Existem vários tipos de violência doméstica. Elas são veladas e não acontecem isoladamente, além de apresentarem graves consequências para a integridade física e a saúde mental das mulheres.
Vítimas de violência doméstica demoram anos para se recuperarem. O trauma pode acompanhá-las por quase toda a vida, impedindo que desfrutem de vivências positivas, oportunidades profissionais e novos relacionamentos.
A autoimagem é igualmente prejudicada. A mulher que sofre violência doméstica deixa de ter carinho por si mesma. A vergonha e o ressentimento facilmente se transformam em autoaversão e ela passa a se punir por ter permanecido tanto tempo ao lado do agressor. Por essas e outras razões, é importante saber reconhecer as atitudes violentas do cônjuge abusivo.
A violência doméstica e os tipos de violência sofridos pelas mulheres em relacionamentos abusivos são ainda vistas com múltiplos estigmas. Quem está de fora cria dezenas de teorias para explicar o apego da vítima ao agressor e, como não consegue entender como ela pensa, chega a conclusões errôneas.
É assim que surgiram muitas crenças nocivas as quais muitas vezes diminuem a gravidade das agressões e colocam a mulher como culpada da violência que sofre.
Crenças tais como “mulher gosta é de apanhar” e “ninguém apanha de graça, algo ela fez” corroboram tanto para o silêncio das vítimas quanto para o aumento de confiança dos agressores.
A violência doméstica é uma questão muito complexa que não envolve somente a relação entre o agressor e a vítima. As mulheres agredidas têm várias preocupações que as levam a permanecer no relacionamento, como a segurança dos filhos e a dependência financeira.
A depressão e o estresse pós-traumático também contribuem para ausência de decisões da vítima. Após tantas agressões e manipulações, a autoestima dela está destruída e ela não consegue encontrar forças para terminar. Ela também pode desenvolver uma dependência doentia. Sendo assim, é impossível espectadores compreenderem a situação por completo.
A violência doméstica não se resume somente às agressões físicas. Uma atenção maior é concedida a essa forma de violência, tanto nos noticiários quanto nas conversas casuais, por ser mais explícita. Ela deixa marcas visíveis na pele e debilita o corpo, sendo fácil identificá-la.
Mas a verdade é que a violência doméstica toma diferentes formas. Aliás, apesar da agressão contra a mulher ser mais comum, homens também podem sofrer violência doméstica.
De acordo com o Instituto Maria da Penha, estão previstos cinco tipos de violência doméstica na Lei Maria da Penha.
Consiste nas seguintes agressões: espancamento, atirar objetos, empurrar, sacudir, estrangular, chutar, sufocar, fazer lesões com objetos cortantes, provocar queimaduras, torturar e atirar com arma de fogo.
Acontece de forma mais sutil, sendo de difícil identificação tanto para a vítima quanto para pessoas próximas. São as ameaças, perseguições, constrangimentos, humilhações, manipulações, chantagens emocionais, torturas e insultos. O agressor também pode isolar a vítima de familiares e amigos, chegando ao ponto de proibi-la de trabalhar e de sair de casa.
Caracterizada pelos seguintes tipos de violência: acusação de infidelidade, críticas constantes sobre o jeito de ser e o modo de vida, exposição da vida íntima, desvalorização da vítima por sua vestimenta, acusação de mentiras e emissão de juízo de moral sobre a conduta.
Muitas vítimas não conseguem discernir a violência sexual do ato sexual com consentimento. O matrimônio não concede consentimento ilimitado aos cônjuges. Quaisquer atos sexuais feitos contra a vontade de um dos parceiros são agressões sexuais graves, como o estupro. O agressor pode chantagear, subornar ou manipular a vítima para obrigá-la a fazer atos sexuais.
A violência patrimonial é uma das mais desconhecidas. Ela é constituída por controle financeiro, recusa a pagar pensão alimentícia, destruição ou retenção de documentos pessoais, estelionato, furto ou extorsão, privação de bens ou recursos econômicos e danos propositais aos pertences pessoais da vítima.
A psicóloga americana Lenore Walker estudou por muitos anos as manifestações de violência dentro das relações conjugais. Ela concluiu que a agressão contra a mulher segue um padrão o qual é constantemente repetido até que haja uma ruptura, ou seja, o término do relacionamento.
Walker deu o nome de “ciclo da violência” para as violências cometidas no contexto conjugal. Ele é dividido em três fases, conforme explanado abaixo:
Os intervalos entre as fases se encurtam com o passar do tempo. As agressões começam a acontecer fora da ordem uma vez que o agressor percebe que ganhou total controle sobre a vítima. Em alguns casos, as violências resultam em feminicídio.
É importante que as mulheres sejam capazes de reconhecer os tipos de violência presentes em cada fase do ciclo. Ao compreender o padrão de comportamento do agressor, a vítima reconquista a sua autonomia e consegue encontrar formas de quebrar o ciclo de agressões.
A vítima da violência doméstica tem dificuldade para encontrar uma saída do ciclo da violência. O seu julgamento da situação é normalmente influenciado pelos sentimentos residuais pelo agressor, a preocupação com outros fatores (filhos, condição financeira, segurança de familiares) e o medo.
Mesmo que a vítima esteja sofrendo dia após dia, ela tem dificuldade para se desvencilhar do agressor. Como é constantemente reconquistada por ele após uma série de agressões, fica confusa e chega a duvidar de si mesma. Afinal, será que o agressor não é tão ruim assim? Será que ela é o problema?
Esses questionamentos podem se multiplicar dependendo da personalidade, das crenças e da educação recebida ao longo da infância e adolescência. Mulheres ensinadas a se submeterem aos maridos independentemente das circunstâncias, por exemplo, tendem a criar mais justificativas para isentá-los da culpa.
Novamente, reforçamos que a violência doméstica não é uma questão simples. É por isso que as mulheres presas no ciclo de agressões precisam de ajuda para identificá-lo, quebrá-lo e reconstruírem as suas vidas longe dos agressores.
O trauma formado a partir dessa experiência pode tornar esse processo lento e doloroso. Portanto, o apoio de familiares, amigos e um psicólogo é essencial para a recuperação dessas mulheres. Separamos cinco dicas para ajudar nesse processo.
A vítima deve questionar a qualidade do seu relacionamento para não se deixar levar pelas manipulações do agressor e os seus próprios sentimentos. Esses, por sua vez, estão normalmente atrelados à uma versão do passado (quando a relação era agradável) ou idealizada do parceiro. Ela deve se questionar:
Para quebrar o ciclo da violência, a mulher deve pedir ajuda a pessoas próximas, instituições que auxiliam vítimas de violência doméstica e autoridades. Se estiver preocupada com a sua segurança, não fique em silêncio e busque ajuda.
A vítima deve buscar um local seguro para se afastar do cônjuge e conseguir, aos poucos, se recuperar dos tipos de violência sofridos. Ela pode ficar na casa de um parente ou amigo de confiança, seja na sua cidade ou em outro lugar, ou buscar abrigo em instituições.
Fazer terapia é imprescindível para curar os traumas causados pelo relacionamento doentio. Uma das maneiras que o acompanhamento psicológico ajuda a vítima, cuja autoestima e autoimagem estão prejudicadas, é no fortalecimento do amor-próprio. Dessa forma, ela consegue se desligar das lembranças negativas do relacionamento e das mágoas causadas pelo cônjuge e, gradualmente, seguir com a sua vida.
Quem passou por eventos extremamente estressantes deseja se livrar das memórias dos mesmos o mais rápido possível, mas, infelizmente, não é assim que acontece na prática. É preciso dar tempo ao tempo para se recuperar de uma experiência traumática. Com a terapia, um esforço grandioso é feito dia após dia, mesmo que, no momento, as conquistas da vítima não pareçam tão importantes.
A Vittude espera que esse artigo tenha ajudado você a compreender os tipos de violência doméstica sofridos por milhares de mulheres ao redor do país e do mundo.
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O CERTO ESTA NA MUDANCA DA MENTALIDADE NA MANEIRA DE PENSAR SOBRE A SUPERIORIDADE DO HOMEM E A INFERIRIDAE DA MULHER.