Medicamentos psiquiátricos: quais são os mais utilizados e para o que servem

No Brasil, o consumo de medicamentos psiquiátricos é crescente. Em 2017, foi reportado um aumento de 74% no consumo de antidepressivos. Este dado faz todo sentido considerando que o nosso país é o mais deprimido da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por conseguinte, as pessoas passaram a ingerir mais medicamentos para tratar a desordem de químicos no cérebro provocada pela depressão. Porém, esta não é a única doença psicológica que merece a nossa atenção.

Ansiedade, síndrome do pânico, agorafobia, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, entre outros, também são tratados com remédios específicos.

O que são medicamentos psiquiátricos?

Os medicamentos psiquiátricos, psicofármacos ou psicotrópicos são grupos de substâncias químicas que trabalham no sistema nervoso central. Por afetarem os processos mentais, alteram a percepção, emoções e comportamentos dos pacientes. 

Assim, é possível “se desligar” dos sintomas dos transtornos mentais, combatendo-os. 

Há dezenas de psicofármacos no Brasil para o tratamento do mesmo transtorno ou de transtornos diversos. O seu uso vai depender da orientação do profissional, portanto, nunca os tome por conta própria. 

A escolha do medicamento leva em consideração uma variedade de fatores particulares, como história pessoal do paciente, idade, patologias físicas, histórico de doenças e resposta a usos anteriores. 

O uso também poderá ser associado à psicoterapia dependendo do quadro clínico. Portanto, consulte um psicólogo antes de tomar quaisquer decisões.

Ademais, os transtornos mentais apresentam peculiaridades e sintomas semelhantes que tornam o diagnóstico preciso mais demorado. Não é incomum o paciente experimentar mais de um remédio até encontrar aquele que aja da maneira desejada.

O profissional é capaz de verificar se o medicamento está fazendo efeito logo nas primeiras semanas e ajustar o tratamento conforme as necessidades do paciente.

É seguro utilizar medicamentos psiquiátricos?

O uso dos medicamentos psiquiátricos ainda está atrelado a preconceitos e julgamentos equivocados sobre transtornos mentais. As pessoas que os consomem geralmente não gostam que os outros saibam. Obviamente, este é um assunto particular de cada um e muitos preferem tratar a situação com privacidade. 

Há quem, no entanto, esconda os psicofármacos da família, amigos e parceiro por medo de julgamento. Também existem casos que a pessoa se recusa a consultar um profissional, embora sofra com sintomas agravados de um transtorno. 

Por acreditarem ser “frescura” ou verem os remédios apenas como tratamento para doenças físicas, não admitem o uso dos medicamentos para doenças emocionais. É verdade que há pessoas com transtornos mentais que não se tratam com remédios, mas a necessidade não vai depender da gravidade do caso. 

Os medicamentos psiquiátricos integram parte essencial do tratamento dos transtornos mentais, quando indicados pelo profissional da saúde. Os efeitos colaterais são uma das maiores preocupações das pessoas e dos médicos. O ganho de peso, por exemplo, é uma reclamação comum. Alguns pacientes desistem assim que notam a existência deles. 

Todavia, é sempre possível conversar com o psiquiatra para encontrar outro medicamento. Se você apresentar efeitos colaterais indesejados, marque outra consulta e veja o que pode ser feito. O importante é não deixar de tomar um remédio que terá um impacto positivo relevante para a sua saúde. 

Além disso, administrar o medicamento da maneira certa, tomando as doses no mesmo horário todos os dias, faz toda a diferença em sua eficácia. 

Medicamentos psiquiátricos para depressão 

Fluoxetina

É  um dos medicamentos mais utilizados para o tratamento da depressão, ansiedade, síndrome do pânico, bulimia, disforia e outros. Ele aumenta os níveis de serotonina, o neurotransmissor responsável pela regulagem do humor, bem-estar, sono, apetite, entre outras funções. É ideal para transtornos que causam o desequilíbrio na produção de serotonina. 

A recomendação da fluoxetina é ingeri-la diariamente. Os efeitos positivos começam a se manifestar no período de 2 a 6 semanas. Por isso, se não notar diferença logo nos primeiros dias, é completamente normal. 

Escitalopram

Indicado para pacientes depressivos e ansiosos, além dos que apresentam síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo e transtorno de ansiedade social, é um dos medicamentos mais recomendados pelos médicos. O escitalopram corrige as concentrações danosas de neurotransmissores no cérebro, aumentando os níveis de serotonina entre os neurônios. Combate os sintomas da depressão aguda mais rápido do que outros medicamentos. 

A melhora clínica é visível entre 2 a 6 semanas. Em alguns casos, a ação terapêutica pode ocorrer em apenas quatro semanas. Embora apresente efeitos colaterais, é um dos medicamentos psiquiátricos mais seguros. 

Mirtazapina

Mirtazapina é um antidepressivo tetracíclico que aumenta a quantidade de serotonina e noradrenalina, associado às funções executivas e dores físicas, no neurônio. Esse aumento dos neurotransmissores gera melhoras nos sintomas da depressão. 

Costuma ser mais rápido do que outros antidepressivos. Os efeitos positivos já começam a surgir entre 2 a 4 semanas. Para balancear os efeitos colaterais (aumento de peso, sonolência e disfunção sexual), pode ser utilizada em associação com outros medicamentos indicados pelo médico. 

Citalopram

Este medicamento é próprio para o tratamento da depressão, do pânico e do transtorno obsessivo compulsivo. Os principais efeitos do citalopram são observados entre 2 a 4 semanas após o início do uso. Atua corrigindo as concentrações inadequadas de neurotransmissores, como a serotonina.

Medicamentos psiquiátricos para ansiedade

Diazepam

Gera alívio sintomático da ansiedade e outras patológicas associadas à síndrome da ansiedade generalizada, incluindo também insônia e síndrome do pânico. O diazepam produz um efeito calmante no corpo e também funciona como sedativo. O efeito é notado após 20 minutos de sua ingestão, sendo que sua concentração máxima é atingida de 30 a 90 minutos depois de sua administração. 

Bromazepam

Indicado para ansiedade, tensão, transtornos do humor e esquizofrenia. Em doses baixas, reduz a tensão e ansiedade e, em mais elevadas, tem efeito sedativo e relaxante muscular. Seu uso é recomendado apenas em quadros graves ou incapacitantes.

Alprazolam

O alprazolam é usado no tratamento de transtornos de ansiedade e do pânico, com ou sem agorafobia. Ele atua principalmente no sistema nervoso central, por isso, pode haver leve comprometimento de reflexões leves e sonolência durante o dia. Reduz a manifestação de sintomas como tensão, apreensão, irritabilidade, insônia, taquicardia, hiperatividade, etc.

Lorazepam

Atua como controle do transtorno de ansiedade generalizada ou para o alívio dos sintomas no cotidiano. Pode ser também usado como medicação complementar no tratamento da ansiedade em estados psicóticos e depressão profunda. Age em diversos receptores em locais diferentes do sistema nervoso central, diminuindo a geração de estímulos nervosos dos neurônios. Dessa forma, reduz a ansiedade. 

Medicamentos psiquiátricos antipsicóticos

Medicamentos antipsicóticos são próprios para o tratamento de psicoses, caracterizada pela perturbação da mente, particularmente a esquizofrenia e o transtorno afetivo bipolar (TAB). As psicoses provocam reclusão social, insônia, falta de motivação e dificuldades para executar tarefas diárias. Não há uma causa única, mas, sim, um conjunto de variáveis. Porém, acredita-se que o neurotransmissor dopamina, envolvida no controle dos movimentos, aprendizado, humor e emoções, esteja implicado.

Clozapina

Usado na redução do risco de comportamento suicida em pacientes com esquizofrenia ou transtorno esquizo afetivo. É recomendado quando há reincidência da tentativa de suicídio e funciona como bloqueador do receptor D4, ou receptor de dopamina, no cérebro. 

Amissulprida

A amissulprida atua rapidamente no organismo, melhorando tanto os sintomas positivos, associados aos comportamentos psicóticos incomuns em pessoas saudáveis, como alucinações, delírios e perturbações do pensamento; quanto aos sintomas negativos, caracterizados pela interrupção de emoções e comportamentos normais, como redução da fala, do afeto e do prazer pela vida. A ação terapêutica possui dois picos: um efeito uma hora após a ingestão e o segundo, entre 3 a 4 horas.

Quetiapina

A quetiapina é um antipsicótico atípico. É usada para tratar insônia, esquizofrenia, quadros de depressão e ansiedade (como um potencializador), transtorno bipolar. A quetiapina age de forma diferente em cada região do cérebro. Nas áreas centrais, ela bloqueia a dopamina, assim, diminui sintomas de insônia, irritabilidade, ansiedade e controla também o impulso. 

Em pessoas que apresentam esquizofrenia, ajuda a diminuir delírios e alucinações. As doses neste caso são mais altas. Ela também melhora o humor e as interações sociais. Os efeitos dependem da dose utilizada. Os efeitos começam a aparecer entre 2 a 4 semanas.

Risperidona 

Este antipsicótico trata esquizofrenia, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno bipolar e irritabilidade associada com o autismo. Sua ingestão pode ser tanta pela via oral quanto injetada no músculo. Atua também em distúrbios que causam agressividade, desconfiança e isolamento social. O tempo de ação dela é após 1 hora da ingestão. 

A importância da Terapia no tratamento

Na última semana tive a grata surpresa de assistir a palestra do psiquiatra Eduardo Ferreira, em um evento de saúde mental. Em uma das suas falas, o Dr. Eduardo afirmou que somente o uso de medicamentos, sem o devido tratamento psicoterapêutico tem eficácia reduzida.

É preciso lembrar que os fármacos têm atuação somente nos sintomas físicos dos transtornos mentais, não conseguindo ter ação nas causas que levaram cada indivíduo a adoecer. Por essa razão, um processo terapêutico é fundamental para que pessoas diagnosticados com qualquer distúrbio obtenham resultado mais rápido e com efeito duradouro. 

Portanto, se você está passando por alguma situação de vida que demanda a ingestão de um medicamento psiquiátrico, considere também a opção de consultar um psicólogo. Este é o profissional preparado para compreender a psique humana. Através das sessões de terapia, conseguimos olhar para dentro e compreender quais atitudes e crenças nos fizeram adoecer, bem como trabalhar questões como autoestima, limites, aprender a dizer não e descobrir um verdadeiro propósito.

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Alerta final sobre medicamentos psiquiátricos

Os medicamentos psiquiátricos devem ser utilizados apenas conforme a orientação de um profissional. Cada fármaco possui uma ação diferente e, dependendo da dose, traz benefícios diferenciados para cada caso. 

Então, mesmo que você conheça alguém que tenha o mesmo transtorno mental, não se automedique levando em conta as experiências e relatos de outra pessoa.  

Esses medicamentos existem para nos ajudar, portanto, é nosso dever observar com cuidado o modo de uso para termos resultados bons. 

Para catalisar os efeitos positivos, você pode aliar terapias alternativas e fazer modificações em seu estilo de vida, como, por exemplo, praticar exercícios físicos ou procurar um passatempo para cultivar rotineiramente. A administração correta do medicamento facilitará a realização dessas atividades.

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta