Qual a diferença entre ter ansiedade e ser ansioso?

Todos nós sentimos ansiedade de vez em quando. É comum, especialmente em situações que exigem muito de nosso emocional. Por exemplo, enfrentar um medo, seja qual for, é sempre um momento de muita apreensão e estresse. Mas você sabe qual é a diferença entre ansiedade e estar ansioso?

Há uma grande diferença entre este sentimento passageiro e o transtorno de ansiedade generalizada. Como o papo sobre transtornos mentais está bem popular atualmente, podem surgir algumas dúvidas em relação a suas diferenças.  

Vencendo a ansiedade

Tenho ansiedade ou estou ansioso?

O transtorno de ansiedade generalizada é uma doença psicológica caracterizada pela preocupação excessiva. Fantasias de cenários desastrosos antes mesmo da situação se desenrolar são comuns. Assim, a pessoa está sempre em alerta, esperando o pior.

Os sintomas do transtorno são uma mistura de manifestações físicas, psicológicos e emocionais, como suor em excesso, falta de ar, náusea, taquicardia, pânico, irritabilidade e tensão. Eles aparecem com maior intensidade durante uma crise. 

Já o sentimento de ansiedade é passageiro. Ele surge quando nos encontramos em situações que nos causam inquietação. Primeiras experiências, enfrentamento de medos e falar em público são exemplos de algumas ocasiões.

É possível senti-lo por um período maior em algumas circunstâncias, como um projeto complexo e de longa execução no trabalho. Essas situações sobrecarregam o nosso emocional, mas, após a sua conclusão, nos sentimos melhor. 

A maior diferença entre eles é clara: o primeiro é crônico e, eventualmente, se torna parte da identidade da pessoa enquanto o segundo é um estado emocional. 

Como lidar com o sentimento de ansiedade no cotidiano?

Múltiplas ocasiões nos trazem inquietação: um almoço com a família do parceiro (a), uma apresentação na escola ou trabalho, uma conversa difícil com um amigo, ou quando temos nossas habilidades e conhecimento testados. 

Felizmente, há dezenas de truques que podem ser aplicados para dissolver o sentimento. 

  • Respirar fundo: Exercícios de respiração profunda possuem propriedades calmantes. A prática desses exercícios acalma o coração acelerado. Basta encher os pulmões, segurar o ar entre três a cinco segundos, e expirar pela boca. Esta prática é um remédio que também ajuda em momentos de estresse elevado.
  • Procurar uma distração: Quando estiver prestes a fazer uma apresentação ou algo que lhe deixe inquieto, procure distrair os pensamentos com algo agradável. Leve consigo uma caneta ou algo para apertar e descarregar a tensão. A concentração em outra coisa nos ajuda a sair do estado de aflição momentânea. 
  • Lembrar-se da sua capacidade: Em vez de se preocupar em não cometer erros, lembre a si mesmo de sua capacidade para estar no controle da situação. Injete uma boa dose de autoconfiança para afastar o sentimento. A preocupação excessiva também se origina da nossa insegurança, ou seja, quando não acreditamos que somos capazes de resolver o que está diante de nós. 

Com a prática dessas técnicas, você logo verá diferença em como administrar suas emoções e nervos. 

Com a prática dessas técnicas você pode descobrir o que mais te ajuda e assim facilitar a administrar suas emoções e nervos.

Tenho ansiedade: o que fazer para conviver com o transtorno? 

Conviver com o transtorno de ansiedade generalizada é muito diferente de estar ansioso momentaneamente. 

Embora as mesmas dicas sejam válidas em determinas ocasiões, o transtorno envolve diversas questões emocionais e requer maior atenção. Muitas delas são um mistério até mesmo para a pessoa ansiosa.  

Primeiramente, é preciso clarificar que o excesso de apreensão e preocupação pode originar diversos subtipos de transtornos. É importante conhecê-los para saber identificar os sintomas corretamente, embora apresentem semelhanças entre si.  

Suas causas dependem dos sentimentos e da história particular de cada individuo. Nossas experiências pessoais e a maneira como lidamos com elas podem causar predisposições para determinados transtornos e doenças psicológicas. 

Subtipos de transtornos da ansiedade 

Síndrome do Pânico

Caracterizado por crises súbitas marcadas por uma sensação de desespero. Os sintomas da síndrome do pânico são tanto psicológicos (medo, alarme, estresse) quanto físicos (falta de ar, tremores, taquicardia, dormência das mãos). É comum experimentar uma forte sensação de morte, embora não haja nenhum perigo eminente. 

Transtorno Obsessivo Compulsivo

Também conhecido como TOC, o transtorno diz respeito ao surgimento de pensamentos obsessivos que levam a rituais excêntricos para satisfazer a pessoa. As preocupações excessivas forçam a pessoa a ter comportamentos específicos para se acalmar. Por exemplo, lavar as mãos constantemente, contar objetos, verificar se portas, janelas, gás ou ferro de passar diversas vezes, e organizar itens neuroticamente. Caso não cumpra com as condições, a pessoa acredita que algo ruim irá acontecer com ela ou com as pessoas que ama.

Fobias

Caracteriza-se pelo medo ou aversão em excesso referente a um objeto ou situação. Há diversos tipos de fobias que podem atormentar uma pessoa, como fobia de altura, de determinados animais, de sangue, de doenças, de interações sociais, entre outros. O medo é uma reação a uma ameaça. É um mecanismo de defesa do corpo. Já a fobia é uma perturbação irracional que surge diante de algo que a pessoa considera extremamente desconfortável, mas não é necessariamente uma ameaça a sua segurança.

Transtorno de Estresse Pós-traumático

Neste transtorno, quando uma pessoa sofre um evento traumático, ela passa a revivê-lo no presente. Os sintomas são múltiplos e dependem das marcas deixadas pela severidade do trauma. Geralmente, afetam o comportamento (agressão, agitação, automutilação, isolamento social) e o psicológico (medo, flashbacks, alucinações, ansiedade severa).

Como aliviar os sintomas do transtorno de ansiedade?

Procura acalmar-se é primordial para o alívio dos sintomas de uma crise. Mas falar é bem mais fácil do que fazer, certo? No calor do momento, é complicado não se deixar levar pelas emoções e pensamentos. 

Como acontece de repente, nem sempre é possível estar em um local onde a pessoa pode se retirar para ficar mais à vontade e se recuperar.  

A pessoa que sofre de crises recorrentes precisa entender que é necessária uma espécie de preparação para combatê-las. Provavelmente, o sucesso não virá na primeira ou segunda ou, ainda, terceira vez. 

É exatamente por isso que saber como agir diante de uma ou conviver com a ansiedade diariamente é tão importante. O conhecimento não somente possibilita amenizar sensações negativas, mas também permite a construção de um modo de vida mais benéfico. 

Diante de uma crise súbita 

Durante a crise, a pessoa sente dificuldade para controlar suas emoções. Pensamentos catastróficos começam a tomar conta da mente, enevoando quaisquer pensamentos lógicos. As palpitações podem ser confundidas com um ataque cardíaco, gerando mais medo e confusão. 

Para voltar a realidade, é preciso acalmar a mente e o corpo. Respirações profundas, desviar a atenção do pânico, se retirar para um ambiente mais tranquilo são algumas atitudes que podem ser tomadas durante a crise. 

Práticas de visualizações em que a pessoa é mentalmente transportada para um ambiente seguro e agradável também tranquilizam. 

No dia a dia 

Além do tratamento psicológico ou psiquiátrico, a pessoa ansiosa pode minimizar as sensações de desconforto diário através de hábitos positivos e saudáveis.  

A meditação, por exemplo, ajuda a limpar a mente, organizar os pensamentos e beneficia a capacidade de concentração, a qual é prejudicada pela confusão mental causada pelo transtorno. Priorizar atividades agradáveis e praticar o amor-próprio, além de promoveram a saúde mental, aumentam a autoestima e a autoconfiança. 

Essas atitudes não são o suficiente para substituir um tratamento formal, porém, colaboram para sensações de bem-estar, felicidade e tranquilidade prolongadas. 

Preferencialmente, a pessoa ansiosa deve se afastar de situações que causam mal-estar e desconforto o máximo possível. 

Porém, às vezes é necessário passar por uma situação incômoda para o bem do nosso desenvolvimento pessoal. Como é impossível escapar de desafios completamente, o correto é desenvolver táticas para lidar com essas situações. 

Quais são os tipos de tratamento?

A escolha do tratamento depende da intensidade dos sintomas, da afinidade com o profissional e o método, e as necessidades de cada um. Para cada caso, é necessária uma avaliação para definir o tratamento mais eficaz. 

Psicoterapia

Focada na identificação e solução de pensamentos equivocados, autoconhecimento, aumento da resiliência e eliminação de conflitos. O psicólogo auxilia no entendimento dos sintomas e das causas para a ansiedade.

Há muitos tipos de terapias, cada qual com uma abordagem única e diferenciada. A resposta à psicoterapia depende da pessoa e de sua afinidade com o tratamento e o profissional. Pode levar tempo para encontrar uma linha satisfatória. Mas o tratamento psicológico, independente da abordagem, é extremamente eficaz no tratamento do transtorno.

Remédios

Com a orientação do psiquiatra, a pessoa pode tomar ingerir remédios, como antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, que auxiliem no controle dos sintomas do transtorno;

Tratamento natural

O tratamento natural nada mais é do que a mudança do estilo de vida. É preciso comprometimento para fazer as mudanças necessárias em nossas vidas para minimizar sintomas e possíveis causas de apreensões irracionais. 

Reforça-se a necessidade das atividades de lazer diárias que alegram o nosso cotidiano e o afastamento de situações tóxicas, como jornadas de trabalho estressantes, sedentarismo e alimentação pesada.

Além disso, o nosso foco precisa estar no presente. Os acontecimentos passados, embora dolorosos ficaram lá atrás. Os futuros ainda não chegaram, não faz sentido, portanto, gastar tanta energia pensando neles. O que acontece agora é o mais importante.  

Leia também:

Como anda seu nível de depressão, ansiedade e stress? Faça o teste agora!
Além da preocupação: como os psicólogos ajudam em casos de ansiedade

Autor

Tatiana Pimenta

ver outros conteúdos

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta