Ataque de pânico: o que fazer diante de uma crise?
5 de maio de 2019
Tempo de leitura: 10 minutosAtaque de pânico? Talvez você já tenha testemunhado ou vivenciado um, sem saber reconhecer o que ocorreu.
Eventualmente, os sintomas físicos de um ataque de pânico são semelhantes aos de um infarto: taquicardia, dores no peito, formigamento (nas mãos, pés ou rosto), sudorese, náusea, respiração acelerada, tontura… E muito medo de morrer, de não conseguir escapar daquela situação.
Assim, o quadro assusta e, corretamente, a pessoa procura por ajuda médica. Após os exames, vem o diagnóstico: não há nada de errado com o coração. A saúde física está íntegra.
Nesses casos, o próprio cardiologista costuma orientar o paciente a procurar por um psicólogo ou psiquiatra, pois seu mal-estar súbito é, na verdade, uma resposta à ansiedade.
Ataques de pânico são mais comuns que você imagina
Os ataques – ou crises – de pânico são muito comuns. Acometem cerca de 11% da população adulta, anualmente. E estima-se que 90% das pessoas passará, em algum momento da vida, por esse tipo de experiência. Porém, os esclarecimentos sobre o assunto, infelizmente, ainda não acompanham essa frequência.
Entretanto, a falta de informação faz com que muitos banalizem a situação. Ou atribuam imperícia ao médico que afirma que o coração vai bem. Chamar de “ataque de pânico” todo aquele conjunto de reações atípicas e tão intensas, pode gerar mais dúvidas do que explicações.
Pensando nisso, produzimos este artigo, que tem o intuito de servir como uma espécie de “manual de instruções” sobre o tema. Reunimos as principais questões e buscamos oferecer respostas de fácil entendimento, para que você compreenda o problema – e saiba o que fazer diante dele.
Se, ao final da leitura, ainda restar alguma dúvida, não hesite em registrá-la nos comentários! 🙂
Quais as causas de um ataque de pânico?
Se a pessoa teve um ataque de pânico, então é porque ela teve muito medo de alguma coisa, certo? Errado! O nome desse distúrbio deve-se mais à reação, em si, do que ao motivo que a desencadeia.
Geralmente, quem passa por uma crise de pânico, narra que, antes do fato, estava tudo normal, sem nenhum perigo iminente. Até por isso fica complicado entender o que aconteceu, já que a causa não parece concreta.
Embora pesquisadores se dediquem a decifrar o que, especificamente, suscita a crise, suas conclusões não são precisas. Não é possível, portanto, prever um ataque de pânico.
Contudo, após a ocorrência do episódio, as principais hipóteses observadas são:
- predisposição genética;
- perturbação do sistema fisiológico;
- efeito colateral de medicamentos (corticoides, anfetaminas, remédios para enjoo ou enxaqueca, por exemplo);
- uso de drogas;
- eventos estressantes (como perda de emprego, ruptura de relacionamento, falecimento de familiar…), que podem ter ocorrido até um ano antes da crise;
- histórico de traumas (abuso sexual, acidente, assalto, sequestro…);
- neuroticismo (ansiedade, depressão, baixa autoestima, pensamentos negativos exagerados e tendência a sentimentos de culpa);
- acúmulo de tensões ou inibições.
Quem pode sofrer um ataque de pânico?
Segundo estatísticas, os ataques de pânico afetam jovens a partir dos 15 anos de idade. Entre os 25 e 40 anos, os índices são altos. Crianças são alvos menos comuns dos episódios, embora existam relatos – especialmente quando verifica-se a causa associada a medicamentos, estilo de vida marcado por muitas cobranças ou violência.
Todavia, fora a questão da faixa etária, ainda é possível perceber maior incidência entre as mulheres. Outros fatores, como estado civil, grau de escolaridade, renda, etnia… não sugerem qualquer relevância.
Quanto tempo dura uma crise?
Para algumas pessoas, o ataque pode durar poucos minutos. Para outras, algumas horas. O mais frequente é que aconteça num intervalo entre 10 e 30 minutos. Porém, mesmo após os sintomas principais cessarem, sensações desagradáveis podem persistir.
Quando acontece o ataque de pânico?
Conforme pontuamos anteriormente, o momento da crise é súbito. Inesperado e sem um contexto em particular.
Mas, e nas circunstâncias em que ocorre um mal-estar com os mesmos sintomas, sendo o evento desencadeador perceptível? Por exemplo: quando a pessoa precisa se expor para falar em público ou enfrentar uma situação desafiadora, como uma prova?
Sempre que for possível identificar o que gerou a perturbação, é preferível referir-se à desordem como crise ou ataque de ansiedade, intimamente associada ao transtorno de ansiedade generalizada.
Os termos se confundem e, muitas vezes, aparecem como sinônimos. Afinal, geralmente estão interligados. Lembre-se que a ansiedade é, justamente, uma das causas dos ataques de pânico.
Enfim, a questão é que as crises de pânico, propriamente ditas, não tem hora nem lugar para acontecer. Podem se manifestar durante uma atividade corriqueira, um passeio, uma sessão de cinema.
Mesmo quando estamos dormindo a possibilidade existe! O ataque de pânico noturno tem a mesma duração dos ataques diurnos e apresenta sintomas físicos semelhantes: palpitações cardíacas, suor excessivo, sensação de sufocamento… E, claro, o medo.
Qual a diferença entre ataque de pânico e síndrome do pânico?
A diferença básica está na periodicidade. Quem sofre um ataque de pânico pode passar a vida inteira sem experimentar uma nova ocorrência.
Já nos casos em que a síndrome do pânico é diagnosticada, os ataques são recorrentes.
A frequência é variável: uma vez ao ano, algumas vezes ao mês, todos os dias… Em certas situações, a pessoa enfrenta várias crises num curto intervalo de tempo (uma semana, por exemplo) e depois passa longos períodos sem enfrentar novos episódios.
O importante é que a frequência não seja negligenciada: necessita de tratamento. Do contrário, o “medo do medo” pode trazer sérias restrições.
Uma das consequências é a agorafobia, que inviabiliza uma série de atividades rotineiras e impacta, severamente, nas relações sociais, profissionais, na qualidade de vida e bem-estar.
Quando ocorre o ataque de pânico, o que fazer? Como ajudar alguém em crise?
O remédio é, obviamente, o antagonista da causa. Ou seja: a calma.
Querendo ajudar alguém, ou a si próprio, numa circunstância dessas, lembre-se que qualquer atitude abrupta apenas piorará o quadro. Por exemplo: não segure a pessoa, não empurre um copo d’água, não a conduza para outro local à força. Também não fique agitado, falando demais ou muito alto. O ideal é fazer perguntas gentis, em tom suave e pausado, mostrando-se solícito.
Além de postura que inspire tranquilidade, você pode utilizar algumas técnicas. Todas tem o mesmo objetivo: afastar o pânico e promover serenidade.
Se você sabe que sofre com o transtorno, pode se valer delas. Se conhece alguém que sofra, compartilhe as dicas! E tenha em mente que descobrir como controlar as crises necessita do processo de autoconhecimento – do corpo e dos gatilhos mentais que funcionam para restabelecer sua normalidade.
1. Controle a respiração
A sensação de asfixia ou a hiperventilação são sintomas recorrentes de ataque de pânico. Dizer para si mesmo, ou para o outro, “respire normalmente” parece pouco eficiente, não é mesmo? Nessas horas, é importante conhecer estratégias que facilitem esse controle.
Uma técnica bem simples é a de contar até 4. Consiste em inspirar, contando até 4, dar uma pequena pausa e expirar, contando até 4 novamente. Vá repetindo o processo, sempre atentando para fazer o exercício com calma, desacelerando.
2. Repita um mantra
O mantra é uma frase simples, que deve ecoar na mente ou ser dita em voz alta. Novamente, lembre-se que a velocidade é a chave.
“Vai ficar tudo bem”, “logo vai passar”, são bons exemplos de mantras. Tente deixar as palavras longas, demoradas, para auxiliar no controle da inquietação.
3. Procure por um local sossegado
Multidões, profusão de luzes, sons… Difícil concentrar-se no próprio corpo com tantos estímulos externos, não? Sendo possível, procure se afastar – ou afastar a pessoa em crise – de lugares “tumultuados”.
Contudo, se estiver ajudando alguém, recorde que não é para arrastá-la do espaço onde está. Convide-a a lhe acompanhar. Ofereça apoio, não um empurrão.
Entretanto, se for inviável encontrar um lugar mais silencioso – se estiver na rua, por exemplo – procure por um local onde se sinta mais protegido, encoste-se numa parede e foque sua atenção num ponto específico, num objeto. Descreva-o para si mesmo.
Ou feche os olhos – sempre ajuda – e mentalize um lugar que represente sossego para você.
4. Aplique a técnica do 5, 4, 3, 2, 1
Essa estratégia auxilia a pessoa a distrair-se dos sintomas, conduzindo a concentração ao “aqui e agora” concreto. Também, pelo desvio de foco, afugenta os medos de morrer ou enlouquecer, tão corriqueiros nas crises de pânico.
A instrução é de que se olhe no entorno e diga:
- 5 coisas que pode ver;
- 4 coisas que pode tocar;
- 3 sons que consegue ouvir;
- 2 cheiros que pode identificar;
- 1 coisa que consegue sentir o sabor.
5. Inale óleo essencial de lavanda
Os óleos essenciais são concentrados de plantas, cujos efeitos por inalação ou contato com a pele são estudados pela aromaterapia.
Semelhantemente, o óleo de lavanda é um dos mais populares e seguros. É um cheiro conhecido por nós, já que suas versões sintéticas são extensivamente empregadas – de produtos de limpeza a cosméticos e perfumes.
Inegavelmente, existem vários estudos que atestam sua influência como agente tranquilizante, inclusive melhorando a qualidade do sono.
Existe tratamento para ataque de pânico?
Sim, existem medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos), que apenas o médico pode prescrever. Caso receba essa recomendação profissional, não se abstenha de usá-la.
Porém, a medicação, sozinha, nunca é a melhor solução. É importante realizar atividades físicas, descobrir técnicas de relaxamento, investir na meditação.
E, principalmente, contar com um processo terapêutico, sendo especialmente útil a terapia cognitivo comportamental.
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