TPH: Transtorno de Personalidade Histriônica

O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) corresponde a um grupo de condições chamado “transtornos dramáticos ou erráticos”, conforme a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V). O próprio termo “histriônico”, do latim histrionicus, significa “dramático” ou “teatral”. Ele está na mesma categoria que o Transtorno de Personalidade Narcisista, Borderline e Antissocial. 

As pessoas com TPH normalmente não acreditam precisar de terapia. Embora sofram em decorrência das suas próprias ações e processo de tomada de decisão, elas não conseguem enxergar os seus comportamentos como patológicos. 

Deste modo, precisam de um “empurrãozinho” para buscar ajuda psicológica e levar uma vida mais sadia e satisfatória. 

O que é Transtorno de Personalidade Histriônica?

O transtorno de personalidade histriônica, conforme o DSM V, é caracterizado por emocionalidade excessiva e busca por atenção. Semelhante ao transtorno de personalidade borderline, as pessoas com esta condição são demasiadamente apegadas às outras e se sentem vulneráveis diante da rejeição e indiferença

A autoestima das pessoas com TPH depende da aprovação alheia, por isso, fazem de tudo para serem notadas e receberem elogios. Sendo assim, são altamente sugestionáveis. Não raro agem de modo submisso ou se colocam em posições desagradáveis para conseguir a aprovação das pessoas.  

Outra característica acentuada deste transtorno é um comportamento extrovertido e dramático. A pessoa com TPH se porta com exuberância e desgosta quando os seus esforços não recebem o reconhecimento desejado. 

Esta conduta exuberante envolve uma série de atitudes excêntricas e inadequadas, as quais às vezes podem ir contra as normas de conduta da sociedade. Por exemplo, usar a aparência física para agir de modo exageradamente sedutor com a intenção de chamar a atenção de terceiros.  

Esta condição é diagnosticada com mais frequência em mulheres, de acordo com dados do DSM V. Porém, a prevalência não é alta, atingindo menos de 2% da população. Ele comumente aparece ao mesmo tempo que outros transtornos de personalidade. 

Quais os sintomas do TPH?

Os primeiros sintomas costumam a aparecer no início da vida adulta. Para ser considerado transtorno de personalidade histriônica, a pessoa precisa manifestar, pelo menos, cinco ou mais dos seguintes sintomas:

  • Desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções;
  • Comportamento excessivamente sedutor ou sensual;
  • Mudança rápida de conduta;
  • Superficialidade na expressão das emoções;
  • Descontrole emocional; 
  • Uso da aparência física para conseguir atenção;
  • Se expressar e se portar de modo dramático;
  • Facilmente influenciado pelos outros, pelas tendências da moda e pelas situações;
  • Ansiedade;
  • Percepção que os relacionamentos são mais íntimos do que a realidade; 
  • Uso de roupas inadequadas para determinados ambientes, como o trabalho;
  • Múltiplos parceiros sexuais ou interesses românticos;
  • Opiniões fortes, mas com poucos fatos para apoiá-las;
  • Mudança de estilo de vida, emprego, amizades e relacionamento em razão do tédio; 
  • Confiança cega em outros indivíduos, especialmente os que conhece superficialmente;
  • Se colocar na posição de vítima com frequência para despertar simpatia;
  • Carência afetiva

As pessoas com TPH não costumam ter ciência de todos os seus comportamentos. Assim, não entendem por que as suas ações ou palavras não trazem o resultado esperado e se frustram. 

Pessoas que suspeitam ter os sintomas mencionados anteriormente devem procurar um psicólogo. O diagnóstico pode não ser transtorno de personalidade histriônico, mas, sim, carência afetiva ou falta de autoestima. Para ter certeza e cessar o sofrimento emocional, contudo, é preciso consultar um profissional. 

Como o TPH afeta a vida das pessoas?

A maioria das pessoas com esta condição consegue levar uma vida profissional e social tranquila, apesar de, às vezes, terem relacionamentos afetivos turbulentos. 

Como os cônjuges não compreendem o porquê de a pessoa necessitar de tanta atenção ou se comportar de modo esdrúxulo, podem facilmente perder a paciência e terminar o relacionamento.

TPH: Transtorno de Personalidade Histriônica

Outra preocupação quando os sintomas são acentuados é que algumas pessoas podem se colocar propositalmente em situações de risco por necessitarem da aprovação de indivíduos recém-conhecidos. Mesmo não sabendo das intenções e do caráter deles, elas se dispõem a conceder pedidos e a se anular para receber o reconhecimento desejado. 

Para a pessoa com TPH, a qualidade e o tipo da atenção recebida não são fatores importantes. Contanto que receba aprovação alheia para suprir as suas necessidades emocionais, ela aceita ser maltratada até certo ponto.

A forma como indivíduos com esta condição reagem às frustrações e fracassos também costuma ser fonte de desgaste emocional. Como não conseguem controlar as suas emoções adequadamente, eles tendem a sofrer mais quando são rejeitados ou quando não têm os seus desejos atendidos.  

Quais as causas do Transtorno de Personalidade Histriônica?

Assim como outros transtornos de personalidade, a causa exata do transtorno de personalidade histriônica é desconhecida. A suscetibilidade genética e os fatores ambientais, contudo, parecem influenciar o surgimento do TPH na vida adulta. 

Crianças que não têm seus comportamentos inadequados corrigidos, mas, sim, reforçados positivamente através de palavras e gratificação têm mais probabilidade de desenvolver este transtorno no futuro. 

Do mesmo modo, crianças que não recebem atenção linear dos pais aprendem que precisam ter certas atitudes para ganhar aprovação. Se não são ensinadas a não esperar reconhecimento para se sentirem bem consigo mesmas, é provável que carreguem essa crença consigo por grande parte da vida.  

A maneira como as pessoas lidam com o estresse e as emoções enquanto crescem também influencia no aparecimento de transtornos de personalidade. Todavia, profissionais da saúde mental não conseguem pontuar comportamentos comuns a todos os pacientes já que cada pessoa tem a sua própria história. 

Fatores de risco

Indivíduos com outros transtornos de personalidade, como, por exemplo, transtorno de personalidade antissocial, borderline ou narcisista, têm mais chance de ter TPH. Outros transtornos que podem coexistir com o TPH são a depressão, distimia, transtorno de sintoma somático e transtorno de conversão.

Essa característica do transtorno de personalidade histriônica levanta dúvidas em pesquisadores e profissionais sobre se o transtorno de personalidade histriônico é, de fato, um transtorno separado ou integra essas condições.

Como é feito o diagnóstico do Transtorno de Personalidade Histriônica?

O diagnóstico desta condição é feito através da identificação de, pelo menos, cinco sintomas e do surgimento no início da vida adulta. Acima de tudo, o indivíduo deve apresentar um padrão generalizado de excessiva emocionalidade. 

É necessário, ainda, fazer uma avaliação para distinguir o TPH de outros transtornos de personalidade. Por exemplo, indivíduos com transtorno de personalidade narcisista também buscam atenção, porém, eles precisam se sentir enaltecidos e admirados. Já os indivíduos com TPH não fazem distinção do tipo ou da qualidade da atenção recebida. 

Já indivíduos com transtorno de personalidade borderline, se consideram maus e sentem emoções de modo intenso. Os indivíduos com TPH não se veem como pessoas más, embora dependam da aceitação de terceiros para formar uma opinião sobre si mesmos. 

Por fim, pacientes com transtorno de personalidade dependente, como aqueles que possuem TPH, tentam criar laços afetivos com outras pessoas ou participar de momentos sociais. Porém, diferente de quem possui TPH, eles são inibidos e receosos.

A avaliação psicológica é indispensável, ainda, para identificar se uma pessoa possui somente alguns traços deste transtorno de personalidade ou se, de fato, é portadora desta condição. 

Formas de tratamento para TPH

Como dito, na maioria das ocasiões, os indivíduos com este transtorno não acreditam que precisam de terapia. Assim, normalmente é preciso que pessoas próximas façam essa sugestão. Elas costumam procurar atendimento psicológico por conta própria quando têm sintomas de outros transtornos, como depressão e ansiedade.

O tratamento deste transtorno é semelhante aos de outros transtornos de personalidade. Em outras palavras, é feito através da psicoterapia e, quando necessário, da ingestão de medicamentos psiquiátricos.

Psicoterapia

O objetivo da psicoterapia é, sobretudo, ajudar o indivíduo a descobrir as motivações e os medos que impulsionam os seus pensamentos e comportamentos. Ele pode ser alcançado através da terapia individual, onde o paciente engaja em técnicas de modificação de condutas e crenças disfuncionais. 

TPH: Transtorno de Personalidade Histriônica

A pessoa com TPH costuma cultivar as seguintes crenças:

  • “Para ser feliz, preciso da atenção dos outros”;
  • “Não sou nada se não impressionar as pessoas”;
  • “Se não gostam de mim, eles não prestam”;
  • “Eu preciso ser o centro das atenções”;
  • “Sentimentos são mais importantes que a razão”; 
  • “Sou excitante e irreverente”.

Na terapia, o paciente aprende que as crenças que possui estão associadas aos seus comportamentos causadores de sofrimento. Dessa maneira, ele consegue trabalhar para substitui-las por crenças positivas, centradas na realidade e em si mesmo. Consequentemente, o seu jeito de agir também se modifica. 

Esse processo não é simples tampouco é rápido. As consultas com o psicólogo podem se prolongar por até um ano ou mais até que a pessoa consiga, de fato, modificar um único pensamento ou conduta. 

A personalidade e a disposição do paciente são fatores que influenciam o avanço do tratamento. Sendo assim, é impossível estimar quantas sessões de terapia são necessárias sem uma avaliação do paciente. 

Medicamentos psiquiátricos

Quando os sintomas causam muito sofrimento ou o indivíduo com TPH possui outros transtornos mentais, o uso de medicamentos psiquiátricos para aliviar o incômodo emocional pode ser necessário. A necessidade de incorporá-los ao tratamento é identificada pelo psicólogo, que faz o encaminhamento para um psiquiatra, ou pelo próprio médico psiquiatra. 

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta