Você provavelmente conhece alguém que já passou por um grande trauma durante a vida. O estresse pós-traumático pode gerar um impacto tão forte que parece nunca ser possível se recuperar dele. Você pode até ser essa pessoa. Apesar de triste, é muito comum vivenciarmos situações de violência dirigidas à nós ou a pessoas próximas, assim como catástrofes ou outros acontecimentos trágicos.
Em alguns casos, passar por uma situação traumática gera o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Ele é um tipo de distúrbio de ansiedade caracterizado por sinais psíquicos, emocionais e físicos.
O mais comum dos exemplos são de ex-veteranos de guerra. Existe uma previsão de que entre 11% e 20% dos militares que serviram nas operações Liberdade Iraquiana e Liberdade Duradoura vão sofrer de TEPT em algum momento da vida.
Entre 15% e 20% das pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana, agressão física, abuso sexual, terrorismo, tortura, assalto, sequestro, acidentes, guerra, catástrofes naturais ou provocadas, desenvolvem esse tipo de transtorno. No entanto, a maioria só procura ajuda dois anos depois das primeiras crises.
As causas do estresse pós-traumáticas são infinitas e muito variadas. As situações traumáticas geradoras do transtorno podem ser ameaças à vida em sua dimensão física, dimensão psíquica, dimensão social, entre outras.
Quem passa por uma situação muito traumática e desenvolve o transtorno costuma relatar que, ao se recordar do fato por algum motivo, parece estar revivendo o momento. As dores e o sofrimento vivenciados voltam à tona como na primeira vez, desencadeando alterações neurofisiológicas e mentais.
Sobre esse assunto, foi desenvolvida uma pesquisa pela UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e por outras universidades brasileiras em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz.
Assim, foi levantada a hipótese de a causa do estresse pós-traumático estar no desequilíbrio dos níveis de cortisol ou na redução de 8% a 10% do córtex pré-frontal e do hipocampo, áreas localizadas no cérebro.
Os sintomas do estresse pós-traumático podem se manifestar em qualquer pessoa, de qualquer idade, que já tenha passado por algum evento caracterizado como trauma. Os principais sinais percebidos para a identificação do transtorno são:
Esses e outros sintomas afetam desde tarefas muito básicas do dia a dia até compromissos maiores, como relacionamentos e trabalho. Dessa forma, podem levar meses ou anos após o evento traumático para se manifestarem.
Se a pessoa que sofreu o trauma estiver debilitada, tanto por cansaço físico quanto por outros fatores orgânicos ou emocionais, a probabilidade de uma reação aguda ao estresse pós-traumático aumenta. O histórico de doenças mentais, uso excessivo de álcool e drogas, instabilidade emocional e dificuldade de adaptação também são fatores de risco.
A repetição dos sintomas do estresse pós-traumático pode facilitar o desenvolvimento de doenças ainda mais graves. Da mesma forma, alterações clínicas como: problemas cardíacos, diabetes, infecções frequentes, hipertensão, fibromialgia e outras doenças reumáticas, distúrbios do humor, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos de personalidade, entre outros.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), os critérios do diagnóstico do estresse pós-traumático são baseados na identificação dos sintomas sinalizados acima. A confirmação do transtorno vem da repetição dos sinais, aliadas à uma perturbação que prejudica as atividades diárias do paciente.
Além disso, alguns exames podem ser realizados para avaliar marcadores biológicos do estresse. Ou seja, a dosagem do cortisol, hormônios da hipófise, da tireoide ou sexuais. A polissonografia também é uma forma de identificar as consequências do estresse pós-traumático durante o sono.
O tratamento do estresse pós-traumático é feito com o objetivo de diminuir os sintomas apresentados pelo paciente, assim como entender os motivos e eventos que impulsionam lembranças negativas para amenizar seus impactos na vida da pessoa.
A forma mais indicada de chegar nesses resultados é a partir da terapia cognitivo-comportamental (TCC). Ela é complementada pelo uso de medicamentos, como os ansiolíticos ou antidepressivos, de acordo com a situação de cada paciente.
Outros tipos de tratamentos acompanhados por psicólogos ou psiquiatras também são bem-vindos para ajudar a aliviar os sintomas de ansiedade e medo.
O trabalho do profissional estará associado diretamente ao relato do trauma que causou o transtorno. Assim demonstrando como o paciente pensa e se sente com relação ao evento.
Ao longo das sessões, a pessoa com o transtorno vai aprendendo a relaxar sua mente e entender o que acontece com seu psicológico e seu corpo. Revivendo a situação traumática, ela lidará melhor com cada uma de suas manifestações.
Além de frequentar um psicólogo ou psiquiatra, algumas outras atitudes podem ajudar no tratamento do estresse pós-traumático, variando para cada situação.
A principal delas é que o paciente com o transtorno tenha o apoio e contato frequente com outras pessoas de seus círculos de confiança, como a família ou amigos, se inserindo em ambientes de socialização.
A prática de exercícios físicos, meditação, técnicas de relaxamento e aderir uma dieta saudável também são benéficos para o bem-estar da pessoa. Além disso, é importante evitar maus hábitos como o excesso de bebidas alcoólicas ou cigarro.
Com todos esses cuidados, o transtorno do estresse pós-traumático pode ser revertido ou estabilizado. Quando a pessoa que viveu o trauma consegue encontrar o equilíbrio emocional e físico, ela é capaz de lidar com sensações conflituosas para transformar sua reação à elas e voltar a viver de forma normal e tranquila.
Artigo revisado em: 09/12/2019
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Há momentos que lembro serem quase humilhantes e estressantes.
Sempre que lembro das memórias eu me irrito a ponto de quebrar alguma coisa.
Trata-se de um caso de falta de respeito. Enfim, esse é um bom texto e parabéns a redatora.
Fiquem na paz de Deus, ele tem o poder de cura.
Eu tenho esse problema, tudo o que eu vou fazer, vem um evento traumático na minha mente e é angustiante quem tem isso, já passei por situações grande de estresse, e acumulei coisas quieto, tentei ser forte na medida do possível, mas no fim estourou e causou-me esse monte de problemas, e é uma luta interna quem sofre disso sabe o como é ruim, se houver alguém aqui que tem crença, peço que me ajudem com orações, ficaria grato por isso, Deus os abençoe, venceremos isso.
Passei por tudo isso e mais um pouco, de uma forma tão intensa, que não desejo para o pior inimigo, fui Policial Militar, atuante no Policiamento, vivia intensamente meu trabalho, participei de diversas ocorrências de "tiroteio", prisões, e ocorrências de gravidade, mas quando perdi um grande amigo morto numa troca de tiros, onde acabei levemente ferido, meu mundo desabou, já havia brigado com a família, morava no quartel.... passei ao isolamento, e me atirei na bebida....... (busquei tratamento Pisiquiatrico NADA, fui transferido de Unidade, posteriomente com dificuldade de adaptação ao novo Quartel, fui injustamente demito das fileiras da Corporação, Passei 19 anos longe de tudo, pensei que já estivesse CURADO refeito a vida, atualmente me tornei um Advogado, e busco minha reintegração aos Quadros da Policia Militar, e ao reencontrar muitos amigos "das antigas", e ler e reler o processo, TODOS OS SINTOMAS do Stress pós traumáticos voltaram,,, entre os quais sudorese, dor de cabeça, insônia, vontade de isolamento, dores pelo corpo inteiro, nas juntas, irritabilidade, palpitações no coração, Já não bebo a 17 anos, mas só o fato de ler o processo demissionário (cheio de falhas) jurídicas, me deixou em frangalhos, estou a 50 dias sem conseguir desempenhar minhas funções de Advogado a contento, medo de tudo, exatamente como relatado acima. - pânico, isolamento, etc....
Quero dizer que só hoje descobri na leitura do artigo o nascedouro da doença que me aflige por quase 20(vinte) anos. e onde buscar ajuda,
O Policial Não é Preparado para perder, ele só é preparado para Lutar e ganhar. - ele é visto como super herói, e os heróis não perdem. ledo engano, o ser humano é falível, uma máquina perfeita, que o mundo no dia a dia, a torna defeituosa. -
Deus abençoe a todos.
autor:
Gerson Nicolau - Ex PM - Pastor, Advogado.
é possível sentir este stress pós traumático após uma traição?
tipo aconteceu em um momento em que estavam passando muitas coisas e vc perdoa, depois quando as problemas se resolveram aí vem a insegurança, medo de sofrer, coisas que acontecem que te faz lembrar da situação e estes tipos de atitude?
eu tenho momentos assim, o motivo é o fato de ter sido humilhado varias vezes por ter epilepsia. vejo indiferença até por parte da família, tenho revivido cada humilhação cada vez que lembro disso.