Rivotril: o que é e quando o seu uso é recomendado?
25 de maio de 2019
Tempo de leitura: 9 minutosO Rivotril é o nome comercial do clonazepam, um medicamento muito vendido no Brasil.
Apesar de ser “tarja preta”, ou seja, necessitar de prescrição médica e retenção da receita para a compra, há fácil acesso a este remédio. Isso porque médicos, além do psiquiatra, também podem prescrevê-lo.
Para alguns, o uso do Rivotril é um caminho mais simples para lidar com as dificuldades e ansiedades do dia a dia.
Porém, é preciso entender os riscos atrelados à sua utilização indevida, principalmente nos casos em que a pessoa poderia cuidar da saúde mental e do bem-estar de outras formas e sem o uso de medicamentos.
Para entender melhor sobre o assunto, continue por aqui. Esclarecemos todas as suas dúvidas sobre o Rivotril neste artigo, inclusive os perigos da banalização do seu uso.
O que é o Rivotril e como age no corpo?
Lançado na década de 70, o Rivotril foi criado com o objetivo de tratar pessoas com epilepsia. Com o tempo, se mostrou eficiente também para o tratamento de síndrome do pânico, transtornos de ansiedade e de humor.
Trata-se de um ansiolítico, ou seja, um tranquilizante do grupo benzodiazepínicos, que visa inibir certas funções do sistema nervoso central por meio de um efeito sedativo.
Os benzodiazepínicos atuam potencializando a ação do GABA (ácido gama-aminobutírico), um neurotransmissor depressor responsável por reduzir a excitação, agitação, tensão e o estado de alerta. Promove, portanto, relaxamento, sonolência, calma e ameniza a ansiedade.
A bula do medicamento aponta que o mesmo pode ser utilizado para tratar diversos transtornos como:
- Distúrbio epilético;
- Transtornos de ansiedade (TAG, síndrome de pânico, fobia social);
- Transtornos do humor (transtorno bipolar, depressão maior);
- Síndromes psicóticas (acatisia, síndrome das pernas inquietas);
- Vertigem e distúrbios do equilíbrio;
- Síndrome da boca ardente.
Quando utilizados comprimidos, sublinguais ou solução oral, o Rivotril tem efeito rápido. Leva em torno de 30 a 60 minutos para começar a atuar no organismo e perdura por até 8 horas em adultos e 12 horas em crianças.
O medicamento pode causar dependência?
Um ponto importante sobre o Rivotril é a possibilidade de causar dependência física e psíquica. Tudo depende do tempo de uso contínuo, da dosagem e das características de cada indivíduo.
No geral, adverte-se que o consumo do medicamento não ultrapasse 4 semanas ou alguns meses. Nos casos em que a dosagem inicial deixa de fazer efeito, é sinal de que pode estar se criando uma dependência química.
A interrupção repentina não é indicada, pois é capaz de gerar sintomas de abstinência, que podem incluir:
- Agitação;
- Insônia;
- Tremores;
- Ansiedade;
- Sudorese;
- Espasmos musculares e abdominais;
- Delírio e convulsões;
- Alterações de percepção.
O recomendado é que a descontinuidade seja gradativa e com supervisão médica.
Quais são os possíveis efeitos colaterais do Rivotril?
Assim como outros medicamentos psiquiátricos, o Rivotril pode causar alguns efeitos colaterais.
Na maioria dos casos, as reações são temporárias, ocorrendo somente na fase de adaptação, mas é sempre recomendado relatar ao médico.
As principais reações adversas são:
- Sonolência acentuada;
- Depressão;
- Insônia;
- Dores de cabeça;
- Gripe;
- Sinusite;
- Problemas respiratórios;
- Vertigem, perda do equilíbrio e tonturas;
- Coordenação motora anormal;
- Fraqueza muscular;
- Sensação de cansaço;
- Irritabilidade;
- Náuseas;
- Dificuldade de concentração;
- Alterações na libido;
- Distúrbios de memória;
- Tentativa de suicídio ou ideias suicidas;
- Alucinações;
- Palpitações;
- Anorexia;
- Apetite aumentado;
- Perda de cabelo;
- Urticária;
- Cistite.
Quais são as contraindicações do uso de Rivotril?
O Rivotril tem algumas contraindicações, entre elas pessoas que:
- Hipersensibilidade a benzodiazepínicos;
- Doença de Alzheimer;
- Insuficiência respiratória grave;
- Doenças hepáticas graves;
- Histórico de dependência química;
- Glaucoma agudo de ângulo fechado.
Além disso, deve ser evitado por grávidas, lactantes e idosos, e não ser combinado com o uso de álcool.
Por que é um medicamento tão popular?
Para se ter uma ideia do volume de uso do Rivotril, de acordo com dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), a sua comercialização aumentou 22% em março e abril de 2020 (quando a pandemia teve início), se comparado com o mesmo período de 2019.
O medicamento é barato, com caixas que vão de R$4,00 a R$20,00, o que facilita ainda mais o acesso ao mesmo.
O Rivotril se tornou popular por ser eficaz em aliviar as pressões e ansiedades cotidianas. Diante disso, muitos médicos receitam o fármaco mesmo que o paciente não apresente um quadro clínico que necessariamente precisaria do mesmo para ser tratado.
Em certos casos, o foco em mudanças de hábitos e comportamentos já seriam o suficiente para cuidar da saúde mental e ter mais qualidade de vida. Porém, há quem prefira optar “pelo caminho mais fácil”.
O uso do Rivotril, portanto, tem sido extremamente banalizado. As pessoas o utilizam com o objetivo de apaziguar sintomas sem trabalhar as suas causas e, assim, não conseguem ter qualidade de vida a longo prazo sem o consumo do remédio.
A utilização indevida pode mascarar quadros mais graves, que exigem outros tipos de tratamentos.
Além disso, alguns transtornos mentais precisam de um período bem mais longo de tratamento, no qual não devem ser usados benzodiazepínicos, mas outros grupos de medicamentos adequados nessas situações.
Quais são as alternativas ao uso do Rivotril?
Há pessoas que, de fato, precisam do Rivotril para tratar transtornos corretamente diagnosticados. O questionamento em relação ao uso é sobre a banalização da prescrição e do consumo leviano realizado por milhares de pessoas.
O Brasil é considerado pela Organização Mundial da Saúde o país mais ansioso do mundo. As pessoas, portanto, buscam formas de aliviar a pressão e a ansiedade que sentem no dia a dia, e é aí que aparece o Rivotril como um “antídoto” simples e barato (mesmo que temporário) para todos esses problemas.
A maioria vive um estilo de vida acelerado nos centros urbanos, sem contar questões econômicas, profissionais, ameaças de violência, trânsito, excesso de responsabilidades… Tudo isso gera estresse constante!
O Rivotril se apresenta como uma solução para amenizar dores reais e insistentes, atuando como uma válvula de escape que não resolve o problema, mas o ameniza temporariamente.
Porém, se o medicamento não é o recomendado nessas situações, qual caminho seguir? A resposta está na psicoterapia.
Psicoterapia X Rivotril: entenda essa relação
A psicoterapia sempre pode caminhar lado a lado de um tratamento farmacológico.
Já em casos em que não há a indicação do uso de Rivotril ou qualquer outro medicamento, ainda assim o acompanhamento psicológico é uma forma muito poderosa de gerar transformações positivas na vida de uma pessoa.
Isso porque a psicoterapia trabalha a origem dos problemas que o indivíduo enfrenta, cuidando para que ele desenvolva autoconhecimento a fim de criar estratégias de enfrentamento de longo prazo.
Com o tempo, o paciente desenvolve resiliência, inteligência emocional e outras competências importantes que o ajudarão a encarar situações de conflito, estresse e ansiedade de maneira muito mais saudável.
Isso significa que o Rivotril ou outros fármacos deixam de ser necessários? Nem sempre, mas é válido ressaltar que medicamentos não tratam a causa raiz dos problemas.
Por isso, a psicoterapia é tão importante, pois faz parte de um tratamento geral, contínuo e profundo em que o paciente se conhece, entende os seus gatilhos estressores e aprende a cuidar de si com muito mais consciência.
Outras estratégias para ter mais saúde mental
Além da terapia (e em alguns casos, do uso de fármacos), quem deseja ter maior qualidade de vida também deve investir em outros hábitos que contribuem para a saúde mental e o bem-estar.
As principais recomendações dos médicos e psicólogos são:
- Prática regular de exercícios físicos;
- Rotina de sono de qualidade;
- Alimentação equilibrada;
- Cultivo de relacionamentos saudáveis;
- Tempo na agenda para hobbies e atividades que proporcionam prazer.
Tudo isso em conjunto tende a tornar a vida de qualquer indivíduo muito mais saudável. O equilíbrio, portanto, é a palavra-chave para lidar melhor com situações estressantes no dia a dia.
O uso isolado de medicamentos, como o Rivotril, não garantem saúde a longo prazo, apenas mascaram os reais problemas que precisam ser encarados se quiserem ser resolvidos.
Por que fazer terapia?
Visto que a terapia é um processo contínuo e geral, tende a ser um ponto de apoio e acolhimento para o paciente.
Além disso, o psicólogo tem uma visão holística das necessidades e dificuldades de cada indivíduo, o que lhe permite orientar quando há a necessidade de procurar o suporte de um psiquiatra.
Dito isto, fica claro que fazer terapia é muito vantajoso para quem deseja ir muito além de simplesmente neutralizar sintomas provenientes do estresse e da ansiedade da vida moderna. É uma forma de autocuidado.
Se você ainda tem dúvidas sobre os benefícios da terapia, saiba que é um processo muito rico não apenas para quem está enfrentando um transtorno mental, mas para qualquer pessoa que queira:
- Aprofundar o autoconhecimento;
- Cultivar relacionamentos mais saudáveis;
- Desenvolver soft skills, como a inteligência emocional;
- Lidar com traumas, dores e desafios de âmbito pessoal ou profissional de maneira mais saudável;
- Aprender mais sobre si, seus sentimentos, desejos e escolhas;
- Fazer escolhas mais conscientes e alinhadas à sua essência.
Quer saber mais sobre todos os benefícios da terapia e também como funcionam as sessões? Então continue acompanhando o nosso blog, que está repleto de conteúdos sobre saúde mental.