Quando procurar um psicólogo ou psicóloga?
16 de junho de 2021
Tempo de leitura: 10 minutosQuando procurar um psicólogo? Quando saber que está na hora de visitar um profissional para ajudar a resolver seus problemas e cuidar da saúde mental? Será que quem precisa de psicólogo é “louco” ou “desequilibrado”?
Esses são alguns questionamentos comuns entre pessoas que desconhecem o que é e como funciona a terapia. Mesmo em pleno século XXI e com o aumento da procura por acompanhamento psicológico nos últimos anos, ainda é comum haver dúvidas acerca da utilidade do psicólogo ou do estado psicológico da pessoa que faz terapia.
O pensamento do senso comum costuma seguir a seguinte lógica: se as doenças mentais são “coisas de louco”, então as pessoas que as têm e precisam tratá-las com a ajuda de um profissional, definitivamente também são. Essa mentalidade propaga a estigmatização da terapia, multiplicando as dúvidas sobre o seu propósito.
Além disso, certas crenças que também são disseminadas na sociedade incentivam as pessoas a recusarem a procurar um psicólogo quando precisam. Por exemplo, a ideia de que é preciso sempre aparentar estar bem e contente, especialmente se você não precisa lidar com problemas muitos sérios em sua vida. Fazer terapia, então, está fora de cogitação porque é um sinal de que, de fato, você não é feliz e precisa de ajuda.
O psicólogo é um profissional cujo papel desempenhado é de extrema importância em nossa sociedade. O cuidado com a saúde mental é tão importante quanto o cuidado com a saúde física.
Mas afinal, o que é terapia?
A terapia, ou psicoterapia, pode ser definida como o processo em que pacientes dialogam constantemente com o psicólogo na tentativa de encontrar soluções para o seu sofrimento emocional.
Ela pode ajudar a minimizar os sintomas de muitos transtornos mentais e até mesmo de condições de saúde física. Afinal, quando o corpo e/ou o organismo estão debilitados, as pessoas tendem a ficar desanimadas. Se elas não souberem gerir as suas emoções durante o período de recuperação, podem desenvolver depressão.
A terapia também oferece um espaço seguro e convidativo para que as pessoas expressem sentimentos livremente. Assim, elas se sentem confortáveis para falar sobre assuntos difíceis, como término de relacionamento, problemas financeiros, conflitos familiares, processo de luto e insegurança no trabalho.
Alguns indivíduos não procuram um psicólogo porque estão necessariamente interessados em encontrar soluções práticas para os seus dilemas. A ideia de conversar com alguém sem ser julgado por si só é atraente para eles. Deste modo, o alívio do sofrimento emocional está em segundo plano.
Na terapia, os pacientes são encorajados a refletir sobre medos, crenças e emoções negativas para obter novas perspectivas referentes os seus problemas. As decisões a serem tomadas a partir de então são de responsabilidade deles mesmos.
Embora o psicólogo compartilhe orientações pertinentes para ajudar os pacientes no que for necessário, ele não decide por eles. Pelo contrário, ele espera com paciência que o paciente decida mudar por conta própria.
Quando devemos procurar um psicólogo?
O psicólogo tem a escuta treinada e conhecimento da psique humana, o que o torna capacitado para digerir os desabafos dos pacientes e compreender os seus dilemas, bem como encorajar reflexões para que eles aprendam a lidar com eles.
Por “dilemas” entende-se quaisquer elementos presentes na vida que causam desconforto. Muitas pessoas não aguentam mais viver da maneira que estão vivendo, mas não tem ideia do que fazer para mudar ou o que devem mudar. Então, iniciam a terapia para tentar se livrar da angústia, ansiedade, insatisfação, estresse e tristeza.
Como as razões para fazer terapia são múltiplas e variadas, separamos algumas motivações comuns a fim de esclarecer exatamente quando você deve procurar um psicólogo.
Sintomas físicos
Muitas vezes é o corpo que alerta as pessoas para a necessidade de terapia. O estresse, por exemplo, desencadeia sintomas físicos que interferem no dia a dia, como letargia, dores musculares, alergias de pele, taquicardia, sudorese e gastrite. A depressão, a ansiedade, a síndrome do pânico, o transtorno de bipolaridade e outras condições também manifestam sintomas físicos.
Como a maioria não costuma ter consciência de que os sintomas têm ligação com o emocional, buscam primeiro um médico para então descobrirem que precisam de atendimento psicológico para ficarem bem.
Recomendamos sempre buscar ajuda médica para eliminar a possibilidade de causas físicas. A partir do momento que nada for encontrado e o desconforto permanecer, contudo, já é possível procurar um psicólogo.
Sensação de não pertencer a algum lugar
Você já sentiu que todo mundo parece ter um lugar no mundo, menos você? Que não importa o que faça, você não consegue sentir que pertence ao seu grupo de amigos, à sua família, ao seu trabalho e à cidade onde mora? Se sim, não se preocupe. Você não é desajustado, estranho ou incapaz de viver como os demais. Essa sensação é mais comum do que se imagina e é um sinal de que você precisa buscar ajuda porque algo não vai bem em seu interior.
Problemas familiares
Algumas pessoas têm dificuldade de conviver com familiares por conta da divergência de personalidade e de pensamentos ou de desavenças sustentadas por anos. Elas tentam ao máximo manter uma convivência razoável, mas os atritos são tantos que raramente conseguem conservar a paz por muito tempo.
Essa é uma das circunstâncias que provoca dúvidas nas pessoas acerca de quando procurar um psicólogo. Muitos não sabem que problemas familiares podem ser ou solucionados ou minimizados com a terapia.
Mas esse processo não é rápido tampouco fácil. Fazer terapia familiar é um desafio com o qual todos os familiares devem estar em concordância. Caso isso não seja possível, você pode optar pela terapia individual para, pelo menos, aprender a não deixar os conflitos familiares causarem sofrimento.
Dificuldade em se relacionar
Os relacionamentos afetivos às vezes demonstram a necessidade de buscar ajuda profissional. Se você teve muitas experiências amorosas negativas, vale parar e observar se você contribuiu de alguma forma para elas.
O ciúme excessivo, o medo de ficar sozinho, a carência afetiva e a necessidade de controlar o parceiro são fatores que corroboram para o fim dos relacionamentos e nem sempre as pessoas estão cientes disso. Assim, acreditam erroneamente que nunca encontrarão o amor ou que não há mais parceiros decentes no mundo.
Sofrimento de um trauma
Traumas psicológicos são sequelas emocionais causadas por experiências muito desagradáveis. Como a pessoa traumatizada sofreu intensamente, ela desenvolve mecanismos de defesa pouco saudáveis para tentar se afastar da memória do ocorrido ou evitar possíveis situações semelhantes no futuro. Desse modo, os seus comportamentos, sentimentos e pensamentos tendem a ser moldados em cima do trauma.
Para superar um trauma psicológico, é preciso confrontar as lembranças do acontecimento desagradável para que elas deixem de causar sofrimento emocional no presente. Esse processo é muitas vezes doloroso, mas necessário. Se você sofreu um grande trauma, procure ajuda para cessar a influência dele em sua vida.
Excesso de insegurança
O principal problema da insegurança é que ela impede que as pessoas encontrem a felicidade. Indivíduos inseguros não acreditam merecer a promoção que tanto desejam, encontrar uma pessoa amada e/ou realizar os seus sonhos.
Por estarem focados demais em seus defeitos e fracassos – fatores comuns a todas as pessoas –, não se dão permissão para aproveitar oportunidades, rir ao lado dos amigos, ter um relacionamento bacana e agradecer elogios sinceros.
Muitas pessoas são inseguras sem se darem conta disso. Na verdade, elas acreditam ser somente incompetentes ou medíocres, por isso, não correm atrás de sua felicidade. Essa mentalidade revela a necessidade de trabalhar a autoestima e o amor-próprio. Se você se identificou com essa questão, não hesite em procurar um psicólogo.
Insatisfação com a vida
Viver insatisfeito com a sua vida não é nada agradável. Pessoas insatisfeitas, assim como as inseguras, não conseguem encontrar a felicidade. Elas somente pensam em mudar o seu trabalho, a sua moradia, o seu relacionamento, o seu jeito de ser e, mesmo após fazer tudo isso, não se sentem satisfeitas.
A insatisfação com a vida pode ser um sintoma da depressão, que rouba o interesse das pessoas por suas próprias existências, ou um fruto de um conflito interno. Por exemplo, talvez a pessoa insatisfeita esteja vivendo de uma forma incondizente com os seus valores e desejos para agradar terceiros. Como não é o que quer de verdade, ela não consegue se satisfazer com a sua realidade.
Dificuldade para superar uma perda
O processo de luto pode ser doloroso. Dependendo das circunstâncias e do apego ao ente querido que se foi, pode levar anos para que a sensação de normalidade retorne para a vida de quem ficou. É normal sentir-se triste e confuso após uma perda nos primeiros meses subsequentes. Quando esses sentimentos se prolongam, no entanto, é a hora de buscar ajuda psicológica.
Uma sensação semelhante ao luto também ocorre quanto perdemos um emprego ou nos desconectamos de um aspecto importante de nossas vidas. A perda, neste contexto, pode deixar as pessoas desorientadas e sem perspectiva de vida. Esta também é uma ocasião que gera dúvidas sobre quando procurar um psicólogo.
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