O transtorno de conduta afeta, principalmente, crianças e adolescentes. Ele é caracterizado por padrões recorrentes de comportamento que violam os direitos de outras pessoas. Esses, por sua vez, se manifestam em graus variados. Cerca de 10% das crianças apresentam essa condição.
Quando é identificado na infância, os resultados do tratamento costumam ser melhores. Entretanto, devido às particularidades desta condição, nem sempre é possível amenizar os sintomas somente com a psicoterapia.
O transtorno de conduta é uma das condições psiquiátricas mais comuns na infância e na adolescência. Ele consiste em comportamentos inadequados e que causam desconforto no ambiente familiar e escolar, além dos círculos sociais frequentados pela criança ou adolescente.
A criança age de modo egoísta e violento. Ela não demonstra sentir remorso ou constrangimento por suas atitudes inconvenientes, além de não se importar em ferir os sentimentos de outras pessoas. Logo, seus comportamentos causam um impacto emocional e psicológico maior em quem é alvo deles do que em si mesma.
Durante a adolescência, essas condutas impróprias podem resultar em problemas com a lei. O adolescente pode furtar, agredir, ameaçar, causar incêndios, arrombar ou destruir propriedades alheias, fugir de casa e apresentar outros comportamentos considerados socialmente inadequados.
Em ambos os casos, não há indícios de aprendizado com as consequências de suas ações negativas. Mesmo quando essas são muito desagradáveis, a criança ou o adolescente não demonstra ter aprendido nada com a experiência.
Para os pais e outros familiares, a aparente falta de empatia é preocupante. Não é comum não apresentar remorso, principalmente quando se faz algo ruim intencionalmente.
Não raro os responsáveis pela criança ou pelo adolescente temem ficar perto deles, pois não sabem o que motiva esses comportamentos inadequados.
Para o comportamento da criança ser considerado resultado de uma condição psiquiátrica, os sintomas do transtorno de conduta infantil devem perdurar por, pelo menos, seis meses. Os principais indicativos são:
Já nos adolescentes, como eles possuem mais liberdade de circulação, os seus comportamentos inadequados tendem a ser mais impactantes. Além disso, costumam afetar outras pessoas, como vizinhos, familiares de amigos, professores e outras figuras de autoridade para esta faixa etária.
Os principais indícios de transtorno de conduta durante a adolescência são:
O transtorno de conduta possui dois subtipos, os quais possuem como base a idade de surgimento do mesmo. A psiquiatria faz esta classificação como: Tipo com início na infância e Tipo com início na adolescência. Ambos têm três níveis de intensidade – leve, moderado e grave – os quais se caracterizam da seguinte maneira:
Quando os pais da criança ou do adolescente vão até o especialista, médico psiquiatra ou psicólogo, é feito uma estimativa de início do transtorno. Geralmente, a primeira manifestação acontece cerca de dois anos ou mais antes.
Essa discrepância é identificada porque os pais tendem a demorar para levar os filhos até o especialista para fazer a investigação de seu comportamento. Eles podem negar as suas preocupações, ter medo do diagnóstico oficial, não considerar a possibilidade da existência de uma condição psiquiátrica, entre outras razões.
Um dos critérios para o transtorno de conduta infantil é o surgimento antes dos 10 anos de idade. A criança frequentemente desafia os pais, irmãos, familiares, colegas, professores e outros adultos.
Duas condições podem surgir ao mesmo tempo que o transtorno de conduta, sendo elas o Transtorno Desafiador Opositivo ou o Transtorno Hipercinético de Conduta.
A primeira condição diz respeito às atitudes desafiadoras contra figuras de autoridade, como discutir com adultos, ser cruel e vingativo, importunar outras pessoas e culpar terceiros por seus próprios erros. Quando acontece concomitantemente com o transtorno de conduta, a criança viola os direitos de terceiros repetidas vezes.
Já o transtorno hipercinético de conduta apresenta três sintomas principais: hiperatividade, desatenção e impulsividade. Ele, na verdade, é um subtipo do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) com características mais severas. As sequelas dessa condição também tendem a ser mais graves.
Por fim, a criança com esse transtorno tem dificuldade nos três eixos, ou seja, ela é hiperativa, desatenta e impulsiva obrigatoriamente. Já no TDAH, os critérios de diagnóstico têm como base a anormalidade somente em um ou dois eixos.
Os meninos costumam ser os mais afetados, mas, de acordo com o DSM V, a diferença entre gêneros diminui após a puberdade.
Diferente do transtorno com início na infância, adolescentes com esse subtipo têm menor propensão a comportamentos agressivos. Eles conseguem formar vínculos afetivos mais facilmente e, ainda, não engajam em atividades criminosas com tanta facilidade.
Quando o transtorno de conduta é identificado na infância, ele tem mais chance de se transformar em um transtorno de personalidade antissocial na vida adulta. O cenário é o contrário quando o diagnóstico ocorre na adolescência. O indivíduo consegue ter empatia, se relacionar e levar um modo de vida praticamente normal.
A incidência deste subtipo é quase a mesma entre homens e mulheres.
Conforme explanado anteriormente, os comportamentos antissociais tendem a prevalecer em casos de diagnóstico de transtorno de conduta na infância. Se as condutas inapropriadas e cruéis continuarem após os 18 anos, os critérios para o diagnóstico do Transtorno de Personalidade Antissocial são automaticamente preenchidos.
Todavia, isso não significa que toda criança com transtorno de conduta desenvolverá uma personalidade antissocial. O acompanhamento psicológico e médico é necessário para que sinais do encaminhamento para essa realidade sejam identificados precocemente.
De acordo com o DSM V, existem 15 tipos de condutas antissociais. Para que seja feito o diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial, o indivíduo deve apresentar três das 15 condutas nos últimos 12 meses e uma conduta persistente nos últimos seis meses.
Alguns desses comportamentos antissociais incluem ameaça ou intimidação, perseguição, roubo, assalto com confronto com a vítima, lutas corporais, utilização de armas para ferir os outros, crueldade com pessoas e animais, manipulação, destruição de propriedade, entre outros.
Além dos sintomas mencionados anteriormente, o indivíduo com transtorno de conduta tende a interpretar as intenções ou as ações de outras pessoas como mais hostis e ameaçadoras do que realmente são.
Ele, ainda, possui dificuldade para tolerar frustrações, tem baixo autocontrole, é irritável e desconfia das intenções de quem está perto. Aliando essas características da personalidade do indivíduo aos sintomas deste transtorno, fica mais fácil chegar a um diagnóstico com exatidão.
Outro fator que serve de apoio para o diagnóstico certeiro é a ideação suicida. Indivíduos com essa condição psiquiátrica têm mais chance de tentarem cometer suicídio ou de tirarem a própria vida.
O tratamento para o transtorno de conduta é feito com a psicoterapia e a ingestão de medicamentos psiquiátricos, receitados pelo médico psiquiatra. Tanto a terapia individual quanto a terapia familiar podem ajudar nesse caso.
O acompanhamento junto a um psicólogo pode melhorar a autoestima e o autocontrole da criança ou do adolescente, além de possibilitar a mudança comportamental.
O psicólogo auxilia os pacientes com esse transtorno a controlarem as suas emoções, racionalizarem as suas percepções negativas e compreenderem a necessidade de combater atos impulsivos para o seu próprio bem e o das pessoas a sua volta.
Casos graves, contudo, devem ser transferidos para hospitais psiquiátricos, onde os indivíduos também farão acompanhamento psicológico. O afastamento do ambiente onde vivem é necessário para prevenir ações cruéis ou criminosas, bem como para trabalhar a impulsividade.
O recomendado para pais e cuidadores é sempre buscar um psicólogo ou médico psiquiatra em face de condutas altamente inapropriadas. Se a criança ou o adolescente não demonstrar remorso por suas ações, a urgência de um diagnóstico precoce é ainda maior.
Achou este artigo interessante? Então, compartilhe-o com amigos e com quem você acredita que pode se beneficiar com essa informação. para mais informações, confira o blog da Vittude!
Aprender como lidar com a tristeza é fundamental para construir uma vida mais saudável e…
Entenda o que é a motivação e quais fatores internos e externos influenciam essa força…
Os exercícios de mindfulness são uma ótima estratégia para encontrar um pouco de paz, silêncio…
Entenda como saúde mental e qualidade de se relacionam e confira hábitos que você deve…
Entenda quais são os efeitos colaterais que podem ser causados por medicamentos psiquiátricos e tire…
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior prevalência…