Paroxetina: para que serve e quanto tempo dura seu efeito
24 de agosto de 2019
Tempo de leitura: 11 minutosParoxetina ou cloridrato de paroxetina é um fármaco antidepressivo pertencente a classe de medicamentos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
Confira nesse artigo como age o cloridrato de paroxetina, suas indicações, contraindicações, quanto tempo dura o seu efeito e outras informações importantes sobre o uso deste medicamento.
Como funciona o cloridrato de paroxetina?
Os medicamentos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), agem no cérebro aumentando a disponibilidade do neurotransmissor serotonina no cérebro e no corpo.
A serotonina é responsável pela regulação do humor e sensação de bem-estar. Desta forma, com os níveis de serotonina elevados, o paciente obtém melhora nos sintomas da depressão.
Para que é indicado o uso de paroxetina?
Paroxetina é indicado para adultos que apresentem sintomas de depressão e transtornos de ansiedade.
Depressão
Todos os tipos de depressão, incluindo depressão reativa e grave e depressão acompanhada por ansiedade.
Transtornos de ansiedade
Transtorno obsessivo compulsivo (TOC): Tratamento dos sintomas e prevenção de recorrência.
Transtorno do pânico com ou sem agorafobia (medo de lugares e situações que possam causar pânico ou constrangimento). A paroxetina é usada no tratamento dos sintomas e prevenção de recorrência.
Transtorno de ansiedade social (fobia social).
Transtorno de estresse pós-traumático.
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG).
Advertências e Precauções
O medicamento cloridrato de paroxetina não é indicado para crianças e adolescentes menores de 18 anos. Foram realizados estudos clínicos onde constatou-se que o medicamento não beneficiou o tratamento da depressão na população dessa faixa etária.
Em crianças e adolescentes, observou-se maior frequência de pensamentos e comportamento suicidas, seguidos de alterações de humor, como hostilidade, agressividade e raiva.
Em crianças menores de 7 anos não foram realizados estudos clínicos, portanto não existem evidências e comprovações de sua eficácia e segurança.
O cloridrato de paroxetina não pode ser utilizado por pacientes que anteriormente tenham sido tratados com o medicamento e apresentaram hipersensibilidade. O medicamento também não pode ser utilizado por pacientes que apresentem hipersensibilidade aos componentes da fórmula.
O medicamento paroxetina não pode ser utilizado concomitantemente com antidepressivos inibidores de monoamidoxidase (IMAO). Paroxetina também não pode ser utilizado por pacientes que, nos últimos 14 dias, fizeram uso de antidepressivos do tipo IMAO.
Em caso de substituição de paroxetina para antidepressivos do tipo IMAO, o cloridrato de paroxetina deve ser descontinuado, no mínimo, 7 dias antes.
Outros casos exigem cautela ao iniciar o tratamento com paroxetina, informe ao seu médico em caso de:
- Uso de medicamento tioridazina
- Uso de medicamento pimozida
- Histórico de episódios de mania (hiperatividade ou excitação incontrolável)
- Problemas no fígado, coração ou nos rins
- Epilepsia ou se já teve ataque epiléptico
- Sintomas como agitação ou mania durante o tratamento
- Glaucoma (pressão alta nos olhos)
- Tratamento com medicamentos que aumentam o risco de sangramento
- Esquizofrenia ou uso de medicamento para tratar dessa condição
- Tratamento com eletroconvulsoterapia (ECT)
- Diabetes
Grávidas e Lactantes
O médico deve ser informado se a paciente estiver grávida ou pretende engravidar durante o tratamento. O uso de cloridrato de paroxetina só é recomendado quando os benefícios com o tratamento forem maiores do que os riscos que o uso do fármaco pode causar à paciente e ao feto.
O uso de medicamentos antidepressivos nos primeiros três meses de gestação evidencia o aumento do risco de malformações congênitas, principalmente malformação cardiovascular.
No caso do uso de paroxetina nos últimos meses de gestação, o bebê deve ser acompanhado e monitorado, podendo incluir necessidade de suporte respiratório e nutrição parenteral.
No leite materno, uma pequena quantidade de cloridrato de paroxetina foi detectada, não sendo observados efeitos imediatos nos bebês. Porém, não foram realizados estudos sobre a exposição a longo prazo de cloridrato de paroxetina nessas crianças. Portanto, não é recomendado que lactantes utilizem o medicamento, ou recomenda-se a interrupção da amamentação e substituição por fórmulas para nutrição de bebês.
>>> Leia também: Amitriptilina: conheça os efeitos deste antidepressivo
Pensamentos suicidas ou agravamento de condições psicológicas
Durante o tratamento com antidepressivos é comum, principalmente em adultos jovens, a frequência de pensamentos suicidas. Isso ocorre principalmente no estágio inicial da recuperação até uma remissão significativa dos sintomas da depressão ou transtorno de ansiedade para qual o medicamento foi prescrito.
Os pacientes que já apresentavam pensamentos e comportamento suicidas antes de iniciar o tratamento podem ter esse quadro agravado. É importante que o paciente, familiares e cuidadores monitorem a incidência desses pensamentos e informem ao médico, que deve realizar ajustes na dosagem ou até mesmo descontinuar o tratamento.
Também devem ser observados o surgimento ou agravamento de episódios de bipolaridade, inquietude, agitação psicomotora e incapacidade do paciente permanecer na mesma posição.
Quais são os efeitos colaterais do uso de cloridrato de paroxetina?
Como qualquer antidepressivo, o cloridrato de paroxetina pode causar reações adversas. A maioria dessas reações aparecem logo no início do tratamento e diminuem sua intensidade e frequência após alguns dias.
As possíveis reações adversas do uso de cloridrato de paroxetina são:
- Reações muito comuns – Ocorrem em mais de 10% de pacientes que utilizam este medicamento: Náusea; Disfunção sexual.
- Reações comuns – Ocorrem entre 1% a 10% de pacientes que utilizam este medicamento: Astenia; Ganho de peso; Sudorese; Constipação; Diarreia; Boca seca; Vômitos; Bocejos; Visão turva; Vertigem; Tremor; Dor de cabeça; Sonolência; Insônia; Agitação; Sonhos anormais; Aumento dos níveis de colesterol; Diminuição do apetite.
- Reações menos comuns – Ocorrem em menos de 1% de pacientes que utilizam este medicamento: Sangramento anormal (predominante pele e mucosas, esquimose); Confusão; Alucinações; Distúrbios extrapiramidais; Taquicardia sinusal; Aumento ou diminuição da pressão sanguínea; Hipotensão postural; Incontinência urinária; Retenção urinária; Erupções cutâneas; Dilatação da pupila
- Reações raras – Ocorrem em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento: Hiponatremia (principalmente em idosos); Reações maníacas; Convulsões; Síndrome das pernas inquietas; Acatisia (sensação de tremor muscular e incapacidade de ficar sentado e parado); Elevação das enzimas hepáticas, e muito raramente hepatite, às vezes associada à icterícia ou deficiência hepática. A descontinuação do uso de paroxetina deve ser considerada se houver elevação de resultados dos testes de função hepática.
Durante o tratamento com paroxetina, não é recomendado que o paciente dirija veículos ou opere máquinas, pois sua habilidade e atenção podem ser prejudicadas.
Posologia e como tomar o medicamento paroxetina
É recomendado que o medicamento seja administrado em dose única diária pela manhã, com alimentação. Os comprimidos devem ser engolidos inteiros e, de preferência, com um copo de água. Não mastigue, não triture e não parta os comprimidos.
Posologia para depressão
A dose recomendada é de 20mg ao dia. De acordo com a resposta do paciente, a dose pode ser aumentada gradativamente, com acréscimos de 10mg, até atingir a dose máxima de 50mg ao dia.
Posologia para transtorno obsessivo compulsivo (TOC)
O tratamento deve ser iniciado com 20mg ao dia, aumentando-se semanalmente com acréscimos de 10mg, até atingir a dose de 40mg ao dia. Alguns pacientes podem se beneficiar com o aumento da dosagem até 60mg ao dia.
Posologia para transtorno do pânico
O tratamento deve ser iniciado com 10mg ao dia, aumentando-se semanalmente, com acréscimos de 10mg, até a dose recomendada de 40mg ao dia. Alguns pacientes se beneficiam com o aumento da dosagem até 50mg ao dia. Recomenda-se iniciar com uma dosagem baixa pois no início do tratamento pode ocorrer uma piora nos sintomas da síndrome do pânico.
Posologia para transtorno de ansiedade social (Fobia Social)
A dose recomendada é de 20mg ao dia. Dependendo da resposta do paciente, pode-se aumentar a dose conforme necessário, até a dose máxima de 50mg ao dia.
Posologia para transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
A dose recomendada é de 20mg ao dia. Alguns pacientes não respondem a essa dosagem, sendo necessário aumentar semanalmente, com acréscimos de 10mg, até a dosagem máxima de 50mg ao dia.
Posologia para transtorno de estresse pós-traumático
A dose recomendada é de 20mg ao dia. Alguns pacientes não respondem a essa dosagem, sendo necessários aumentos de 10mg, até chegar a dosagem máxima de 50mg ao dia, de acordo com sua resposta.
Descontinuação do tratamento com paroxetina
O tratamento com paroxetina não deve ser interrompido abruptamente. O médico deve orientar a diminuição lentamente da dose, até sua parada por completo.
Em geral, recomenda-se a diminuição gradativa de 10mg por semana, até atingir a dose de 20mg ao dia, mantendo essa posologia por uma semana antes da descontinuação do tratamento.
Reações adversas podem ocorrer com a interrupção do tratamento:
- Reações comuns: Vertigem; Distúrbios sensoriais; Distúrbios do sono; Ansiedade; Dor de cabeça.
- Reações menos comuns: Agitação; Náusea; Tremor; Confusão; Sudorese; Diarreia.
Geralmente, esses sintomas ocorrem de forma leve a moderada. Existem raros relatos de ocorrerem no caso de esquecimento de uma dose. De modo geral, esses sintomas desaparecem após duas semanas da descontinuação do tratamento.
Superdosagem de paroxetina
Existe uma ampla margem de segurança para superdosagem de paroxetina, de 2.000mg. Houve relatos de pacientes que tomaram essa dose isoladamente, junto com outros medicamentos e até mesmo com álcool.
Em caso de superdosagem, podem ser observados, além das reações adversas listadas em “efeitos colaterais”, os seguintes sintomas: febre, alterações da pressão arterial, contrações musculares involuntárias, ansiedade e taquicardia.
Efeito e duração do tratamento com paroxetina
Geralmente, a melhora nos sintomas da depressão e transtornos de ansiedade ocorrem após 7 a 14 dias do início do tratamento. Os pacientes devem manter o tratamento por período suficiente até a remissão dos sintomas.
Sua eficácia é mantida em tratamentos prolongados, por no mínimo um ano.
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