Terapia cognitiva comportamental: técnicas de tratamento para prevenção de suicídio

O comportamento suicida está inserido nos corpos de estudo e pesquisa há tempos, com especial importância para o uso de técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental em seu tratamento.

Grande parte dos resultados tem a premissa de que as abordagens utilizadas devem não só lidar com o risco presente, mas também prevenir que haja outros pensamentos nessa linha futuramente.

Mas, se você passa ou já passou por isso, ou conhece alguém que sofre com essa condição atualmente, será que é uma boa ideia investir na terapia para tentar reduzir esse tipo de mentalidade? Veja detalhes!

O que é a Terapia Cognitiva Comportamental?

Primeiro, vamos explicar um pouco sobre o que é a Terapia Cognitiva Comportamental, ou TCC.

A principal ideia dessa abordagem é a de que não é o que acontece em sua vida que dita as suas emoções e pensamentos, mas sim a maneira como você interpreta esses acontecimentos.

A linha é a seguinte: diante de um pensamento, teremos uma emoção, e baseado nela a gente se comporta de uma maneira ou de outra.

Seguindo essa premissa, teremos alguns pensamentos automáticos sobre certas situações, que nem sempre estão de acordo com o momento de vida atual e podem ser negativos.

Quando isso acontece, há uma série de conclusões disfuncionais, ou seja, que fogem um pouco da nossa compreensão e geram sentimentos e comportamentos igualmente negativos para a vida.

Quando isso acontece com muita frequência, é necessário procurar ajuda. As consultas com o psicólogo, então, tentarão moldar esses pensamentos para que se encaixem nas situações cotidianas pelas quais você passa hoje, trabalhando a interpretação de cada uma delas e reduzindo a negatividade envolvida nas conclusões e concepções do dia a dia.

Como a Terapia Cognitiva Comportamental age na prevenção do suicídio?

Existem diversos dados que envolvem o efeito da terapia na redução do risco de suicídio tanto em adultos quanto em adolescentes. Nessa análise, as intervenções baseadas na terapia cognitiva comportamental (TCC) foram as que se mostraram mais efetivas.

O mais comum é que os pensamentos que envolvem o paciente tirar a própria vida sejam tratados separadamente em relação aos transtornos mentais que os causam. Principalmente pela linha da TCC, que envolve essa análise mais aprofundada dos seus pensamentos e de como eles afetam sua vida e suas ações.

Após estudos realizados nos últimos 15 anos, houve um consenso de que o tratamento se mostra mais efetivo quando há essa separação. Ou seja, mesmo que haja sintomas depressivos, as condições precisam ser analisadas e abordadas por esforços diferentes.

Como um dos maiores fatores de predisposição à tendência de tirar a própria vida é a falta de habilidades para solução de problemas, cabe ao psicólogo oferecer essas habilidades de maneira permanente para o paciente para que ele possa combater os pensamentos suicidas.

Isso pode ser feito por meio de técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental. Veja alguns exemplos de como o tratamento pode se desenvolver em alguns pontos específicos:

O plano de segurança

O plano de segurança é composto uma série de detalhes que precisam de atenção no caso de pacientes com pensamentos ou desejos suicidas. Ele está interligado às técnicas de Terapia Cognitiva Comportamental no sentido de que envolve mudanças nos pensamentos e na maneira de agir diante da negatividade.

Ele tem como intuito ser uma ferramenta que se comunica com o paciente, trazendo lembranças de sentimentos e outros pontos que muitas vezes são esquecidos durante momentos de desespero, tensão ou situações que parecem impossíveis.

Ou seja, diante dos gatilhos, ele precisa ser um caminho contrário ao que seria o suicídio, e oferecer soluções para o problema.

Basicamente, ele inclui seis passos, que a pessoa pode escrever em um diário ou até fazer um documento que possa ser alterado a qualquer momento no computador ou celular.

Os sinais de alerta

Os sinais de alerta se baseiam muito nos indícios de possíveis pensamentos suicidas, como as frases que indicam perda do sentido da vida, desejos profundos de desaparecer, culpa, entre outros.

Eles devem ser elencados (de 3 a 5) e podem envolver desde pensamentos até mudanças de humor ou comportamento. Crises também são um sinal de alerta e podem ser descritas aqui.

Estratégias internas

As estratégias internas dizem respeito ao que o próprio paciente pode fazer para conviver com a depressão e lidar com as crises, tirando sua mente das questões incômodas. Vale apontar que essas atitudes não envolvem nenhum tipo de ajuda, e devem ser de responsabilidade única do paciente.

Aqui, podem ser listadas técnicas de relaxamento, atividades físicas, hobbies e ideias de meditação, por exemplo.

Pessoas e lugares que me distraem

Nesse passo, a ideia é parar para pensar nas principais pessoas e lugares que não permitem que os pensamentos negativos estejam presentes, ou que os minimizem. Podem ser familiares, amigos, professores, e para os lugares, parques, cafés, restaurantes, praças e até algum local específico em sua própria casa.

Pessoas para as quais posso pedir ajuda

Com quem você pode contar em um momento de desespero, quando não consegue encontrar a solução para aquilo que está acontecendo em sua vida? Devem ser listadas as pessoas e os contatos.

É importante notar a diferença entre as pessoas do passo anterior, que te distraem e podem retirar sua mente das ideias negativas do dia a dia, e essas, com as quais você pode contar quando a situação atinge níveis críticos!

Profissionais ou locais para contatar durante crises

Quem são os profissionais da saúde com os quais você tem contato e podem te ajudar? Deixe neste campo os números de psicólogos, hospitais, psiquiatras e outros que você conheça e tenham números de emergência para que você ligue a qualquer hora.

Além disso, não esqueça de inserir o número de um serviço que possa oferecer auxílio imediato, como o CVV (188) ou até mesmo um CAPS que esteja próximo de você.

Mantenha o ambiente seguro

Para quem tem tendência a pensamentos suicidas, um comportamento impulsivo pode ser perigoso. Portanto, o melhor a fazer é manter o ambiente à volta do paciente o mais seguro possível.

Isso inclui, por exemplo, a retirada de qualquer objeto que permita automutilação, como facas, lâminas, canivetes, tesouras e armas de fogo (bem como munições), além de receitas médicas com prescrição controlada, remédios e substâncias que possam causar problemas de saúde quando ingeridas, por exemplo.

Ao ter consciência da condição psicológica, cabe ao paciente pedir para que esses itens sejam retirados de perto dele, ao passo em que quem convive com ele também deve tomar esses cuidados.

As etapas para manter o ambiente seguro devem ser listadas no plano, mas sua execução deve vir bem antes da necessidade propriamente dita.

É importante também que essa lista envolva um sentimento bom, que pode ser representado por algo “pelo que vale a pena viver”. Pode ser o último ou primeiro item, mas precisa estar ali para reforçar o sentido da vida, cuja perda é comum nos casos mais intensos de pensamentos suicidas.

Caixa de esperança

Em paralelo com o plano de segurança, outra das técnicas de Terapia Cognitiva Comportamental é a necessidade de desenvolver razões para que o paciente tenha esperança de que tudo irá melhorar, para que ele entenda que a vida tem sentido mesmo diante de todas as adversidades.

Um recurso muito utilizado, então, é a chamada “caixa de esperança”. Nela, a pessoa deve adicionar uma coleção de itens que realmente tragam lembranças de momentos, pessoas ou lugares pelos quais vale a pena viver. Não há limites para isso. Podem ser fotos, desenhos, poemas, textos ou letras de música, por exemplo.

A ideia é trazer conexão emocional com o que é bom na vida, acima de tudo, principalmente para momentos de resgate. Portanto, o melhor é que ela esteja sempre à mão (pode ser inclusive virtual, ou ter uma versão física e uma virtual).

Retardar os gatilhos (Delay)

O suicídio, na maioria das vezes, é fruto de um impulso originado por um gatilho (lembra da sequência? Pensamento – Sentimento – Comportamento). Portanto, se for possível atrasar esse ímpeto da ação, há grandes chances de salvar uma vida.

É importante entender, primeiramente, que tirar sua própria vida fará com que não possa experienciar alguns pontos prazerosos do cotidiano, ainda que poucos (que podem fazer parte do plano de emergência). Assim, a pessoa realmente entenderá o que cometer um suicídio realmente significa em termos de perda.

Outro detalhe a ser trabalhado é o processo de deixar para trás o suicídio como uma possibilidade de alívio do desespero. Isso porque a maioria dos pacientes entende o ato de tirar a própria vida como uma escapatória para os problemas pelos quais está passando. É importante entender que a solução virá com o tempo, esperar esse período é crucial para a evolução do tratamento.

Conheça mais sobre essa abordagem na prática!

Se identificou com a Terapia Cognitiva Comportamental? Técnicas como essa são aplicadas por diversos profissionais, e se você quer experimentar na prática, pode encontrar o psicólogo que mais combina com você aqui na Vittude!

Leia mais sobre esse tema:

Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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