Autoestima – Alta, baixa e Genuína_

Autoestima – Alta, baixa e Genuína.

Fala-se muito sobre Autoestima. Mas há reflexão efetiva sobre o tema?
Trago aqui uma proposta de discussão acerca desse quesito tão importante e que merece atenção cuidadosa. Autoestima não é, como muita gente pensa, sinônimo de estar sempre bem, feliz, pulando de alegria, confiante, vibrante, excitante, vitorioso, o tempo todo.
Autoestima não isso. Isso é alta autoestima.

O que é autoestima?

Parece redundante mas autoestima é a estima que a pessoa tem por si. O cuidado, o apreço, mas levando em consideração um ponto chave: sua totalidade. Ou seja, não se trata de considerar apenas o que é bom, ou ruim. Mas considerando o que é bom e o que é ruim. E sobre esse ponto Caetano Veloso traz uma ideia sensacional em uma de suas músicas quando diz: Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
Entender e lidar com essas dores e delícias é o que vai te possibilitar ter uma autoestima genuína.
“todos nós temos aspectos que prezamos e também outros que não apreciamos muito. mas mesmo esses dos quais não gostamos fazem parte inseparável da pessoa inteira que somos. A nossa verdadeira identidade é composta pelo conjunto de tais elementos.” (Tucherman, 2019, p.11)
Quando não há um entendimento global sobre si, a tendência é nos apegarmos a pequenos pontos de nós mesmos. E esses pequenos pontos se tornarem representantes de um todo. Assim, se esse pequeno ponto estiver de acordo com o que eu valorizo, fico feliz, alegre, vibrante e com a autoestima alta. Se não estiver de acordo fico triste, cabisbaixo, com aspectos depressivos, com a autoestima baixa.
Sonia Eva Tucherman traz uma explicação magnífica sobre o assunto em seu livro da série O que fazer da editora Blucher, cujo o titulo é, justamente, Autoestima. Sugiro a leitura a quem se interessa pelo tema. Ela consegue trazer ideias extremamente complexa em uma leitura fácil, leve e agradável.
Um exemplo que ela traz em seu livro de maneira bem didática nos ajuda a entender um pouco essa dinâmica: se fizer um prova de geografia e tirar 10, você se sente o máximo, feliz, o melhor do mundo. E em seguida uma de matemática em que tira zero, e já se coloca como o pior, que não vai passar, incompetente, que estudar não é pra vc e etc.
Entretanto não é nem o melhor e nem o pior. Mas, sim, tem aspectos positivos e negativos no seu campo de conhecimento que precisam ser considerados e equilibrados. Portanto não é o resultado de uma prova ou de outra que deve ter o peso e a possibilidade de definir a pessoa em sua totalidade. E fica claro nessa situação que a pessoa não está levando em consideração todos os aspectos de si como sujeito e sim apenas um quesito no qual está focada, naquele momento.

Auto afirmações não funcionam.

Seguindo a linha de raciocínio que venho conduzindo até aqui, chego num ponto delicado. Que normalmente confronta com o que maioria das pessoas acabam fazendo para lidar com suas questões relacionadas a autoestima, que são as auto afirmações: Atitudes como olhar na frente do espelho e dizer palavras fortes, motivadores, bonitas, que você julga serem positivas ou que alguém lhe disse que o são.
Essa atitude não funciona de maneira efetiva pois, quando gera algum efeito, é superficial, temporário. Funciona como um antolho, direcionando sua atenção e concentração a apenas um determinado ponto,(caminhando para um lado inverso ao que venho citando até agora que é abrir o campo de visão e ter uma compreensão total de si). De fato, pode ajudar em momentos pontuais, para um determinado objetivo. É uma técnica comum de ser utilizada por lutadores, por exemplo. Que tem seu técnico o tempo inteiro dizendo que ele não é fraco que ele vai ganhar e que ele já está vencendo. E assim vai seguir, vai ganhar ou perder a luta acreditando que está ganhando. E depois, pelo vídeo vai rever suas estratégias.
No dia a dia, não temos um treinador do lado enquanto lutamos. Temos nossos valores, conflitos, crenças, convicções e histórias que, de acordo com o contexto em que estivermos inseridos, podem nos ajudar ou não.

O Caminho é se conhecer

É importante buscarmos uma compreensão total, ou mais global de nós que pudermos alcançar. Entender em nós o que gostamos e o que não gostamos e a partir daí, consciente de tudo, se posicionar da melhor maneira. Essa compreensão genuína de si, não acontece da noite pro dia. É normalmente, lenta, gradual, exige trabalho(psíquico) e interesse, obviamente, na busca por esse autoconhecimento. Mas é um desejo que tem que surgir no sujeito(em você!). Não há como colocar um entendimento de autoestima de fora para dentro. Já dizia Shakespeare em Romeu e Julieta: “é canseira inútil procurar quem não quer ser encontrado.” Uma verdade extremamente atual, 420 anos depois.
A forma como se relaciona com sua autoestima tem a ver com a maneira como suas estruturas subjetivas foram constituídas. Os ideias que tem e acredita, Os ideias que as pessoas que você valoriza tem e acreditam. E tudo isso se relaciona interna e subjetivamente fazendo conexões com as relações de trabalho, familiares, amorosas, sociais e as expectativas ideais que você busca alcançar.
Em suma, a busca pelo alcance dos seus ideais vai gerar um resultado que pode ser satisfatório ou não. E a forma como vai lidar com esse resultado, dependerá de como lida com sua autoestima e, consequentemente, do seu nível de autoconhecimento.
Fábio Bertacini.

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