Psicologia ambiental: conheça essa nova vertente

Entre tantas abordagens, a psicologia ambiental é uma das linhas teóricas mais recentes. Ela gira em torno da relação entre o ambiente e o homem, que causa efeitos um no outro.

Para entender melhor, basta pensar em como os lugares que você já visitou ao longo da vida foram capazes de despertar sensações boas e ruins de acordo com as suas características, regras e elementos.

A psicologia ambiental estuda essa relação que o ser humano estabelece com os ambientes e como ela tem o poder de impactar a vida e a saúde mental. Ficou curioso para saber mais? Então, continue a leitura deste artigo!

Como surgiu a psicologia ambiental?

O surgimento da psicologia ambiental é muito curioso. Kurt Lewin foi um dos pioneiros nos estudos deste ramo científico. 

Tudo começou após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando houve uma grande necessidade de reconstruir as cidades europeias que sofreram nesse período. Diante deste contexto, arquitetos e pesquisadores da psicologia começaram a trabalhar juntos para construir as habitações públicas a partir da união de conteúdos estéticos e psicológicos a fim de conservar a saúde mental e física das pessoas desabrigadas da guerra.

O interessante é que os arquitetos tinham uma visão determinista sobre a relação entre o homem e o meio ambiente, ou seja, para eles o ambiente determinava o comportamento do ser humano. Por outro lado, os psicólogos procuravam entender o que levava os indivíduos a se comportarem de uma determinada maneira em determinados ambientes. Assim, a partir de muitos estudos, o embasamento teórico para a psicologia ambiental foi sendo criado.

Quais são as principais características da psicologia ambiental?

A psicologia ambiental defende que os ambientes nos quais o ser humano se insere são capazes de atuar sobre o seu comportamento.

Há cinco princípios que devem ser investigados por pesquisadores interessados este campo:

  1. O ambiente em questão pode ser alterado;
  2. Isso deve estar inserido em cada contexto do nosso cotidiano;
  3. Esse meio em questão e as pessoas são vistos como apenas uma entidade;
  4. Tanto o meio quanto a pessoa se influenciam mutuamente;
  5. A pesquisa investigativa precisa colaborar com outras ciências e incluí-las.

Entenda um pouco mais sobre as principais características da psicologia ambiental:

Multidisciplinariedade

Uma das suas principais características é a multidisciplinariedade, pois se relacionou com outras áreas ao longo da sua construção, entre elas geografia, arquitetura, antropologia e sociologia.

No começo, a psicologia ambiental passou por fases mais deterministas, pois na época da sua criação os ambientes eram pensados de forma muito rígida e com poucas possibilidades de mudanças pelo ser humano.

A partir do momento em que é reconhecida como uma ciência, há um entendimento sobre as reações do homem no ambiente e como ele é capaz de alterar os espaços de acordo com o seu bem-estar e objetivos.

Inter-relação

Os estudos da psicologia ambiental também são interpretados como uma inter-relação entre o ambiente físico (pode ser natural e/ou construído) e o comportamento humano. Isso quer dizer que o ambiente influencia o comportamento e este, por sua vez, provoca uma mudança no ambiente também.

Unicidade

Outro ponto importante na psicologia ambiental é a questão unicidade. A psicologia tradicional estuda sensação e percepção separadas do estímulo ambiental, ou seja, isso significa que podem ser estudadas de forma independente. Já a psicologia ambiental afirma que o estudo da percepção não pode acontecer fora do ambiente natural.

Os níveis da abordagem da psicologia ambiental

Os níveis de abordagem da psicologia ambiental surgiram para que o trabalho dos profissionais dessa área fosse melhor definido e de fácil entendimento. Essas categorias contemplam o indivíduo em si, a arquitetura e a ambientação de lugares e as estruturas rurais e urbanas.

Entenda melhor sobre cada uma delas:

Nível pessoal

No nível pessoal a psicologia ambiental estuda fatores relacionados ao comportamento espacial do indivíduo, considerando o espaço pessoal, a privacidade, superlotação e a territorialidade.

O espaço pessoal, por sua vez, nada mais é do que uma espécie de espaço imaginário em torno de cada pessoa, fundamental para a manutenção da privacidade e do distanciamento.

A territorialidade é a necessidade de ter e manter um determinado espaço, como a sua casa ou até mesmo o lugar na mesa de jantar. A invasão de privacidade é sentida quando há uma entrada sem permissão nesse território.

Nível arquitetônico

O nível arquitetônico contempla estudos sobre as estruturas arquitetônicas, desde residências até prédios, escolas, prisões, hospitais, museus etc. Assim, além dos princípios do nível pessoal, os efeitos relacionados a ruídos, circulação do ar e temperatura também são observados de acordo com a estrutura ambiental interna das construções.

Além da questão estrutural, compreender as necessidades dos indivíduos para tornar os ambientes agradáveis de acordo com os fundamentos da psicologia é importante para promover a saúde mental.

Nível urbano, rural e regional

Por fim, neste último nível a psicologia ambiental foca em projetos e políticas urbanas, regionais e rurais e está conectado aos outros dois níveis anteriores. São estudos voltados para a disposição das cidades, ambientação das regiões, transportes e outros fatores que impactam a vida das pessoas.

Um ponto importante é que tais análises consideram a necessidade de preservação do ambiente para a manutenção da saúde mental.

Quais são os impactos positivos da psicologia ambiental?

Os ambientes são de extrema importância na vida de todas as pessoas, seja a própria casa ou qualquer outro lugar que se visita temporariamente.

É interessante pensar como um ambiente bagunçado, por exemplo, influencia de maneira negativa o bem-estar de uma pessoa. Por isso, é importante entender essa relação e como algumas alterações são capazes de impactar positivamente o desempenho no trabalho, a motivação, a satisfação, as interações sociais, entre outros.

Os estudos da psicologia ambiental, apesar de recentes, são muito interessantes e valiosos, afinal, a relação entre homem e ambiente é inegável. E todas as análises dessa linha teórica geram mudanças cognitivas e perceptivas com efeitos fundamentais para se viver melhor.

Equívocos sobre a psicologia ambiental

Não é incomum as pessoas associarem a psicologia ambiental, em sua maioria, a questões relacionadas à degradação ambiental. No entanto, por mais que seja uma pauta muito relevante, esta linha teórica não se limita somente a tal contexto.

Existem outras áreas de intervenção e aplicação da área, por exemplo:

  • estudo e planejamento de equipamentos urbanos;
  • planejamento de imóveis;
  • reações de quem vive em condições extremas;
  • sequelas de desastres ambientais.

É interessante saber que os índices de estresse ambientais são analisados para que seja possível entender as suas influências no comportamento social. Exemplo: como o calor extremo pode causar prejuízos sociais.

Quer aprender mais sobre as abordagens da psicologia?

Esta é apenas uma das abordagens da psicologia. Caso você não se identifique com as suas características, converse com psicólogos de outras linhas teóricas. Independentemente da abordagem, o mais importante é fazer terapia e manter os cuidados com a saúde mental em dia.

Para mais artigos e informações sobre o tema, confira nosso Guia Completo com as principais abordagens da psicologia!

Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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