Ego: saiba como ele influencia seu comportamento e sucesso
13 de maio de 2019
Tempo de leitura: 10 minutosEgo, afinal o que é? Sigmund Freud, um dos principais nomes da psicanálise, usou os conceitos de id, ego e superego para explicar a personalidade dos indivíduos.
Segundo ele, o id seria nossa parcela mais instintiva, que privilegia desejos, vontades, ímpetos, sem conhecer freios morais e éticos.
Já o superego, seria um oposto. Sua característica é, precisamente, impor limites de regras e condutas, consideradas adequadas frente à cultura e boa convivência.
O ego, por sua vez, surgiria como um “meio do caminho” entre essas duas faces. Um mediador que escuta a natureza quase animalesca do id, ponderando-as em conformidade às repreensões do superego.
Em outras palavras, o ego seria o “eu” que ouve tanto as vozes imperativas — famintas pela autossatisfação, doa a quem doer — quanto os conselhos de um vigia muito rígido, buscando um equilíbrio, um entendimento, entre as partes.
É claro que essa disputa nem sempre acaba em empate. Dependendo da situação, o eu pode pender para um ou outro impulso…
Na vida prática, como podemos notar essas inclinações? De que formas elas impactam na percepção de nossa personalidade? Que ego, afinal, estamos evidenciando através de nossas atitudes? Siga e leitura e descubra-se!
Entre o prazer e a censura: como se desenvolve o ego?
Imagine uma situação banal, como uma festa de aniversário infantil. Dentre os convidados, logo lhe chama atenção uma criança, que já chega causando alvoroço.
Eufórica, ela adentra o espaço na frente dos pais, pois não deseja esperar por eles. Sem querer saber de cumprimentar ninguém, corre em direção à mesa de guloseimas. Alheia aos olhares de repreensão dos adultos, ela põe-se a comer o que bem entende. Suja as mãos, a roupa, deixa lixo em cima da mesa…
Quando sua gula parece aplacada, a criança parte para aproveitar os brinquedos. Encontra a cama elástica e fura a fila, empurrando os convidados que estão na sua frente.
Quando alguém lhe diz que seu tempo no brinquedo acabou e que deve ceder a vez aos próximos, ela faz birra, teima, chora… Enfim, um escândalo. É a típica criança que, se decidir, apagará a vela do bolo, a despeito do privilégio do aniversariante.
Entre cochichos, os adultos comentam “a culpa é dos pais”. E, de fato, estão certos. Por quê? Em nosso exemplo, propositalmente caricato, descrevemos uma criança “mimada”, cuja propensão natural de busca pela satisfação pessoal — com a qual todos nascemos — não conheceu uma realidade que a colocasse em xeque.
Quando as vontades imperativas são, sempre, imediatamente atendidas, a criança não aprende a “negociar” com o mundo. Seu id não ganha importantes contornos, que permitiriam a construção de uma identidade saudável — e mais agradável.
Quando começa o desenvolvimento do ego?
O ego principia seu desenvolvimento, precisamente, quando os impulsos primitivos começam a conhecer as simples dinâmicas da vida. Não depende, inicialmente, de instruções formais. Aprende pela experiência, por assim dizer. Dessa forma, vai controlando o id.
Mais tarde, a educação, oferecida pelos pais, em primeiro lugar — depois pela escola, convivência social e demais formas de transmissão dos códigos culturais — lhe dará os mecanismos do superego.
Ao contrário da criança excessivamente espontânea, que descrevemos anteriormente, o indivíduo que assimilou orientações sobre o ideal de comportamento mostra-se muito civilizado (a palavra é exata, pois reflete o processo).
Ele evita se sujar, recolhe seu lixo, cumprimenta as pessoas, respeita a ordem da fila. Não porque tenha perdido seus ímpetos naturais de prazer. Mas porque aprendeu valores de conduta apreciados em sociedade, que reproduz para obter outras ordens de prazer — ser admirado pelos outros e por si próprio, em função de suas virtudes, por exemplo.
Nenhuma dessas três condições se esgota na vida adulta. Nossa identidade não é estática. Somos, de acordo com Freud, a tríade id, ego e superego que, como “governantes”, debatem incessantemente entre si, manifestando suas posições. De acordo com as inclinações do ego, que tem a palavra final, escolhemos por esta ou aquela atitude.
O conjunto de nossas condutas desenha nossa personalidade — e, por consequência, determina a forma como somos interpretados pelas pessoas com as quais convivemos.
Ego nas expressões populares
Distantes dos conceitos psicanalíticos, no cotidiano, os usos da palavra “ego” obedecem sentidos menos complexos.
Sabemos, pelo que foi exposto neste post, que a definição de ego como equivalente à arrogância, vaidade, prepotência, orgulho e individualismo não é correta. Porém, são essas conotações com as quais mais nos deparamos, no uso popular.
Faz sentido, pois o ego é o próprio eu, como vimos. Logo, criar correspondências entre ego e traços de personalidade que centralizem o eu, expressando uma suposta superioridade em relação aos outros, não é incompreensível.
Se tomarmos essa perspectiva, como responderíamos questões como, o que significa:
- Ter ego alto?
- Alimentar o ego?
- Aumentar o ego?
Possivelmente, argumentaríamos com sentenças pejorativas, associando o ego elevado a excessos desagradáveis e condenáveis.
Todavia, não poderíamos optar por uma interpretação mais saudável? Um pensamento preocupado em fortalecer o ego, de forma a trazer mais equilíbrio emocional, íntimo e interpessoal? Que tal experimentar essa perspectiva para uma vida mais leve?
Ego forte: a chave para o crescimento pessoal
Um ego forte, na concepção freudiana, é aquele que se constrói na busca pelo equilíbrio do id e superego. Não ignora ou empodera, em demasia, nenhum dos impulsos.
A tarefa não é fácil e, sem dúvida, representa um propósito a ser desenvolvido pela vida toda. Porém, ao mirar nesse objetivo, a identidade ganha um instrumento para autoanálise e um norte para o autodesenvolvimento.
Comece a pensar no ego como o que ele é: um mediador. Quanto mais você investir na capacidade dele executar tal função, com destreza, mais evoluída será sua personalidade.
Selecionamos 6 dicas para lhe ajudar nessa empreitada. Confira!
1. Invista em terapia para conhecer o ego
Colocamos essa sugestão em primeiro lugar porque ela é, de fato, transformadora. Sozinhos, nem sempre conseguimos diagnosticar entraves do superego ou compulsões do id.
O terapeuta pode nos oferecer um novo espelho, trazendo à luz demandas reprimidas, que repercutem em diferentes traços de nossa identidade, tais como hábitos, vícios e dificuldades.
E plataformas como a Vittude podem facilitar a busca por um psicólogo que atenda a requisitos específicos para todos que precisem de acompanhamento. Acesse nosso site e confira você mesmo todas as oportunidades oferecidas!
2. Conquiste o aperfeiçoamento aos poucos
Um exemplo prático: o superego cobra que você adote uma dieta equilibrada, faça atividades físicas diariamente, pare de fumar.
O id, em contrapartida, não está muito preocupado com o certo e errado para sua saúde. Ele aprecia os prazeres imediatos, as recompensas instantâneas que o fast food, a maratona de séries e o cigarro oferecem.
Como o ego interfere? Se acreditar que é a vez do superego imperar, promoverá uma radical mudança na rotina. Corta tudo o que o superego exige. Lógico, o id ficará contrariado. Quem já tentou fazer rupturas drásticas dessa ordem sabe que, dificilmente, o propósito se mantém firme durante muito tempo.
Para evitar frustrações, convoque o ego como negociador. Dê espaço para que id e superego sejam ouvidos. Diminua a quantidade de cigarros, introduza refeições mais saudáveis — mas permita deslizes, sem culpa —, encontre uma atividade física agradável, para fazer duas vezes por semana.
Conforme os dois lados estiverem conciliados, o id aprenderá novos prazeres. Passará a apoiar as decisões do superego, pois nelas encontra satisfações.
3. Alimente seu ego
Lembre que o ego se forma a partir de experiências. Uma viagem, um filme, uma palestra, um livro, uma conversa… São referências que o enriquecem e aguçam seus parâmetros.
As experiências têm o poder de renovar opiniões, desacomodar crenças e indicar outras fontes de prazeres. Podem representar lições de humildade, nos solicitar novas habilidades, inspirar reflexões necessárias.
4. Respeite o espaço do outro
Não pense que você já aprendeu tudo sobre isso! Sem perceber, em nosso dia a dia, podemos nos assemelhar àquela criança antipática, que descrevemos no início deste texto.
A pressa justifica nossa descortesia, nossas convicções fazem do outro um errado, nossas narrativas são mais interessantes que as dos amigos… Pare um instante e pondere: qual espaço para a escuta efetiva, para a gentileza e abertura para os pontos de vista alheios existe em sua vida?
5. Desenvolva a proatividade
Você enxergou coisas que outros não viram? Poderia oferecer sua colaboração, para contornar um problema? Ora, mas não é responsabilidade sua intervir! Além disso, caso resolvesse sugerir algo, não soaria presunçoso?
Veja, a soberba maior está em observar, julgar as atitudes alheias e ficar em silêncio, esperando pelo desastre. Se você pode evitar um transtorno, ofereça ajuda.
Compartilhe seu conhecimento e experiência. Apenas seja cauteloso para transmitir seu apoio através de uma abordagem amigável, solícita. Acredite, você consegue.
6. Mantenha seu ego em movimento
As pessoas envelhecem quando param de mudar. Afinal, o movimento é o imperativo da vida. Seu corpo se beneficia de exercícios. Sua mente e sua identidade, também.
Como exercitar o ego? Simples: acolha o autoquestionamento! Investigue suas razões e reações. Não admita respostas prontas, atribuições de culpas que recaem sobre os outros. Banque o “advogado do diabo” consigo mesmo.
O ego é um juiz. Ele aprimora seus métodos conforme desempenha suas funções. Pense nisso.
Quando entendemos que o ego não é um inimigo a ser combatido, mas sim uma parte intrínseca de nossa condição humana, ajustamos nosso comportamento para evolução pessoal. Há sempre lugar para o aperfeiçoamento!
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