Por que o impacto social é tão importante para a atração e retenção de talentos?
18 de dezembro de 2023
Tempo de leitura: 12 minutosFechar os olhos para a realidade à sua volta não é mais uma opção. No Brasil, 59% das pessoas criticam as empresas pela atuação escassa em questões sociais e ambientais, segundo uma pesquisa do instituto Ipsos feita em 2023.
Vivemos num país com uma desigualdade gritante e que tem a maior floresta tropical do mundo, apesar do constante desmatamento. Ou seja, não faltam pautas importantíssimas.
Também não falta interesse do público, seja este público o consumidor final ou os próprios candidatos e colaboradores.
Inclusive, vale lembrar disso para que a sua estratégia de employer branding seja realmente atrativa para os maiores talentos do mercado.
As pessoas nascidas a partir da década de 80, portanto Millennials e Geração Z, têm um interesse profundo em pautas sociais e provavelmente são a maior faixa etária dos seus colaboradores.
Considerar a importância do impacto social, portanto, é urgente.
Neste artigo, veja:
O que é impacto social?
O impacto social é cada dia mais importante para a maior parte das pessoas, no entanto, o S ainda é o ponto mais fraco das estratégias de ESG. Quem diz isso é o especialista Rodolfo Gutilla, que tem três décadas de experiência em sustentabilidade à frente de companhias como Natura e Whirpool.
Mas será que você sabe de fato o que define este conceito?
Antes de explicá-lo, é importante você saber que desenvolver uma ação filantrópica ou de voluntariado não transforma uma empresa numa organização de impacto social. Desenvolver ações sociais é muito importante e valorizado, mas é algo muito mais simples e pontual.
Para que uma empresa desempenhe impacto social positivo, a preocupação com este aspecto precisa estar no seu propósito. Ou seja, no motivo pelo qual ela existe. Isso significa que ela precisa, pelo menos, de um objetivo e um projeto com começo, meio e fim.
Podemos citar o Think Olga, uma ONG que promove equidade de gênero através da comunicação, e o Conta Black, um banco que oferece conta digital e outros serviços para pessoas que não tem acesso aos bancos tradicionais – pessoas negras, em sua maioria.
Projetos como este são extremamente desafiadores, mas são possíveis.
Mesmo assim, o ESG têm ganhado força em empresas de todos os tamanhos e de todos os setores. Veja como está o cenário brasileiro.
A importância da demanda crescente por ESG
O número de grandes empresas que desenvolvem estratégias de ESG aumentou de 44% para 70% entre 2019 e 2022, segundo o Guia 2.5 produzido pela consultoria Quintessa.
Aliás, muitas empresas ainda acham que impacto e responsabilidade social são a mesma coisa, mas isso é um equívoco enorme. Utilizando um exemplo claro: responsabilidade social é um “celular tijolo” enquanto ESG é um Iphone de última geração.
No estudo do Ipsos citado acima, feito em colaboração com o Instituto Ayrton Senna, a ESPM e a consultoria Cause, as empresas aparecem em terceiro lugar em relação aos principais atores responsáveis por mudanças socioambientais.
Além disso, as causas mais populares são:
- Combater a fome e a pobreza (74%);
- Educação e fomento à oportunidade de aprendizagem (54%);
- Combate às mudanças climáticas (49%);
- Inclusão de pessoas com deficiência (46%).
Veja que vários desses itens podem ser aplicados na própria empresa, com estratégias de sustentabilidade e políticas de inclusão.
Segundo a 16º sondagem do Índice de Confiança Robert Half, 83% das pessoas desempregadas avaliam as estratégias de ESG das empresas antes de aceitar uma proposta de trabalho.
Além disso, 50% dos colaboradores disseram não trocar de emprego já que a empresa atual se preocupa com aspectos sociais, de sustentabilidade e governança. Isso significa que não é mais aceitável e possível pensar numa estratégia de employer branding sem considerar a importância do impacto social.
Por fim, ainda é importante ressaltar que 81% dos candidatos e colaboradores mais preocupados com ESG são, como dito anteriormente, Millennials e jovens da Geração Z – com destaque para a última.
Isso engloba todos os colaboradores de até 42 anos, que compõem pelo menos 55% da força de trabalho brasileira, segundo dados do IBGE.
Ações de impacto social corporativo para atrair novos talentos
O processo de estruturar ESG na empresa pode não ser simples. Em muitos casos, é preciso mudar a logística, práticas organizacionais e até a cultura.
Ninguém espera que isso aconteça do dia para a noite e nem é recomendado, uma vez que mudanças no ambiente de trabalho podem afetar a satisfação dos colaboradores no trabalho, que tem um efeito direto na produtividade e qualidade das entregas.
Mas, reiteramos que dar início a ações de impacto social é urgente. A seguir, veja algumas opções para aplicar na sua empresa!
Trabalho remoto
A maioria das empresas adotou a volta do regime presencial após o fim da pandemia, mas isso não foi feito considerando a preferência dos colaboradores nem o melhor para o meio ambiente.
De um lado, a flexibilização da jornada de trabalho e a possibilidade de trabalhar em casa continuam sendo pautas importantíssimas para os funcionários.
Segundo uma pesquisa da Catho, apenas 38% dos brasileiros estão trabalhando remotamente; mas, destes, 70% afirma que não gostaria de voltar a trabalhar de maneira presencial.
Um relatório da Gallup mostrou ainda que 51% dos profissionais deixariam seu emprego se encontrassem uma opção mais flexível.
Por outro lado, de acordo com a Agência Internacional de Energia, durante a pandemia o uso da gasolina diminuiu em 6 milhões de barris por dia e a redução do congestionamento nos horários de pico diminuiu de 65% para 95%, diminuindo também a poluição do ar.
Se um quinto da população mundial, cujos trabalhos que podem ser realizados remotamente, fizessem isso, 80 milhões de toneladas de gás carbônico seriam reduzidos – o necessário para desacelerar o aquecimento global.
Diversidade, equidade e inclusão
Uma iniciativa óbvia para promover mais impacto social na empresa é contratar e incluir pessoas negras, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, com mais de 50 anos, imigrantes, entre outros grupos minorizadas.
As práticas de diversidade, equidade e inclusão também beneficiam as empresas. Segundo um estudo feito pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), para cada 10% de diversidade étnico racial e/ou de gênero, a produtividade cresce em torno de 5%.
Apesar disso, infelizmente estamos vendo uma queda no investimento em D&I. De acordo com relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2022, feito pela Great Place To Work, 24% das empresas tinham o tema como prioridade em 2019, mas este número caiu para 17% no período mais próximo da pesquisa.
O grande problema aqui é que, para boa parte das empresas, oferecer benefícios de saúde mental – que se tornou uma prioridade – e também em políticas D&i é “investimento demais para os colaboradores”. Mas, enquanto esta mentalidade prevalecer, quem deixa dinheiro na mesa é a própria organização.
Afinal, quanto custa a falta de cuidado com a saúde mental dos colaboradores?
Quanto custa a falta de investimento em impacto social?
Estes valores estão sendo calculados também ou só o valor do investimento para manter a saúde e bem-estar dos trabalhadores?
E isso nos remete a outra questão: é impossível para mulheres ter saúde mental sem discutir gênero, assim como para pessoas negras, discutir racismo e desigualdade econômica ou, para pessoas com deficiência, capacitismo e invisibilização.
Pensar de outra maneira significa não enxergar os colaboradores e/ou candidatos como pessoas completas; mas fragmentá-los considerando só o que é importante para a empresa. Ou seja, desumanizando-os.
Bem-estar e saúde mental dos colaboradores
Para entender a importância crucial, vamos olhar para alguns dados:
- O Brasil é o país com mais pessoas ansiosas do mundo;
- O vice-campeão mundial em casos de estresse e síndrome de Burnout;
- O 5º em número de pessoas depressivas.
Além disso, o Conselho Federal de Enfermagem afirma que estamos vivendo uma “pandemia” de saúde mental. Prova disso é que os casos de ansiedade e depressão, que já eram muito altos, aumentaram 25% após o período de isolamento social, segundo a OMS.
Tudo isso, além de ser um problema social que ainda não é bem administrado. Até porque apenas 2% da receita destinada à saúde está endereçada à saúde mental e existem centenas de cidades onde simplesmente não há psicólogos.
Ou seja, existe um contexto que mostra índices extremamente preocupantes e uma necessidade urgente em combater o adoecimento mental de maneira mais eficaz, preparada e ativa.
Por outro lado, é uma questão extremamente desafiadora e o governo não consegue prover todos os cuidados necessários para a população.
Além disso, questões de saúde mental afetam os colaboradores, gerando déficits consideráveis quando colocamos na mesa todos os gastos com afastamentos, absenteísmo e presenteísmo, despesas médicas regulares e emergenciais (no caso de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, por exemplo), entre muitas outras.
Novamente, perguntamos: o que pesa mais no bolso? Investir no bem-estar dos colaboradores ou arcar com o adoecimento das equipes?
De maneira mais clara ainda: o que é mais caro, uma sessão de terapia semanal ou 15 dias sem trabalhar?
Engajamento comunitário
Para além do ambiente organizacional em si, uma série de iniciativas podem ser tomadas. O ideal, como já citamos, é pensar na essência da organização para definir o que será feito.
Como guia básico, vale a pena seguir as seguintes etapas:
- Desenvolver objetivos alinhados com a empresa;
- Estruturar um plano de ação;
- Stakeholders: comunicar e facilitar seu engajamento;
- Monitorar e analisar os resultados.
E, além de todas as opções de iniciativas focadas em impacto social já mencionadas, ainda vale a pena destacar:
- Respeito aos direitos humanos: implementar políticas contra assédio sexual e moral,
- Responsabilidade Social Corporativa: desenvolver ações com ONGs, associações comunitárias e outras organizações sociais;
- Implementar um código de ética: ter transparência na comunicação com todos os stakeholders;
- Fornecimento sustentável: rever práticas que gerem cadeias de suprimentos mais ecológicas;
- Avaliar o impacto da empresa na comunidade: colaborar com comunidades locais.
3 exemplos de empresas que geram impacto social positivo
Muitas empresas já estão realizando ações como essa, que tem um efeito impressionante na sociedade. Sem dúvida, elas oferecem uma boa dose de inspiração para que você possa inserir essa pauta na agenda do dia.
Veja alguns dos principais exemplos nacionais e mundiais!
O Google é uma das maiores empresas do mundo, com capital bilionário, e um serviço imprescindível para a população: facilitar buscas na internet.
Conscientes do seu papel social, a organização tem diversas iniciativas de ESG. Uma das mais recentes é o Desafio de Impacto Social para Mulheres e Meninas que oferecerá um apoio de US$25 milhões para organizações sem fins lucrativos e entidades filantrópicas que promovem a independência econômica de mulheres e meninas.
Além disso, foram a primeira empresa carbono neutro (desde 2007) e que utiliza energia renovável. Ainda publicaram a série O poder do “para” no Think with Google, com dados muito valiosos que mostram como as pessoas estão interessadas em marcas que reafirmam suas identidades sociais – sejam étnico/raciais, de gênero, de sexualidade e outras.
Esse é um documento que você pode utilizar, inclusive, nas estratégias de D&I.
Natura
Uma empresa nacional muito conhecida pelas ações sociais e sustentáveis é a Natura. O primeiro relatório que mensura o impacto social da organização mostra que para cada R$1 de produtos vendidos R$1,5 foi gerado em benefícios socioambientais.
Entre as ações realizadas, estão a compra de crédito de carbono que neutralizam gases do efeito estufa, além de também serem uma empresa carbono neutro. Isso significa que o total de gases reduzidos contabiliza 908 toneladas de CO2.
Ainda, uma das suas linhas de cosmético é feita com extração na Amazônia, por comunidades locais – ou seja, com geração de empregos – e sua atuação há mais de 20 anos no bioma significa a preservação de 1,8 milhão de hectares.
A Natura foi reconhecida pelo ranking Global 100 como uma das empresas mais sustentáveis do mundo.
Vittude
Somos uma empresa cuja missão é democratizar o acesso à saúde mental no Brasil. Começamos nossa atuação junto ao Conselho Federal de Psicologia, buscando tornar uma realidade o teleatendimento em sessões com psicólogos.
Esse protagonismo é um orgulho imenso para nós e mostra como nossa atuação sempre esteve alinhada com o objetivo de impactar a sociedade através da parceria com as empresas para oferecer esse cuidado aos colaboradores.
Inclusive porque tanto na saúde pública quanto na saúde suplementar, que tem uma enorme importância para a população, o acesso a profissionais qualificados e um processo terapêutico eficiente.
Atualmente, já são mais de 650 mil vidas sendo respaldadas tanto pela psicoterapia quanto pelas mudanças organizacionais nas empresas que tem o foco no bem-estar dos funcionários.
A Vittude é a líder do mercado em saúde mental corporativa. Para nós, apoiar o bem-estar psicológico dos colaboradores não é opcional.
Nem para os profissionais, que estão sujeitos ao ambiente organizacional da empresa, nem para a própria empresa, que acumula déficits quando não presta atenção na saúde mental dos seus colaboradores.
Possuímos um ecossistema de soluções que engloba diagnóstico, educação, psicoterapia e dados integrados.
Converse com um de nossos especialistas para entender melhor as vantagens de ser nosso parceiro!