Dicas para conviver melhor com uma pessoa autista

A convivência com uma pessoa autista tende a ser complexa. 

Quem não possui conhecimento sobre autismo pode ter dificuldades para entender certos comportamentos. Até familiares e amigos que conhecem o indivíduo podem se surpreender com suas atitudes, apesar da convivência diária. 

Para começar, vamos conversar sobre as características do autismo para aprofundar o seu conhecimento sobre essa condição. Dessa forma, você terá uma base melhor para compreender o comportamento da pessoa com quem convive.

No entanto, vale ressaltar que, além de buscar informação, é preciso exercer a paciência e a compreensão para se ter uma boa convivência. 

O que é autismo?

O DSM V define o transtorno do espectro do autismo (TEA) como uma condição neurológica, a qual afeta o funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou profissional. Ele é notado logo na infância, sendo a idade escolar a faixa mais etária em que o transtorno se torna mais evidente. 

O autismo é caracterizado por dificuldades na comunicação e em interações sociais e padrões de comportamento repetitivos e restritos. Os indivíduos com TEA também apresentam interesses em atividades ou hobbies específicos.

Eles dedicam muito tempo ao aprendizado ou execução deste interesse. 

Dificuldades de interação social 

Em decorrência do déficit na comunicação, o indivíduo com TEA não consegue iniciar, responder ou manter interações sociais, bem como compartilhar emoções com facilidade. A interpretação da linguagem corporal e das expressões faciais também é um desafio. 

Sendo assim, ele pode dizer coisas inapropriadas ou ofensivas (por não compreendê-las) e ser incapaz de identificar se a outra pessoa ficou chateada ou não. Caso ela expresse os seus sentimentos, ele não conseguirá compreendê-los.  

A pessoa autista também vê o contato visual como indesejável. Ela rapidamente desvia o olhar quando ele é feito acidentalmente ou conduz uma conversa sem olhar para o indivíduo com quem está dialogando.

Esses déficits comportamentais podem impedir a formação de amizades e o ajustamento do comportamento em diferentes contextos.

A pessoa com TEA geralmente não compreende rituais sociais e porque às vezes é necessário ter uma conduta mais silenciosa e, em outras, mais extrovertida. 

Padrões comportamentais repetitivos

As condutas repetitivas não devem ser reprimidas, pois ajudam a controlar o estresse e emoções negativas. Pessoas com TEA se sentem facilmente sobrecarregadas e podem manifestar algumas dessas condutas para sentirem-se melhor.

Os movimentos repetitivos são os mais comuns, como agitar as mãos, estalar os dedos múltiplas vezes, alinhar brinquedos ou objetos pessoais, separar alimentos no prato e ecolalia (repetição de frases ou palavras).

A pessoa autista também pode apresentar ansiedade ao se deparar com mudanças em suas refeições, roupas ou tradições familiares. 

Embora não compreendam rituais sociais muito bem, indivíduos com TEA desenvolvem rituais próprios (podendo envolver os membros da família) e se apegam a eles.

Dicas para conviver melhor com uma pessoa autista

Quando algum fator está fora do lugar, ficam preocupados. Eles precisam de um período maior para se acostumar com mudanças repentinas.  

A fixação em interesses específicos também se encaixa nos padrões comportamentais. Ela provoca a preocupação exagerada com o objeto de interesse e, novamente, quando há alguma anormalidade, a ansiedade retorna.   

Por fim, reações exageradas a estímulos sensoriais são comuns, como gritar, bater as mãos na cabeça ou bater uma perna no chão, chutar uma parede e/ou se espernear no chão. Barulhos altos, cheiros fortes e luzes ofuscantes são exemplos de estímulos desagradáveis.

Entendendo o espectro autista

Os padrões comportamentais descritos acima podem ser exibidos em maior ou menor grau, conforme o “nível de autismo” da pessoa. Ou seja, o indivíduo autista com quem você convive pode manifestar mais condutas repetitivas ou ter mais dificuldade para se expressar.

Todavia algumas características, como a dificuldade de ler emoções, são comuns em todos os casos. 

Quando o tratamento é iniciado nos primeiros anos de vida, a criança autista consegue superar alguns desafios recorrentes desta condição neurológica.

Ela pode ser mais expressiva e sociável em comparação aos adolescentes, jovens e adultos que não tiveram acesso aos mesmos recursos. 

De acordo com o DSM V, uma das teorias atuais sobre o TEA diz respeito à “cegueira mental”. Ela supostamente interfere na capacidade de se colocar no lugar de outro indivíduo. Em outras palavras, a empatia não seria muito desenvolvida em pessoas que incluídas no espectro autista. 

Além disso, não conseguiriam entender porque são mal compreendidas pelos demais, ou porque terceiros não compreendem os meios que usam para se comunicar. Afinal, para elas, o seu comportamento é completamente lógico!

Por isso, é preciso observar cada pessoa para discernir os fatores marcantes em sua conduta. Nunca se deve julgar que todas as pessoas com TEA são iguais.

Dependendo do grau e da resposta ao tratamento, muitas são altamente funcionais e trabalham, estudam, conversam e até estão nas redes sociais. 

A americana Temple Gardin é um exemplo. Ela é uma das personalidades autistas mais famosas e certamente aparecerá em suas pesquisas sobre o assunto. Graduada na Universidade Estadual de Colorado, se tornou uma renomada professora e pesquisadora na área de ciência animal. 

Ao entender que “cada caso é um caso”, você conseguirá reagir melhor aos comportamentos atípicos e, consequentemente, tornar a convivência mais agradável para ambos. 

Dicas para a boa convivência 

Tanto as pessoas fora do espectro quanto as pessoas dentro do espectro reagem com estranheza ao comportamento do outro. Você pode achar a pessoa autista incômoda ou imprevisível, mas saiba que ela provavelmente pensa o mesmo sobre as suas atitudes

A diferença é que você pode tornar-se consciente sobre essa realidade e, assim, dar o primeiro passo em direção à boa convivência. Algumas dicas foram separadas para ajudá-lo a fazer isso sem estresse. Confira abaixo! 

Seja gentil

Imagine viver em um mundo que você não compreende totalmente. Um mundo onde apenas algumas coisas fazem sentido e lhe agradam, trazendo uma sensação de segurança por um breve período.

No restante do tempo, você é forçado a conviver com pessoas, sons, aromas, atividades, trabalhos e rituais indesejados. 

Não seria muito legal, certo?

Comunicação não-violenta é essencial aqui. Antes de se irritar ou destratar a pessoa autista, coloque-se no lugar dela. Você pode se distanciar e reduzir a convivência até ganhar mais conhecimento sobre autismo em vez de ser rude. 

Seja paciente

Dicas para conviver melhor com uma pessoa autista

A sua paciência provavelmente será exercitada diariamente até você adquirir um jeito manso de falar, agir e pensar.

Esbravejar não irá ajudá-lo em nada. Na verdade, poderá danificar ainda mais o relacionamento. Veja a situação como um ótimo treinamento para aplicar essa qualidade nas demais áreas da sua vida. 

Seja compreensivo

Entenda as diferenças entre o seu modo de pensar e agir e os da pessoa com TEA. Construa um ambiente seguro para que ela possa se sentir bem enquanto está com você, embora não seja sociável.

Pratique a escuta e a observação atenciosa para decifrar os sinais enviados por ela e, aos poucos, a comunicação entre vocês melhorará.  

Forneça espaço quando for necessário

Pessoas autistas precisam de momentos de solidão. Elas se divertem e se sentem bem com o silêncio. A ausência de interações sociais complicadas as ajuda a descansar. Portanto, saiba quando é hora de se retirar. 

No caso das crianças, os pais podem providenciar brinquedos diversos ou oferecer contato com um bichinho de estimação (dócil). A terapia com animais é muito comum e recomendada por psicólogos para melhorar habilidades sociais e acalmar a criança. 

Expresse seu desconforto com delicadeza

Se você se sentiu ofendido ou desconfortável em algum momento, converse com a pessoa com TEA. Tente explicar, com paciência e sensibilidade, o porquê da conduta dela ser considerada imprópria.

Faça-o com cautela e respeito, evitando expressar exaltação. As pessoas autistas notam quando você está falando delas ou debochando de suas atitudes, portanto, seja gentil. 

Aprenda sobre autismo

Estude como o autismo afeta a vida da pessoa, suas dificuldades e suas forças, as peculiaridades de seu comportamento, o que lhe agrada e o que pode causar uma crise de ansiedade.

Assim, você poderá modificar algumas condutas para não confundi-la e melhorar o relacionamento entre vocês. 

Por exemplo, já que indivíduos com TEA não gostam de mudanças imprevistas, seja consistente com suas ações e palavras. Informe-a semanas antes de iniciar qualquer modificação que afetará a vida de ambos (e das demais pessoas da casa).

Mantenha uma rotina diária para ajudar a encontrar essa consistência. Essa atitude é especialmente benéfica para crianças. 

Busque ajuda profissional 

Dicas para conviver melhor com uma pessoa autista

Você pode consultar um psicólogo para entender sobre o autismo de forma mais aprofundada, além de trabalhar as suas emoções e pensamentos para aceitar a condição do outro.

Também é possível fazer terapia familiar, em conjunto com a pessoa com o transtorno, para que ambos consigam se expressar e alcançar um “consenso” sobre como devem se dirigir ao outro. 

Para as crianças, a terapia é especialmente benéfica, pois é feita a observação da criança no contexto escolar, de casa e da clínica, ou seja, nos principais ambientes de convívio social. 

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta