Transtorno Explosivo Intermitente: causas e tratamentos dos ataques

O transtorno explosivo intermitente (TEI), como o próprio nome indica, é um transtorno psicológico que acarreta comportamentos agressivos recorrentes. 

Você provavelmente já encontrou diversas pessoas com “pavio curto” ao longo da sua vida. Elas parecem gostar de briga devido à quantidade de conflitos que causam por onde passam. Uma conduta demasiadamente irritável, no entanto, é um indicativo de um descontrole emocional extremo, especialmente em relação à raiva. 

O que é Transtorno Explosivo Intermitente?

O TEI é caracterizado pela incapacidade de administrar impulsos raivosos. Indivíduos com essa condição têm comportamentos agressivos e explosões de raiva desproporcionais às situações. A fúria é tão intensa que eles perdem o controle sobre si mesmos, permitindo que esse sentimento os ceguem para a realidade. 

Também fazem interpretações equivocadas dos acontecimentos em razão da raiva. Por isso, parecem estar sempre brigando com alguém ou irritados com uma situação. São vistos como “pessoas difíceis” nos ambientes que frequentam. 

Esses indivíduos gritam, xingam, quebram objetos, ferem animais e podem partir para a agressão física dependendo da situação. Quando a raiva desaparece, é comum sentirem arrependimento, vergonha ou culpa por suas ações. 

Este transtorno tende a aparecer com as mudanças da adolescência, geralmente após os 16 anos, e se consolidar na vida adulta. Entretanto, os primeiros sintomas também podem aparecer mais tarde, entre os 25 e 35 anos. Além disso, é uma condição mais recorrente em homens. 

O TEI costuma aparecer concomitantemente a outros transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar e ansiedade. Do mesmo modo, o uso prolongado de substâncias também desencadeia esta condição.

TEI em crianças

As crianças também podem manifestar sintomas de TEI ou de outros transtornos que causam irritabilidade e comportamentos impulsivos.

Os pais devem ficar atentos para os comportamentos agressivos dos filhos. É normal que as crianças resolvam conflitos com atitudes violentas por não terem um bom controle emocional. Deste modo, cabe aos pais ensinar maneiras mais eficientes de solucionar problemas a eles.

A criança que demonstra estar sempre irritada e parece ser incapaz de aprender a resolver conflitos de outras formas, deve ser levada a um psicólogo ou psicóloga. O profissional fará uma avaliação do estado emocional dela, identificando, assim, a presença de elementos patológicos.

Como o TEI é mais comum em idades avançadas, é provável que os desajustes comportamentais da criança estejam ligados a outras condições psicológicas, como hiperatividade e transtorno de conduta

Sintomas do transtorno explosivo intermitente

Para uma pessoa ser diagnosticada com TEI, as suas condutas e sentimentos precisam corresponder a uma série de critérios. A frequência e a intensidade dos ataques de fúria são fatores observados pelo profissional de saúde. 

Essa avaliação é necessária para determinar se o comportamento da pessoa raivosa é, de fato, patológico. Alguns indivíduos ficam com raiva mais facilmente que outros, e isso não significa que tenham transtorno explosivo intermitente. 

O DSM V classifica as manifestações de raiva em duas categorias. As consideradas “leves” são ameaças, xingamentos, ofensas, gestos obscenos, ataques com objetos e agressões sem lesão corporal. Elas devem ocorrer, pelo menos, duas vezes na semana em um período de três meses. 

Já as chamadas de “graves” incluem destruição de propriedade e ataques físicos com lesões corporais severas. Estas manifestações de fúria devem acontecer, pelo menos, três vezes ao longo de um ano. 

Em ambos os casos, grande parte dos acessos de raiva devem ser motivados por questões superficiais e ocorrências do cotidiano. 

Normalmente, as pessoas ficam furiosas quando são provocadas ou injustiçadas. Mesmo que a raiva não seja uma resposta adequada para resolver a situação, a sua manifestação é, no mínimo, compreensível. Já as reações extremamente raivosas da pessoa com TEI raramente são justificáveis. 

O transtorno explosivo intermitente também apresenta os seguintes sintomas:

  • Comportamento reativo;
  • Ataques de raiva;
  • Agressões físicas e verbais;
  • Irritabilidade e impaciência;
  • Reações descontroladas que causam a destruição de objetos; 
  • Aumento dos batimentos cardíacos;
  • Impulsividade;
  • Tensão muscular;
  • Descontrole emocional;
  • Enxaqueca;
  • Sudorese;
  • Tremores pelo corpo;
  • Sentimento de culpa, vergonha ou arrependimento após o ataque de raiva.

Causas do transtorno explosivo intermitente

Por se tratar de uma condição psicológica, o transtorno explosivo intermitente de personalidade possui várias causas. 

Fatores genéticos

Acredita-se que a principal causa do TEI seja o componente genético. Ele é transmitido de pais para filhos, especialmente em famílias com casos de outros transtornos, como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e ansiedade generalizada

Fatores ambientais

Foi identificado que a maioria das pessoas diagnosticadas com este transtorno cresceram em famílias ou frequentaram ambientes onde o comportamento agressivo era visto como normal. 

O contato recorrente com ações violentas faz com que alguns indivíduos internalizem essas atitudes como comuns. Dessa forma, na adolescência e na vida adulta, repetem as mesmas ações presenciadas na infância. 

Transtorno Explosivo Intermitente: causas e tratamentos dos ataques

Quando a violência acontece frequentemente nos primeiros três anos de vida, a probabilidade de o indivíduo ter comportamentos violentos no futuro é maior. 

Fatores biológicos

Disfunções na produção de serotonina, o hormônio da felicidade que possui ligação direta com a depressão, também podem desencadear essa condição. 

Os riscos da agressividade descontrolada na vida cotidiana

Pessoas com TEI podem ter mais problemas com a lei devido às suas posturas inconsequentes. Como se envolvem em brigas físicas mais frequentemente, também podem sofrer processos das pessoas atacadas. 

Conflitos no ambiente profissional e familiar também ocorrem com maior constância e são resolvidos com agressões físicas ou verbais, gerando novos atritos. Sendo assim, a pessoa com TEI pode ser isolada socialmente, deixando de participar de círculos e conviver em ambientes sociais por não conseguir controlar o seu temperamento. 

Quando ela se acalma e percebe o que causou, se sente culpada e tenta reparar as suas relações. Mas nem sempre as suas desculpas são aceitas. Assim, vive com arrependimento e culpa por ter agido de maneira tão inapropriada. 

Apesar do mal-estar emocional ser comum após cada acesso de raiva, a pessoa com TEI não consegue se desapegar de comportamentos violentos. Para elas, eles transparecem naturalmente, como se estivesse agindo no piloto automático. 

Em outras palavras, conviver com o transtorno explosivo intermitente é desconfortável e causa sofrimento em diversas esferas da vida da pessoa irritável. Por essas razões, é essencial procurar ajuda profissional e iniciar um tratamento. 

O transtorno explosivo intermitente tem cura?

O transtorno explosivo intermitente tem tratamento. O indivíduo com TEI deve fazer acompanhamento com um psicólogo para aprender a controlar as suas emoções e expressar a raiva de modo saudável. Até o momento, contudo, não há uma cura definitiva. 

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem psicológica eficiente no tratamento desta condição. Através dela, o paciente aprende a substituir condutas nocivas à sua saúde mental e a das pessoas à sua volta por condutas saudáveis.  

A terapia familiar também pode ajudar pacientes com esta condição. Os laços familiares costumam se abalar com os constantes conflitos e discussões, por isso, a sua reparação pode ser necessária. A terapia em família promove a resolução pacífica de desentendimentos e o estreitamento de laços. 

Em alguns casos, a terapia em grupo é uma opção para ajudar o paciente a controlar o seu temperamento. Pessoas com o mesmo transtorno se reúnem para compartilhar experiências e passar pelo tratamento em conjunto nesta modalidade terapêutica. 

Por fim, o tratamento também pode ocorrer com o auxílio de medicamentos psiquiátricos, prescritos pelo médico psiquiatra, para suavizar a intensidade dos sintomas. A necessidade da ingestão desses fármacos será definida ao longo do tratamento. 

Se outros transtornos mentais forem identificados no momento do diagnóstico ou no decorrer das consultas com o psicólogo, a terapia também incluíra o tratamento para essas condições.

Como identificar se eu tenho transtorno explosivo intermitente de personalidade?

Você é uma pessoa muito raivosa? Fica irritado ou impaciente com facilidade, independentemente da situação? Como dito, nem sempre uma pessoa com propensão à irritação possui sintomas do transtorno explosivo intermitente. 

Mas, se você acredita que os seus acessos de raiva são incomuns, vale a penar refletir sobre o seu comportamento. Esta autoavaliação pode demonstrar que você pode aprimorar o seu jeito de ser e de pensar para viver com leveza. Além disso, pode incentivá-lo a fazer terapia.

Transtorno Explosivo Intermitente: causas e tratamentos dos ataques

Abaixo, veja algumas perguntas que você pode fazer para identificar se o seu nível de raiva é ou não nocivo à sua saúde. 

1. Você explode pelo menos duas vezes durante a semana?

Os seus ataques de raiva são frequentes? Se ocorrerem, pelo menos, duas vezes por semana, é provável que você esteja sofrendo com sintomas de TEI ou outra condição psicológica. 

2. Você explode por motivos superficiais?

Por quais razões você fica irritado? São motivos superficiais, como discussões que poderiam ser facilmente resolvidas com diálogo ou o tempo de espera em fila de estabelecimentos?

Uma das características do TEI é a falta de premeditação dos comportamentos agressivos. A pessoa não explode com um objetivo inicial em mente (causar desconforto, intimidar terceiros, receber uma recompensa). É por isso que ela sente remorso depois da explosão de raiva. 

3. Você costuma xingar descontroladamente e arremessar objetos durante momentos de raiva?

Você fica tão cego de raiva que dirige xingamentos à outra pessoa sem pensar nas consequências, mesmo que seja alguém próximo, ou arremessa objetos pelo cômodo para extravasar sentimentos negativos? O TEI cega as pessoas, promovendo atitudes inesperadas até mesmo para elas. 

Se você respondeu positivamente e com detalhes as perguntas acima, procure um psicólogo ou psicóloga para fazer uma avaliação. É só preencher o formulário abaixo e dar o primeiro passo!

Este artigo lhe ajudou? Não esqueça de compartilhá-lo com amigos, familiares e pessoas que você acredita que podem se beneficiar com a sua leitura! 

Para mais conteúdos como este, acompanhe o blog da Vittude!

Autor

Tatiana Pimenta

ver outros conteúdos

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta