Como a Covid-19 influencia no aumento de divórcios e violência doméstica

Como se já não bastasse estarmos vivendo um momento de tensão devido à pandemia do COVID-19, outras notícias também estão gerando preocupação. É o caso do número de divórcios e violência doméstica terem disparado com a quarentena.

Na China, o fenômeno dos pedidos de separação já aconteceu visto que a disseminação do coronavírus começou por lá. Saiu na mídia o curioso fato de que os divórcios em uma cidade atingiram número recorde.

Por mais que assuste, o pior é saber que, no Brasil, a quarentena provocou um aumento de quase 9% no número de denúncias de violência contra a mulher (os dados são do Ligue 180). No Paraná, houve um aumento de 15% nos registros de violência doméstica, enquanto no Rio de Janeiro os números cresceram em 50%.

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Tanto os divórcios quanto a violência doméstica já existiam antes da quarentena. No entanto, tais picos evidenciam alguns dos efeitos colaterais do isolamento social, medida que faz com com que as pessoas fiquem mais em casa e os conflitos familiares se intensifiquem. 

Seja na vida a dois ou entre outros membros da família, a convivência é sempre desafiadora. Manter a harmonia do lar em tempos de pandemia não é tarefa simples, mas está longe de ser justificativa para a violência. 

Por mais que seja bom ter alguém fisicamente ao seu lado durante esse momento, a adaptação pode ser complicada, ainda mais com os níveis de estresse elevados. Neste artigo, vamos explicar por que o COVID-19 tem influenciado no aumento desses números e dar algumas dicas para melhorar a convivência dentro de casa!

Por que os divórcios e a violência doméstica têm aumentado na quarentena?

A quarentena é uma medida que restringe o direito de ir e vir das pessoas, o que por si só já é uma causa de tensão. Além disso, as pessoas estão preocupadas com a saúde e com a economia, afinal, muitas famílias estão sem renda durante esse período.

Todo esse quadro eleva os níveis de estresse, medo e ansiedade, o que pode desencadear em mais brigas e desentendimentos dentro de casa. Isso porque as pessoas estão passando o dia todo (ou a maior parte dele) confinadas em suas residências. Embora seja natural que a convivência humana resulte em atritos, não é aceitável a violência doméstica.

Se o relacionamento a dois já for abusivo anteriormente e houver troca de ofensas entre o casal, as chances dos conflitos crescerem e desencadearem em violência doméstica são maiores. O abuso de álcool também pode intensificar os atos violentos.

Em outros casos, apesar de não haver violência, há o desafio de convivência com o cônjuge em um momento atípico, afinal, as pessoas costumam ter rotinas separadas e se veem em pequenos períodos do dia. De repente, tudo muda e você passa a ver o(a) companheiro(a) 24 horas por dia, por um período prolongado de tempo.

Para alguns, a adaptação pode ser mais simples, no entanto, para outros acaba sendo bem complexo. Não é a toa que, em uma cidade da China, os pedidos de divórcio atingiram números recordes.

O excesso de convivência tem potencial para afetar os relacionamentos — aqueles que já enfrentavam problemas sofrem mais, mas se não tiver cuidado até quem vivia um relacionamento saudável pode ser afetado.

Como se proteger da violência doméstica?

Há maneiras de tentar prevenir a violência doméstica, como por exemplo, por meio do diálogo com o parceiro. No entanto, nem sempre é uma medida eficaz. Em casos de ameaça, danos físicos ou psicológicos, é preciso procurar ajuda.

O período de quarentena já é angustiante o suficiente, portanto, sempre que possível evite adicionar preocupações. Se você é uma pessoa que sofreu violência doméstica, se for mulher procure a delegacia da mulher, a Casa da Mulher Brasileira e o Centro de Referência da Mulher. Além disso, é possível ligar para o 180 e fazer uma denúncia online.

Vale também ficar de olho em ações como a Justiceiras, que foi lançada no dia 27/03/2020 com o objetivo de evitar o aumento de violência doméstica no período de isolamento social. O projeto é uma iniciativa da sociedade civil: uma parceria entre o Instituto Bem Querer, Instituto Nelson Wilians e Instituto Justiça de Saia.

O objetivo é criar uma conexão entre mulheres voluntárias para oferecer acolhimento às vítimas de violência doméstica, além de orientação médica, psicológica e orientação jurídica.

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Como melhorar a convivência durante a quarentena?

Quando o assunto é divórcio, por mais que também seja um tema complexo, é mais fácil tomar algumas precauções para cuidar da convivência durante os tempos de quarentena. 

Lembre-se de como era a sua vida antes do isolamento social: você acorda, se arruma, sai para trabalhar e volta no final do dia. Essa era o dia  a dia de boa parte das pessoas. Ou seja, durante essa rotina você acabava vendo o(a) companheiro(a) apenas por um curto período do dia.

Agora, tudo mudou! Como a maioria das pessoas estão trabalhando remotamente é preciso se adaptar a essa nova realidade.

Viver em uma casa maior pode diminuir os conflitos, afinal, há mais espaço para trabalharem e curtirem suas atividades de lazer. Porém, quem mora em lugares pequenos, muitas vezes com apenas um quarto e sala junto da cozinha, o desafio se torna muito maior. 

Separei algumas dicas para ajudar quem está enfrentando esse novo cenário!

Mantenham rotinas independentes

Pode parecer impossível, mas dá para criar uma rotina independente do cônjuge, mesmo que vocês passem o dia todo na mesma casa. Cada um deve estabelecer  seus horários e atividades de forma independente.

Isso quer dizer que vocês devem negociar uma organização das tarefas pessoais e profissionais. Enquanto um trabalha, por exemplo, o outro pode fazer algum exercício físico ou entreter as crianças.

Para que funcione, se possível dê preferência para ambientes separados de trabalho. Dessa forma, um não atrapalha o outro e é possível estabelecer a privacidade de ambos. É muito importante que cada um continue com a sua individualidade, realizando suas tarefas e atividades que proporcionam prazer.

Não é porque estão confinados em uma casa que precisam fazer tudo juntos o tempo todo. Isso pode até não ser saudável para o relacionamento.

Respeitem a privacidade do outro

O fato de estarem trabalhando em casa não significa que estão disponíveis o dia inteiro. É preciso ter consciência de que horário de trabalho é horário de trabalho. Exceto em casos de emergência, o parceiro deve respeitar o outro e procurar não interrompê-lo durante os momentos destinados às obrigações profissionais. 

E a privacidade não diz respeito apenas ao horário de trabalho. Em alguns momentos o companheiro pode querer ficar sozinho, ler, ouvir uma música, ou seja, ter um momento introspectivo. Isso precisa ser respeitado, principalmente pelo fato de estarmos vivendo com muitas incertezas.

Façam uma divisão de tarefas justa

Se na sua casa ainda existia aquela história de que serviço de casa é responsabilidade da mulher, se esqueça disso de uma vez por todas. Com ou sem isolamento social esse tipo de pensamento já não deveria existir. 

A quarentena é uma ótima oportunidade para repensar as responsabilidades dentro do lar. O período de mudanças deixa um belo convite para revermos velhos paradigmas. Que tal a ideia de cada um contribuir com as tarefas domésticas no dia a dia? Cozinhar, lavar e limpar são alguns exemplos de obrigações que devem ser divididas de acordo com a nova realidade.

Para não pesar para ninguém, o ideal é chegar a um acordo em relação às responsabilidades de cada um. Lembre-se de que é um momento de solidariedade e união.

Desafio das 4 semanas

Estejam abertos para o diálogo

O único jeito de resolver os conflitos é por meio da conversa. Portanto, evite atitudes agressivas, afinal, todos já estão nervosos o suficiente. É importante se colocar à disposição para conversar sobre tudo, inclusive o relacionamento.

O que está dando certo? Como podem melhorar a convivência? Um diálogo honesto e transparente é essencial para sobreviver à quarentena com o cônjuge. 

Tenham momentos de lazer e diversão

O lado bom de morar com alguém durante a quarentena é que você pode ter momentos de lazer em conjunto, o que pode ser ainda mais prazeroso. Apesar desse momento de incerteza, aproveitar horários livres e os finais de semana para curtirem a companhia um do outro é muito saudável.

Reservem alguns momentos na agenda para assistir filmes, cozinhar, fazer exercícios, meditar ou qualquer outra coisa que agrade ambos. É importante abstrair dos problemas ao lado de quem nos faz bem!

Sejam tolerantes e empáticos

Estamos vivendo um momento atípico onde, mais do que nunca, é preciso se colocar no lugar do outro e ser mais paciente.

Conflitos podem acontecer durante esse período intenso de convivência, mas você é a única pessoa responsável por decidir como irá reagir a eles. Procure ser tolerante com a ansiedade e o estresse do outro, afinal, todos nós estamos angustiados com a situação.

Busque no diálogo uma maneira de confortar as aflições do momento e seja mais tolerante com os erros do outro. Eles vão ficar mais evidentes por conta da convivência excessiva e está tudo bem!

Dividam os cuidados com os filhos

Casais que têm filhos enfrentam uma realidade ainda mais diferente, pois a presença das crianças muda totalmente a dinâmica da dupla. Caso os dois precisem trabalhar durante o dia, é importante estabelecer uma rotina para a criança e organizar as responsabilidades.

Os dois precisam trabalhar e descansar em algum momento, mas a criança também necessita de cuidados e atenção. A dica é aproveitar a flexibilidade para tentar encaixar atividades com a criança na rotina, alternando entre pai e mãe para que nenhum fique sobrecarregado.

O lado bom é que vocês passarão mais tempo em família, então que tal propor brincadeiras e atividades das quais todos possam participar e fortalecer o elo?

Façam terapia

O isolamento social fez com que os psicólogos que atendiam seus pacientes presencialmente passassem a realizar as sessões à distância, ou seja, virtualmente.

A psicoterapia é altamente recomendada em qualquer estágio da vida, mas em momentos como esse ela é mais ainda. Estamos vivendo um período de incerteza, onde nos demos conta que não temos controle de tudo. A vida mudou radicalmente da noite para o dia.

Diante da realidade atual é norma nos sentirmos mais angustiados, ansiosos e irritados. Se você sentir que suas emoções estão à flor da pele e que isto está afetando a si mesmo e a convivência com o cônjuge, busque ajuda de um psicólogo.

Diante de tantas incertezas, é importante cuidar da saúde mental para se manter saudável e cultivar um clima agradável dentro de casa. A terapia é uma ferramenta valiosa que irá te ajudar a cuidar de si e dos outros.

E a boa notícia é que as sessões online costumam ser mais acessíveis, uma vez que você não precisa investir no deslocamento, estacionamento, etc. Se a questão financeira for um dilema, saiba que a Vittude criou a campanha #SozinhosNunca, com sessões de até 50 minutos, com um valor social de R$20,00. Agora só não faz terapia quem não quer!

Plataformas como a Vittude são um caminho para encontrar o psicólogo ideal para você. São mais de 5000 profissionais cadastrados de diferentes especialidades. Independentemente se você mora no Brasil ou no exterior, o que importa é saber que há sempre um psicólogo pronto para te ajudar nesse momento difícil.

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Cuide da sua saúde mental durante a quarentena

A quarentena é um momento de olhar para o outro, mas também de cuidar de si. A terapia é uma das formas de fazer isso.

Siga o Instagram da Vittude @vittude, onde estamos compartilhando muito conteúdo para te ajudar a enfrentar o isolamento social. E acesse o site da Vittude para encontrar um psicólogo para te ajudar a superar as questões de ansiedade e cuidar da sua saúde.

Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.