Felicidade

Felicidade

felicidade já era um tema discutido desde a antiga Grécia.

Vejamos então o que era a felicidade na visão de alguns filósofos, o que é verdadeiramente empolgante de conhecermos e perceber que é o oposto do que a sociedade contemporânea atual pensa.

Para Aristóteles a felicidade é algo que precisa ser praticado constantemente, seja virtuoso em suas ações e será feliz. Envolve ética a caráter nas escolhas cotidianas.

Para Sócrates a felicidade é alcançada através do conhecimento, compreender as coisas e conhecer a si próprio, buscando autoconhecimento e o saber sobre a verdade.

Para Platão o bem ético está ligado a toda ação humana, são atitudes que promovem o bem, que em sua premissa é justo e verdadeiro.

Todas essas concepções nos mostram um caminho interno, uma busca interior pelo conhecimento, por realizações virtuosas e éticas, que aqui pode ser entendido como o verdadeiro prazer.

Freud, nos deixou a seguinte frase:

A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.

Para a psicanálise a felicidade não está ligada à pura realização dos desejos.

O que é a felicidade para a psicanálise?

No início da vida o bebê tem as suas necessidades realizadas pela mãe, e estas são puramente fisiológicas. Essa é uma experiência que o adulto busca sempre repetir, ou seja, ter os seus desejos realizados. Com o passar o tempo à medida que a criança vai crescendo, novas formas de prazer vão sendo apresentadas, e o conflito só aumenta. A mãe já não existe apenas para este bebê, e à medida que cresce, as frustrações começam a aparecer, o bebê começa perceber que não existe satisfação total (apenas parcial) e que também não é único na vida da mãe.

É necessário que a criança suporte essa insatisfação, dessa forma ela também se manterá desejante no mundo, compreendendo que seus desejos não podem ser realizados imediatamente, como quando bebê, e que o prazer pode ser adiado para uma satisfação maior, um prazer duradouro. Esse é um fato da vida.

Quando esse desejo e realizado imediatamente, ele dura somente aquela fração de segundos, no momento seguinte esse indivíduo já está novamente insatisfeito e em busca de algo, e nunca nada o deixa verdadeiramente feliz, gerando angustia e sofrimento que precisa ser trabalhado e neste caso, o processo analítico permite ao individuo a compreensão, autoconhecimento e elaboração das suas questões.

Freud utiliza alguns conceitos para explicar esse processo.

Vivemos a partir da premissa do princípio do prazer que domina nossa mente desde o início de nossa vida. Entende-se por princípio do prazer descrito por Freud em 1920 como algo que direciona toda a ação psíquica e orgânica, com a intenção de atingir um prazer idealizado, ignorando ou mesmo evitando as frustrações.

No decorrer da vida, o indivíduo precisa adaptar sua busca para a obtenção de prazer e consequentemente a descarga da energia psíquica à realidade, então sob o domínio do princípio da realidade, o prazer é adiado e a frustração tolerada, o que gera conflitos internos, mas a vida é esse constante equilíbrio entre prazer e desprazer, dessa forma o organismo se mantém vivo.

Os meios de felicidade atuais levam os indivíduos a acreditarem que a felicidade está ligada ao ter, conseguir bens materiais, claro que tudo isso é bom e traz algo de positivo, mas não é isso que faz um sujeito genuinamente feliz.

Segundo a psicanalise, a felicidade é algo interno, e está ligada a se conseguir chegar nesse equilíbrio, lidando com as frustrações, com as insatisfações da vida, com a IN felicidade. Esse é um problema individual, não existe uma fórmula mágica ou uma regra, cada indivíduo precisa se descobrir, abdicar de alguns desejos para obter outros que sejam mais satisfatórios. A felicidade não existe em sua totalidade e nesse ponto a psicanalise contribui para que o sujeito tome consciência dos seus reais desejos e possibilidades, aquilo que é possível de ser vivido.

Termino com o poema de Clarisse Lispector.

Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero.
Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce, dificuldades para fazê-la forte,
Tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas,
elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
Clarisse Lispector

Por Maristela Silva
Psicóloga – CRP 06/100464
Especialista em Transtornos alimentares e obesidade e formanda em Psicanálise

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