Como superar a morte de um pai?

Como superar a morte de um pai? Uma figura afetiva tão importante para o nosso crescimento e desenvolvimento como adultos sadios e cidadãos do mundo?

As memórias construídas a partir de momentos calorosos ao seu lado, como as brincadeiras de infância, as viagens em família e os muitos ensinamentos sobre a vida, de súbito se tornam lembranças melancólicas. A sensação de perda de uma parte da sua história e do seu ser rouba um pouco do encanto desses momentos imortalizados na sua mente.

A perda de um pai também causa modificações significativas na dinâmica familiar. A mãe, avós e os filhos podem arcar com papéis distintos do habitual e adquirir novas responsabilidades. É preciso repensar as contas, trabalho, estudo, alimentação, consumo de bens, entre outros, com uma pessoa a menos na família. 

Mesmo que se compreenda a finitude da vida, é raro encontrar pessoas preparadas para a perda de um ente querido, principalmente quando acontece “antes” do considerado “normal”.

O luto por um pai

A perda de um pai é muito dolorosa. 

Para os filhos, geralmente representa a perda de uma figura na qual podiam se espelhar e buscar conforto e apoio constantes. Como prosseguir sem esse porto seguro? O medo de falhar, se sentir perdido e, pior ainda, de não deixar o falecido pai orgulhoso pode dominá-los durante o período de luto.

A perda de um pai também significa a perda de um companheiro, confidente e amor para a mãe. A pessoa com quem contava para tomar decisões, apoiá-la emocionalmente e envelhecer junto subitamente desaparece, colocando um fim nos planos mútuos. 

O choque, saudade e tristeza podem tornar a mãe irresponsiva durante o luto. Os filhos são levados a descobrir a dor de perder um pai sozinhos. A falta de orientação e apoio materno da maneira como os filhos desejam pode causar danos ao laço entre eles. 

Os avós, da mesma forma, sofrem de saudades. Para eles, se trata da morte de um filho querido, o qual viram crescer, formar a sua própria família e se tornar uma pessoa independente. Os filhos podem ver os seus avós distantes por um tempo enquanto tentam digerir a dor.

O processo de luto para os filhos, mãe e avós pode ser longo. Não existe um período considerado apropriado ou correto. Cada pessoa tem o seu próprio tempo para digerir os sentimentos e saudade que ficam após a morte de uma pessoa amada.

Toda a família fica fragilizada, então, em meio à dor da perda, é preciso encontrar a empatia e compreensão. Mas sabemos que reconhecer essa necessidade e agir de acordo com ela não é simples, não é mesmo? 

Luto pelo meu pai: como superar a morte de um pai?

A dor e a saudade da perda de um pai são para sempre. Você e o restante da sua família têm o direito de ficar de luto para digerirem os múltiplos sentimentos provenientes dessa situação. 

Entretanto, existem maneiras saudáveis e não saudáveis de viver o luto. Entregar-se totalmente a ele pode estimular o surgimento da depressão e complicar o retorno à vida normal. Afinal, os dias não deixem de correr porque perdemos alguém especial. 

Essa realização costuma ser devastadora. Como as pessoas ousam agir como se nada tivesse acontecido e cobrar que você volte à sua atenção para os compromissos habituais quando uma tragédia atingiu a sua vida? Infelizmente, esse é um processo pelo qual toda pessoa que já perdeu um ente querido precisou passar.

Mas como esquecer alguém tão especial e seguir em frente? 

Muitos filhos podem se questionar “até quando posso ficar de luto por meu pai?”. É aceitável deixar a memória dele no passado? Se eu não sofri o “tanto que deveria”, sou uma pessoa ruim? Qual é a melhor forma de lidar com a situação?

Como dito, não existe um tempo certo para o luto nem uma fórmula a qual todas as pessoas podem seguir para aceitarem a morte de alguém próximo. É muito difícil determinar prazos quando sentimentos estão envolvidos. 

Tenha em mente que a sua experiência é pessoal e única. Você tinha um tipo de relacionamento com seu pai e possui uma conexão inteiramente diferente com sua mãe, avós e irmãos. Por essa razão, comparações e especulações são desnecessárias.

Em seguida, separamos cinco dicas sobre como superar a morte de um pai com o intuito de tornar o período de luto menos confuso e doloroso.

1. Busque ajuda profissional

Como superar a morte de um pai

A terapia é essencial para ajudar a família a lidar com a sua nova realidade e os sentimentos de remorso, saudade, frustração e tristeza. Você pode tanto iniciar o acompanhamento psicológico de maneira individual quanto em família. 

A terapia familiar pode ser a mais apropriada nessa situação uma vez que a mãe, os filhos e os avós podem arcar com novas responsabilidades após a perda do pai e não saber o que fazer. As sessões em grupo podem estimular acordos e desabados muito necessários para ajudar a compreender o que o outro sente. 

Outro benefício da terapia é a possibilidade de digerir o luto pelo pai gradualmente. Você pode se esquecer do mundo durante a consulta com o psicólogo e processar o ocorrido à sua maneira. 

Assim, pode se expressar através do choro ou desabafo, descarregar emoções negativas acumuladas, compartilhar preocupações e medos em relação ao futuro e sentir essa experiência sem a necessidade de usar máscaras. Essa liberdade momentânea auxilia pacientes a retomarem à vida cotidiana sem risco de sobrecarga psicológica. 

2. Compreenda as fases do luto

Nos meses ou primeiros anos subsequentes à morte do pai, é normal e saudável que as pessoas experienciem uma gama de emoções contraditórias. Raiva, desespero, ansiedade, culpa, incredulidade, arrependimento, sensação de vazio e tristeza são apenas algumas das emoções que podem acometê-lo. 

Elas estão relacionadas às cinco fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Permita-se vivenciá-las sem culpa. Se precisar se afastar de atividades sociais por um tempo, faça isso. Se sentir necessidade de se jogar no trabalho para ocupar a mente, faça isso. 

No entanto, faça um esforço para se concentrar em aspectos positivos da sua vida, voltar encontrar pessoas e abraçar relações familiares depois de um tempo. Caso contrário, você pode ficar depressivo. 

Compartilhe a sua experiência com as pessoas que estão passando pelo mesmo que você: a sua família. Dividir a carga do luto com alguém alivia a tensão e melancolia. 

3. Desenvolva o seu próprio jeito de lidar com luto

Quando você compreende como o luto funciona, fica um pouco mais fácil transitar entre as suas fases. Você pode desenvolver a sua própria maneira de honrar a memória do seu pai. Por exemplo, você pode:

  • Escrever o que sente em um diário;
  • Montar um mural ou álbum de fotografias com fotos suas com seu pai;
  • Conversar sobre memórias boas ao seu lado com o restante da família;
  • Plantar a sua árvore ou flor favorita no quintal;
  • Conhecer os seus estabelecimentos favoritos;
  • Fazer o que vocês costumavam fazer juntos;
  • Dar continuidade a um projeto pessoal iniciado por ele, como voluntariado ou pinturas.

4. Perdoe o seu pai

“Meu pai morreu e agora?”, costuma ser a primeira reação dos filhos. Logo em seguida, eles podem sentir um conjunto de emoções contraditórias, como falta de perspectiva, tristeza, sensação de entorpecimento, surpresa e raiva. 

Você pode se sentir roubado da oportunidade de colocar um ponto final em traumas e assuntos não resolvidos com seu pai. Dessa maneira, terá que carregar a dor das feridas do passado para sempre. 

Está tudo bem se sentir assim. Você não é um monstro ou uma pessoa horrível por ter pensamentos como esses. Porém, nutrir ressentimentos por acontecimentos que já passaram, principalmente em situações em que não é possível resolvê-los, é ruim para você. 

Sendo assim, veja a morte do seu pai como um catalisador para se desapegar do passado ruim e seguir adiante. Uma maneira de lidar com essa sensação é escrever uma carta endereçada a ele contendo tudo que você sempre quis dizer, mas não teve a oportunidade. 

5. Cuide de si mesmo

Perder um pai ou uma mãe é uma das experiências mais dolorosas e universais. Ainda assim, como seres humanos, temos dificuldade para lidar com sentimentos e emoções intensas, mesmo quando atreladas a experiências para as quais já deveríamos estar preparados de alguma forma. 

Descobrir a melhor forma de como superar a morte de um pai não é nada simples. Para você não se sobrecarregar com a intensidade emocional inerente a qualquer perda, é imprescindível tomar conta de si mesmo. 

Durma bem, coma alimentos saudáveis, converse sobre seus sentimentos e não deixe de fazer o que você faria normalmente, como comparecer à um happy hour com amigos ou um encontro com o parceiro. 

Lembre-se que o luto pelo pai não se trata de um processo de abandono ou esquecimento de sua memória nem do que ele significa para você. Mesmo com a sua partida, você não deve deixar de viver. 

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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Lednilson Souza Verao
4 anos atrás

Perdi meu pai a 2 meses, éramos muito unidos. Está difícil de lidar com o luto, lembro dele 24h por dia. Ele se foi novo e cheio de saúde e disposição, e com isso ainda parece ser um pesadelo que vou acordar e poderei ir até a casa dele e o verso do mesmo jeito que o via toda semana. Chorar sei que não o trás de volta, porém por um tempinho alivia a dor, mais logo volta tudo..

maria cristina b.da silva
7 anos atrás

Bom dia
gostaria de falar que já se passaram 14 anos da morte do meu pai e eu sofro até hoje.
A perda dele me deixou um vazio enorme,claro tinha mãe,irmãos,irmãs e uma filha que naquele momento sofreu junto comigo.
Perdi minha mãe e te falo que não sofro a perda dela sinto mas não sofro,pois não fomos muito amiga.

Artigo publicado em Autocuidado