Como o racismo estrutural afeta o fator psicológico de quem sofre com ele?

O racismo é um problema antigo e acentuado no Brasil, embora possa parecer invisível aos olhos de alguns. Por apresentar estruturas complexas, as discussões acerca do tema precisam ser feitas com cautela para que todas as realidades sejam consideradas. 

Outra questão que deve ser abordada em peso é a saúde mental de quem sofre com racismo estrutural em nosso país. Como fica o fator psicológico e o emocional dessas pessoas? Como a sua autopercepção é afetada pelas injustiças que passam? 

São questões pertinentes para estudar o assunto a fundo e desenvolver métodos para lidar com a sobrecarga emocional provocado pelo preconceito racial. 

O que é racismo estrutural?

Cada vez mais as pessoas estão conhecendo e compreendendo as nuances do racismo estrutural. 

Por ‘estrutural’ entende-se que se trata de um conjunto de práticas de origem institucional, histórica, social, interpessoal e cultural presentes em uma sociedade que colaboram para manter determinados grupos sociais em posições de sucesso ou de marginalização.

Em outras palavras, é a forma como a sociedade opera e preserva crenças e comportamentos específicos ao longo das gerações. O termo ‘estrutural’ foi definido pelo professor americano Carl E. James, cujas linhas principais de estudo são etnia, sociedade e cultura. Segundo ele, a sociedade é estruturada para excluir grupos minoritários da participação social.  

Assim, no caso do racismo, certos aspectos da sociedade (cultura, fatores sociais e comportamentais, heranças históricas) contribuem para manter as pessoas negras em uma situação desfavorável. 

Crenças preconceituosas estão enraizadas em nossa sociedade e são inconscientemente passadas de uma geração para a outra, tornando-se “comuns”. Por isso, é difícil perceber que algumas atitudes, falas e situações são, de fato, racistas

Para chegar a essa conclusão, as pessoas precisam passar por um processo de desconstrução de valores e de aprendizados. Só então conseguem enxergar a realidade por ópticas que vão além do ensinado em casa, na escola e nos ambientes sociais frequentados.

Por que as pessoas não percebem o racismo estrutural?

Quando a discriminação em razão da cor da pele acontece descaradamente é impossível ignorá-la. No Brasil, infelizmente ainda encontramos muito casos de humilhações públicas de pessoas negras. Eles ganham notoriedade na TV e nas redes sociais, gerando debates sobre o assunto, mas não uma mudança significativa.

No entanto, quando se trata do racismo estrutural a percepção de atitudes racistas é desafiadora. Ela exige o desenvolvimento da vigília diária para que seja possível notar os casos assim que acontecerem diante dos nossos olhos. Vale lembrar que o racismo envolve todo e qualquer preconceito perante raças diferentes, e não é restrito só para a cor da pele.

Como o racismo estrutural afeta o psicológico de quem sofre com ele?

O primeiro impedimento para adquirir essa percepção é o acúmulo de crenças que contradizem a realidade do preconceito racial. Pessoas que foram ensinadas a ver a sociedade de uma maneira “X” não conseguem modificar a sua visão para “Y” da noite para o dia. Elas têm apego às suas crenças porque integram a sua personalidade.

Se não acreditarem na verdade ensinada e cultivada por elas, então, no que devem acreditar? Somente pensar nessa ruptura dá medo porque significa “eliminar” uma parte importante da sua construção social. Basicamente, as pessoas temem ficar cara a cara com um “limbo interior”, desprovido de crenças e ideais. 

O segundo é o afastamento da realidade de quem sofre com o racismo. A pessoa que cresce em um meio onde o racismo não é levado a sério ou nunca abordado como um problema de tem dificuldade para enxergá-lo. Nesses casos, a educação é o melhor antídoto.

Por fim, o terceiro é o medo de descobrir-se parte da estrutura. Quando se trata de preconceitos com proporções estruturais, como o machismo e a homofobia, dificilmente as pessoas crescem 100% livre de ideias que colaboram para a manutenção do status quo da sociedade. 

É provável que alguém em processo de desconstrução tenha cometido práticas racistas no passado sem ter a consciência disso. A partir dessa descoberta existem dois caminhos possíveis: o reconhecimento das atitudes erradas e a negação do comportamento inadequado. 

A primeira garante o desenvolvimento pessoal assim como a eliminação de comportamentos discriminatórios, benéficos para a sociedade como um todo. Já a segunda ajuda a preservar hábitos, ideais e falas preconceituosas. Às vezes o indivíduo pode até saber que é racista, mas não compreende o problema.

Exemplos de racismo estrutural

Preste atenção se você já se deparou com algumas das situações ou realidades abaixo:

  • ausência ou número reduzido de pessoas negras em empresas, cargos políticos e instituições de ensinos;
  • ausência ou número reduzido de pessoas negras em cargos de chefia;
  • hostilização de pessoas negras em ambientes públicos por conta sua cor de pele. O julgamento alheio é feito com base na aparência e não nos atos;
  • exclusão de pessoas negras de materiais publicitários por não “representarem” o público-alvo;
  • exclusão de pessoas negras com base em estereótipos ligados à cor da pele, como “má condição financeira”;
  • crença de que a pessoa negra não se encaixa em devido lugar por “não parecer pertencer a ele”.  

Como o racismo estrutural afeta a saúde mental?

Quem sofre racismo no Brasil tem a sua saúde mental atacada corriqueiramente. As pessoas negras se sentem incapazes, insuficientes e culpadas por ser quem são, segundo um estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em 2019. Elas acreditam ser o problema e, se não fossem negras, provavelmente não sofreriam ou “causariam sofrimento” aos demais. 

O racismo faz com que as pessoas negras se sintam inferiores. Esse pensamento limita as escolhas de vida e ainda pode conduzi-las a tomar decisões menos proveitosas para si mesmas. Algumas podem até aceitar ser injuriadas porque acreditam merecer esse tipo de tratamento.

Essas crenças podem ser construídas já na infância, quando a criança negra frequenta a escola ou outros ambientes sociais e sofre discriminação. Assim, cresce pensando ser inconveniente, trazendo o problema para ela mesma, ou pensando que os outros são inconvenientes, ficando com raiva do mundo. 

Ambas as formas de pensar são prejudiciais para a saúde mental porque promovem estilos de vida moldados na raiva ou na baixa autoestima. A probabilidade dessa criança desenvolver uma depressão, síndrome do pânico, ansiedade generalizada ou transtorno de estresse pós-traumático é muito maior.

Jovens profissionais negros também têm inclinação a sofrer mais com o estresse. Um ambiente de trabalho tóxico, onde colegas de trabalho o maltratam ou o ignoram por questões raciais, causa danos imensuráveis à saúde mental de jovens e adultos. 

Como a sociedade brasileira ainda cultiva a negação do racismo estrutural é difícil para essas pessoas encontrarem recursos e informações capazes de ajudá-las. Quando vão falar com amigos, professores ou colegas, não encontram o mesmo ponto de vista. Então, será que elas estão vendo coisas e sendo dramáticas, ou há realmente algo de errado? 

A internet facilitou bastante o encontro de pessoas negras que compartilham essa realidade, promovendo a criação de redes apoio que aliviam o estresse. No entanto, nem todos os brasileiros têm acesso a essa alternativa.

Como a Vittude pode ajudar quem sofre com o racismo estrutural?

Os efeitos do racismo estrutural são imensos e colaboraram para que a população negra do Brasil, onde essa estrutura ainda é forte, sofra com transtornos mentais, estresse abundante, síndrome de burnout e doenças psicossomáticas. 

Até as pessoas que lutam contra a discriminação racial e defendem-se quando necessário podem sofrer sobrecarga mental. Esses confrontos geram estresse, logo quanto mais frequentes forem, maior é a probabilidade dessas pessoas sofrerem esgotamento psicológico ou emocional. 

Quem se dispõe a ficar “na linha de frente”, seja nas redes sociais, na política ou em ONGs, deve ter cuidado redobrado com a saúde mental. 

A Vittude é uma plataforma de terapia online cujo objetivo é cuidar da saúde da mente dos brasileiros em quaisquer situações. As consultas são feitas com profissionais experientes e comprometidos com o sigilo de informações, ou seja, o paciente pode desabafar sobre o que desejar sem medo. O nosso ambiente virtual foi pensando para ser confortável e acolhedor!

Além disso, a Vittude é inclusiva e visa tratar transtornos mentais e incômodos emocionais oriundos de problemas sérios, como traumas, fobias e preconceito. Afinal, não há limite para o que pode estar interferindo na qualidade de vida das pessoas

Como o racismo estrutural afeta o psicológico de quem sofre com ele?

Todas as áreas da sua vida merecem atenção. 

Com a terapia online, os pacientes podem organizar os seus sentimentos e pensamentos, se conhecer melhor, aumentar a autoestima, desenvolver sua inteligência emocional e, nesse caso, se fortalecer para não permitir que pressões sociais ou atitudes preconceituosas abalem o seu equilíbrio psicológico!  

Não é possível modificar o pensamento de uma sociedade inteira (pelo menos, não tão rapidamente quanto gostaríamos), mas é mais que possível adquirir ciência de suas competências, pontos fortes e valores e potencializá-los para encarar as adversidades ainda presentes em nossa sociedade. 

Como começar a cuidar da saúde mental com a Vittude?

A Vittude oferece ajuda psicológica compromissada tanto com a saúde mental quanto com a jornada de desenvolvimento pessoal de cada paciente.

Para buscar um psicólogo adequado para o seu perfil, é só usar o Vittude Meet. Após responder algumas perguntas simples, você receberá indicações de profissionais da saúde mental cuja expertise é compatível com os seus impasses emocionais.

O próximo passo é definir um dia e um horário para a sua consulta com o psicólogo escolhido. A nossa dica é já mencionar os seus objetivos da terapia na primeira sessão, pontuando os seus sentimentos e vivências desagradáveis. Dessa forma, o psicólogo pode traçar um plano para ajudá-lo! 

Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta