O Brasil tem o terceiro pior índice de saúde mental no trabalho do mundo. Num estudo com 64 países feito pela Sapien Labs, só ficamos acima do Reino Unido e da África do Sul.
Num contexto tão chocante, é claro que o desempenho profissional é afetado. Mas, ainda mais chocante é o fato de que a maioria das empresas parece não se importar.
O contexto de saúde mental no trabalho ganhou holofotes durante a pandemia. O isolamento social acabou, mas continuamos vivendo um período drástico para o bem-estar emocional. As piores taxas são de desempregados, mulheres, jovens e pessoas trans, segundo o Índice Cactus – Atlas de Saúde Mental.
Tudo isso se reflete no contexto profissional, que tem cada dia mais afastamentos por transtornos psicológicos. A síndrome de burnout, por exemplo, atinge 30% da população. Agora, como é considerada uma doença ocupacional pela OMS, também passa a ser responsabilidade das empresas.
Não há para onde fugir. Sai na frente quem colocar a saúde mental dos colaboradores na pauta do dia. Mas, por onde começar?
Neste artigo, trouxemos informações atualizadas e assertivas sobre o contexto brasileiro, além de estratégias para líderes, RH e gestores de saúde.
Veja:
A saúde mental no trabalho é definida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como:
“Um estado de bem-estar em que o indivíduo está ciente de suas próprias habilidades, pode enfrentar as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e é capaz de contribuir com a sua comunidade.”
Um ambiente de trabalho que não prioriza o bem-estar dos colaboradores pode ser bastante nocivo para saúde mental e contribuir para o desenvolvimento de vários tipos de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, que são os mais comuns.
Entre os principais fatores de risco, podemos citar:
Além disso, um ponto importante em relação a este assunto é que, em janeiro de 2022, a síndrome de burnout foi oficializada como uma condição de saúde mental atrelada ao trabalho de acordo com a 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), da Organização Mundial da Saúde. Com isso, passa a integrar a categoria de doenças ocupacionais.
Esta mudança é importante porque dá maior visibilidade à síndrome do esgotamento profissional, que passa a ser levada mais a sério pelas empresas.
A partir desse momento, as organizações devem ter mais responsabilidades e cuidados voltados para a saúde mental se não quiserem sofrer muitas consequências negativas.
A situação atual em relação ao bem-estar psicológico é grave no mundo todo, mas é ainda pior no Brasil. Vamos relembrar alguns dados já conhecidos mais imprescindíveis?
Segundo muitos especialistas, estamos vivendo uma “epidemia de saúde mental”. Alguns chegaram a dizer que esta seria uma segunda pandemia, após a de Covid-19.
Além destes dados alarmantes, é imprescindível falarmos sobre o aumento exponencional do suicídio. Em 2019, ano da última Pesquisa Nacional de Saúde, foram registrados 13 mil óbitos no país por este motivo. Destes, 10 mil (77%) eram de pessoas economicamente ativas.
E, veja, estes dados refletem uma realidade pré-pandemia. Depois disso, houve um crescimento ainda maior.
Uma pesquisa da Fiocruz mostrou que, durante o período de isolamento social, os casos de pessoas que tiraram a própria vida ainda cresceram 28%.
A Associação Pan Americana de Saúde chegou a fazer um comunicado pedindo atenção ao tema, que é urgente. Entre outros motivos, o crescimento do suicídio nas Américas não é acompanhado pelo resto do mundo, onde a taxa diminui.
Entre os principais fatores de risco, segundo a organização, estão:
Ainda é preciso considerar que questões de saúde mental muitas vezes não se resolvem apenas com medicação. O tratamento é feito a longo prazo, podendo durar meses ou anos, dependendo do caso. Logo, não é algo resolvido facilmente.
Por todos esses motivos, nossa atenção deve ser redobrada. Isso significa adotar a postura oposta da que (ainda) existe hoje: invisibilização, negligência, estigma e abuso.
A responsabilidade é coletiva, mas os líderes têm um papel protagonista.
A saúde mental deve ser pauta na empresa como um todo: CEOs, RH e lideranças precisam trabalhar em conjunto para garantir que o ambiente corporativo se mantenha saudável.
Por mais que seja uma responsabilidade de todos, é importante se lembrar de que os líderes ocupam uma posição privilegiada, que permite a execução de ações práticas e a tomadas de decisões estratégicas que causam impactos positivos para o time.
Muitas vezes, para começar não é preciso de transformações radicais. Pequenas mudanças de comportamento já podem fazer uma grande diferença para os liderados. Lembre-se: por serem grandes influências no ambiente de trabalho, os líderes têm um papel muito importante na manutenção da cultura de saúde mental.
Uma pesquisa da The School of Life, realizada em 2021, revelou os principais efeitos na saúde que os líderes sentiram nos últimos anos: com 64%, a ansiedade lidera. Em seguida, com 48% está o estresse e, então, a insônia (27%), o burnout (20%) e a depressão (10%).
Para que os líderes possam cuidar de seus liderados, primeiro é preciso garantir que estejam saudáveis e preparados para assumir essa função. Se não estiverem, provavelmente não atingirão os resultados esperados e todo o time sairá prejudicado.
Os dados de inúmeras pesquisas apontam que as lideranças estão exaustas e precisam de cuidados para que possam atingir o máximo do seu potencial.
Para isso, as empresas devem pensar em estratégias voltadas exclusivamente para esses profissionais, que têm grandes responsabilidades e precisam de um suporte específico para darem conta de tudo sem perder o equilíbrio emocional.
Depois de entender melhor o contexto atual de saúde mental no trabalho, você deve estar entendo melhor o contexto da empresa em que você está.
Afinal, todos esses dados e pesquisas são feitos justamente para que, a partir de um diagnóstico inicial, consigamos encontrar um ponto de partida para realizar um plano de ação.
A seguir, você verá algumas possibilidades de iniciativas que tanto líderes, profissionais de RH e gestores de saúde organizacional podem realizar. O ideal é que esta realmente seja uma equipe multidisciplinar.
Assim, os resultados serão muito mais assertivos e coerentes com o que os colaboradores da sua empresa precisam.
As lideranças precisam ser treinadas para entender tudo o que envolve o contexto de saúde mental no trabalho. Muitas pessoas ainda acreditam em tabus e estigmas relacionados ao assunto, o que pode atrapalhar bastante o processo.
É necessário que os líderes recebam treinamentos para lidar com os diferentes tipos de questões relacionadas à saúde mental que possam surgir no dia a dia de trabalho. Para isso, desenvolver um olhar atento e humanizado para ser capaz de observar o comportamento dos liderados e conduzir cada caso individualmente é fundamental.
É impossível realizar ações eficazes se você não souber em detalhes quais são os pontos principais. Uma das maiores especialistas em síndrome de burnout do mundo, Christina Maslach, elencou seis áreas fundamentais da relação com o trabalho.
São elas:
Você pode preparar um survey tomando como base essas seis áreas para entender: quais estão gerando mais impacto no contexto organizacional e quais estão ao seu alcance. Ou seja, quais precisam de recursos externos e internos que já estão disponíveis.
Assim, você pode poupar gastos e esforços e ainda assim gerar bons resultados. Assim, você consegue priorizar qual ou quais devem ser mobilizadas primeiro.
Mas, se você não tiver tempo para fazer isso, vale a pena você saber que já existem ferramentas prontas e altamente eficazes com o mesmo objetivo.
Algumas delas são as Escalas Vittude de Segurança Psicológica e de Propensão ao Estresse e à Síndrome de Burnout. Elas são facilmente aplicáveis e já vão te dar bons indicativos iniciais sobre como anda a sua equipe em termos de saúde mental.
Os feedbacks são a forma tradicional de líderes e liderados trocarem percepções sobre o trabalho que tem sido executado. É um momento formal, normalmente orientado pela empresa para que aconteça periodicamente.
Além desses ciclos, é importante que as lideranças deixem claro para os liderados que estão abertas para conversas informais sempre que necessário, inclusive sobre qualquer questão de saúde mental.
Aliás, para que todos se sintam confortáveis para se expor, é importante que o tema seja levantado com frequência no trabalho e não seja tratado como tabu. Dessa forma, os funcionários sabem que há espaço para compartilhar o que estão sentindo e vivendo sem medo de julgamentos.
Aproveitando o gancho do ponto anterior, é importante reforçar que as pessoas só se sentirão à vontade para se expor se perceberem que saúde mental é algo levado a sério na empresa.
Para fortalecer essa imagem, os gestores podem levantar o assunto em reuniões de time ou individualmente, perguntando como cada um está se sentindo e se há alguma queixa de estresse, ansiedade etc.
Além disso, outra forma de promover a conscientização é por meio de conteúdos de qualidade e palestras com especialistas da área, como psicólogos.
Por meio da disseminação de informação, as pessoas passam a compreender melhor os transtornos mentais, as suas causas e sintomas, o que contribui para que possam sinalizar mais rápido quando perceberem que algo não vai bem.
É responsabilidade do líder garantir que os liderados não sofram com a sobrecarga de trabalho. O desequilíbrio pode gerar grandes prejuízos para a saúde mental, como estresse, ansiedade e, em casos mais graves, síndrome de burnout.
O esgotamento mental causado pelo excesso de trabalho é um dos grandes vilões das empresas atualmente. Apostar em horários flexíveis e benefícios voltados para a qualidade de vida e o equilíbrio mental, como a psicoterapia, aulas de meditação, yoga etc.
Além de todas essas mudanças na própria organização, é fundamental que os colaboradores tenham acesso a um bom psicólogo para trabalhar o autoconhecimento.
Tanto os colaboradores que já estão saudáveis, para evitar o adoecimento psíquico, quanto os que já estão ansiosos, depressivos ou esgotados, para começarem a controlar os sintomas e recuperarem sua saúde mental.
Conhecer a si mesmo com profundidade é a base para a construção de uma vida saudável.
É com o desenvolvimento da inteligência emocional inerente a este processo que o paciente aprende a colocar limites, repensar a qualidade das suas relações, identificar traços tóxicos em si mesmo, entre diversas outras questões que são profundamente transformadoras.
A Vittude é a líder no mercado de saúde mental corporativa.
Somos parceiros de empresas como o Grupo Boticário, Ambev, Lóreal Brasil, Vivo, entre outras grandes empresas nacionais.
Nossas soluções têm quatro pilares: diagnóstico, educação, clínica e inteligência. Não acreditamos que só oferecer terapia como benefício resolve tudo.
Ao contrário, para resultados assertivos, um ecossistema de saúde mental é a única opção possível para prevenir e remediar este problema complexo.
Converse com um de nossos especialistas e descubra como construir o melhor futuro possível para você e para a sua equipe.
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