Gastrite nervosa: suas emoções podem afetar seu estômago
8 de agosto de 2019
Tempo de leitura: 7 minutosGastrite nervosa é o nome popular que damos à dispepsia funcional, uma sensação de desconforto estomacal, que é agravada por quadros de estresse e ansiedade.
Porém, como a “gastrite nervosa” não gera inflamação no estômago, chamar o problema por esse nome é um equívoco, segundo um artigo publicado pelo Ministério da Saúde em 2018.
Por apresentar sintomas idênticos ao da gastrite convencional – queimação, inchaço abdominal e arrotos frequentes são os mais comuns – sua verdadeira causa pode demorar a ser identificada. E isso nos faz acreditar que se trata apenas de um problema de ordem física, quando na verdade suas causas são emocionais.
Dessa forma, é importante entender que o estresse e a ansiedade excessivos podem fazer muito mal também ao nosso corpo e não só à nossa mente, podendo levar um quadro de dispepsia funcional, ou até mesmo agravar os sintomas de uma gastrite aguda ou crônica que já tenha se instalado.
Por isso, precisamos levar a sério a conexão intestino-cérebro para tratar uma possível gastrite nervosa da forma correta. Estamos falando de incluir cuidados com a saúde mental através de psicoterapia. E, até mesmo, com uma consulta ao psiquiatra.
Veja a seguir quais as causas que podem levá-lo a um quadro de “gastrite nervosa”, como identificar os sintomas e quais os tratamentos para esse problema.
Emoções em desordem podem levar à gastrite nervosa
Quem nunca teve aquela sensação típica de quem está apaixonado? Ao ver a pessoa amada, sentiu uma espécie de reviravolta, que chamamos de “borboletas no estômago”, e até dor de barriga? Essa é uma demonstração de como nosso cérebro exerce efeito sobre nosso sistema digestório.
Da mesma forma, situações angustiantes podem nos fazer sentir náuseas. Isto demonstra como nosso trato gastrointestinal é sensível a diversas emoções como tristeza, euforia, raiva e ansiedade.
Contudo, a conexão entre nosso cérebro e sistema digestório é uma via de mão dupla. Pois tanto o cérebro pode enviar sinais ao estômago e intestino através das emoções, quanto o contrário.
Um indivíduo que apresente problemas intestinais ou gástricos pode ter seu estresse e ansiedade potencializados. Portanto, o desconforto causado pela “gastrite nervosa” tanto pode ser a causa quanto a consequência de problemas emocionais.
Todavia, o mais comum é que, quando nossa saúde mental e emocional não vai bem, seja ela a responsável pelo surgimento de disfunções dessa natureza.
Isso ocorre porque quando nos expomos a situações constantes de estresse e ansiedade (entre outros fatores emocionais, esses são os mais comuns). Essas emoções tendem a elevar a produção da secreção ácida no estômago, provocando os sintomas mais comuns da gastrite, sem que haja, de fato, uma inflamação ou doença gastrointestinal.
Sintomas: como identificar a “gastrite nervosa”?
Tanto quanto a gastrite convencional, a gastrite nervosa podem estar associada com a má alimentação, o que tende a piorar o quadro.
Afinal, tanto os fatores emocionais quanto os maus hábitos alimentares resultam no aumento da produção do ácido dentro do estômago, provocando todo o desconforto característico da gastrite.
O consumo de café em excesso, por exemplo, é uma prática comum de quem precisa driblar o cansaço. Assim como comer muitos doces para aliviar o estresse. Esses são dois fatores que podem piorar muito os sintomas da gastrite nervosa. E entre os principais sinais do problema estão:
- dores estomacais agudas;
- queimação, principalmente depois de comer;
- sensação de “estufamento” e barriga inchada;
- náuseas e vômitos;
- gases e arrotos frequentes
- perda de apetite;
- digestão lenta;
- diarreia.
Mas como saber quando todas essas sensações são causadas não por um fator unicamente físico, e sim por problemas emocionais como ansiedade e estresse?
Para isso, é necessário prestar atenção em outros sinais de ordem emocional, que poderão dizer se seu problema é uma gastrite comum ou se trata da conhecida “gastrite nervosa” desencadeada por estresse crônico ou um transtorno de ansiedade.
Observe também se, além dos sinais clássicos da gastrite, você sente alguns destes sintomas:
- tensão muscular, principalmente na região do pescoço e ombros;
- dificuldade para dormir;
- dor de cabeça;
- perda da libido;
- inquietação
- diminuição ou aumento de peso;
- dificuldade de concentração;
- procrastinação;
- maior consumo de álcool e cigarros;
- problemas de memória;
- mau humor frequente;
- tensão e nervosismo constantes
- dificuldade em relaxar.
Ao observar a presença da maior parte desses sintomas, que são muito comuns ao estresse e aos quadros de ansiedade, é importante informá-los ao médico.
Se os exames clínicos não apontarem para uma uma gastrite convencional, é bem possível que você seja diagnosticado com “gastrite nervosa”. Logo, serão necessárias medidas para tratar não só o problema físico, mas também buscar alternativas para tratar a raiz do problema: as emoções.
Tratando a gastrite nervosa
Buscar tratamento diante do mal estar provocado pela gastrite nervosa é imprescindível. Porém, a primeira coisa a ser feita antes de ir ao médico é identificar os sintomas, como descrevemos acima.
Associar as reações físicas provocadas pela gastrite à presença dos sinais que descrevem um quadro de ansiedade ou estresse é fundamental para o diagnóstico. Dessa forma, ao consultar um gastroenterologista, todos os sintomas, físicos e emocionais, devem ser relatados.
Os exames clínicos são altamente recomendados para sanar qualquer dúvida. A endoscopia irá revelar se existe ou não inflamação no estômago. Em caso positivo, o médico deverá prescrever medicamentos para tratar a doença.
Caso não seja identificada a presença de inflamação, é hora de procurar ajuda para tratar a causa emocional do problema. Seu médico poderá receitar algum antiácido ou remédio para aliviar as dores e sintomas, mas, com toda certeza, serão necessárias algumas mudanças na alimentação, além da ajuda de um psicoterapeuta.
Mudança nos hábitos alimentares
Mesmo que seu problema não seja uma gastrite aguda convencional, é preciso dar atenção à alimentação. Reduzir o consumo de café, evitar alimentos ácidos, açúcar em excesso, bebidas alcoólicas e cigarro é fundamental para acelerar a recuperação.
De toda forma, uma dieta balanceada, natural e com “comida de verdade” sempre é a melhor opção, mesmo que você não tenha nenhum problema de saúde mais sério, e até mesmo para evitar o surgimento de doenças.
É hora da terapia!
Se for comprovado que o que você tem é mesmo uma “gastrite nervosa”, será necessário buscar a raiz do problema. Você pode consultar um psiquiatra para buscar um diagnóstico clínico, pois talvez seja preciso tratar um problema emocional mais sério, como um transtorno de ansiedade.
De todo modo, procurar um psicólogo deve ser parte do tratamento, pois fazer terapia será fundamental. Ao tratar a causa da gastrite nervosa, buscando aliviar todos os sintomas emocionais, o efeito físico desaparecerá.
Além disso, terapias alternativas como acupuntura, por exemplo, podem trazer excelentes resultados. Da mesma forma, a meditação e a prática de exercícios como pilates e yoga podem contribuir muito.
E, claro, qualquer atividade física que seja prazerosa para você tende a contribuir para melhorar o quadro, além de refletir positivamente em outras áreas da sua vida.
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