A culpa da infelicidade

A culpa da infelicidade

A clínica contemporânea tem se deparado com sujeitos paralisados na culpa, culpa por não serem felizes. Eles não são suficientes, eles fizeram escolhas erradas e agora não serão mais capazes de ter tudo que mereciam.

Mas, vamos isentá-los da responsabilidade?

Não, até Freud perguntou a sua paciente qual era sua responsabilidade naquela desordem que ela relatava.  Então, sim, há responsabilidade em uma análise e muita.

O analisante, de modo geral, chega ao consultório em sofrimento. Algo aconteceu ou, na melhor das hipóteses, sua forma de lidar com os eventos cotidianos já não surte mais o efeito esperado. Algo falhou. Há um sintoma e ele não será resolvido no outro. É aquele que busca o atendimento que terá que decidir fazer algo com aquilo que o incomoda.

Contudo, muitas práticas atuais tem colocado os sujeitos em um lugar mágico, dizendo que eles são invencíveis. O problema é que na realidade eles padecem. Então, surgem os questionamentos: “Serei feito pelas situações e pelos outros o tempo todo?” “O que me torna incapaz de ser feliz?” “Por que tudo dá errado para mim?”

E a dúvida: “Sou capaz de controlar o que me acontece?”

Não…. O tempo todo não, mas algumas vezes, sim!

E mesmo não sendo invencível você pode outras tantas coisas, inclusive se responsabilizar para resolver aquilo que o incomoda dentro das suas possibilidades. Existem limites e lidar com eles não é tarefa fácil, mas é importante que o sujeito perceba que para além das impossibilidades existem várias outras coisas que podem ser feitas.

A frustração está aí, e em uma análise o sujeito não poderá negá-la, mas terá que escolher como  lidar com ela.

A infelicidade não é sua culpa, mas é sua responsabilidade lidar com ela.

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