Como nossa mente nos estimula a praticar o altruísmo?

O altruísmo é um nobre sentimento. A pessoa altruísta se doa para o próximo sem esperar nada em troca. Ela naturalmente ajuda quem está a sua volta, sem precisar de incentivos ou recompensas e não se queixa do serviço prestado. Essa característica é admirada por diversas culturas e crenças religiosas. 

Embora pareça ser uma virtude inerente de um indivíduo, qualquer um pode desenvolvê-la. Basta criar o hábito de ajudar o próximo através de pequenas ações. 

A imagem que as pessoas costumam ter de quem é altruísta chega a ser espalhafatosa. Envolve viagens para terras distantes, assoladas pela pobreza, doenças e desastres naturais, além da renúncia dos bens materiais e estilo de vida confortável. 

Apesar de personalidades assim terem existido de fato, você não precisa copiar a jornada de vida delas. É possível começar de maneira simples, voltando o olhar para quem precisa em seu bairro ou cidade. Socorrer colegas de trabalho, amigos e parentes em momentos de necessidade já é um bom começo.  

O que é altruísmo?

Altruísmo, como dito, é agir em prol de outra pessoa, sem pensar em como nos beneficiaremos ou seremos recompensados por tais ações

Este conceito foi determinado pelo filósofo francês Auguste Comte em 1830. Ele chegou à conclusão que para ser altruísta não é necessário ter relação com o divino ou a religião. Esse atributo por ser adquirido e desenvolvido ou surgir espontaneamente. 

Uma pessoa verdadeiramente altruísta carrega esse traço consigo em todas as ocasiões. Atos isolados, como fazer uma doação para uma instituição de caridade ou se voluntariar ocasionalmente em uma organização, são ótimos para ajudar quem precisa e servir de inspiração para os demais. Entretanto, não quer dizer que alguém seja altruísta somente porque os fez uma ou duas vezes.  

O altruísmo é também um estilo de vida. 

Em todas as situações, por mais insignificantes que possam parecer, a benevolência é trabalhada. A pessoa altruísta possui comportamento e modo de pensar igualmente altruístas, considerando as necessidades do meio antes de pensar nas próprias.

Além do mais, consegue levar uma vida equilibrada mesmo dedicando o seu tempo ao outro. 

O que caracteriza uma pessoa altruísta?

A pessoa altruísta:

  • conecta-se facilmente com outras;
  • é humilde e raramente deseja ser reconhecida por suas ações;
  • é fonte de inspiração para os demais; 
  • age conforme a sua intuição e os desejos de seu coração;
  • mede as dificuldades das ações as quais executará para se preparar e não deixar ninguém na mão;
  • respeita os outros da mesma forma que respeita a si mesma;
  • não oferece explicações espalhafatosas para o seu comportamento. Um simples “eu fiz porque eu quis” é o suficiente para elas;
  • possui relacionamentos sinceros, mesmo quando são superficiais;
  • enfrenta as dificuldades sem abaixar a cabeça;
  • apoia as pessoas queridas de sua vida (e as não queridas também);
  • perdoa desavenças facilmente; 
  • está sempre de bom humor;
  • administra emoções negativas com maestria; 
  • conhece os seus limites e não está disposta a cruzá-los, pois sabe que é necessário se cuidar para ajudar o máximo possível de pessoas; e 
  • tende a ser idealista. 

Uma característica que vale a pena destacar é a preocupação com o impacto no mundo. 

Como nossa mente nos estimula a praticar o altruísmo?

A pessoa altruísta compreende que todos os seus atos têm consequência e assume responsabilidade por eles. Por isso, pensa muito antes de falar ou de agir para não ser mal interpretada ou magoar alguém. Também cuida do meio ambiente por ter consciência do impacto causado pelos seres humanos à natureza. 

Dessa forma, ajuda a construir um mundo mais harmonioso para todos, inclusive para quem não é muito afeiçoado a ela. 

O que a mente tem a ver com isso?

Já parou para pensar em como você se comporta quando está bem consigo mesmo? 

A tendência é ficar mais disposto, alegre e resoluto, como se todas as suas dúvidas subitamente tivessem deixado a sua mente. Nesse estado de espírito de serenidade, boas ideias vão até você naturalmente e incômodos emocionais deixam de te abalar. Dessa forma, é mais fácil encontrar forças para ser útil ao próximo. 

Por outro lado, quando você está mal, a tendência é ficar desanimado, com humor volúvel e fugir de interações sociais e compromissos trabalhosos.

Qualquer tarefa é capaz de roubar a sua energia e deixá-lo a mercê de pensamentos e emoções ruins. A ideia de engajar em atos altruístas nem passa pela sua cabeça, ou pode ser dispensada com amargura. 

Ou seja, para ajudarmos outras pessoas, primeiro precisamos cuidar de nós mesmos. Pode parecer um conceito um tanto egoísta. Na verdade, diversos filósofos e estudiosos da antiguidade se propuseram a debater a relação entre altruísmo e egoísmo. 

Como uma ação voltada ao próximo pode ser considerada genuinamente altruísta quando o benfeitor também alcança a felicidade ao executá-la? 

Para Aristóteles, por exemplo, a pessoa altruísta não deveria sentir gratificação por fazer os outros felizes. Mas, na prática, é impossível não se alegrar quando nos deparamos com a felicidade alheia, principalmente quando estamos emocionalmente conectados com a pessoa ou a situação. 

Uma mente saudável colabora para a prática do altruísmo. O bom humor e o bem-estar são estimulantes naturais de atos e de condutas caridosas, as quais visam transformar pouco a pouco o mundo em que vivemos em um lugar mais agradável e inspirador. 

Você pode não ver os resultados de suas ações hoje ou nos próximos anos, mas com certeza eles aparecerão. Quando nos dedicamos a ajudar outros indivíduos, sempre tocamos alguém e o nosso exemplo é passado de pessoa para pessoa. É como a sabedoria popular diz: “gentileza gera gentileza”. 

Como ser mais altruísta?

Para incorporar o altruísmo em sua vida, você pode começar devagar (dica igualmente válida para os seus objetivos de vida e projetos pessoais!).

Conforme o seu cérebro assimila as sensações boas de levar uma vida mais generosa e voltada ao próximo, você vai agir assim naturalmente, sem precisar pensar primeiro. 

Pratique o autocuidado

O autocuidado é, como de costume, o primeiro passo. 

Antes de cuidar dos outros, cuide de você. Fique atento, sobretudo, à qualidade do seu humor. Ele é um importante medidor de bem-estar e influencia as emoções e pensamentos diretamente. 

Preciso me conhecer melhor (2)

Descanse quando o corpo e a mente pedirem, incorpore atividades prazerosas em sua rotina, viaje e descubra novos territórios, esteja sempre perto de pessoas amorosas e sinceras, e pratique exercícios físicos. Deste modo, você terá mais paciência, disposição e alegria no dia a dia. 

Faça voluntariado

Para estimular o espírito do altruísmo em sua vida, procure por oportunidades de voluntariado em sua cidade. Encontre ONGs locais e descubra quais estão precisando de ajuda.

Eventos locais também frequentemente precisam de voluntários e são bem receptivos. Se não encontrar nenhuma oportunidade que corresponda as suas habilidades ou agenda, você pode partir para as buscas online. 

Apoie uma instituição de caridade

Escolha uma causa que gostaria de ajudar e contribua da forma como desejar. Pode ser através de doações de materiais, alimentos ou em dinheiro também.

O ideal é estabelecer um compromisso com essa instituição por um tempo determinado. 

Algumas ideias para você se inspirar são: preservação do meio ambiente, cuidado de crianças e adolescentes em situação de risco, proteção aos animais e ajuda a pacientes de patologias sérias.  

Seja o ombro amigo de quem precisar

Esteja lá para os seus amigos, colegas e até conhecidos. Se esbarrar em pedidos de doação de alimentos ou remédio em aplicativos, na TV ou pessoalmente, ajude.

Como nossa mente nos estimula a praticar o altruísmo

Ouça os desabafos de quem precisa tirar sentimentos aprisionados no peito sem fazer julgamentos. O mais importante é não esperar nada em troca.

Ouça os desabafos de quem precisa tirar sentimentos aprisionados no peito sem fazer julgamentos. O mais importante é não esperar nada em troca.

Faça pelo simples prazer de ajudar alguém em situação de necessidade. 

Filtre as suas emoções

As pessoas altruístas são ótimas em termos de inteligência emocional. Elas sabem filtrar o que é delas e o que é do outro. Essa é uma lição importante.

Para você não se sobrecarregar com as dores alheias, é preciso manter um pouco de distância emocional. Não leve problemas para casa nem remoa as histórias dolorosas de outras pessoas. O momento de fazer isso é quando estiver com a mão na massa. 

Aprofunde o autoconhecimento

O autoconhecimento é uma ferramenta indispensável para quem busca modificar comportamentos. Se você deseja trazer um pouco mais de amor ao próximo para sua vida, expanda o conhecimento que você possui sobre si mesmo.

Os novos insights possibilitarão o encontro de atributos e crenças positivas, bem como o de barreiras emocionais que o impedem de modificar a sua conduta.

A terapia é um dos locais mais apropriados para você dar início à sua busca interior. Na verdade, o autoconhecimento é um dos muitos pilares da psicologia e um elemento indispensável para a saúde da mente. Afinal, você precisa se ajudar para ajudar os outros!

Profissionais experientes em variados ramos da psique humana estão disponíveis na Vittude. Eles podem ajudá-lo a compreender as nuances do comportamento altruísta e como o cuidado com a mente pode auxiliar a construção de um mundo mais brando.

Para conhecê-los e agendar uma consulta, faça uma busca pelo site.

Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta