Depressão não é frescura! Como conscientizar as pessoas a esse respeito?

Na nossa sociedade inda existe muita informação equivocada sobre transtornos mentais. Por muitos anos, estas questões foram tratadas como tabu e o preconceito tornou ainda mais difícil falar sobre o assunto. Hoje, muita gente já entendeu que depressão não é frescura e sim uma doença mental que precisa ser levada a sério.

Quanto mais se fala sobre o tema, mais fácil se torna lidar com o problema e incentivar as pessoas a procurarem ajuda. Por isso, existem datas como Janeiro Branco e Setembro Amarelo, que têm o objetivo de levantar a bandeira da saúde mental. A conscientização, no entanto, deve ocorrer o ano todo e existem algumas maneiras de contribuir dentro do seu próprio contexto de vida.

Neste artigo, você terá acesso a informações essenciais sobre a depressão e orientações valiosas sobre como lidar com a doença e conscientizar mais pessoas sobre o assunto. Continue a leitura para conferir!

Por que a depressão não é frescura?

Para quem sofre com a depressão, uma das coisas mais difíceis de escutar é que se trata de uma frescura. Definitivamente, não é.

A depressão é uma doença psiquiátrica recorrente que causa a alteração do humor. Caracteriza-se pela tristeza profunda e sentimentos de dor, amargura e desesperança.

Lembrando, é claro, que há uma diferença entre a tristeza patológica e a transitória. É normal se sentir triste diante de algumas dificuldades impostas pela vida, mas as pessoas que não têm depressão encontram uma forma de superar essa tristeza. Por outro lado, quem sofre com a doença vivencia um quadro de humor deprimido praticamente sem tréguas, mesmo quando não há causas aparentes.

Trata-se de uma doença incapacitante com diferentes níveis de intensidade e duração, podendo ser classificados entre quadros leves, moderados e graves. Em casos muito extremos, pode levar ao suicídio.

Em todo o mundo, a estimativa é que mais de 300 milhões pessoas sofram com esta doença. Então, já deu para entender que depressão não é frescura, não é mesmo? O que acontece é que, por ser um transtorno mental, muitas pessoas não levam a sério como outros tipos de doenças.

6 coisas que você precisa saber sobre a depressão

Para quem tem depressão, com certeza não é fácil lidar com a doença. Ao mesmo tempo, parentes e amigos muitas vezes também enfrentam dificuldades para se relacionar com aquele que está em um quadro depressivo.

Com tanta desinformação sobre o assunto, é importante ter clareza sobre alguns pontos de atenção sobre a doença e como a pessoa deprimida se sente:

1. Depressão não é sinônimo de tristeza ou preguiça

Trata-se de algo muito mais complexo, profundo e constante do que simplesmente um dia ruim e triste. Além disso, há quem associe o deprimido à preguiça, o que é completamente equivocado. É preciso deixar claro que a pessoa não deixa de fazer as coisas porque quer, mas porque não sente mais prazer e está com a capacidade de concentração muito baixa.

2. O sentimento de culpa é devastador

Pessoas que lidam com a depressão costumam relatar que o sentimento de culpa é muito constante. E não somente em relação ao quadro da doença, mas por outros problemas ao seu redor. Por isso, é muito importante que os amigos e familiares não menosprezem tal sentimento e evitem falas como “você está exagerando”. Quem vê de fora sabe que a culpa não faz sentido algum, mas a pessoa deprimida não tem essa clareza.

3. O tratamento não é apenas tomar remédio

Enquanto outras doenças possuem remédios específicos e certeiros para o tratamento, com a depressão é diferente, pois pode ser um processo bem mais complexo. É necessário encontrar o remédio ideal para cada pessoa e os efeitos demoram um pouco para serem sentidos — normalmente, são por volta de duas a três semanas.

Ao mesmo tempo, sempre há os riscos de efeitos colaterais e a necessidade de ajustar a dosagem ou até mesmo mudar a medicação. Não é simples! E é sempre preciso ressaltar que o remédio precisa de alguns aliados, como a terapia e um estilo de vida saudável. Sozinho, ele pode até resolver as questões momentaneamente, mas para ter resultados positivos em longo prazo é necessário cuidar de todas as esferas da vida.

Por isso, é fundamental que o tratamento seja guiado por um psiquiatra e um psicólogo que, juntos, irão orientar o paciente em relação a cada necessidade.

4. Crianças e idosos também podem ter depressão

Nem todo mundo sabe, mas a depressão pode acontecer em qualquer fase da vida. Isso significa que crianças, adolescentes e idosos também podem desenvolver a doença, mas os sintomas variam conforme cada caso.

Em crianças, é interessante ressaltar que muitas vezes os sintomas são atribuídos à personalidade do indivíduo. Já nos idosos, é visto como algo natural do envelhecimento e da perda do papel social.

Lembre-se: em nenhuma fase da vida é normal se sentir triste, amargurado e sem esperanças por um período muito longo. Por isso, se notar os sinais, procure ajuda.

5. Não diga que o deprimido está exagerando ou que você já se sentiu assim

O sentimento de culpa já é muito grande e as pessoas com depressão não precisam ouvir dos outros que estão exagerando, pois elas não estão se sentindo daquela forma de propósito. Assim como quando uma pessoa tem dor de garganta e não pode controlar a dor, o mesmo vale para a depressão, que simplesmente faz com que a pessoa sinta tudo aquilo e não tenha controle sobre isso.

Por mais que a intenção seja boa, é preciso tomar muito cuidado com as palavras e também evitar frases como “eu sei como você se sente”. Se você nunca vivenciou um quadro depressivo, não sabe como o outro se sente, por isso, evite esse tipo de fala.

6. A rede de apoio é fundamental

A rede de apoio é muito importante para garantir o tratamento da pessoa com depressão, pois serão as pessoas que irão ajudar no enfrentamento das crises, acolhimento e incentivo diário. É necessário esse acompanhamento mais próximo até para que comportamentos fora do padrão sejam sinalizados para o psiquiatra e o psicólogo.

3 dicas para conscientizar mais pessoas sobre o assunto

Depressão não é frescura e isso você já entendeu, não é mesmo? Agora, vamos falar sobre como é possível conscientizar mais pessoas sobre o assunto.

Pequenas ações no dia a dia são capazes de gerar um impacto muito positivo dos indivíduos ao seu redor. Em seguida, confira algumas dicas sobre conscientização:

1. Informe-se e fale sobre depressão abertamente

A desinformação é um dos maiores inimigos dos cuidados com a saúde mental, pois fortalece ideias equivocadas e estereótipos sobre o tema.

Por isso, é fundamental que o maior número de pessoas possível tenha acesso a informações corretas e de qualidade sobre a doença, seus sintomas e riscos. Além disso, é recomendado falar sobre o tema abertamente com parentes e familiares. Dessa forma, fica mais fácil para alguém do seu círculo social se expor quando sente que não está bem e, assim, procurar ajuda médica e psicológica.

A conscientização começa com a informação e a clareza de que a depressão é uma doença como qualquer outra, que precisa ser levada a sério e que tem tratamento.

2. Participe e divulgue eventos e informações sobre o tema

Existem momentos específicos do ano, como o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo, que abordam questões relacionadas à saúde mental.

Nessas épocas, são divulgados eventos e ações sobre o assunto e é uma oportunidade interessante para participar e divulgar. As redes sociais têm um potencial enorme e um simples compartilhamento pode fazer a diferença na vida de muita gente.

Usar essas ferramentas para o bem é fundamental: quem sabe você não convence mais pessoas a participarem e aprenderem?

3. Compartilhe experiências pessoais

Se você já teve depressão ou conviveu com alguém que lidou com a doença, uma maneira interessante de derrubar tabus e conscientizar sobre o tema é compartilhando as suas experiências e aprendizados pessoais.

Isso não significa que você precise falar abertamente sobre absolutamente tudo o que passou, foque apenas naquilo que se sente confortável para expor. Apesar de muitos se sentirem vulneráveis nesse tipo de situação, lembre-se de que ao compartilhar experiências relacionadas à depressão, você está ajudando outras pessoas a levarem o assunto a sério e procurarem ajuda.

Depressão não é frescura: leve esta doença mental a sério

O mundo ideal seria aquele em que ninguém diz que a depressão é frescura, sinal de fraqueza, irresponsabilidade ou loucura. Enquanto não chegamos lá, é preciso continuar lutando diariamente para conscientizar mais pessoas em relação a esta doença mental que impacta a vida de milhões no mundo todo.

Com as dicas e orientações deste artigo você já pode começar a fazer a sua parte. E não se esqueça: se identificar os sintomas depressivos em si mesmo ou em qualquer pessoa próxima, não hesite em procurar ajuda!

Continue se informando sobre saúde mental no blog da Vittude!

Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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