprender a lidar com as reações alheias quanto, principalmente, assimilar o problema na relação com a própria identidade.
Além da família, o psicólogo exerce papel fundamental nessa travessia. A vida continua e pode ser muito promissora! Os planos não precisam encerrar. Novas relações afetivas são possíveis. O vírus não inviabiliza a vida produtiva do paciente com AIDS.
Culpa, vergonha, medo de morrer e depressão são reações comuns a quem se descobre com HIV ou AIDS. Para que essas sensações sejam controladas e superadas, o soropositivo precisa encontrar apoio, descobrir novas respostas para a vida e reencontrar sua perspectiva.
Tudo isso pode parecer muito óbvio, quando enxergamos à distância. Mas, diante do diagnóstico, sem o auxílio psicológico, o sentimento de vulnerabilidade pode ser paralisante.
Plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que atenda a requisitos específicos para atender a todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!
O papel do Psicólogo
Como o terapeuta é um profissional da saúde, ele conta com o conhecimento necessário para trazer esclarecimentos sobre os impactos emocionais da doença. Afasta percepções fatalistas e ajuda o paciente a se comprometer com o tratamento medicamentoso, bem como alterações no estilo de vida.
Remédios podem promover qualidade de vida no sentido físico, mas o estado emocional é determinante para que tal qualidade seja, de fato, experimentada da melhor forma possível.
A pessoa com HIV ou AIDS não é um transgressor da “moral e bons costumes”. Não é um traidor, nem alguém de caráter duvidoso. É, simplesmente, uma vítima de um descuido, ao qual estamos igualmente sujeitos — especialmente se mantivermos a mentalidade de que a AIDS só acontece àqueles de “comportamento inconsequente”.
Cuide-se, sempre. Mas cuide também de suas interpretações. O HIV não discrimina idade, classe social, orientação sexual ou religião. Portanto, não alimente prejulgamentos. Mais do que usar preservativos, para se proteger da AIDS, use o bom senso.
Gostou do post? Então assine nossa newsletter para receber, em sua caixa de emails, notificações de nossos conteúdos e promoções!
Leia também: