Quais são os principais transtornos de aprendizagem?

Os transtornos de aprendizagem afetam a capacidade das pessoas, principalmente a de crianças em idade escolar, de aprender. Adultos também podem apresentar essas condições em grau menor ou semelhante ao delas.   

Pais e mães desejam o melhor para os seus filhos, certo? Além de escolherem a dedo a escola para matriculá-los, preenchem o seu tempo livre com atividades extracurriculares diversas. Tudo é feito pensando em multiplicar as oportunidades acadêmicas e profissionais dos pequenos no futuro. 

Quando um problema no processo de aprendizagem surge, os pais podem se preocupar exageradamente ou não compreender, a princípio, o motivo de tanta dificuldade na escola. 

Para ajudar as crianças a superarem obstáculos que dificultam o aprender, os pais e cuidadores precisam estar cientes dos sinais de distúrbios da aprendizagem, bem como das possibilidades de tratamento. 

O que são transtornos de aprendizagem?

Os transtornos de aprendizagem acometem habilidades específicas do processo de aprendizagem de crianças e adultos. Eles dificultam o desenvolvimento intelectual, acadêmico, profissional e até social. 

Esses distúrbios são considerados transtornos do neurodesenvolvimento, segundo a classificação do DSM-V. Eles aparecem nos primeiros anos da infância, mesmo antes da criança chegar à idade escolar. Todavia, como se manifestam em situações específicas de aprendizado, dificilmente os pais conseguem perceber sintomas antes. 

Esses transtornos consistem tanto em dificuldades no processo de aprendizagem quanto em alterações comportamentais. Por exemplo, uma criança com dificuldade para ler e escrever também pode ter problemas de socialização e de memória

Causas dos transtornos de aprendizagem

Não há uma causa única para os transtornos de aprendizagem. É pressuposto que tenham origem biológica. No entanto, fatores ambientais e circunstanciais também influenciam o seu surgimento.

Problemas durante a gestação ou o parto, falta de oportunidade de ir à escola, bullying, ambiente familiar desfavorável e até o método de ensino da escola são alguns desses elementos.  

Por vezes, os pais acreditam que o filho possui um impedimento de aprendizagem quando, na verdade, não está confortável com o ambiente da escola. Conversar com a equipe pedagógica ou mudá-lo de turma ou de instituição de ensino pode fazer os problemas desaparecerem.   

Essa possibilidade revela a importância de prestar atenção ao comportamento dos filhos antes e após as aulas, bem como da presença dos pais durante a sua vida escolar. Ao ajudar os pequenos com as tarefas e trabalhos, eles podem identificar sinais de um possível transtorno. 

Lesões cerebrais, transtornos mentais, transtorno do espectro autista e doenças maternas durante o período gestacional são outros elementos que podem originar transtornos de aprendizagem. Alterações no desenvolvimento cerebral do feto também corroboram para o aparecimento de condições relacionadas à aprendizagem.

Quais são os principais transtornos de aprendizagem?

O DSM-V classifica essas condições em três categorias: transtorno com prejuízo na leitura, transtorno com prejuízo na matemática e transtorno com prejuízo na escrita. Entretanto, há mais um distúrbio que pode afetar gravemente a capacidade de aprender das crianças, conforme pode ser visto abaixo: 

TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos entre pais e educadores. 

Além da dificuldade de concentração em sala de aula e de fazer tarefas e trabalhos escolares, a criança exibe mudanças comportamentais. Ela é ansiosa, inquieta e pode ser agressiva.

A criança com TDAH parece ser irredutível porque tem dificuldade para seguir instruções e se acalmar enquanto esperava a sua vez em brincadeiras e atividades em aula. Ela também tende a cometer diversos erros em provas por desatenção, resultando em notas baixas e possíveis conflitos com os pais. 

O TDAH pode acompanhar as crianças para a vida adulta, atrapalhando o rendimento de jovens acadêmicos e profissionais. Por isso, adultos que suspeitam de uma dificuldade exagerada para aprender não precisam ter vergonha de suas inabilidades. Devem investigar a origem das mesmas com o auxílio de profissionais.  

Dislexia

Outro distúrbio de aprendizagem conhecido é a dislexia. Ela é caracterizada, sobretudo, pela dificuldade em ler e escrever. Pessoas disléxicas demoram ou possuem problemas para reter informações e compreender conceitos considerados simples. A falta de atenção também é muito presente na dislexia. 

A criança disléxica se atrapalha com as palavras. Ela troca letras de lugar, se confunde com os sons e não consegue reproduzir o que escuta na escrita. Porém, ela pode se sair muito bem nas disciplinas de cálculo ou de artes. Ou seja, embora o seu processo de aprendizagem seja diferente, ela não é menos inteligente que as crianças que não tem dislexia. 

Como aprender exige muito esforço e pode ocasionar situações constrangedoras, crianças disléxicas acabam perdendo o interesse pela escola. Portanto, é preciso incentivar a criança a estudar através de paciência, do respeito às suas limitações e de ajuda profissional. 

Discalculia

A discalculia dificulta a aprendizagem da matemática. A criança com esse transtorno não consegue compreender o raciocínio por trás das operações matemáticas, tem um senso numérico fraco e fica ansiosa quando precisa fazer exercícios desta disciplina. 

Os sintomas variam de criança para criança e se manifestam de maneira diferente conforme a idade escolar. Mas, no geral, a criança com discalculia não consegue fazer operações matemáticas, se lembrar de fatos numéricos comuns (como 2+2=4), compreender a função do zero no alfabeto numérico e ler as horas. 

Já adolescentes não conseguem medir ingredientes em uma receita, interpretar informações de gráficos e tabelas (essencial para realizar provas de vestibular) ou calcular o troco (essencial para a vida adulta). 

Ademais, esse distúrbio de aprendizagem geralmente aparece juntamente com a dislexia. Quando a criança apresenta essas duas condições, o diagnóstico pode demorar um pouco mais para ser feito devido à quantidade maior de avaliações

Disgrafia

A disgrafia é o contrário da discalculia, afetando a habilidade escrita. A criança tem dificuldade para escrever letras e números.

Esse transtorno pode ser identificado através de uma caligrafia ilegível e da escrita errada de palavras. A criança com disgrafia ainda apresenta lentidão para finalizar atividades escolares e dificuldade para assimilar o “desenho” da letra com o seu som. 

Existem dois tipos de disgrafia: a motora e a perceptiva. A primeira se caracteriza pela dificuldade motora no momento de escrever letras ou números. A criança pode dominar a leitura e a oralidade, mas não conseguir escrever as palavras corretamente.

Já o segundo tipo se refere à dificuldade de assimilação de letras, palavras, frases e números com os seus devidos sons. Um sinal comum desse transtorno é a inabilidade da criança de participar de ditados na sala de aula. 

Critérios para o diagnóstico

Quando a criança tem uma dificuldade leve ou moderada, e quando é preciso se preocupar com a sua dificuldade em assimilar conteúdo? 

Para evitar essa confusão, foram estabelecidos alguns critérios para o diagnóstico dos transtornos de aprendizagem. Esses fatores são avaliados por um profissional, como um psicopedagogo, para determinar se a criança precisa de tratamento ou não.

A fala, a linguagem, o estado psicológico e as funções cognitivas da criança são minuciosamente avaliados para chegar a um diagnóstico. Para se encaixar nos critérios, ela precisa apresentar dificuldade em um dos seguintes fatores por, pelo menos, seis meses:

  • dificuldade de grafia
  • dificuldade para compreender o significado de conteúdos escritos
  • dificuldade para escrever
  • leitura lenta ou imprecisa
  • dificuldade para dominar o sentido dos números
  • dificuldade de pensar matematicamente.

Essas aptidões precisam estar em um nível consideravelmente abaixo do esperado para a idade da criança para que sejam consideradas oportunas para um diagnóstico.  

Além disso, a criança precisa ter a sua vida diária, familiar e social prejudicada de alguma forma pelos sintomas dos distúrbios da aprendizagem. Por exemplo, ela pode ser excessivamente tímida ou irrequieta, não conseguir socializar com os coleguinhas de turma, ter medo de ficar longe dos pais e levar muito tempo para terminar tarefas domésticas simples.

Os transtornos que afetam a aprendizagem, então, não causam prejuízos somente no desempenho escolar das crianças. Eles também danificam a sua autoestima, vida social, relacionamento familiar, entre outros. 

Tratamento para os transtornos de aprendizagem

Pais preocupados e adultos desconfiados de sua capacidade de aprendizagem podem recorrer aos seguintes tratamentos: psicoterapia e uso de medicamentos psiquiátricos. A necessidade dos medicamentos, contudo, deve ser definida por um psiquiatra de acordo com o quadro clínico do paciente.

A abordagem da psicologia mais indicada para tratar essas condições é a psicopedagogia. A neuropsicologia também pode ser uma opção viável caso as funções cognitivas da criança estejam muito prejudicadas. 

A psicopedagogia consiste no atendimento psicoterapêutico aliado a técnicas pedagógicas específicas. Instruções voltadas para uma área do conhecimento, como a matemática, podem ser o bastante para algumas crianças. Já outras necessitam de programas educacionais intensos.

O psicopedagogo é o profissional qualificado para organizar planos de estudo, aliviar sintomas desagradáveis de condições que não tem cura e corrigir comportamentos em relação ao período reservado para estudar. 

Sendo assim, quando os pais identificarem sinais de dificuldade extrema dos filhos com o estudo ou forem contatados por professores preocupados, podem marcar uma consulta com um psicopedagogo para obter um diagnóstico. 

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Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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