Luto_ A dor da Perda

Luto: A dor da Perda

“Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém.” (Nicholas Sparks)

Falar sobre morte e sobre o luto, resultante dessa perda, suscita nas pessoas muitos questionamentos: ‘O que fazer com a dor e a tristeza?’, ‘Como lidar com a raiva e o sentimento de solidão?’. Essas, dentre tantas outras, são questões comuns àqueles que estão enlutados pela perda de um ente querido.

A morte é, de fato, um fenômeno capaz de desencadear uma infinidade de sensações e sentimentos, não só em quem está morrendo, mas também nos familiares, amigos, pessoas próximas, etc. Não é fácil lidar com a ideia da finitude. Apesar da morte ser um processo natural e comum a toda criatura viva, o rompimento do vínculo afetivo advindo da perda gera intenso sofrimento àqueles que ficam. O tipo de vínculo afetivo, o tipo de morte (se repentina ou não), o nível de aceitação, são aspectos importantes que irão influenciar no processo de elaboração dessa perda.

Quando a perda ocorre devido a condições da velhice ou doença degenerativa, apesar de toda a tristeza e sofrimento envolvido nesse processo de luto, as pessoas acabam tendo maior tempo para se preparar e a tendência é que elas se conformem mais rapidamente com a partida da pessoa amada. Já em casos de perdas súbitas, quando a morte é repentina e acaba pegando todos de surpresa (como acontece em casos de acidentes, suicídio, AVC, etc.), esse processo de elaboração do luto se torna extremamente mais complexo. Nesses casos, as pessoas enlutadas acabam tendo maior dificuldade de digerir a perda, ficam confusas e buscam  encontrar os porquês, na tentativa de elaborar um entendimento racional do que aconteceu.

Apesar de ser um fenômeno relacionado a profunda tristeza e sofrimento, o luto é um processo normal e uma resposta esperada diante da situação estressante e difícil que é a perda de um ente querido. Quando esse luto é vivenciado de forma saudável, a pessoa enlutada será capaz de expressar a sua dor, seja reconhecendo-a, reajustando ou investindo em novos vínculos. Porém, quando não se encontram recursos suficientes para lidar com essa perda, a pessoa poderá vivenciar um processo de luto complicado, caracterizado pela presença de sintomas físicos e mentais que propiciam fortemente a negação e a repressão da vivência da dor da perda.

E como lidar com essa dor que parece não ter fim?

A aceitação da morte é muito difícil. Essa fase de readaptação, na qual se deve agora aprender a  viver sem a pessoa querida, acontece não sem dor, não sem sofrimento. Para a efetivação do luto, a pessoa vivencia cinco estágios: a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.

No estágio da negação, há uma recusa em aceitar e enfrentar a situação. Ocorre como uma forma de defesa que alivia o choque da notícia. É considerado o primeiro estágio, aparece logo que o indivíduo é informado a respeito da morte. Porém, apesar de ser considerado o primeiro, ele pode se fazer presente também em outros momentos.

No estágio da raiva, considerado o segundo estágio, as pessoas passam a externalizar seu descontentamento e toda revolta que estão sentindo com o que aconteceu. Algumas vezes, tornam-se agressivos nestes casos. É ainda nesse estágio que surgem questionamentos (Por que ele?) e a busca de culpados, na tentativa de aliviar todo o sofrimento e revolta pela morte e perda.

No estágio da barganha, considerado o terceiro estágio de reação à perda, as pessoas acabam buscando apoiar-se e firmar acordos com figuras de poder, segundo as crenças de cada um, que poderiam intervir sobre a situação. Geralmente, esses acordos são direcionados a Deus, numa tentativa de barganhar, de negociar ou adiar os temores advindos da situação de luto.

A depressão, quarto estágio do processo de luto, é um momento de reclusão e reflexão do enlutado, no qual a pessoa fica mais quieta, repensando e processando o que aconteceu, refletem sobre as próprias vidas e perspectivas futuras. Geralmente, quando esse estágio ocorre, o momento de aceitação já está mais próximo.

A aceitação, último estágio, consiste numa maior serenidade frente ao acontecido. É o momento em que as pessoas já conseguem se expressar com mais facilidade, falam de maneira mais conscientes e serenas sobre os seus sentimentos, emoções, frustrações e dificuldades.

É importante ressaltar que cada pessoa vivenciará esses estágios de uma maneira, no seu tempo, e portanto pode haver alterações de acordo com cada perspectiva de vida. Vivenciar cada fase é importante para a aceitação e elaboração do luto. Quanto maior a resistência e negação de vivencia-los, mais difícil será chegar ao último estágio. A perda de uma pessoa querida é um fator de estresse e sofrimento e, se não for elaborada de forma funcional e saudável, poderá repercutir negativamente na vida do indivíduo, gerando maior desconforto e angustia, aumentando os níveis de ansiedade, além de ser um fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, como a depressão, transtorno de pânico, transtorno do estresse pós-traumático, fobia social, etc.

Nesses casos, é importante procurar ajuda de um profissional qualificado para auxílio no enfrentamento dessa situação difícil e dolorosa. O acompanhamento com um psicólogo é essencial para auxiliar na minimização do sofrimento e na elaboração e vivência de um luto saudável, auxiliando na resolução de conflitos advindos da separação e facilitando a superação das etapas do luto.

Se você está vivenciando qualquer sofrimento psicológico e/ou emocional, não hesite em procurar ajuda. A sua Saúde Mental é importante. Priorize-a.

“Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.” (BUDA)

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Comentários:

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Emily Rocha
2 anos atrás

Muito bom o texto! Nesses momentos tão dolorosos precisamos da ajuda de um bom profissional.