O que são as abordagens da psicologia e quais as principais?

Decidir fazer terapia por si só já pode ser um processo complexo para muita gente, afinal, existem muitos preconceitos e informações equivocadas sobre o assunto circulando por aí. Para complicar ainda mais, existem diversas abordagens da psicologia e muitos se sentem perdidos em relação a qual é a melhor para tratar as suas questões.

O universo da psicologia é muito amplo, o que é ótimo, mas para se beneficiar da psicoterapia, é importante não ter medo de se informar, conversar com profissionais da área e se abrir para o processo.

A escolha do psicólogo certo para a sua jornada de cuidados com a saúde mental é fundamental para que você realmente sinta o progresso ao longo com o passar do tempo. Para ajudar nessa caminhada, estruturamos um conteúdo que vai te guiar em relação às principais abordagens da psicologia.

Com uma linguagem mais didática e acessível, esperamos que, após a leitura deste artigo, você tenha maior clareza sobre qual profissional poderá atender melhor as suas necessidades nesse momento. Vamos lá?

O que são as abordagens da psicologia?

Antes de se aprofundar nas principais abordagens da psicologia, é interessante entender sobre o que se trata este conceito.

Bom, todo psicólogo trabalha baseado em uma abordagem, que será responsável por guiar como ele atua com o paciente e as questões apresentadas ao longo das sessões. Portanto, se trata da linha teórica que o profissional utiliza para conduzir o seu trabalho com a psicoterapia.

É importante ressaltar que não existe uma abordagem melhor do que a outra. São apenas maneiras diferentes de entender os indivíduos, as suas questões e como as pessoas se relacionam com o mundo.

Por que é importante conhecer as abordagens?

É importante ter clareza sobre as principais abordagens da psicologia porque dependendo do que se está buscando com as sessões de terapia, existem linhas teóricas mais ou menos interessantes.

Além de se informar sobre cada uma, é necessário ter uma primeira conversa com o psicólogo para tirar as dúvidas, conhecer a sua abordagem e as técnicas terapêuticas utilizadas. Ah, e é claro que também é fundamental se identificar com o profissional, afinal, será alguém que irá acompanhá-lo por um bom tempo e irá guiá-lo ao longo de um processo profundo e, muitas vezes, doloroso.

Quais são as principais abordagens da psicologia?

Agora você poderá conhecer as principais abordagens e se aprofundar um pouco para ter clareza sobre como cada uma atua. Lembrando que para fazer uma escolha certeira vale a pena conversar com profissionais da área e não ter medo de experimentar até encontrar o psicólogo que melhor atende as suas necessidades.

1. Análise bioenergética

Criada por Alexandre Lowen, com base em preceitos da proposta reichiana, de Wilhelm Reich, se trata de uma abordagem que leva em consideração os fatores psíquicos e a observação do corpo.

A sessão de análise bioenergética contempla a linguagem verbal, porém, não considera somente o diálogo como fator determinante para o trabalho da psicoterapia.

Isso quer dizer que os psicólogos que trabalham pautados nesta abordagem analisam tudo, ou seja, têm uma visão holística do paciente: postura, olhares e até mesmo dores e tensões no corpo. A análise bioenergética, portanto, parte da premissa de que há uma interligação entre corpo e mente, por isso, ambos são analisados e trabalhados.

Para ficar mais claro o que acontece em uma sessão, saiba que tudo começa por meio da conversa. Dessa forma, o profissional consegue relacionar as questões do paciente com os seus comportamentos e mudanças corporais.

Um exemplo: se ao falar de algo, o paciente olha de uma maneira diferente para o psicólogo ou faz um gesto específico, pode ser feita uma relação entre o que é dito e o sinal corporal para entender como o que está sendo abordado faz a pessoa se sentir. Interessante, né?

2. Behavorismo

O behavorismo é uma filosofia criada pelo psicólogo John B. Watson e repensada por Burrhus Frederic Skinner. A partir disso, nascem as abordagens psicológicas relacionadas ao comportamento, que entendem que os fatores psicológicos que influenciam as ações são importantes, ou seja, mente e corpo são um só.

O comportamento é entendido como uma interação com o ambiente e as pessoas e isso tem o poder de influenciar e transformar o ser humano e vice-versa.

Durante uma sessão, acontece uma conversa bem aberta, sem o aspecto da livre associação que existe na psicanálise. Além disso, os exercícios propostos são muito personalizáveis, afinal, o Behavorismo está relacionado ao comportamento de cada um.

O objetivo é que o psicólogo ajude o paciente a observar e entender as raízes de seus comportamentos, por isso, o autoconhecimento é a chave.

3. Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Criada pelo neurologista e psiquiatra Aaron Beck, a TCC é um desdobramento do Behavorismo. A sua principal linha de pensamento diz respeito à relação entre a compreensão de acontecimentos por parte das pessoas e os comportamentos que são provenientes disso. Ou seja: está tudo atrelado a como os indivíduos compreendem a realidade.

É sobre entender que a forma de pensar e interpretar a realidade impacta nas emoções e estas, por sua vez, impactam os comportamentos. Assim, um dos principais objetivos da Terapia Cognitivo Comportamental é gerar mudanças em padrões de pensamentos automáticos e disfuncionais.

Ao longo das sessões, a TCC trabalha por meio do diálogo para entender as crenças nucleares (formadas a partir da história de vida e do desenvolvimento de cada um) do paciente e ressaltar seus pensamentos e comportamentos disfuncionais.

Costuma ser um tratamento mais rápido e preciso. Com o tempo, as sessões auxiliam o paciente a quebrar o fluxo repetitivo de pensamentos e emoções para se ter mais autocontrole em relação às questões disfuncionais.

4. Psicanálise de Freud

Freud é conhecido como o pai da psicanálise e idealizou a primeira escola vienense de psicoterapia. A sua abordagem relaciona os sofrimentos psíquicos e as emoções reprimidas do passado que não foram esquecidas.

Segundo ele, quando o paciente relembra tais emoções e as traz para a consciência, os problemas são resolvidos. Entre os conceitos mais famosos da psicanálise freudiana, estão: ID, ego, superego, recalque, sublimação.

Um ponto importante da psicanálise é que costuma haver pouca interferência do psicólogo durante as sessões. Dessa forma, o paciente pode falar o que sente e pensa sem interrupções.

O que são as abordagens da psicologia e quais as principais?

Trata-se de um processo mais longo conhecido como “cura pela fala”, ou seja, não foca muito em exercícios práticos e sim nas reflexões que serão promovidas ao se explorar o inconsciente e a interpretação dos sonhos também.

O divã é muito conhecido nesta abordagem porque é um mecanismo utilizado por alguns profissionais para que o paciente não sinta qualquer tipo de julgamento que poderia ocorrer ao falar enquanto olha para o psicólogo.

5. Psicanálise de Lacan

Jacques Lacan foi um psicanalista francês que criou a psicanálise lacaniana. Ele estudou Freud e uniu a sua abordagem à filosofia e linguística, tornando as ideias mais abertas.

A linguística, portanto, é o principal ponto da teoria de Lacan, afirmando que para entender o ser humano, seu inconsciente e o psiquismo, é preciso conhecer a sua linguagem. Dessa forma, o psicólogo entende que a representação de algo é mais importante do que aquilo enquanto figura.

Lacan, portanto, abre o que para Freud era muito pautado em pessoas e enredos específicos e considera um contexto de linguagem, voltado para a cultura. Além disso, a psicanálise lacaniana também fala sobre o desejo inconsciente.

As sessões lacanianas contam com bastante diálogo, mas o tratamento é menos rígido do que na linha de Freud. A ideia é que, ao tentar buscar as palavras que expliquem o sofrimento de maneira verbal, o paciente tenha clareza sobre a sua origem para curá-lo futuramente. Tudo o que é falado é menos limitado e criam-se relações com aspectos culturais e linguísticos.

6. Psicanálise – teoria de Winnicott

A abordagem criada por Donald Winnicott é pautada na relação entre mãe e filho, porém, tem diferenças da linha freudiana, pois é voltada à pluralidade de “presenças” que a progenitora pode ter na vida de seus filhos e em como o meio impacta tal relacionamento.

A teoria de Winiccott parte da premissa de que o ser humano nasce “desmontado”, mas com potencial para a integração. Ou seja: nascemos como um conjunto de pulsões e instintos desorganizados que, quando organizados e integrados, oferecem condições para que o indivíduo se enxergue como tal e interaja com o mundo.

Um dos principais conceitos desta abordagem diz respeito ao desenvolvimento emocional da pessoa, que está relacionada ao amadurecimento do ser humano em três etapas.

Há começo, meio e fim em uma sessão de terapia pautada na psicanálise de Winnicott. É esperado que o paciente fale mais do que o psicólogo, mas há pontos de diferenciação em relação a Freud e Lacan, pois envolve devolutivas. Isso significa que após a fala do paciente, o psicólogo costuma fazer um apanhado do que foi entendido e de onde se chegou com tudo o que foi abordado durante a sessão para, então, pontuar algo.

7. Psicodinâmica

A psicodinâmica é uma abordagem considerada um conjunto de técnicas de outras abordagens voltadas para o trabalho com o inconsciente e questões que nem sempre são explícitas no comportamento e na fala. Entre elas, estão: as psicanálises e a terapia Junguiana, por exemplo.

A base da psicodinâmica é a teoria psicanalítica, mas há certa “evolução” das teorias ortodoxas de Freud, como o uso menos recorrente do divã, por exemplo. Nas sessões, o objetivo é ressaltar aquilo que é desconfortável para o paciente, sendo que a “cura pela fala”, levando em conta o inconsciente, é a linha trabalhada.

A partir do conceito de associação livre, durante as sessões o paciente deve falar bastante sem que haja muitas interrupções. Dessa forma, aos poucos, o psicólogo entender os problemas que a pessoa está enfrentando, intervindo quando necessário.

8. Psicologia Analítica Junguiana

Carl Gustav Jung foi um psiquiatra um discípulo de Freud e criou a psicologia analítica Junguiana.

Apesar da relação entre os dois, em certo momento Jung passou a discordar de alguns pontos de Freud, principalmente em relação à compreensão do consciente e inconsciente como questões complementares. Além disso, também entendia a energia psíquica da forma diferente. Com isso, acabou seguindo um caminho que o levou a criar a sua própria abordagem.

Há um conceito bem importante nessa teoria que é a autorregulação da psique, ou seja, é preciso mensurar a quantidade de energia que será dedicada a cada ponto ou acontecerá uma regulação. Além disso, há outros conceitos como individuação, complexos e a compreensão simbólica que compõe abordagem Junguiana.

A sessão costuma contar com a participação ativa tanto do paciente como do psicólogo. A arte tem um espaço importante dentro desse tipo de tratamento, mas não devemos colocar essa linha teórica em um lugar excessivamente místico. Além disso, os sonhos também ocupam um espaço importante e, durante as sessões podem ser propostos alguns exercícios.

9. Gestalt-Terapia

Entre as principais abordagens da psicologia, não podemos deixar de explicar a Gestalt-Terapia, que nasceu entre 1940 e 1950. Foi criada por sete intelectuais, sendo interessante destacar Fritz Pearls.

Esta linha teórica tem uma abordagem holística e analisa os aspectos físico, mental e espiritual de forma indivisível como indivisíveis e relacionados. O indivíduo, portanto, é trabalhado como uma totalidade, o que envolve suas falas, sentimentos e comportamentos.

O que são as abordagens da psicologia e quais as principais?

Trata-se de uma abordagem humanista, que acredita na capacidade das pessoas de se autorregularem e se desenvolverem. Durante as sessões, é necessário que o paciente se conecte com ele mesmo e consiga criar estratégias para lidar com determinadas situações.

Além disso, as sessões costuma ser dinâmicas e com a participação de ambos os lados. O psicólogo busca provocar o paciente para que ele reflita sobre como age e perceba aspectos que não compreenderia de outra forma. Assim, o profissional procura observar os movimentos, a fala, a postura e o olhar do indivíduo e, junto de certas perguntas, procura criar uma hipótese que será testada ao longo do processo.

Para completar, a Gestalt-Terapia também conta com alguns exercícios clássicos que podem ser aplicados nas sessões.

10. Psicodrama

Criada por Jacob Levy Moreno, esta abordagem da psicologia foca na relação entre as pessoas. Além disso, o Psicodrama é parte de um conceito maior, a Socionomia, que é o estudo das leis que regem os grupos humanos.

Ela conta com três conceitos que, unidos, visam o estudo, identificação e tratamento das relações entre os seres humanos. Apesar de inicialmente ter sido criado para a terapia em grupo, com o tempo o Psicodrama foi adaptado para a clínica individual.

As sessões ocorrem com o suporte de ações, ou seja, representações que visam estimular o entendimento que o paciente tem do mundo e de si mesmo. Com isso, o objetivo é proporcionar algo concreto e, por isso, as sessões vão além da fala, contemplando dinâmicas e exercícios. Um exemplo é o Átomo Social, no qual se deve representar as pessoas à sua volta, seja com desenhos, objetos ou de qualquer outra forma.

Normalmente, há exercícios de aquecimento (fase 1). Em seguida, ocorre a dramatização (fase 2) e o compartilhamento (fase 3), momento em que há uma conversa sobre a representação que foi realizada.

11. Fenomenologia

Não se trata exatamente de uma das abordagens da psicologia, mas uma corrente filosófica que sustenta a análise psicológica conhecida como psicologia fenomenológica existencial. Seus principais teóricos são Husserl, Sartre, Kierkegaard e Martin Heidegger.

A fenomenologia parte da ideia de que a pessoa está relacionada ao mundo à sua volta e, portanto, se algo acontece é porque ela tomou consciência disso.

Nesta linha, o psicólogo tem como objetivo auxiliar o paciente a tornar a sua vida o mais autêntica possível. A fenomenologia acredita que não exista um único modo de ser para todos. Dentro da perspectiva de vida de cada pessoa o psicólogo tenta ajudá-la a viver da melhor forma.

Outro ponto importante é a Epoché fenomenológica, que nada mais é do que o distanciamento do profissional de suas hipóteses para que o paciente seja capaz de interpretar o fenômeno. O profissional, portanto, auxilia no desdobramento do acontecimento para que o próprio indivíduo chegue às conclusões.

Durante as sessões, é comum que o paciente fale mais sobre os fenômenos, enquanto o psicólogo se distancia e faz as perguntas. Os questionamentos, por sua vez, são fundamentais para que a pessoa entenda como as questões trazidas afetam a sua vida.

Esta abordagem entende o ser humano de maneira completa e contribui para que o paciente possa fazer suas escolhas de acordo com o que acredita, independentemente de ser considerado “certo ou errado”, “bom ou ruim”.

12. Abordagem centrada na pessoa

Idealizada por Carl Rogers, esta abordagem da psicologia coloca o paciente como ponto central da sua própria história e tem como base as correntes de pensamento humanista.

Esta teoria parte da ideia de que todas as pessoas buscam pelo crescimento e desenvolvimento de si mesmo. O foco da sessão é o acolhimento e, por meio do diálogo, a questão do indivíduo é trabalhada. O objetivo é que ele se torne cada vez mais autônomo e consiga lidar com as suas questões daquele momento.

Trata-se, portanto, de uma terapia mais breve, em que o profissional acompanha o paciente para que ele se questione e tome as suas próprias decisões. As sessões, portanto, contam com um diálogo franco a respeito de questões específicas, ou seja, a pessoa fala sobre o que deseja abordar e tratar e o psicólogo ajuda-a lidar com a questão da melhor forma possível.

A melhor palavra para definir esta abordagem é a autonomia, portanto, o paciente será capaz de dizer quando se sente preparado para se colocar no centro de tudo e seguir a sua vida.

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta