HIV e saúde mental são elementos que deveriam andar juntos. O diagnóstico da HIV afeta profundamente a vida das pessoas acometidas tanto nas áreas profissional, financeira e social quanto em relação à saúde mental.
A depressão, por exemplo, é um dos transtornos mentais mais comuns entre indivíduos soropositivos. Porém, outras condições, como transtorno de bipolaridade, ansiedade, estresse e dependência de substâncias, também podem se manifestar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% dos adultos e 25% dos portadores relataram sofrer de sintomas depressivos ou se sentirem sobrecarregadas em razão do diagnóstico, segundo um estudo da organização desenvolvido em 38 países.
Problemas de saúde mental corroboram para a redução da qualidade de vida de pessoas soropositivas, além de se tornarem uma barreira para o tratamento antirretroviral.
Receber o diagnóstico do HIV, mesmo com os serviços de saúde disponíveis na atualidade, ainda é uma situação difícil. A primeira reação é costumeiramente tomada pelo choque, confusão, ansiedade e medo.
“O que vou fazer da minha vida?”, as pessoas diagnosticadas se perguntam. “Como estarei daqui a dois, três, cinco anos?” e “O que direi à minha família?” são questionamentos comuns. Conflitos relacionados à sexualidade também se tornam recorrentes nessa fase.
Aos poucos, os portadores do HIV, bem como as pessoas queridas que constituem às suas vidas, começam a compreender e se acostumar com a situação. Nesse processo, que pode levar meses ou até um ano para se estabilizar, eles fazem as mudanças iniciais em suas rotinas e se submetem ao tratamento antirretroviral.
No meio de tudo isso, também arcam com o impacto emocional causado pelo diagnóstico. Com o bem-estar físico e mental afetados, sintomas de depressão e ansiedade, sentimentos negativos, vergonha, preocupação com opiniões de terceiros e medo da morte podem começar a aparecer.
Mesmo pessoas diagnosticadas com HIV sem o quadro característico da AIDS podem apresentar esses sintomas e receios.
Outro fator a considerar é a estigmatização de quem é portador do vírus e da doença. Embora o estigma acerca do HIV/AIDS tenha melhorado desde a década de 1980, quando a infecção pelo vírus se encontrava descontrolada, crenças equivocadas, descriminação e desinformação ainda circulam pela sociedade, causando sofrimento aos portadores.
Sendo assim, cuidar da saúde mental é essencial para portadores de HIV/AIDS adquirirem maior controle emocional, aprenderem a viver com a sua condição e cuidarem de seu bem-estar no dia a dia.
Além do tratamento antirretroviral, o portador de HIV/AIDS deve buscar o tratamento psicológico. Como a convivência com o vírus ou a patologia da AIDS pode ser complicada e cansativa, é ideal associar o tratamento primário ao acompanhamento psicológico.
São variados os momentos da trajetória do paciente de HIV/AIDS que merecem ser destacados, tais como o momento do diagnóstico, o início do tratamento, o surgimento dos primeiros sintomas da AIDS, a perda da eficácia de medicamentos, o enfraquecimento do sistema imunológico e a fase mais avançada da doença.
Cada uma delas implica em questões emocionais diferentes, as quais podem ser tratadas com maior sensibilidade na terapia.
Assim como o bem-estar físico dos portadores pode sofrer consideravelmente, a autoestima e o conceito de identidade também. Como responder às possíveis descriminações? Às perguntas inocentes, mas impróprias? A bagunça de sentimentos da família, cônjuge e amigos? Às mudanças corporais?
O HIV pode modificar o modo como o cérebro e o restante do sistema nervoso dos portadores funciona. Assim, eles podem apresentar mudanças bruscas de comportamentos e formas de pensar. Do mesmo modo, os efeitos colaterais dos medicamentos contra o HIV/AIDS podem interferir no estado mental dos portadores.
Portadores de HIV/AIDS também podem ter dificuldades em encontrar serviços de saúde mental de qualidade, manter relações sociais, administrar medicamentos ou tratamentos especiais, contar aos outros que tem HIV e gerir emoções como medo, desesperança e raiva.
Ou seja, as circunstâncias decorrentes da convivência com o HIV/AIDS são múltiplas, afetam diversas esferas da vida dos portadores e merecem atenção conforme o grau de necessidade.
Em seguida, conheça algumas atitudes simples que você pode tomar para auxiliar o tratamento do HIV e saúde mental.
O recebimento do diagnóstico do HIV pode ser primeiramente encarado com negação, depois raiva e tristeza para, então, ser aceito pelo paciente soropositivo. É como um mini processo de luto pelo qual ele passa antes de aceitar a sua realidade e adotar uma postura proativa.
Nessa primeira fase, ele pode sentir ficar irritado e/ou impaciente com situações cotidianas e pessoas próximas, triste e ansioso ao pensar no futuro e nas coisas que ainda quer realizar, e negar estar gravemente doente, resultando na demora para buscar tratamento adequado.
O paciente soropositivo precisa perceber que o diagnóstico do HIV/AIDS implica um novo estilo de vida, mas jamais será um limitador da vida. Algumas pessoas passam grande parte de suas vidas sem desenvolver nenhum sintoma da AIDS. Mesmo quando isso acontece, elas também encontram formas de aproveitar os seus dias.
É preciso aceitar uma situação para lidar bem com ela e desenvolver estratégias para contornar o estado emocional negativo. Caso contrário, sentimentos e pensamentos ruins se prolongam, causando um sofrimento maior para os pacientes de HIV/AIDS.
Ainda é muito comum acreditar que uma pessoa automaticamente terá AIDS ao contrair o vírus do HIV, ou que qualquer toque resulta em uma infecção. Esses, no entanto, não são o caso. Fatos equivocados como esses podem acentuar o sofrimento de pacientes, familiares e amigos.
Além disso, o portador do HIV pode ficar ansioso com o pouco que conhece sobre o vírus e a AIDS. Assim, é aconselhável ler conteúdo sobre HIV/AIDS em livros, sites e cartilhas para adquirir informações úteis.
O objetivo desse aprendizado não é causar ainda mais medo e ansiedade, incrementando detalhes a cenários imaginários negativos.
Quando se tem conhecimento sobre a sua própria condição de saúde, também se obtém poder para se relacionar bem com ela. Você se torna capaz de tomar decisões mais certeiras baseado no que pode ou não fazer.
Aproveite para ler sobre HIV e saúde mental para diversificar as suas estratégias de cuidado com a saúde da mente.
Uma rede de apoio faz toda a diferença no enfrentamento do HIV/AIDS, portanto, converse com familiares e amigos sobre como você se sente. Compartilhe os seus sentimentos sem receio com pessoas de confiança para que eles não se acumulem dentro de você.
Preocupações com o futuro e a saúde podem adquirir proporções exageradas quando não compartilhadas com alguém. Conhecer pontos de vista diferentes ajuda você a deixar a sua bolha de ansiedade e preocupação e, enfim, relaxar.
É comum se sentir nervoso a princípio sobre permitir que outros saibam o que você pensa, mas familiares e amigos podem fornecer apoio e empatia de maneira única. Então, vale tentar conversar com quem você tem abertura!
Se isso não der certo, lembre-se que você sempre pode contar com o apoio e as orientações de um psicólogo. A visão de um profissional é diferente das pessoas próximas a você, por isso, pode enriquecer o modo como você pensa, sente e age.
Há muitas formas de praticar o autocuidado voltado para HIV e saúde mental. Uma vez iniciado, o bem-estar emocional se fortalece e todas as áreas de sua vida se beneficiam. Afinal, quando estamos felizes e bem conosco, são poucos os elementos que conseguem nos desestruturar!
Portadores de HIV/AIDS podem praticar exercícios ou atividades físicas regularmente, fazer refeições balanceadas, dormir e acordar no mesmo horário ao adotar rotinas noturnas e matinais sadias, e desenvolver um hobby interessante para cuidar do humor.
Além disso, praticar meditação e gratidão também são formas de elevar o humor e promover uma mentalidade positiva, o que pode ser um desafio após receber o diagnóstico do HIV.
Na terapia, pacientes portadores de HIV/AIDS encontrem o conforto, acolhimento e apoio necessários para viver essa nova fase de suas vidas. Como mencionado anteriormente, o surgimento de dúvidas, frustrações e medos são comuns.
Então, para ter uma boa qualidade de vida e aproveitar os dias ao máximo, indivíduos diagnosticados com HIV devem buscar ajuda psicológica. A Vittude é especializada justamente em conectar pacientes de todo o Brasil – e até fora do país! – a psicólogos com base em suas necessidades emocionais.
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É ideal que o tratamento do HIV e saúde mental seja iniciado o mais breve possível. Deste modo, pacientes portadores do vírus ou da patologia aproveitam todos os seus benefícios logo após o diagnóstico, consequentemente elevando a qualidade de suas vidas e felicidade no dia a dia.
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Mio bem explicado.
Vou fazer um trabalho sobre o papel do psicólogo nesse processo
Muito obrigada pelo comentário Monique.