Hiperatividade: como saber se seu filho é hiperativo?

A hiperatividade em crianças é uma preocupação de muitos pais e educadores na sociedade moderna. Além de comprometer a vida escolar e a sociabilidade da criança, podendo levar ao bullying por parte dos colegas de turma, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode persistir até a adolescência e a vida adulta.

Segundo estudos da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 75% das crianças com o transtorno se tornam adolescentes com TDAH. Destes, aproximadamente 50% seguirão para a vida adulta com sintomas de TDAH. 

Apenas no Brasil, o TDAH atinge cerca de 2 milhões de adultos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Esses números indicam a necessidade de um diagnóstico logo nos primeiros anos de vida da criança. Quando este é feito tardiamente, a pessoa passa por diversas dificuldades até descobrir que existe solução para a desatenção e a agitação extrema. 

O que é TDAH?

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno de origem genética que afeta o desenvolvimento e funcionamento de variadas partes do cérebro. É caracterizado por três sintomas principais: dificuldade de concentração, hiperatividade e impulsividade. 

Quando não possuem conhecimento sobre TDAH, pais e familiares enxergam esses sintomas como parte da personalidade da criança. Afinal, elas são alegres, brincalhonas e cheias de energia por natureza. 

É comum identificar a existência do transtorno apenas durante a vida escolar do filho. Estudos apontam que 7% das crianças podem ser afetadas pelo transtorno quando atingem a idade escolar. 

Outro cenário comum é confundir os sintomas com nervosismo, medo, insegurança ou má criação. As crianças com TDAH são rotuladas como “arteiras”, pois não conseguem ficar paradas e suas ações impulsivas podem resultar em objetos quebrados, bagunça e até ferimentos leves. 

Até certo ponto, é comum e esperado que a criança seja vivaz e curiosa. A intensidade dos três sintomas principais (e os subsintomas que se originam destes) é o que vai determinar se seu filho tem TDAH ou não.  

Como identificar o TDAH?

Os pais comumente identificam a hiperatividade quando o filho começa a frequentar a escola.  

Os professores reclamam da inabilidade do seu filho de executar as atividades como as demais crianças. Os colegas zombam dos seus comportamentos imprevisíveis e reações exageradas, ocasionados pelo TDAH. O isolamento social involuntário também costuma acontecer. 

Quando conscientes do problema, educadores são verdadeiros aliados durante o tratamento do transtorno, colaborando para o bem-estar e desenvolvimento da criança. Todavia, ainda são escassas as escolas que possuem professores treinados para educar uma criança com um comportamento diferenciado. 

Se você acredita que seu filho seja agitado demais, a primeira coisa a se fazer é observar seu comportamento com bastante atenção

Avalie como ele age diante de frustrações, das tarefas de casa, na brincadeira com os amiguinhos ou parentes, e em quaisquer situações da vida diária. As suas observações são essenciais para, em posterior consulta com um especialista, ajudar o profissional a chegar a um diagnóstico

Compilamos cenários comuns enfrentados por crianças com TDAH e seus familiares. Veja em quantas situações você se identifica. 

Cenário #1

Seu filho não consegue concluir as tarefas da escola ou seguir as orientações do enunciado. Ele reclama que não consegue fazer os trabalhinhos escolares com frequência. Você recebe bilhetes dos professores dizendo que o aluno está tendo um desempenho negativo na escola, com notas baixas e mau comportamento. 

Embora a reação imediata seja se preocupar ou se irritar com a criança, reveja a situação antes de conversar com o seu filho. Não é preguiça nem má vontade. 

O TDAH afeta a capacidade de concentração e raciocínio da criança. Ou ela não compreende instruções e faz do jeito que achar melhor ou até compreende, mas se distrai durante a execução dos afazeres. Possui dificuldade de prestar atenção nos detalhes por tempo prolongado e comete erros por falta de atenção. 

Cenário #2

Seu filho tem energia de sobra e está sempre ocupando a mente e o corpo com alguma brincadeira. Não consegue ficar parado por muito tempo e não entende quando é hora de cessar o período de brincadeira e descansar/comer um lanche/dormir. Até mesmo quando você fala com ele, parece que não está ouvindo metade de suas palavras. 

A hiperatividade é a culpada. A criança com TDAH remexe na cadeira constantemente e precisa manter as mãos ou pés ocupados. Além disso, em sua sede para gastar energia, pode brincar perigosamente, como subir em locais inapropriados ou correr a mil por hora e cair. 

Cenário #3

Seu filho perde brinquedos e materiais escolares e frequentemente se esquece de onde guardou objetos. Por ser muito distraído, tem dificuldades de se lembrar de determinados momentos do seu dia ou pedidos feitos por pais ou professores. 

A distração é tanta que ele logo muda o foco de sua atenção para um barulho ou um pássaro voando através da janela ou algum programa de TV. 

Os pais costumam se irritar diante do comportamento esquecido da criança, que parece não querer fazer as coisas direito. Mas o que se deve fazer nessas situações é conversar com ela e questioná-la sobre seus lapsos de memória. 

Assim, os pais conseguem entender com que frequência e em que situações a criança perde os objetos ou se esquece das coisas.

Tabela Transtornos Mentais

Cenário #4

Seu filho é impaciente. Ele não se dá muito bem com tarefas que exigem esforço mental prolongado, detesta filas e esperar sua vez e atropela coleguinhas ou outras pessoas na hora de falar. 

Muitas vezes, não consegue ouvir perguntas até o fim, já se precipitando para responder. Além disso, interrompe as “conversas de adulto” o tempo todo, pois não aguenta esperar a hora de ir embora. 

É comum que as crianças se tornem impacientes em situações consideradas tediosas por elas, como encontros com amigos dos pais e eventos de família compostos, em sua maioria, por adultos. Crianças se entediam com facilidade.

Porém, quando a incapacidade de se manter calma se repete em diversas ocasiões, até mesmo as divertidas, pode ser que a criança tenha TDAH.  

Resumo dos sintomas

Em suma, os sintomas de TDAH resumem-se em distração extrema, hiperatividade, falta de concentração, esquecimento, fala em excesso e impaciência. Esses são os grandes causadores dos possíveis comportamentos atípicos da criança, os quais dificultam a sua vida diária e comprometem seu rendimento escolar. 

Para ser considerada hiperativa, a criança precisa manifestar um conjunto de sintomas e não apenas um ou dois, sendo que já deve ter apresentado alguns destes antes dos sete anos de idade. 

Em alguns casos, os sintomas de déficit de atenção são mais evidentes que os da hiperatividade. Em meninas, por exemplo, é comum que os sintomas mais visíveis sejam a desatenção enquanto os meninos expressam mais a inquietude exagerada. Aliás, a incidência de TDAH nos meninos é maior do que nas meninas

Assim que notarem a diversidade dos sintomas, os pais devem procurar um profissional imediatamente para o bem da saúde mental da criança. Não é preciso ter vergonha ou receio, pois estes sentimentos apenas impedem que seu filho tenha a mesma qualidade de vida das outras crianças.

O TDAH não diagnosticado na infância ou não levado a sério resulta em problemas na vida adulta, como abandono escolar, fracasso acadêmico, abuso de substâncias, acidentes de trânsito, inaptidão para trabalhar, entre outros. Por isso, o tratamento é essencial para que seu filho possa viver bem. 

Como é o tratamento do TDAH? 

Após a confirmação do diagnóstico, é preciso seguir com o tratamento do TDAH.  

Medicamentos

O tratamento é medicamentoso. Um psiquiatra irá indicar medicamentos para inibir a hiperatividade e promover a concentração. O uso de remédios para tratar transtornos ainda é visto com receio, mas não tenha medo de dar este importante passo em direção à saúde do seu filho. 

Todas as suas dúvidas sobre efeitos colaterais serão explicadas pelo psiquiatra e, em qualquer momento do tratamento, é possível trocar a medicação se essa não fizer efeito. 

Participação dos pais

Os pais podem ajudar a tornar o cotidiano da criança mais previsível e organizado. Crianças hiperativas detestam esperar, por isso, tenha tudo o que ela precisa em mãos ou se programe para não levá-la em locais com filas. 

Explique para o seu filho como será o seu dia com antecedência para que ele não se sinta ansioso com a imprevisibilidade. Desse modo, ele consegue se programar para concluir as atividades do dia. 

Coloque-o em uma atividade física para que seu filho gaste energia e aprenda a interagir com outras pessoas.

Psicoterapia

A psicoterapia estimula a aquisição de hábitos saudáveis, substituindo padrões comportamentais causadores de sofrimento. O psicólogo ajuda a criança a encontrar formas de lidar com situações desagradáveis de forma que não prejudique seu emocional. 

Normalmente, a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) é a utilizada para tratar crianças com TDAH. A autonomia é o objetivo principal do tratamento terapêutico. 

A Vittude pode ajudá-lo a encontrar um psicólogo qualificado para ajudar o seu filho a administrar a sua própria hiperatividade, melhorando, assim, o convívio social e o desempenho escolar. Marque uma consulta com um dos nossos psicólogos com experiência em TDAH clicando aqui!

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta