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People Analytics e saúde mental para organizações mais produtivas

Muitos transtornos mentais são gerados pela falta de diagnóstico nas fases iniciais. Unir People Analytics e saúde mental, portanto, parece ser uma ótima escolha para enfrentar um dos maiores desafios das organizações modernas.

Até porque, se perguntássemos a uma liderança o que fazer quando seus funcionários começam a apresentar problemas de saúde mental, é bem provável que ele ou ela não tivesse uma boa resposta. 

O adoecimento psicológico pode ser extremamente silencioso, além de ser diferente para cada um. Sem observar de perto, é mais provável que você não consiga perceber questões de saúde mental logo no início. 

Isso é um grande problema, porque um quadro de ansiedade pode evoluir para um Burnout sem que você perceba. 

Quando isso acontece, as perdas são muito maiores tanto para a empresa, que tem que lidar com afastamentos, gastos com plano de saúde, psicoterapia e todo o tratamento, quanto para o colaborador, que terá sua vida pessoal e profissional severamente impactada. 

E como você acompanha a saúde mental dos colaboradores na empresa? 

De acordo com o relatório de saúde mental no trabalho publicado em 2022 pela Organização Mundial de Saúde, 79% dos colaboradores relatam ter sofrido estresse no trabalho nos últimos 12 meses e 22% disseram sentir estresse com alta frequência ou o tempo todo. 

Não dá para continuar assim, não é mesmo? 

Neste artigo, exploramos os benefícios do People Analytics para promover saúde mental no trabalho. Continue a leitura para descobrir: 

A importância do People Analytics na saúde mental corporativa


Os problemas de saúde mental dos funcionários têm um custo alto para as empresas. 

A Organização Mundial da Saúde estima que em todo o mundo 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano por conta de problemas de depressão e ansiedade, o que custa 1 trilhão de dólares à economia global. 

Mas o lado bom é que empregando recursos da maneira correta é possível reverter o prejuízo. Neste mesmo documento, a OMS calcula que cada dólar investido em ações em prol da saúde e do bem-estar mental dos colaboradores gera 4 dólares em ganhos devido ao aumento da produtividade.

A questão é saber quais as melhores práticas em saúde mental corporativa já que as empresas e as pessoas apresentam questões tão diferentes entre si. 

A resposta não é uma só. Mas ela inclui algo que é responsabilidade exclusiva das empresas: a construção de uma cultura organizacional saudável. 

Para saber o que torna seu ambiente de trabalho tóxico e adoecedor, o uso de People Analytics é a aposta das empresas com forte employer branding

Benefícios do uso do People Analytics na promoção da saúde mental dos colaboradores

Um dos maiores benefícios do People Analytics para promover saúde mental no trabalho é a precisão dos dados obtidos pela ferramenta, algo que ajuda muito na tomada de decisões mais assertivas.

Com People Analytics, é possível explicar comportamentos passados, determinar suas causas, prever o que pode acontecer no futuro (caso nada seja feito) e criar hipóteses sobre diferentes possibilidades. 

Imagine saber porque a ocorrência de casos de Síndrome de Burnout na empresa aumentou, qual a tendência de crescimento caso nenhuma ação seja tomada e como diferentes ações podem interferir na redução do adoecimento dos profissionais. 

Utilizando a plataforma, as respostas para essas questões deixam de ser suposições e passam a ser probabilidades estimadas por meio de dados, cálculos, análises e equações. 

Veja a seguir como é a jornada de tratamento de dados proposta em People Analytics!

Coletando e analisando dados de saúde mental com o People Analytics


De maneira geral, a operacionalização do People Analytics está estruturada em quatro etapas. São elas: coleta, cálculo, análise e modelagem. 

1. Coleta

A primeira etapa para a implantação de People Analytics em uma empresa é a coleta de dados. Há diversas formas de fazer isso, mas antes de realizar a coleta é preciso planejá-la. 

No planejamento, é fundamental definir os objetivos para que você utilize os dados de maneira mais estratégica. Isso porque é possível utilizar comandos para definir quais informações serão úteis e deverão ser coletadas pela ferramenta. 

Esta etapa é fundamental para que todo o trabalho seja bem sucedido. É nessa fase que precisamos definir tudo o que é preciso saber, como buscar as informações e também verificar se estão corretas.

Para entender todos os métodos de coleta, veja o tópico abaixo desta lista!

2. Cálculo

O próximo passo é agrupá-las de maneira lógica e contextualizada. Ou seja, é preciso escolher métricas relacionadas com os objetivos iniciais para extrair informações importantes e viabilizar soluções.

Por exemplo: a partir da coleta de dados, eu descubro que 100 funcionários possuem sintomas de depressão

Isoladamente, qual conclusão você tira deste dado? Nenhuma.

Se estamos falando de uma grande companhia com mais de 5000 profissionais, é apenas 2% da equipe, nada alarmante. E as causas podem estar na organização ou fora dela. 

Mas, se é uma organização com 200 funcionários, significa que metade da força de trabalho pode estar com depressão, o que requer ações imediatas. 

3. Análise

Depois de escolher as métricas e fazer os cálculos, é hora de analisar os indicadores e buscar correlações, padrões e tendências. 

É nesta etapa do People Analytics que a capacidade analítica dos gestores de pessoas será bastante necessária. Muitas vezes, alguns dados apresentam correlações, mas isso não significa que, necessariamente, existe ali uma relação de causalidade. 

Para separar o joio do trigo, é essencial que quem realizar esta análise conheça bem os colaboradores e os processos da organização. 

4. Modelagem

Agora é o momento de usar as análises para fazer previsões e, assim, tomar decisões embasadas em evidências. 

O objetivo da modelagem dos dados é calcular a probabilidade de certos eventos acontecerem e estimar as diferentes possibilidades para uma questão. 

Aliás, é importante dizer que realizar essas 4 etapas exige um alto nível de organização da empresa e, principalmente, do RH ou da equipe de saúde ocupacional.  

Além disso, é preciso entender que People Analytics é uma estratégia de médio a longo prazo. Ou seja, você vai precisar de tempo para construir diagnósticos, criar planos de ação, implementar mudanças e só depois começar a ver os resultados. 

Mas o esforço vale a pena, pois a implementação do People Analytics em saúde mental

possibilita a tomada de decisões muito mais assertivas e que irão gerar benefícios para toda a organização.

Fontes e métodos de coleta de dados de saúde mental

Há diferentes formas de coletar dados sobre saúde mental dos colaboradores. No exame admissional, por exemplo, algumas informações já podem ser colhidas – como a existência de doenças ou transtornos mentais prévios. 

Pesquisa de clima organizacional e pesquisa de satisfação do colaborador são outras ferramentas que podem trazer informações úteis sobre a saúde mental dos times. Além disso, também é possível aplicar questionários exclusivamente com este foco.

Também podem ser utilizadas como fonte de dados as informações públicas fornecidas pelas pessoas nas redes sociais e os dados informados por elas em sistemas de gestão da empresa. 

Mas, claro, é importante ter atenção à privacidade e à ética para a coleta e manipulação das informações de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)..

Utilizando insights para melhorar o bem-estar psicológico

Há grandes exemplos de empresas que utilizaram People Analytics com o objetivo de diminuir o índice de turnover, otimizar a gestão das lideranças, melhorar o clima organizacional, entre outras finalidades, e acabaram descobrindo gargalos envolvendo questões de saúde mental dos colaboradores.

Um dos casos de sucesso de aplicação do People Analytics que ficou muito conhecido foi o do Bank of America. A empresa vinha sofrendo bastante com a alta rotatividade dos funcionários de seus call centers e decidiu investigar o comportamento dos atendentes antes de realizar alguma ação. 

A análise dos dados mostrou que os colaboradores que conversavam mais resolviam os chamados mais rapidamente e tinham índices mais baixos de estresse. 

Assim, o Bank of America entendeu que deveria mudar as regras com relação a pausas no trabalho e começou a permitir que as equipes fizessem pausas juntas para estimular as conversas informais.

Com a mudança, os atendimentos passaram a ser 23% mais rápidos, o que resultou em uma economia de 15 milhões de dólares para a empresa

O famoso Oxygen Project, do Google, que buscava definir as características dos melhores gestores da empresa, gerou uma lista com 10 itens. E adivinha só o que estava entre eles:  preocupação com o sucesso e o bem-estar dos colaboradores. 

Os melhores gestores do Google criaram ambientes leves, inclusivos e demonstravam preocupação pelo sucesso e bem-estar de seus liderados.

Esses exemplos mostram como os dados revelados por meio de People Analytics podem trazer insights em saúde mental importantes para a construção ou a consolidação de ambientes organizacionais produtivos e saudáveis.

Privacidade e ética no uso do People Analytics

De acordo com a Lei n° 13.709/2018, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais “foi promulgada para proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e a livre formação da personalidade de cada indivíduo”. 

Em outras palavras, ela foi criada para proteger os cidadãos, evitando que empresas, órgãos públicos ou mesmo pessoas físicas usassem suas informações pessoais de maneira arbitrária.

O uso de dados pessoais para a implementação do People Analytics em saúde mental também está submetido a esta legislação.

Portanto, é preciso que as empresas estejam atentas ao que diz esta Lei. Caso contrário, podem sofrer penalidades que vão desde advertências até o pagamento de multas. 

Considerações éticas na análise de dados sensíveis de saúde mental

De acordo com a LGPD, antes de iniciar qualquer tipo de tratamento de dados pessoais, é preciso que a finalidade da operação esteja registrada de forma clara e explícita, além de ter seus propósitos especificados e informados ao titular dos dados. 

Esse é o pressuposto básico da Lei e deve ser seguido em todas as ações do RH das empresas. 

Mas não é só isso. Para realizar coleta e análise de dados de saúde mental de maneira legal, as empresas precisam adotar algumas atitudes. 

  1. É muito importante estudar a Lei ou consultar um especialista. Os profissionais responsáveis pela análise de dados precisam ter conhecimento efetivo sobre privacidade e ética.
  1. Em seguida, é preciso que outros setores da empresa, como o de TI e o jurídico, sejam envolvidos no processo de adequação à LGPD.
  1. Em seguida, é necessário que as empresas revisem os dados que já possuem e entendam se estão em conformidade com a Lei no que diz respeito ao consentimento do autor, clareza sobre a finalidade de uso e tempo legal de armazenamento.
  1. É necessário que haja a criação de documentos de consentimento para que os funcionários assinem, indicando que estão cientes da coleta, finalidade e tempo de utilização dos dados.

É importante lembrar ainda que a segurança dos dados coletados é de responsabilidade da empresa. Por isso que profissionais de TI devem ser envolvidos na adequação da empresa à LGPD, garantindo a utilização de dispositivos de segurança que evitem o vazamento de dados.

Outra recomendação importante é observar o que diz o Guia de Boas Práticas para Implementação na Administração Pública Federal da Lei Geral de Proteção de Dados do Governo Federal. 

Pensa que os desafios terminam por aqui? Além da LGPD, há outros aspectos que devem ser observados na implementação do People Analytics em saúde mental. 

Preparamos algumas orientações sobre isso. Confira!

Desafios e melhores práticas

Você já deve ter percebido que o uso de dados para nortear as ações de gestão de saúde do colaborador, apesar de ter muitos benefícios, precisa passar por algumas medidas de atenção. 

É preciso que haja o envolvimento de toda a organização para a estruturação das melhores práticas em saúde mental corporativa. 

Além dos cuidados relativos à adequação à LGPD, outros aspectos devem ser considerados quando falamos em People Analytics e saúde mental. 

Alguns deles são:

  • Segurança de dados,
  • Capacitação das equipes de RH,
  • Comunicação das ações,
  • Aquisição de novas ferramentas e softwares,
  • Captação de recursos.

A seguir, veja algumas recomendações sobre esses tópicos.

Superando obstáculos na implementação do uso do People Analytics em saúde mental

Como toda mudança em uma empresa, a implementação do People Analytics em saúde mental deve ser amplamente comunicada em todas as esferas e níveis organizacionais. 

É preciso que todos entendam a importância e os benefícios do People Analytics, tanto para a empresa quanto para a promoção da saúde mental dos colaboradores. 

A comunicação eficiente é uma das ações que irá fundamentar a captação dos recursos necessários. Entre os custos previstos, devemos incluir a aquisição de ferramentas e softwares seguros e eficientes para a coleta, o armazenamento e a análise dos dados. Nesse ponto, o papel dos profissionais de TI será fundamental.

Outro importante desafio que demandará esforços financeiros da empresa é a capacitação dos profissionais de RH para que adquiram as competências necessárias para a gestão de People Analytics. 

Além de dominar o manuseio de novas ferramentas, os profissionais envolvidos precisarão ser capazes de gerar análises estruturadas e com embasamento estatístico a partir do tratamento de grandes volumes de dados. 

A partir dos diagnósticos obtidos, será ainda preciso promover as mudanças necessárias na cultura da organização, além de estruturar os programas e as ações de saúde mental que se mostrem necessários.  

Antes de desenhar programas do zero, uma dica super válida é estudar o exemplo de grandes empresas que já usam o People Analytics para promover a saúde mental de seus colaboradores. Afinal, ninguém precisa inventar a roda, não é mesmo?

Se ainda assim a empresa não estiver segura, é importante buscar apoio externo de uma consultoria especializada em gestão de saúde mental no trabalho.

A Vittude possui profissionais capacitados para te ajudar na estruturação de um programa de saúde mental, incluindo o apoio estratégico para o uso de People Analytics para que você possa implementar um programa baseado em dados, ou seja, com o máximo potencial de eficácia. 

Além de oferecer os melhores profissionais para o suporte psicológico dos funcionários, nós também somos parceiros de grandes empresas com serviços educacionais personalizados.  
Entre em contato para realizar um diagnóstico!

Carol Motta

Redatora sênior, especialista em SEO On Page, cientista social e com experiência em conteúdos de saúde e RH. Trabalha para viver num mundo em que as pessoas sejam mais saudáveis e as organizações, mais inclusivas.

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