Como fazer uma autoanálise e desenvolver sua consciência?

A autoanálise é uma ferramenta muito interessante para aprofundar o autoconhecimento. Uma vez que você compreende os seus mecanismos, consegue praticá-la em todo lugar e a qualquer momento.

É especialmente útil se autoanalisar após acontecimentos que despertam diversas emoções, como conflitos, término ou início de relacionamentos, problemas no trabalho, conquista de objetivos e outras ocasiões.

Nesses momentos, podemos ficar confusos acerca dos aspectos que culminaram para esses eventos. Foram os nossos defeitos, palavras ditas no calor do momento, hábitos negativos, medos ou inseguranças que tentamos esconder? 

Ao fazer esse tipo de análise, refletimos sobre esses aspectos e outras características de nossas vidas e personalidades.

Benefícios da autoanálise 

Em nosso dia a dia, muita coisa é feita pela força do hábito. O costume tira o nosso foco das atividades diárias e até mesmo de nossas reações. Deste modo, podemos magoar alguém sem querer, nos ferir por não estarmos prestando atenção e nos levar à exaustão mental e emocional. 

Com a reflexão proporcionada pela autoanálise, investigamos elementos de nossas vidas que normalmente ignoramos devido à correria e falta de autoconsciência. Um pente fino é passado nos atributos negativos e positivos, crenças limitantes, valores pessoais, inseguranças, memórias, temores e outros fatores que moldam a nossa personalidade.

Esse conhecimento não é apenas vantajoso para navegar pela vida, mas necessário. Quando nos conhecemos, temos mais facilidade para tomar decisões voltadas para o bem-estar, agimos com autenticidade, administramos nossas emoções com maior desenvoltura, reduzimos o estresse diário e formamos relacionamentos mais saudáveis.

Isso tudo porque as pessoas que fazem autoanálise sabem como operam e conhecem os caminhos para se sentirem bem consigo mesmas, bem como aproveitar as circunstâncias das situações. 

Além disso, quando identificam aspectos negativos em suas vidas, conseguem modificá-los ao tomar decisões proativas. Dessa forma, o sofrimento emocional é reduzido significativamente. Basicamente, se autoconhecer através desse tipo de análise é o mesmo que recobrar o controle sob quem você é, seu estilo de vida e seus planos para o futuro. 

Como fazer uma autoanálise?

A autoanálise pode ser feita de várias maneiras. O processo não é sempre simples uma vez que ficamos cara a cara com nossas sombras. O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung foi o idealizador da teoria das sombras, conceito muito disseminado da psicologia analítica.

De acordo com ela, todos nós possuímos aspectos ocultos em nossa personalidade. Eles representam o que foi reprimido ao longo da nossa vida, como memórias, ideais, desejos e experiências. 

A repressão acontece por várias razões: crença de que não é de bom tom ter determinados desejos, medo de revelar aspectos da personalidade e ser julgado, repressão por parte de familiares e amigos, entre outras. 

Esses aspectos se transformam em tudo o que não aceitamos em nós ou temos dificuldade de lidar, por isso, são chamados de sombra. O problema é que quanto menos atenção damos às sombras, mais fácil elas nos governam. Assim, para que a autoanálise tenha sucesso, é preciso confrontar esses elementos sombrios. 

Esse processo é muitas vezes repleto de confrontos pessoais, emoções a flor da pele, arrependimentos, sentimento de culpa e desvalorização da autoestima. Essa fase negativa é essencial para que as sombras sejam aceitas e, enfim, analisadas sem a barreira da vergonha.

Portanto, tenha em mente que a autoanálise é um processo complexo e demorado. Ele pode ser feito ao longo de meses ou anos, bem como para o restante da vida. 

Em seguida, veja algumas maneiras de se autoanalisar.

Questionamentos

A essência da autoanálise são os questionamentos. Somente obtemos as respostas desejadas se fizermos as perguntas certas. Pensando nisso, confira perguntas para aprofundar o seu conhecimento de si mesmo.

  1. Qual é a coisa que você mais gostaria de fazer para mudar o mundo?
  2. Se felicidade fosse a moeda nacional, que tipo de trabalho o tornaria rico?
  3. Você está fazendo o que você acredita ou você se contenta com o que está fazendo?
  4. Se a expectativa de vida média da humanidade fosse 40 anos, você viveria sua vida de forma diferente?
  5. Até que ponto você tem controle sobre o curso que sua vida tomou?
  6. Você está mais preocupado em fazer as coisas direito ou fazer as coisas que considera certas?
  7. O que você sabe que faz de forma diferente da maioria das pessoas?
  8. Como as coisas que fazem você feliz não fazem todas as pessoas felizes?
  9. Qual é a coisa que você não fez e que realmente quer fazer? O que está prendendo você?
  10. Você se lembra daquela vez, cinco anos atrás, quando estava extremamente chateado? Será que aquilo realmente importa agora?
  11. Qual é a sua memória mais feliz da infância? O que a torna tão especial?
  12. Em que momento nos últimos tempos você se sentiu mais apaixonado e vivo?
  13. Se não agora, então quando será?
  14. Se você não conseguiu ainda, o que você tem a perder?
  15. O que você faria diferente se soubesse que ninguém iria julgá-lo?
  16. O que você ama? Alguma de suas ações recentes expressou verdadeiramente esse amor?

Diário de autoanálise

Para tornar o processo palpável e fácil de acompanhar, mantenha um diário. Nele, escreva questionamentos, reflexões sobre o dia, aprendizados, afirmações positivas, conselhos de amigos e insights. 

Responda cada pergunta de autoconhecimento com honestidade sem se preocupar com o tamanho. A escrita terapêutica deve ser livre de restrições. Escreva o que vier à mente, expressando-se sem preocupações. Depois, volte para ler o que você escreveu.

O diário pode ser escrito tanto em um caderno quanto em um documento no computador ou em um aplicativo. O importante é que você esteja confortável com o formato e tenha acesso rápido para fazer anotações. Com o passar do tempo, você pode voltar para ler as entradas mais antigas e analisar quanto você evoluiu. 

Reflexões

As reflexões também podem ser feitas em qualquer lugar. Basta você começar a analisar as ramificações de um aspecto específico de sua vida. Por exemplo, se você tem sentido uma desagradável sensação de vazio, comece a se questionar o porquê desse sentimento. 

O que tem causado o vazio? O que na sua vida não está bom? Quais fatores contribuem para a sensação de vazio? Falta de ambição no trabalho, problemas conjugais ou baixa autoestima? 

Em seguida, reflita sobre o que você pode fazer para combater essa sensação. Buscar novidades? Mudar de profissão ou emprego? Buscar um novo amor ou fazer terapia de casal? Focar mais em você? 

Faça esse exercício em um local calmo e em um momento tranquilo do dia, livre de compromissos e distrações.

Questionamentos às pessoas próximas

Além dos autoquestionamentos, você pode potencializar a autoanálise ao fazer perguntas para outras pessoas. A forma como você se vê tende a ser diferente da forma como os outros o veem. 

Como estamos acostumados com conosco, deixamos de perceber muita coisa. A tendência é que as outras pessoas notem aspectos de nossa personalidade os quais não conseguimos enxergar. As impressões delas nos ajudam a aprofundar o nosso autoconhecimento. 

Sendo assim, questione pessoas de confiança sobre como elas lhe enxergam, quais qualidades elas acreditam que você possui, quais defeitos você precisa trabalhar e o que elas admiram e desgostam em você. 

Esteja ciente que algumas respostas podem ser desagradáveis! Para que esse exercício funcione, você precisa ter inteligência emocional para decidir quais impressões fazem sentido e quais não condizem com a realidade. 

Além disso, não se sinta mal ao receber respostas negativas. Todos nós temos defeitos. É impossível exigir a perfeição de si mesmo. Encare-as como desafios que objetivam o seu crescimento pessoal. 

Automonitoramento

Essa prática consiste em prestar atenção nos momentos em que suas atitudes, crenças e emoções se manifestam. Assim, você consegue identificar padrões comportamentais, emocionais e de pensamentos, como também determinar se esses padrões são positivos ou não.

Do mesmo modo, consegue identificar quais situações, indivíduos, opiniões e sentimentos são gatilhos para que você se comporte ou se sinta de determinada maneira.

O automonitoramento pode ser feito mentalmente ou escrito. É importante não ficar obcecado com essas observações para que elas não tomem conta do seu dia. À medida que você se familiariza com a prática, ela se torna natural e você passa a identificar quando agiu de modo inapropriado com facilidade.

Terapia

A terapia também é uma forma de fazer autoanálise e promover o desenvolvimento da consciência de maneira natural, sabia?

Na terapia, as pessoas são incentivadas a fazer reflexões e encontrar soluções para seus problemas. O psicólogo não oferece todas as respostas, mas, sim, orienta os pacientes para que eles consigam pensar por conta própria.

A terapia estimula, ainda, o aprofundamento do autoconhecimento. Pacientes confrontam traços de personalidade, crenças, valores e memórias a cada problema discutido durante as sessões. Por isso, ao fim do acompanhamento psicológico, eles já possuem um conhecimento profundo de si mesmos. 

Um benefício exclusivo da terapia é o apoio do profissional. Quando o paciente precisa enfrentar questões difíceis, ele pode contar com o encorajamento e suporte emocional do psicólogo. Assim, consegue administrar o sofrimento oriundo das reflexões mais delicadas. 

Por essa mesma razão, recomendados que pessoas que se encontram perdidas em seu processo de autoanálise busquem um psicólogo para conseguirem combater a estagnação. 

Se você não sabe por onde começar a buscar um profissional para fazer terapia online e avançar em seu processo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal e profissional, conheça a Vittude agendando sua primeira sessão abaixo!

Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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