Estresse: saiba como ele afeta sua saúde física e emocional
22 de janeiro de 2017
Tempo de leitura: 12 minutosEstresse é uma resposta física do nosso organismo a um estímulo. Quando estressado, o corpo pensa que está sob ataque e muda para o modo “lutar ou fugir”, liberando uma mistura complexa de hormônios e substâncias químicas como adrenalina, cortisol e norepinefrina para preparar o corpo para a ação física.
A manutenção de um estado de estresse por longos períodos pode ser prejudicial à saúde. Os resultados de níveis elevados de cortisol podem ser um aumento nos níveis de açúcar e pressão arterial e uma diminuição da libido.
Às vezes, o estresse pode ser uma força positiva, motivando o indivíduo a performar melhor em seu recital de piano ou em uma entrevista de emprego. Outras vezes, porém, como quando você está preso no trânsito das grandes cidades, o estresse pode ser uma força negativa.
Se você está exposto ao estresse por períodos prolongados, ele provavelmente se tornará crônico, a menos que você tome alguma ação.
O que é o estresse?
Antes de mais nada é importante esclarecer que estresse não é necessariamente uma coisa ruim. Se nosso corpo não tivesse nenhum tipo de habilidade para resistir ao estresse, provavelmente não teríamos evoluído e sobrevivido enquanto espécie. Nossos ancestrais, por exemplo, usavam os primeiros sinais do estresse como sinal de alerta para o perigo de um ataque de animais.
Estresse nada mais é que uma resposta física do nosso organismo a um estímulo. É uma palavra que vem da física. Quem já estudou resistência dos materiais conhece bem o conceito. Na física Estresse e Tensão são sinônimos. Trata-se uma quantidade de força aplicada em uma determinada área.
Trazendo isso para nosso corpo, quando somos submetidos a atividades estressoras, como por exemplo o trabalho, uma atividade física, situações como a chegada de um novo filho, casamento, mudança de emprego, etc… nosso corpo reage, produzindo uma mistura complexa de hormônios e produtos químicos como a adrenalina, cortisol, e norepinefrina (também chamada de noradrelalina).
Essa produção de hormônios ocorre justamente para preparar o corpo para uma reação física. Se eu precisar fugir, esses hormônios ajudarão a desviar sangue para os músculos, por exemplo.
O problema surge quando nosso corpo entra em estado de estresse em situações inadequadas e por tempo prolongado. Níveis elevados de cortisol contribuem para o aumento dos níveis de açúcar, da pressão sanguínea e redução da libido.
Uma reação natural
Você já experimentou a sensação de ter as mãos suadas diante de um primeiro encontro? Em uma entrevista de emprego ou uma apresentação em público? Já sentiu seu coração bater acelerado diante de um filme de terror? Se a resposta foi sim, você sabe como é sentir estresse em seu corpo e mente.
Essa resposta automática do nosso organismo foi desenvolvida em nossos antepassados como uma forma de protegê-los de predadores e outras ameaças. Diante do perigo, nosso corpo entra em ação. Inundando nossa corrente sanguínea com hormônios que elevam a frequência cardíaca. Aumentam a pressão arterial e a energia, preparando o indivíduo para lidar com o problema.
Nos dias atuais, você não enfrenta mais a ameaça de ser comido por um predador. Mas você com certeza convive com múltiplos desafios diariamente. Como o cumprimento de prazos, pagamento de contas e malabarismos para conciliar carreira e família. Esses desafios fazem você sentir o stress da mesma forma.
Como resultado, o sistema de alarme natural do corpo – a resposta para a “luta ou a fuga” – pode ficar ligado constantemente. Isto pode trazer consequências sérias para a saúde.
Existem tipos diferentes de estresse?
Agudo
É a forma mais comum de estresse. É a reação do organismo frente a um novo desafio. Pode ocorrer diante de notícias inesperadas como a chegada de um novo filho, o recebimento de uma notícia ruim, uma briga ou erro no trabalho ou um acidente. Geralmente são episódios isolados que não tem efeito persistente no organismo.
No caso de eventos muito traumáticos, como o estresse sofrido por uma vítima de um crime, acidente grave ou situação potencialmente fatal, há um risco do desenvolvimento de um quadro psiquiátrico chamado de transtorno de estresse pós-traumático. No mais o estresse agudo pode ser considerado saudável, pois ensina nosso corpo a reagir em situações estressantes futuras.
Agudo episódico
Se dá quando o estresse agudo ocorre com frequência. Sabe aquelas pessoas que parecem ter crises nervosas todos os dias? Então, elas estão submetendo o próprio corpo ao estresse agudo episódico. Pessoas com ar mais pessimista, que estão sempre vendo o lado negativo das coisas, meio persecutórias, que estão sempre achando que serão as próximas a serem demitidas.
Algumas pessoas podem sentir os sintomas do estresse agudo com mais frequência do que outras, essas geralmente focam demais na organização e falham sempre quando se trata de desempenho. Costumam ficar muito irritadas com elas mesmas ou com o ambiente ao seu redor. Isto também explica porque elas acham seu ambiente de trabalho um ambiente tão estressante.
A preocupação excessiva é uma grande vilã. A pessoa passa a ser mais pessimista sobre situações cotidianas, sempre projetando o que poderia dar errado. Acabam ficando tensas e ansiosas sem nenhuma razão aparente. O efeito para saúde é muito nocivo, pois em geral essas pessoas aceitam o estresse como parte da vida e acabam “somatizando”, desenvolvendo quadros de gastrite, úlcera e outras doenças.
Crônico
É o estresse que se torna persistente e se prolonga por grandes períodos de tempo. É o estresse constante, que nunca desaparece. Em geral decorrem de experiências traumáticas na primeira infância, que são internalizadas e permanecem dolorosas e presentes. Essas experiências podem afetar a personalidade, a visão de mundo, a crença, causando estresse sem fim para o indivíduo. Assim como no segundo tipo, no estresse crônico as pessoas se acostumam com ele, como se fizesse parte de quem elas são.
Estresse – Os pontos de pressão
Mesmo o estresse de curta duração pode ter um impacto significativo. Você pode sentir uma queimação de estômago antes de fazer uma apresentação em público, por exemplo. Doses de estresse agudo, causadas por uma briga com o cônjuge e eventos como enchentes, acidentes ou um sequestro relâmpago, podem ter um efeito ainda maior.
Múltiplos estudos têm mostrado que essas tensões emocionais repentinas, em especial a raiva, podem desencadear ataques cardíacos. Arritmias e até morte súbita. Embora isso aconteça principalmente em pessoas que já tem um histórico de doença, algumas pessoas desconhecem que tem algum problema cardíaco até que o stress agudo culmine em um princípio de infarto ou coisa pior.
Quando o estresse começa a interferir na capacidade de viver uma vida normal, por um longo período, ele se torna ainda mais perigoso. Quanto mais tempo dura o estresse, pior é para a saúde mental e do corpo. Você pode se sentir cansado, incapaz de se concentrar ou irritável sem uma boa razão, por exemplo. O estresse crônico provoca desgaste do corpo e pode agravar problemas já existentes. Algumas pessoas acabam lançando mão de hábitos negativos como o aumento do consumo de álcool e o tabagismo, para lidar com as tensões.
A tensão de trabalho está associada ao aumento do risco de doença coronariana, por exemplo. Outras formas de estresse crônico, como depressão e baixos níveis de apoio social, também têm sido relacionadas ao aumento do risco cardiovascular. E, uma vez que você está doente, ele também compromete a imunidade e pode tornar a recuperação mais difícil.
Sinais de que o estresse está ligado diretamente ao meu trabalho
Nos últimos anos, a crise econômica afetou o Brasil e fez com que as configurações do mercado de trabalho mudassem. Observamos ao longo dos últimos meses o aumento do desemprego. Quem permaneceu empregado ou se recolocou, percebeu um cenário de caos. Hoje vemos um funcionário ocupando a posição que até pouco tempo atrás era exercida por 3 ou 4 pessoas. Com isso o estresse aumenta. A ansiedade e a pressão para manter o emprego também. Esse excesso de trabalho e a preocupação demasiada traz consequências para a saúde das pessoas. Essa configuração por si só já é um agente estressor.
Com relação aos sintomas e sinais.
Cognitivos
- Problemas de memória, esquecimentos das atividades que precisavam ser feitas
- Dificuldade de manter-se concentrado
- Problemas de memória
- Agitação, inquietação e pensamentos acelerados (parece que tá com bicho carpinteiro como diriam os mais velhos)
- Preocupação excessiva e constante
- Pessimismo, visão distorcida da realidade (costuma usar a expressão “síndrome de hiena”, sabe aquele desenho dos anos 80, Lippy e Hardy, onde a hiena ficava o tempo inteiro repetindo, oh vida, oh ceus, oh azar? A pessoa só vê o lado negativo das coisas
Físicos
Dor de cabeça constante, enxaqueca, dores musculares e tensão nos ombros (eu tive uma época que tinha uma cartela de dorflex na primeira gaveta na minha mesa, era pelo menos um comprimido por dia)
Alterações no sistema gastrointestinal, diarreia, constipação, mal estar no abdômen, azia, queimação no estômago, etc.. (Gastrite é um sinal físico muito comum de estresse).
- Náuseas e/ou tonturas
- Dores no peito, batimento cardíaco acelerado (arritmia)
- Queda na imunidade (ficar resfriado constantemente)
- Estar sempre cansado
- Perda de libido
Emocionais
- Alterações no humor (mau humor mais frequente)
- Irritabilidade, explodindo por qualquer motivo e com qualquer pessoa
- Dificuldade para relaxar
- Sensação de sobrecarga
- Sentimento de solidão
- Isolamento social
- Infelicidade, choro fácil e depressão
O que pode ser feito?
Reduzir os níveis de estresse pode, não somente fazer você se sentir melhor agora, como também pode proteger sua saúde a longo prazo.
Em um estudo, pesquisadores examinaram a associação entre “afeto positivo” – relacionado a sentimentos como felicidade, alegria, contentamento e entusiasmo – e o desenvolvimento de doença cardíaca coronariana ao longo de uma década.
Eles descobriram que, para o aumento de um ponto em afeto positivo (usando uma escala de cinco pontos), ocorria uma redução da taxa de doença cardíaca em 22%. Embora o estudo não comprove que, o aumento da felicidade diminua os riscos de estresse e doenças cardiovasculares, os pesquisadores recomendam impulsionar o sentimento de alegria, fazendo um pouco de atividades agradáveis todos os dias.
Outras estratégias para reduzir o estresse incluem:
Identifique a causa
Monitore o estado de espírito ao longo do dia. Se você se sentir cansado ou estressado, tome nota das causas, dos seus pensamentos e humor. Uma vez que você sabe o que te incomoda, você pode elaborar um plano de ação para tratar. Isso pode significar estabelecer expectativas mais razoáveis para você e para os outros.
Construa relacionamentos fortes
Alguns relacionamentos podem ser fonte de estresse. Pesquisas indicam que brigas e reações hostis com seu cônjuge causam mudanças imediatas nos hormônios sensíveis ao estresse. Mas, os relacionamentos também podem ajudá-lo. Familiares e amigos próximos podem proporcionar momentos agradáveis de descontração e diversão. Eles serão capazes de oferecer o apoio emocional e o suporte necessários para que você possa enfrentar as causas do estresse.
Afaste-se quando estiver com raiva
Antes de reagir, respire e conte até 10. Reconsidere suas ações. Caminhar ou praticar uma outra atividade física pode ajudá-lo a liberar a tensão e aliviar os sintomas de raiva. Atividade física aumenta a produção de endorfina. Gera sensação de bem-estar. Pode ser uma grande aliada na redução dos níveis de estresse.
Descanse a mente
De acordo com uma pesquisa da Associação Americana de Psicologia, o estresse mantém mais de 40% dos adultos acordados. Para garantir que você tenha as 7 ou 8 horas de sono recomendadas, corte a cafeína. Reduza distrações como a televisão no quarto e computadores na cama. Tente ir para a cama todos os dias no mesmo horário. Pesquisas indicam que atividades como yoga e meditação não somente ajudam a reduzir o estresse, como aumentam as defesas do sistema imunológico.
Peça ajuda
Enfim, se você continuar se sentindo cansado e oprimido, procure a ajuda de um psicólogo. Um profissional de psicologia irá orientá-lo a lidar com as fontes de estresse de forma efetiva.
Assim, um psicólogo o ajudará a identificar situações e crenças que contribuem para elevar o estresse crônico. Dessa forma, juntos irão desenvolver um plano de ação para mudar a situação. Agende sua consulta na Vittude.
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Fonte: American Psychological Association
* Artigo atualizado em 09/12/2019