Carbamazepina: descubra seu mecanismo de ação

A carbamazepina é um medicamento usado para tratar distúrbios e dores neurológicas e transtornos afetivos. Conhecida comercialmente por Tegretol, também é usada para aliviar sintomas da síndrome de abstinência alcoólica e auxiliar no tratamento de dependentes químicos. É extremamente eficaz para patologias neuropsiquiátricas.

O que é carbamazepina

Primeiramente, ela consiste em um anticonvulsivante, antipsicótico e antiepilético prescrito para o tratamento e a prevenção de determinadas condições psicológicas.

Assim, trata-se de um comprimido que pode conter as dosagens de 200 mg e 400 mg e um comprimido de liberação prolongada com as doses de 200 mg e 400 mg.

Nesse contexto, a dosagem repassada pelo médico depende do quadro e resposta do paciente ao tratamento. No caso das crianças, o peso também é considerado.

A receita psiquiátrica pode conter doses diferentes das mencionadas anteriormente, como, por exemplo, 100 mg ou 600 mg, conforme a necessidade do caso.

Ainda ssim, para reduzir os riscos de efeitos colaterais, o tratamento inicia com dosagem baixa para que o organismo se acostume com a ação do remédio.

carbamazepina-dosagem-baixa

Como tomar a carbamazepina

Ela pode ser ingerida entre ou após as refeições com a ingestão de um pouco de líquido. Contudo, o suco de toranja deve ser evitado, pois potencializa os efeitos do medicamento.

Assim, a sua administração sempre ocorre em pequenas doses diárias. Por exemplo, entre duas a quatro vezes por dia, dependendo da prescrição. Entretanto, as bebidas alcoólicas devem ser totalmente evitadas durante o período do tratamento, incluindo os “golinhos” de fins de semana e em eventos sociais.

Assim, é provável que o tratamento seja contínuo e por tempo indeterminado, especialmente no caso de epilepsia e transtorno bipolar. Porém, a recomendação final vai depender da resposta do paciente.

Tabela Transtornos Mentais

Tratamentos com carbamazepina

Este fármaco é usado para uma variedade de tratamentos. Ou seja, em cada caso, desempenha funções específicas no organismo. 

1.      Transtorno de Bipolaridade

Pode ser administrado tanto sozinho quanto em conjunto com antidepressivos e lítio para o tratamento do transtorno de bipolaridade. Assim, atua como um agente de profilaxia, fazendo a prevenção de crises maníacas e/ou depressivas.

Quando usado com outros medicamentos, faz a manutenção do tratamento da bipolaridade. No entanto, o uso com o lítio pode causar mais efeitos colaterais que o uso individual.  

2.      Mania Aguda

A mania aguda é um estado de humor exageradamente elevado. Está associada ao transtorno bipolar, porém não é exclusivo dele. Para esta condição, o medicamento atua como estabilizador. A dosagem inicial é entre 400 mg a 600 mg divididas em duas ou três doses diárias. Entretanto, o médico poderá fazer modificações após a avaliação do caso.

3.      Epilepsia

Como anticonvulsivante, interfere no desencadeamento de convulsões. Também possui efeitos positivos na redução de sintomas de ansiedade e depressão associadas à epilepsia.

Em crianças e adolescentes, mostrou-se eficiente para diminuir a irritabilidade e a agressividade. Além disso, o desempenho cognitivo e a memória podem melhorar com o uso do medicamento.

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4.      Síndrome de abstinência alcoólica

Para tratar a suspensão abrupta do álcool, a dosagem média da carbamazepina é 200 mg. Em casos graves, pode ser elevada durante os primeiros dias de administração do medicamento. Também é comum usá-la em conjunto com fármacos sedativo-hipnóticos no início do tratamento e depois mudar para a monoterapia.

Para aliviar a vivência no isolamento social, as pessoas recorreram ao álcool. Nesse contexto, a bebida tem aliviado as frustrações e preocupações exaustivas com o futuro pós-pandemia. Porém, esta é uma forma nada saudável de lidar com sentimentos e emoções negativas.

5.      Dependência química

A carbamazepina também pode ser usada no tratamento da dependência química. Igualmente, o consumo de substâncias ilícitas disparou durante a quarentena.

Assim, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o atendimento de pacientes em decorrência do uso de alucinógenos cresceu 54% entre março a junho em comparação ao mesmo período do ano passado.

carbamazepina e dependência química

6.      Neuropatia diabética

Esta condição diz respeito à dor crônica ocasionada por lesões nos nervos sensitivos do sistema nervoso central em pacientes diabéticos. Para o seu tratamento, a dose é de 200 mg entre duas a quatro vezes ao dia.

7.      Diabetes insípida central

A diabetes insípida é uma patologia caracterizada pela necessidade de urinar frequentemente e sede excessiva. Uma pessoa pode urinar cerca de 20 litros por dia. Assim, a dosagem costuma ser de 200 mg em duas a três vezes por dia.

8.      Neuralgia do trigêmeo

É a dor facial intensa causada pela disfunção do quinto nervo craniano, o nervo trigêmeo. Nesse contexto, a dose inicial é de 200 mg a 400 mg e pode aumentar gradualmente de acordo com a magnitude da dor. 

Quais são os efeitos colaterais

Como todos os medicamentos, a carbamazepina também tem efeitos colaterais. Alguns deles são de comum ocorrência e costumam desaparecer após os primeiros dias. Já outros são mais sérios e, caso sejam notados, o psiquiatra deve ser comunicado de imediato para reavaliação do tratamento.

Efeitos colaterais comuns

Se os efeitos considerados comuns persistirem durante o tratamento, o médico também deve ser consultado. É comum existirem pacientes que não conseguem se acostumar com o uso do medicamento, mesmo após algumas semanas. Nesses casos, um remédio de semelhante utilidade pode ser prescrito.  

  • Tontura;
  • Cansaço;
  • Vômitos;
  • Náusea;
  • Sonolência;
  • Ganho de peso;
  • Boca seca; e
  • Enxaquecas.

Efeitos colaterais sérios

  • Perda da coordenação motora;
  • Inflamação da pele;
  • Erupção cutânea;
  • Inchaço no tornozelo, pés ou pernas;
  • Mudanças de comportamento;
  • Confusão mental;
  • Tremores;
  • Espasmos musculares;
  • Infecções;
  • Sangramentos ou ferimentos incomuns;
  • Ferimentos na boca;
  • Febre;
  • Zumbido nos ouvidos;
  • Olhos amarelos;
  • Pele amarelada;
  • Dores nas articulações;
  • Pensamentos suicidas e desejos de automutilação (muito sério); e
  • Aumento da frequência de convulsões (muito sério).

Contraindicações de uso

A carbamazepina somente pode ser usada mediante receita. Pessoas com sensibilidade aos componentes de sua fórmula, patologias cardiovasculares, doenças sanguíneas, com patologias na medula óssea, alergias a determinados medicamentos, patologias no fígado ou no rim, glaucoma ou porfiria hepática devem evitá-la.

Para as mulheres

Não há evidências concretas que o medicamento faça mal às mulheres grávidas, porém o médico somente irá prescrevê-lo caso os benefícios do tratamento sejam maiores que os riscos. Já se a mulher grávida apresentar epilepsia, o uso é importante para prevenir convulsões durante a gestação.

Mulheres que estão amamentando não devem usar a carbamazepina. Ela pode acarretar sérios problemas de saúde no bebê. Por fim, mulheres que usam contraceptivos também devem evitar o uso, pois o efeito do contraceptivo se torna ineficaz. Neste caso, converse com o médico para utilizar outro remédio.

Para quem já está em tratamento medicamentoso

Alguns medicamentos têm o efeito interrompido ou reduzido se usados em conjunto. Confira abaixo alguns deles:

  • Medicamentos para o coração;
  • Antialérgicos;
  • Antibióticos;
  • Medicamentos para enjoo;
  • Alguns medicamentos para tratamento da AIDS;
  • Psicofármacos (quetiapina, fluoxetina, entre outros);
  • Medicamentos para afinar sangue;
  • Anticonvulsivantes;
  • Alguns medicamentos para o tratamento de câncer;
  • Relaxantes musculares;
  • Medicamentos para a dor.

Sempre informe ao seu médico se já toma algum remédio durante a consulta. Além disso, pergunte por alternativas para tratar causas pontuais, como dores musculares.

Orientações para o tratamento

Como de praxe, o uso de medicamentos psiquiátricos deve ser regular para que o paciente possa melhorar. Confira algumas dicas para potencializar os benefícios durante o seu tratamento.

1.      Defina um horário para tomar o remédio diariamente

Escolha o melhor momento para você. É comum pacientes optarem pelo período matinal, logo após o café da manhã, mas se este não é um bom horário para você, defina outro.

Agende o despertador do celular para ajudá-lo a se lembrar do compromisso diário. Se você se esquecer de tomar uma dose, tome-a assim que lembrar. Se você lembrou perto da hora da próxima dosagem, contudo, ingira apenas uma.

2.      Fique atento aos possíveis efeitos colaterais e melhorias

Enquanto notar os efeitos colaterais é fácil, perceber as melhorias providenciadas pelo uso contínuo e correto do medicamento não é.

Assim, esta orientação não é para estimular a sua preocupação com possíveis efeitos desagradáveis, mas, sim, para que você mantenha-se atento para preservar a sua saúde.

Caso haja o surgimento de sintomas que indiquem uma reação séria ao tratamento medicamentoso, consulte o seu médico para conversar sobre o uso do medicamento.

Já se não houver nenhuma reação no período de uma ou duas semanas, é provável que outro remédio seja mais indicado para a sua situação. Novamente, converse com o seu psiquiatra.

3. Não pare de tomar o medicamento

Se você se esquecer de tomar uma ou duas doses durante o mês, pode não ver todos os benefícios da carbamazepina. Da mesma forma, se você interromper o uso subitamente, é provável que a sua condição piore e os efeitos positivos do remédio desapareçam.

Ou seja, o cérebro se acostuma com a ingestão do remédio, por isso, retirá-lo da forma incorreta pode acarretar o surgimento de efeitos colaterais muito desagradáveis.

Assim, seguir as orientações de uso do médico é primordial para o sucesso do tratamento.

Finalmente, este artigo o ajudou? Em caso de dúvidas sobre tratamentos medicamentosos, a Vittude sempre recomenda entrar em contato com o seu médico.

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta