Qual a diferença entre neuropsicologia e psicopedagogia?

A neuropsicologia e a psicopedagogia são campos da psicologia aliados a outras áreas, ou seja, são multidisciplinares. Cada qual possui objetivos específicos para auxiliar os seus pacientes, mas também podem se unir quando necessário para oferecer um tratamento completo.  

Este post vai esclarecer todas as suas dúvidas sobre essas áreas complementares da psicologia, bem como sobre a atuação dos respectivos profissionais ligados a elas. 

O que é neuropsicologia?

A neuropsicologia é uma área da psicologia aliada à neurologia cujo objeto de estudo é o sistema nervoso. Ela visa compreender a influência do cérebro em funções cognitivas, como a memória e a concentração. 

O neuropsicólogo acompanha pacientes que sofreram alterações no sistema nervoso para identificar modificações em seu comportamento, emoções e personalidade. Ele também diagnostica pacientes que se queixam da redução de suas funções cognitivas. 

Já na neuropsicologia infantil o trabalho é semelhante, porém voltado aos possíveis impedimentos no desenvolvimento sadio de crianças e mudanças expressivas de conduta.   

Para se tornar um neuropsicólogo, o profissional da psicologia precisa fazer uma especialização de dois anos. Além disso, o Conselho Federal de Psicologia permite, após cinco anos de atuação, que psicólogos solicitem habilitação nesta área.

Por que a neuropsicologia é necessária?

As alterações no sistema nervoso são causadas por fatores variados, tais como ingestão de determinados medicamentos, nervos danificados durante cirurgias, infecções que causam inflamação do cérebro, tumores, disfunções da tireoide, acidentes e tratamentos de radioterapia e quimioterapia. 

Algumas patologias também podem alterar o funcionamento do cérebro. 

É o caso do câncer, diabetes, transtornos mentais específicos, HIV, Parkinson, Alzheimer, anemia e esclerose múltipla. Dois sintomas comuns da depressão, por exemplo, são a incapacidade de concentração e os lapsos de memória. 

Diante de tantas possibilidades de alteração das funções cognitivas, uma área do conhecimento dedicada à sua reabilitação é extremamente necessária. A neuropsicologia identifica pacientes afetados pelos fatores mencionados e auxilia a sua reabilitação, além de tocar em questões emocionais que os perturbam. 

Como o neuropsicólogo atua?

Quando uma pessoa nota alterações em suas funções cognitivas, as quais afetam negativamente relacionamentos interpessoais e desempenho profissional e/ou acadêmico, pode solicitar uma avaliação neuropsicológica com um profissional da neuropsicologia.

O neuropsicólogo inicia a primeira consulta com questionamentos referentes às dificuldades e aos objetivos do paciente. Ao longo das sessões, são desenvolvidas entrevistas com familiares, avaliações e testes de raciocínio. 

A partir da coleta de informações e das avaliações clínicas do profissional, ele constrói o perfil neuropsicológico do paciente. Em seguida, faz o encaminhamento do mesmo para o tratamento mais adequado para a sua condição. Ele pode envolver medicação, psicoterapia, reabilitação, entre outros. 

Ressalta-se que o profissional dessa especialidade sempre atua de maneira multidisciplinar. 

Como a neuropsicologia infantil ajuda as crianças?

O funcionamento do sistema nervoso das crianças também pode ser afetado por transtornos de aprendizagem, como a dislexia e a discalculia, e transtornos do neurodesenvolvimento, como a Síndrome de Asperger. 

Desse modo, uma das pretensões do neuropsicólogo infantil é avaliar a relação desses transtornos com funções cerebrais comprometidas. 

Um crescimento sadio é a questão mais importante ao se tratar das crianças. Como garantir que os pequenos cheguem à vida adulta livre de dificuldades? 

Por essa razão, na neuropsicologia infantil, a trajetória do desenvolvimento neurológico da criança é avaliada para que seja possível recomendar tratamentos precocemente. O neuropsicólogo desenvolve um plano de tratamento conforme os resultados da avaliação neuropsicológica da criança. 

Algumas condições, como o Transtorno do Espectro Autista, não têm cura. No entanto, elas ainda necessitam de tratamento para garantir o desenvolvimento do indivíduo autista.  

O que é psicopedagogia?

A psicopedagogia é o ramo da psicologia voltado à pedagogia. A maioria dos pacientes tende a ser composta por crianças e adolescentes em idade escolar.

Todavia, adultos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou distúrbios da aprendizagem também podem se consultar com um psicopedagogo. 

A psicopedagogia procura compreender o processo de aprendizagem natural dos seres humanos, destacando facilidades e dificuldades na retenção de conteúdo. O profissional desta área tem capacidade de identificar empecilhos neste processo e corrigi-los através de técnicas próprias. 

Ele também analisa os efeitos do transtorno de aprendizagem no comportamento, nas emoções e na autoestima dos pacientes. Normalmente, a pessoa com dificuldade em assimilar informações sofre com provocações de terceiros por toda a vida, danificando a sua autoimagem

Por que ela é necessária?

O profissional da psicopedagogia desempenha o importante papel de restaurar a capacidade de aprendizagem do paciente. Consequentemente, ele eleva a sua autoconfiança e diminui sentimentos negativos associados às próprias limitações.

A partir do momento que um distúrbio é identificado, o paciente já recebe tratamento adequado. Dessa forma, especulações sobre o seu comportamento deixam de ser um problema para os pais, cuidadores, professores e o próprio paciente. 

Muitas crianças são rotuladas como “preguiçosas” ou “lerdas” por não apresentarem o mesmo rendimento escolar que os colegas de classe. 

Além disso, os distúrbios de aprendizagem geralmente são acompanhados de condutas atípicas que, por sua vez, fazem com que as crianças sejam vistas como “incontroláveis” ou “mal educadas”.

A desinformação sobre a origem da dificuldade de reter informação da criança intensifica o seu sofrimento. A psicopedagogia, portanto, é necessária não somente para o tratamento de transtornos de aprendizagem, mas também para a autoimagem e a saúde mental dos pequenos. 

Como o psicopedagogo atua?

Durante a primeira consulta, o psicopedagogo ouve as queixas dos pais para planejar o trabalho a ser feito. Durante as sessões individuais com a criança, o profissional aplica atividades lúdicas, como jogos, desenhos e pintura, para analisar padrões comportamentais. 

A criança interage com o mundo através de brinquedos e brincadeiras de faz de conta, por isso, essas ferramentas são utilizadas nas consultas para que o psicopedagogo entre no mundo interno dela. Essa área da psicologia é chamada de ludoterapia.

O tratamento também é feito de modo multidisciplinar com o auxílio de pediatras, fonoaudiólogos e psiquiatras caso seja necessário. Quaisquer informações sobre o histórico de saúde da criança devem ser repassadas ao psicopedagogo. 

Após esse período de observação, o profissional desenvolve uma avaliação psicopedagógica. A partir desse documento, ele fará o encaminhamento para o tratamento mais pertinente para o quadro clínico da criança. Este pode ser tanto de curta quanto de longa duração, dependendo da resposta do paciente e do envolvimento da família. 

Vale ressaltar que a participação dos pais é muito importante para o tratamento. A escola também representa um papel significativo. Logo, o psicopedagogo pode optar por visitar o corpo docente da instituição de ensino da criança. 

Como a psicopedagogia ajuda as crianças?

A psicopedagogia objetiva devolver o prazer do aprendizado às crianças, pontuando os empecilhos que atrapalham o seu processo de retenção de conhecimento. É fundamental corrigir ou aliviar distúrbios de aprendizagem para que tenham uma vida escolar, e consequente vida acadêmica e profissional, mais proveitosa. 

Além disso, a psicopedagogia pode atuar na modificação de comportamentos problemáticos relacionados ao aprender, tais como:

  • Dificuldade de seguir instruções e manter uma rotina coerente;
  • Desorganização do ambiente de estudo e do quarto;
  • Atraso na entrega de projetos escolares;
  • Ansiedade;
  • Falta de interesse nas aulas;
  • Dificuldade de concentração;
  • Ausência de motivação para estudar;
  • Hiperatividade;
  • Medo de separar dos pais ou de permanecer na escola;
  • Incapacidade de respeitar completamente regras; e
  • Difícil interação social com outras crianças e adultos.

Como não há cura para algumas condições, as crianças precisam aprender métodos para conviver com elas e suavizar sintomas. 

O tratamento com um psicopedagogo pode ajudar as crianças de diversas maneiras e, ainda, acalmar as preocupações dos pais. Os aprendizados retidos durante o processo psicoterapêutico melhoram a relação dos pacientes com os estudos para toda a vida.

Qual é a melhor área para o atendimento infantil?

A neuropsicologia infantil e a psicopedagogia se complementam. Como ambas as áreas trabalham as funções cognitivas até certo ponto e requerem acompanhamento constante, impulsionam a reabilitação dos pacientes. 

Uma criança com dislexia pode se beneficiar de técnicas neuropsicológicas voltadas a reabilitação das funções de concentração e de memória. Mas também pode obter diversas vantagens com o tratamento psicopedagógico, aliviando sintomas e construindo a sua autoestima. 

Todavia, ambas as áreas da psicologia possuem características e modos de atuação próprios, os quais podem ser melhores dependendo da condição do paciente. No caso de lesões cerebrais oriundas de traumas, por exemplo, a melhor opção é a neuropsicologia. 

Como são áreas multidisciplinares, pacientes não precisam se preocupar caso tenham feito a decisão menos eficaz para o seu quadro. Os profissionais farão o encaminhamento para as formas de tratamento consideradas mais apropriados. É também possível que um faça encaminhamento para o outro após meses de tratamento para complementá-lo.

Logo, a decisão final acaba sendo do paciente. Ele ou os seus responsáveis são livres para fazer múltiplas avaliações. De posse de esclarecimentos técnicos sobre o problema, podem decidir qual é a melhor área da psicologia para iniciar o tratamento.  

O importante é saber ouvir as considerações dos profissionais durante as consultas devolutivas. Dessa forma, os pacientes conseguem decidir o tipo de psicoterapia mais apropriado. 

Para mais artigos como este, acompanhe o blog da Vittude!

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Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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