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A empatia na Terapia Cognitivo-Comportamental

A empatia como é definida no dicionário como a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria; aptidão para se identificar com o outro, sentindo o que ele sente, desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende. A empatia se torna peça chave na psicologia justamente por ser uma das dimensões humanas mais importantes, pois em qualquer plano da existência humana, não há nenhuma afetividade que não possua um eco nas nossas interações com o mundo. Vamos entender melhor como a empatia se torna necessária e facilitadora no processo de melhora do paciente/cliente na Terapia Cognitivo-Comportamental.

Em uma pesquisa, Falcone (1999), mostra que a empatia envolve componentes cognitivos, onde a empatia vai se caracterizar pela capacidade de compreender os sentimentos e pensamentos do outro; componentes comportamentais, em forma de uma manifestação da compreensão do outro, por meio da comunicação verbal e não verbal; e componentes afetivos, que implica em um interesse, caracterizado como genuíno, pelo bem-estar do outro. Em várias pesquisas fica evidente como a empatia é importante na manutenção das relações interpessoais, ou seja, a empatia tem efeitos sociais significativos e pessoas que apresentam uma baixa capacidade empática podem se prejudicar nas relações do cotidiano, como trabalho, família, amigos etc.

O Psicólogo Carl Rogers em 1950 estudou a empatia de forma sistemática, incentivando o uso na clínica. Em sua compreensão ter uma postura empática exprime “perceber o marco de referência interior da outra pessoa com precisão e com os componentes emocionais que lhe pertencem, como se fosse essa pessoa, porém sem perder nunca a condição de ‘como se’” (ROGERS, 1959). Em seu estudo, Rogers diz que a empatia é como um processo suscetível de aprendizagem e treinamento, tanto em termos cognitivos quanto em termos vivenciais.

Na Terapia Cognitivo-Comportamental a empatia se apresenta como uma ferramenta indispensável, pois ela se mostra como facilitadora para continuidade do tratamento. O paciente/cliente entra em processo terapêutico e se sente acolhido e compreendido por perceber uma postura empática do terapeuta, a probabilidade das demandas e queixas apresentadas terem uma resolução melhor é grande pois a relação terapêutica se faz a partir da empatia (BECK, RUSH, SHAY e EMERY, 1982).

Com a empatia surge uma relação terapêutica mais forte que conduz ao crescimento e bem-estar psicológico do paciente/cliente. Também é caracterizada pela presença da aceitação e congruência, ajudando-os a sentirem seguros o suficiente para abordar questões que trazem sofrimento psíquico. Um diálogo empático melhora o manejo da terapia e dá oportunidade para que o paciente/cliente trabalhe de uma maneira mais saudável as suas demandas. O desenvolvimento dessa relação colaborativa tem sido considerado fator fundamental no processo terapêutico e por isso é importante criar um ambiente elicie um vínculo caloroso de confiança para estabelecer uma aliança duradoura. Isto é possível através de uma relação de empatia, erguida desde o início do processo terapêutico (GREENBERG, 2007; LEAHY, 2008).

A relação terapêutica na TCC percebe este processo como uma construção integrada, onde a associação entre terapeuta-paciente é simplesmente uma das inúmeras ferramentas que integra o processo terapêutico, refletindo na relação central, demonstrando uma humanidade autêntica compartilhada por ambos.

Na abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental a empatia ocupa um espaço explicito no processo terapêutico para efeito positivo da terapia, porém não basta só oferecer empatia para ajudar os pacientes/clientes, é necessário sempre levar em conta as expressões emocionais, estímulos associativos, padrão de comportamento, distorções cognitivas, suposições irracionais, esquemas mal adaptativos, inferências globais, estrutura familiar, mitos e ambiente para uma compreensão melhor das demandas.

REFERÊNCIAS

BECK, A. T.; RUSH, A.J.; SHAW, B. F.; EMERY, G. Cognitive Therapy of Depression. New York: Guilford, 1979.

BECK, A. T.; RUSH, A.J.; SHAW, B. F.; EMERY, G. Cognitive Therapy of Depression. New York: Guilford, 1979.

Baron-Cohen, S., & Wheelwright, S. (2004). The empathy quotient: an investigation of adults with Asperger Syndrome or High Functioning Autism, and normal sex differences. Jornal of Autism and Developmental Disorders, 34(2),163-175.

Falcone, E. (1999). A avaliação de um programa de treinamento da empatia com universitários. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 1(1),23-32.

GREENBERG L. Emotion in the therapeutic relationship in emotion-focused therapy. In GILBERT, P., LEAHY, R. (Orgs), The therapeutic relationship in the cognitive behavioral psychotherapies. London and New York: Routledge. 2007. p. 43-62.

LEAHY, R. L. The Therapeutic Relationship in Cognitive-Behavioral Therapy. Behavioural and Cognitive Psychotherapy .Vol. 36, pp 769-777, 2008.,

ROGERS, C. A theory of therapy, personality and interpersonal relationships as developed in the client-centered framework. In: KOCH, S. (Org.), Psychology: a study of a science. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1959.

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