Carência afetiva: como afastar esse sentimento

A maioria de nós já sentiu uma certa carência afetiva em nossos relacionamentos. Até certo ponto esse é um sentimento normal, mas pode ser um período relativamente desafiador em nossa vida. Todos ansiamos por ser compreendidos, apoiados, amados e aceitos. E tudo bem se sentir assim de vez em quando.

No entanto, ser excessivamente carente – muito exigente, pegajoso, irritante, frágil – pode significar não apenas um desastre para o relacionamento, como também ser o sintoma de uma disfunção psicológica séria.

Ser uma pessoa saudável significa ser capaz de tolerar a solidão e saber administrar seu vazio. É assim que os relacionamentos saudáveis ​​prosperam e crescem. Nossa capacidade de expressar nossas necessidades e sermos independentes dentro de um relacionamento têm muito a ver com nossa personalidade e estilo de apego.

Como a carência afetiva se manifesta?

Normalmente, a carência afetiva pode ser manifestar de forma saudável ou segura, ou com ansiedade e disfunção. Entenda melhor cada situação.

Carência afetiva manifestada com segurança

As pessoas seguras, mesmo que se sintam carentes em algum momento, costumam ser carinhosas e amorosas. Isso porque, provavelmente, sempre tiveram pais amorosos e receptivos. Geralmente, ao passar por momentos difíceis, essas pessoas sempre buscam a melhor maneira de superar o desafio.

Carência afetiva manifestada com ansiedade

Esse é o caso em que, ao passar por uma situação de carência afetiva, ela se manifesta com extrema necessidade. Geralmente, essas pessoas minimizam ou negam as necessidades do parceiro ou parceira. Elas enxergam o outro como uma forma de preencherem o próprio vazio emocional e muitas vezes agem de forma manipuladora.

Para o parceiro de uma pessoa com carência afetiva disfuncional, o relacionamento acaba se tornando um peso. Normalmente ficam desgastados, sobrecarregados e muitas vezes acabam sendo anulados.

As pessoas com carência afetiva, principalmente aquelas que são manipuladoras, anulam as vontades e desejos dos seus pares, minam a autoestima para que sejam constantemente estimuladas e tenham o seu vazio preenchido.

Não importa o que o parceiro faça: a fome de emoções e atenção são insaciáveis e exaustivas.

Como superar a carência afetiva

Se você se reconheceu como uma pessoa que possui uma carência afetiva disfuncional e prejudicial, saiba que é possível superá-la. A seguir, listamos algumas dicas que podem lhe ajudar.

Mas não esqueça: apenas um psicólogo pode dar um diagnóstico e lhe fornecer as orientações adequadas. Essas dicas são apenas para amenizar o problema.


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1. Reconheça o problema

Adquirir consciência do problema é o primeiro passo para superá-lo. Tornar-se consciente e iniciar o processo de entendimento sobre como você se relaciona com os outros é crucial. Também ajuda a reconhecer como sua ansiedade ocorre e lhe afeta.

Comece a se perguntar coisas do tipo: Como você se relaciona com as pessoas? O que você gostaria de mudar? Como você gostaria de agir?

Responder essas perguntas ajudará você a reconhecer padrões de relacionamento que não são saudáveis.

2. Encare o seu problema sem culpa

Todos nós sempre teremos problemas e desafios a enfrentar. A vida não é preto no branco, ela é cheia de tons, incertezas e perguntas sem resposta. E isso não é necessariamente ruim, já que pode ser o catalizador da mudança.

Por isso, diante de atitudes que reprovamos em nós mesmos, a melhor coisa que podemos fazer é encará-las com maturidade emocional. Se você ceder à ansiedade e ao sentimento de culpa toda vez que descobrir um aspecto negativo sobre você, apenas irá despertar um processo longo e sofrido.

Pode até mesmo apelar para atitudes compulsivas (compras, uso de substâncias como drogas e álcool e outras condutas autodestrutivas). Além de não resolver, isso irá reforçar o problema, levando-o novamente à compulsão, gerando um círculo vicioso autodestrutivo.

3. Não sufoque o outro

Não importa o quão próximo você esteja de outra pessoa, não é saudável gastar todo o seu tempo com ela. Eles se sentirão sobrecarregados e começarão a fazer coisas que os afastem do relacionamento.

Se é difícil para você tolerar ficar sozinho, inevitavelmente sabotará seu relacionamento. Por isso, mesmo que tenha dificuldade, faça um pouco de esforço para aprender a estar bem só com você mesmo, e logo verá como isso traz grandes benefícios e satisfação.

4. Concentre esforços para se transformar

Melhore sua autoestima. Se você demonstra sinais claros de carência afetiva, provavelmente tem graves problemas com a autoestima. Comece a fazer as coisas sozinho, aprenda a gostar da própria companhia.

Participe de atividades que sejam saudáveis ​​para você e aprenda a se sentir mais seguro e confiante. Lembre-se: uma pessoa pode aumentar sua estima e fazer você se sentir bem de vez em quando, mas este não é o trabalho dela.

É nossa responsabilidade fazer isso por nós mesmos. Outra pessoa não pode ser sua única fonte de felicidade. É muita pressão para colocar no outro.

5. Aprenda a confiar

A carência é frequentemente associada a não confiar nos outros e, muitas vezes, ao medo do abandono. Se você começa a duvidar dos sentimentos de alguém por você ou tem medo de ser abandonado, começará a pôr para funcionar todos mecanismos de carência afetiva.

Você se sente abandonado? Você tem medo de que seu parceiro ou parceira não esteja presente e lhe dando a devida atenção? Quando está mal constantemente, procura por outras pessoas para fazer você se sentir bem consigo mesmo, sempre olhando para fora do ‘eu’?

Isto, por si só, já demonstra um grande problema de falta de confiança em si mesmo. Quando dizemos “aprenda a confiar”, deve-se não apenas a aprender a confiar no parceiro, mas também desenvolver a autoconfiança. Essa é uma via de mão dupla.

A carência afetiva irá se encerrar quando parar de depender dos outros e buscar satisfação externamente para, enfim, cultivar o amor-próprio. Pergunte-se: o que preciso fazer para me tornar mais autoconfiante e independente? Que mudanças preciso promover para me levar a um lugar melhor e mais saudável?

Como vimos, a carência afetiva pode prejudicar muito nossa saúde mental e nossos relacionamentos. É um assunto sério e precisa ser tratado como tal. Caso você tenha reconhecido alguns dos sintomas que descrevemos, procure um psicólogo. Apenas ele será capaz de identificar a carência afetiva e ministrar o tratamento correto.

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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Danilo Marcos
3 anos atrás

Você diz para não sentir culpa, porém fica muito dificil quando vc categoriza todos que são carentes afetivamente como manipuladores. Esse adjetivo é forte e por si só tem uma conotação péssima que diz respeito a personalidades perversas. Uma grande ajuda se o intuito é piorar o estado da pessoa. Ser carente afetivo não é sinônimo de ser manipulador. Além disso vc coloca a carência afetiva como um distúrbio. Que eu saiba, não consta no dsm. Carência é um sentimento advindo de transtornos como a depressão ou transtorno de personalidade borderline, ou mesmo caracteristica pessoal moldavel do indivíduo. Mas não… Read more »

Last edited 3 anos atrás by Danilo Marcos
Deborah Faria
3 anos atrás

ME SINTO EXATAMENTE ASSIM.

Last edited 3 anos atrás by Deborah Faria
João Almeida
3 anos atrás

Eu estava na duvida se oque eu tinha era carência afetiva, ocorreu que eu me dei conta de uma determinada situação. Criei a tola ideologia que uma parceira iria suprir todos as minhas dores emocionais, que eu poderia me abrir com ela sobre todas as minhas dores. Eu tenho todos os sintomas descritos acima, nunca me senti tão mal assim em muito tempo. Oque me causa maior tristeza é Enquanto permanecemos na jornada da negação, estes problemas só iram aumentar e certos fardos jamais ficaram leves. Mas……Pra que tudo isto? Sofremos aparentemente por motivo nenhum, a vida em todas as… Read more »

Artigo publicado em Autocuidado