O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), ou somente transtorno disfórico, é um distúrbio pré-menstrual que ocorre cerca de duas semanas antes da menstruação. Esse é um período complicado para a maioria das mulheres, marcado por desconforto físico e alterações desagradáveis de humor.
A tensão pré-menstrual (TPM) é a mais conhecida popularmente. Ao longo dos anos, ela se transformou em motivo de piada, pretexto para justificar comportamentos inadequados e até mesmo uma forma de insultar as mulheres.
Embora seja uma condição de saúde que afeta cerca de 80% da população feminina, a desinformação acerca do seu impacto no organismo das mulheres ainda é expressiva. Como nem todas têm sintomas de TPM, pode haver confusão em relação à sua verdadeira intensidade.
O mesmo ocorre com o TDPM. A sua existência não chega ao conhecimento de muitas mulheres. Assim, elas não compreendem o porquê de terem sintomas de TPM tão acentuados e sofrem por um período maior por não buscarem tratamento.
Durante o ciclo menstrual, os níveis de hormônios femininos – estrogênio e progesterona – oscilam consideravelmente. Enquanto algumas mulheres não sentem muitos efeitos colaterais dessa oscilação, outras sofrem com mudanças de humor repentinas e outros incômodos.
Variações significativas dos hormônios reprodutivos femininos interferem na produção de neurotransmissores essenciais para a química do cérebro, como a serotonina e a dopamina. São eles que fazem a regulagem do humor. Logo, quando ocorre alguma alteração, a mulher fica mais sensível, triste, irritada e indisposta.
O transtorno disfórico pré-menstrual é resultado desse desequilíbrio de hormônios caracterizado por sintomas mais intensos. Eles são tão graves que interferem na vida cotidiana das mulheres, prejudicando a performance profissional e o convívio familiar.
A tensão pré-menstrual ocorre entre a primeira e segunda semana do ciclo menstrual. É composta por sintomas emocionais e físicos, como irritabilidade, tristeza, dor nas mamas, dor na lombar, enxaqueca e agressividade. Eles podem aparecer em até 15 dias antes da menstruação, sendo que cada mulher tem uma experiência distinta.
O que diferencia a TPM do TDPM é a intensidade desses sintomas. O transtorno disfórico também possui uma variedade maior de sintomas físicos e é debilitante.
A mulher pode identificar a tensão pré-menstrual sozinha. Todo mês, ela pode fazer o controle de suas emoções e desconfortos físicos em um calendário ou agenda. Assim, conseguirá estabelecer conexão entre os sintomas com os dias da menstruação.
Caso os sintomas da TPM persistam por vários dias após o fim da menstruação ou sejam muito fortes, a mulher deve consultar um médico para investigar se não sofre com o TDPM ou outra condição de saúde mental.
Não raro mulheres que buscam psicólogos ou médicos para tratar a tensão pré-menstrual têm uma doença psiquiátrica cujos sintomas pioram no período antecedente à menstruação. Como ainda não têm um diagnóstico, acreditam serem “loucas” por agirem de modo imprevisível com frequência.
O TDPM é marcado, sobretudo, por sentimentos negativos. Raiva, desesperança, impaciência, ansiedade, inquietação, apatia, angústia e depressão afetam o modo de pensar das mulheres durante a segunda fase do ciclo menstrual.
Devido aos sintomas emocionais, algumas mulheres podem ter pensamentos suicidas, crises de choro repentinas e mau humor excessivo. Dessa forma, a probabilidade de entrar em atrito com pessoas próximas é maior no período menstrual.
Este transtorno também apresenta sintomas físicos, tais como:
Os sintomas desaparecem com a menstruação ou alguns dias após o seu início. A intensidade deles pode aumentar durante momentos de estresse ou na perimenopausa. Neste último cenário, os sintomas podem persistir até após o fim da menstruação.
Segundo o DSM V, o transtorno disfórico pré-menstrual é classificado como um subtipo de transtorno depressivo devido à sua gravidade. Mulheres com TDPM podem perder o interesse em atividades diárias, um sintoma específico da depressão. Estima-se que cerca de 3% a 8% das mulheres possuam esse transtorno.
Para fazer o diagnóstico do transtorno disfórico, pelo menos cinco sintomas precisam se manifestar antes da menstruação e começarem a desaparecer alguns dias após o primeiro dia da mesma. Já na semana após a menstruação, eles devem desaparecer por completo ou causarem impactos mínimos.
Os sintomas criteriosos para o diagnóstico do transtorno disfórico pré-menstrual são oscilação de humor, irritabilidade, depressão e ansiedade. Todos devem ser mais intensos que os sintomas da tensão pré-menstrual para serem considerados graves.
Além disso, um dos seguintes sintomas deve estar presente nesse período:
Como o transtorno disfórico pré-menstrual é um tanto complexo, existem algumas particularidades que merecem atenção redobrada. Qualquer dúvida ou suspeita deve ser levada à um especialista para que um diagnóstico possa ser feito o mais rápido possível.
O tratamento para o TDPM é essencial para devolver a qualidade de vida às mulheres, portanto, os sintomas e outros fatores associados à esta condição não devem ser ignorados.
Tanto os sintomas da TPM quanto os do TDPM se modificam conforme a idade. Na fase da adolescência, a cólica, a dor de cabeça e outros sintomas físicos são mais comuns. Já aos 30 ou 40 anos, aumentam os sintomas emocionais e psicológicos. As mulheres dessa faixa etária se sentem mais cansadas e têm mais sensibilidade a mudanças de humor antes de menstruação.
Como dito, o transtorno disfórico pode agravar os sintomas de uma condição psiquiátrica pré-existente, como depressão e ansiedade. Ele pode até mesmo estimular pensamentos autodepreciativos durante o período menstrual e originar outras patologias.
Por exemplo, uma mulher com baixa autoestima e desconforto com o próprio corpo pode alimentar a percepção errônea do seu físico com pensamentos e emoções negativas neste período. Assim, ela pode estimular o surgimento de um distúrbio alimentar ou transtorno dismórfico corporal.
Muitas pessoas desconhecem o que é transtorno dismórfico corporal, sofrendo com seus sintomas sem ter consciência de que se tratam de uma patologia.
Ambos esses distúrbios psicológicos consistem na preocupação excessiva com a aparência física, como peso ou pequenos “defeitos”. Em pouco tempo, pessoas com essas condições psíquicas se tornam obcecadas com sua aparência e desenvolvem hábitos prejudiciais à saúde para obter o corpo considerado perfeito.
A permanência dos sintomas pelo período posterior a menstruação é preocupante. Algumas patologias possuem sintomas semelhantes à tensão pré-menstrual e ao TDPM, como a endometriose e as complicações associadas à tireoide. Por isso, é preciso buscar um médico para que seja feito o descarte dessas doenças graves.
Do mesmo modo, a manifestação de sintomas pré-menstruais fora do período merece uma visita a uma especialista. O surgimento de sintomas da TPM e do TDPM em outros momentos do mês não é normal sob hipótese alguma. A mulher pode identificar essa anormalidade ao fazer o controle do humor e dos desconfortos físicos, como pontuado anteriormente.
Alguns fatores estão ligados à causa do transtorno disfórico pré-menstrual, como a influência genética, aspectos biológicos e ambientais, e desequilíbrios químicos. Todavia, estudos apontam que a serotonina é o elemento mais importante desta condição, podendo justificar os sintomas disfóricos.
A interferência de hormônios reprodutivos ou uma alteração na atividade dos receptores cerebrais de neurotransmissão podem ser os responsáveis pelo transtorno. Durante os últimos dez dias do ciclo menstrual, uma baixa significativa da serotonina foi identificada em pacientes de TDPM.
Já as causas biológicas e ambientais estão geralmente associadas à intensificação dos sintomas do TDPM, mas não tem correlação etiológica.
A dieta pouco balanceada é um exemplo. Alguns alimentos podem acentuar os sintomas, como cafeína, álcool e sucos de frutas. Também foi identificado que níveis deficientes de vitamina B6 e de magnésio no organismo podem interferir na manifestação dos sintomas pré-menstruais.
O tratamento para o transtorno disfórico pré-menstrual acontece com o apoio de medicamentos psiquiátricos e da psicoterapia. O autoconhecimento é importante para as mulheres com TDPM, assim como para as com TPM.
Ao conhecerem os seus corpos e fortalecerem a conexão com seus sentimentos, as mulheres conseguem lidar com os sintomas pré-menstruais e abrandar o sofrimento durante o ciclo menstrual. O conhecimento profundo de si mesmo é obtido na terapia.
No acompanhamento psicológico, as mulheres também aprendem a gerir as oscilações de humor de modo que não representem ameaças aos seus relacionamentos, saúde mental e desempenho profissional. Assim, elas diminuem a probabilidade de recaídas durante o tratamento.
Além disso, o psicólogo pode identificar a existência de transtornos mentais que podem ter sido intensificados com o TDPM, ou vice-versa. A depressão, por exemplo, é uma condição que pode surgir com o tempo. Se não for tratada adequadamente, a mulher com transtorno disfórico pode cair em depressão profunda.
Já os medicamentos psiquiátricos ajudam a estabilizar o humor e a controlar os sintomas depressivos. É necessário conversar com o médico psiquiatra para fazer a avaliação dessa necessidade.
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