Medo ou fobia? Quais as diferenças para o corpo e a mente e como tratá-los?

Medo ou fobia? Quais as diferenças para o corpo e a mente e como tratá-los?

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A fobia é diferente do medo, apesar de possuírem algumas características semelhantes. Enquanto um é uma reação natural do organismo, o outro é uma que atingiu níveis desproporcionais e irracionais. Devido à sua intensidade, pode causar sofrimento ao indivíduo e reduzir a sua capacidade de sentir-se bem no dia a dia. 

Medo vs fobia: principais diferenças 

Quando sentimos medo, o corpo entra em modo de “lutar ou fugir”, preparando-se para responder a uma ameaça à segurança ou à vida. Existem várias maneiras de senti-lo. Muitas pessoas, por exemplo, temem vivenciar um desastre natural, embora nunca tenham tido essa experiência. 

Como sabem de sua característica destrutiva, sentem medo de perder seus pertences pessoais, de se ferirem, de terem a sua casa destruída ou de perderem a vida. Neste caso, o sentimento é alimentado por um conhecimento prévio adquirido através de fontes externas.

Existe também o medo oriundo do trauma. Se você foi mordido por um cachorro quando criança, pode carregar a apreensão em relação ao animal por um longo período ou pelo resto da vida.

Outra forma de desenvolver um medo é através do aprendizado com terceiros. A criança que vê a mãe reagir com temor a uma barata, por exemplo, pode ter o mesmo medo.

Por fim, existe o medo do desconhecido. Tipicamente, está relacionado a histórias de fantasmas, situações inéditas, como a pandemia de COVID-19, e ao futuro. 

Essa reação natural é positiva até certo ponto. Sem ela, as pessoas provavelmente colocariam suas vidas em risco através de atos perigosos. Quando o medo ganha proporções exageradas, contudo, dá origem à fobia. 

Logo, esta é caracterizada como um medo intenso e aterrorizante, o qual aparece diante de acontecimentos, objetos ou animais considerados não ameaçadores. Clinicamente, é classificada como um transtorno da ansiedade.  

Como o corpo e a mente são afetados?

O principal efeito na saúde física é a produção excessiva de cortisol, hormônio do estresse. O seu aumento pode causar uma séria de complicações.

Entre elas, estão a elevação dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, interferência na produção de insulina, aumento da gordura abdominal (pode levar a obesidade em alguns casos) e aparecimento de alergias de pele. 

Outros sintomas físicos são náusea, tontura, tremores no corpo, enxaqueca, dores no peito, desconforto e suor excessivo.

Medo ou fobia? Quais as diferenças para o corpo e a mente e como tratá-los?

Para a saúde mental, as consequências são igualmente diversas. A fobia pode prevenir com que você funcione normalmente no dia a dia, paralisando-o perante a origem do terror e impulsionando ataques de pânico

Ela também causa extrema ansiedade e estresse, os quais podem incentivá-lo a modificar hábitos e comportamentos para evitar sentir medo.  

Embora algumas pessoas tenham fobias que não interfiram em suas rotinas com frequência, como de aranhas ou de cobras, outras não conseguem conviver com o que lhes causa apreensão. Como o desconforto físico e emocional resulta em grande angústia, a pessoa faz de tudo para evitar o encontro com a origem do terror. 

Essa conduta esquiva pode afastá-la do trabalho, amigos e familiares. O isolamento autoimposto priva a pessoa de aproveitar os aspectos bons da vida, essenciais para a saúde mental. Por tratar-se de um medo irracional, contudo, ela raramente consegue ter essa percepção. 

Tipos de fobia

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) as classifica em três categorias: fobias específicas (medo de uma situação ou objeto), fobias sociais (medo de ser avaliado de forma negativa em situações sociais) e agorafobia (medo de sentir-se desamparado, envergonhado ou preso em aglomerações ou lugares públicos). 

Veja abaixo outros fatores que podem estar relacionados ao medo intenso: 

  • animais: aranhas, cobras, ratos, cachorros, insetos, lagartos, borboletas, entre outros; 
  • natureza: trovoadas, cheias, terremotos, furacões, ventos fortes, relâmpagos, estrelas, espaço sideral, entre outros;
  • patologias: medo irracional de sofrer com uma diversidade de doenças, mesmo não apresentando nenhum fator de risco para tal. Também pode incluir medo de sentir dor e de entrar em contato com germes e bactérias;  
  • situações: altura, voar de avião, andar de elevador, ser roubado, dirigir, espaços abertos ou confinados, espaços abertos ou movimentados, conversar com pessoas, exposição pública, entre outros; 
  • outros tipos: medo de vomitar, eletricidade, sombras, sentir determinadas emoções, palhaço, cristais ou vidros, relógios, atravessar ruas, entre outros. 

Apesar de alguns fatores apresentarem perigo à vida humana, as circunstâncias em que surgem essas sensações não são ameaçadoras. Uma pessoa pode ficar apavorada apenas ao ver ou imaginar o objeto causador do temor. 

O que fazer durante uma crise?

Medo ou fobia? Quais as diferenças para o corpo e a mente e como tratá-los?

Durante uma crise de ansiedade ou ataque de pânico, amigos ou familiares devem procurar acalmar a pessoa, reassegurando-a da ausência de riscos à sua segurança. 

Lembrá-la de que o temor repentino é um sintoma da crise também pode ajudá-la a retomar a compostura. Se as palavras não a consolarem, pode-se oferecer apoio silencioso e permanecer ao seu lado até a inquietação passar. Depois, pergunte sobre o seu bem-estar e a incentive-a a deixar o local. 

Se você estiver sozinho e for acometido por uma crise, procure normalizar a respiração ofegante com inspirações profundas.

A melhor maneira de aliviar os sintomas é buscar uma distração no ambiente, em suas roupas, nas pessoas ou em seu celular. Se for necessário, ligue para alguém de confiança para que te ajude a se acalmar.

Você também pode fazer uso de técnicas de visualização para se afastar da ansiedade crescente.

Por exemplo, imaginar um campo florido e tranquilo ou um local que você adora frequentar pode impedir o agravamento dos sentimentos ruins.

Repetir mantras mentalmente ou em voz baixa é outra maneira de se acalmar. 

Acima de tudo, lembre-se que a crise é passageira. Por mais assustador que os sintomas fisiológicos possam parecer, especialmente quando se está em um ambiente público, a angústia logo passará. 

Tratamentos possíveis para medos e fobias

A fobia é um transtorno que deve ser tratado para que o indivíduo consiga superar o medo exagerado e retomar o controle de sua vida.

Dessa forma, as reações não devem ser rotuladas como “exageradas” ou “dramáticas”. Forçar a pessoa a fazer o enfrentamento do medo, expondo-a ao fator que causa a aflição e a apreensão, também não é a melhor ideia. 

Abaixo, veja os tratamentos possíveis tanto para o medo quanto para a fobia. 

Medo

O medo pode ser um empecilho para encontrarmos o sucesso em nossas vidas. 

Ele pode impedir que você se envolva intimamente com outra pessoa (embora tenha o desejo de se relacionar), prejudique um relacionamento atual, avance na carreira ou supere desafios necessários para o seu crescimento pessoal.  

O medo de ser rejeitado, de fracassar e de se frustrar tem características paralisantes. Ele é capaz de mantê-lo estagnado por anos ou incentivá-lo a alimentar dores emocionais.

Assim, encontrar uma solução para elas mais tarde pode exigir um grande esforço de sua parte. 

Esses medos costumam se originar da insegurança, falta de autoestima, autossabotagem e traumas de infância ou da adolescência. 

Acontecimentos enraizados no passado podem ter levado você a pensar que não merece um bom relacionamento, emprego ou futuro. Essa crença de desmerecimento, juntamente a uma autoimagem negativa, pode deixá-lo com medo da vida.  

Felizmente, todos esses medos podem ser tratados na psicoterapia. Você pode compartilhar as preocupações, crenças e emoções causadoras do sofrimento com o psicólogo para que, juntos, vocês possam encontrar maneiras de superar os medos!

A participação do paciente é fundamental para que o tratamento seja efetivo, então a força de vontade é um fator crucial.

Fobia

A terapia é um tratamento igualmente eficaz para curar medos excessivos. Em circunstâncias mais severas, o tratamento medicamentoso pode ser feito em conjunto para que os sintomas debilitantes sejam controlados. 

O paciente é submetido a técnicas de relaxamento para minimizar a manifestação de sintomas fisiológicos, que podem ser reproduzidos durante o encontro com o objeto causador do medo fora da terapia.

Com a prática recorrente dessas técnicas, o paciente eventualmente consegue se expor a situação temida por um tempo maior. 

Em conjunto, são feitas visualizações para que o paciente confronte o medo patológico em sua imaginação. 

Esse enfrentamento pode causar reações desconfortáveis (pânico, crise de choro, desejo de fugir ou se esconder) nas primeiras tentativas. No entanto, como ele é conduzido e supervisionado pelo psicólogo, a experiência do paciente é controlada de tal forma que não agrave a sua condição. 

Certo nível de desconforto, porém, é esperado e muito comum até que o paciente se habitue a controlar a ansiedade e seja capaz de reduzi-la através das técnicas aprendidas. Eventualmente ele conseguirá fazer o confronto do medo sem se abalar. 

O enfrentamento também pode ocorrer pela exposição ao vivo, mas a decisão de fazê-lo parte da análise do psicólogo em relação ao avanço do paciente e, é claro, do consentimento deste. 

A duração da psicoterapia pode ser longa ou curta e outras técnicas de superação podem ser utilizadas conforme a necessidade de cada caso. Embora o paciente possa sentir certos níveis de apreensão, não é recomendado evitar o tratamento. Esse desconforto é necessário para alcançar a cura e viver livre da fobia.

Na Vittude, você encontra dezenas de psicólogos prontos para ajudá-lo a superar medos, dúvidas, traumas e dores emocionais. Para conhecê-los e marcar uma consulta online, clique aqui. 

Tatiana Pimenta

CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta