Risperidona: conheça o efeito desse remédio no cérebro

Risperidona é um medicamento utilizado para tratar determinados transtornos mentais, entre eles citamos a esquizofrenia, o transtorno bipolar e irritabilidade associada ao transtorno do espectro autista.

A risperidona pertence a uma classe de medicamentos denominados antipsicóticos atípicos. Sua função é ajudar a restaurar o equilíbrio de neurotransmissores no cérebro.

Trata-se de um medicamento que pode ajudar os indivíduos diagnosticados com os transtornos citados acima a pensar com clareza e ter uma vida cotidiana mais próxima do natural.

Pode ser encontrada sob os seguintes nomes comerciais: Risperidon®, Risleptic®, Ripevil®, Riss®, Risperd Risperidon®, Risleptic®, Ripevil®, Riss®, Risperdal®, Ri sperdal Consta®, Zargus®, Respidon® e Viverdal®.

É um fármaco potente, que foi desenvolvido pela Farmacêutica Janssen.

Quer saber mais à respeito desse remédio? Continue lendo e descubra os seus efeitos colaterais, para que ele serve e como ele age no cérebro. Boa leitura!

O que é Risperidona e para que serve?

Como já dito no início, a risperidona é um antipsicótico. Ou seja, é um remédio utilizado para tratar sintomas da esquizofrenia, como psicoses, alucinações e pensamentos perturbadores.

O fármaco é um antagonista seletivo das monoaminas cerebrais, com propriedades únicas. Ele tem uma alta afinidade pelos receptores de serotonina.

Este medicamento pode ser prescrito para adultos e adolescentes acima de 13 anos de idade. Também é utilizado para tratar episódios de mania (humor frenético, anormalmente excitado ou irritado) no transtorno bipolar.

Outras indicações são:

  • Em episódios mistos, quando sintomas de mania e depressão que ocorrem juntos;
  • Em adultos e adolescentes e crianças de 10 anos ou mais com transtorno bipolar (maníaco);
  • Estresse pós-traumático;
  • Transtorno depressivo;
  • Psicose depressiva;
  • Transtorno obsessivo-compulsivo;
  • Síndrome de Tourette;
  • Transtornos psicóticos agudos e crônicos.

A risperidona também é usada para tratar problemas de comportamento, como agressão, automutilação e mudanças repentinas de humor em adolescentes e crianças de 5 a 16 anos que têm autismo (uma condição que causa comportamento repetitivo, dificuldade em interagir com outras pessoas e problemas de comunicação).

Esquizofrenia e Risperidona

A esquizofrenia é um distúrbio cerebral crônico que afeta menos de um por cento da população mundial. No Brasil, estima-se que a doença afete pelo menos 2,5 milhões de pessoas. Quando a esquizofrenia está ativa, os sintomas podem incluir delírios, alucinações, problemas de raciocínio, concentração e falta de motivação.

Esquizofrenia não significa personalidade dividida ou personalidade múltipla.

Quando a doença está ativa, pode ser caracterizada por episódios nos quais o paciente é incapaz de distinguir entre experiências reais e irreais. Como em qualquer doença, a gravidade, a duração e a frequência dos sintomas podem variar.

No entanto, em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, a incidência de sintomas psicóticos graves geralmente diminuem durante a vida do paciente. Não tomar os medicamentos prescritos, uso de álcool ou drogas ilícitas e situações estressantes tendem a aumentar os sintomas.

Os sintomas se enquadram em várias categorias:

  • Sintomas psicóticos positivos: Alucinações, como ouvir vozes, delírios paranóicos e percepções, crenças e comportamentos exagerados ou distorcidos.
  • Sinais negativos: perda ou diminuição da capacidade de iniciar planos, falar, expressar emoções ou encontrar prazer.
  • Sintomas de desorganização: Pensamento e fala confusos e desordenados, problemas com o pensamento lógico e comportamento às vezes bizarro ou movimentos anormais.
  • Problemas cognitivos: problemas com atenção, concentração, memória e desempenho educacional em declínio.

Quando a risperidona pode ser prescrita?

O tratamento com risperidona poder ser prescrito em adolescentes acima de 13 anos ou na fase adulta.

No humor alterado, o paciente apresenta um quadro de bipolaridade (transtorno bipolar, maníaco) com episódios intensos de humor incluindo a mania. Ou seja, a pessoa pode apresentar um estado frenético estando muito excitado, irritado, alegre, comprar ou fazer sexo compulsivamente. Ele também pode apresentar estado depressivo, ou ter uma mistura de ambos. Nesses casos, o tratamento pode ocorrer em adolescentes acima de 10 anos e adultos.

Neste contexto do autismo, a risperidona pode ser indicada para controlar a agressividade e a impulsividade. O autismo é um transtorno grave de desenvolvimento que afeta a capacidade da pessoa na hora de interagir e se comunicar com outras, além do aprendizado.

Outros problemas também podem ocorrer na pessoa autista, tais como: problema de comportamento gerando agressão, mudanças repentinas do humor, automutilação e birras. A risperidona é indicada em pacientes autistas com idade entre 5 a 16 anos.

Esse fármaco também provoca efeitos positivos para tratar os sintomas dos transtornos relacionados à ansiedade, as alterações mentais e o estresse.

Como a Risperidona age no cérebro?

A risperidona atua no cérebro, afetando vários neurotransmissores, em particular a dopamina e a serotonina (5HT).

Dopamina e serotonina são neurotransmissores conhecidos por estarem envolvidos na regulação do humor e do comportamento. A doença psicótica é causada por distúrbios na atividade dos neurotransmissores (principalmente dopamina) no cérebro.

Sabe-se que a esquizofrenia está associada a uma hiperatividade da dopamina no cérebro, e isso pode estar associado aos delírios e alucinações que são uma característica dessa doença.

A risperidona atua bloqueando os receptores no cérebro nos quais a dopamina atua. Isso evita a atividade excessiva da dopamina e ajuda a controlar a esquizofrenia.

Pacientes esquizofrênicos podem experimentar “sintomas positivos”, como alucinações, distúrbios de pensamento, hostilidade e /ou “sintomas negativos”, como falta de emoção e retraimento social.

A risperidona é eficaz no alívio dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, enquanto os antipsicóticos convencionais geralmente são menos eficazes contra os sintomas negativos.

O medicamento também alivia os “sintomas afetivos” associados à esquizofrenia, como depressão, sentimentos de culpa ou ansiedade.

Para o tratamento da esquizofrenia, a risperidona também pode ser administrada como uma injeção de depósito que dura duas semanas.

Dosagem do medicamento

A dosagem desta medicação está ligada intimamente na ação, que é relativamente complexa, da neurotransmissão, seja ela da Serotonina ou Noradrenalina. Por esse motivo, somente o médico psiquiatra pode receitar e informar a dosagem necessária para cada tipo de tratamento e paciente.

A dose prescrita variará de pessoa para pessoa, dependendo da condição a ser tratada. É importante seguir as instruções dadas pelo seu médico. Estes também serão impressos na bula ou na embalagem do medicamento.

  • Os comprimidos são geralmente tomados uma ou duas vezes por dia, com ou sem alimentos.
  • No caso da risperidona líquida, siga as instruções fornecidas com a bula para medir cuidadosamente uma dose. O líquido pode ser tomado como está ou pode ser diluído com qualquer bebida não alcoólica, exceto chá. Quando diluída dessa maneira, a mistura deve ser tomada imediatamente e não guardada para mais tarde.
  • No caso da injeção, ela deve ser administrada no músculo da nádega ou do braço, onde forma um reservatório de medicamento que é lentamente liberado na corrente sanguínea por um período de duas semanas. Isso evita ter que tomar comprimidos todos os dias.

O objetivo do remédio é diminuir os efeitos colaterais muito comuns aos antipsicóticos pertencentes a classe das butirofenonas, como por exemplo, o haloperidol, um remédio bastante convencional.

Em contrapartida, a risperidona causa sedação (isso mesmo, ela dá sono!) e aumento de peso.

Quais os efeitos colaterais do Risperidona?

Até aqui você já aprendeu o que é, para que serve e como usar a risperidona. Agora chegou a hora de saber mais sobre os efeitos colaterais que a medicação pode causar no organismo do paciente. Vamos lá?

Este medicamento pode causar efeitos colaterais. Portanto, informe o seu médico se algum destes sintomas for grave ou não desaparecer:

  • náusea;
  • vômito;
  • diarreia;
  • prisão de ventre;
  • azia;
  • boca seca;
  • aumento da saliva;
  • aumento do apetite;
  • ganho de peso;
  • dor de estômago;
  • ansiedade;
  • agitação;
  • inquietação;
  • sonhos e pesadelos mais frequentes do que o habitual;
  • dificuldade em pegar no sono (insônia);
  • aumento ou secreção mamária;
  • menstruação tardia ou amenorreia;
  • diminuição da capacidade sexual e perda de libido;
  • problemas de visão;
  • dores musculares ou articulares;
  • pele seca ou com descamação;
  • dificuldade em urinar;
  • tonturas, sensação de instabilidade ou dificuldade em manter o equilíbrio;
  • tremores a partir de movimentos rítmicos ocorridas numa parte do seu corpo e que são incontroláveis;
  • tontura;
  • fadiga;
  • nariz entupido e/ou com inflamação;
  • reação alérgica como aparecimento de inchaço na garganta ou língua e problemas respiratórios;
  • infecções nas vias aéreas superiores;
  • garganta inflamada.

Os sintomas listados acima costumam desaparecer em alguns dias ou semanas, mas se não sumirem ou se tornarem mais graves você deve procurar orientação médica imediatamente.

Outros efeitos colaterais

A Risperidona raramente eleva o nível de açúcar no sangue, mas se isso ocorrer você deve imediatamente procurar o seu médico, pois poderá causar diabetes ou piorar o quadro de quem já tem essa doença.

Se houver aumento da sede e der mais vontade de urinar, pode ser que o indivíduo tenha adquirido diabetes, neste caso um exame detalhado de sangue poderá confirmar o diagnóstico.

O diabético deve repetir os exames periodicamente para controle do médico, nestes casos, o profissional poderá ajustar o uso da medicação e incluir programas com exercícios e dieta.

Esse antipsicótico também pode causar alterações elevadas dos níveis de triglicerídeos (colesterol no sangue) e aumento significativo de peso. Na pessoa diabética, esses efeitos podem desencadear doenças cardíacas. Nesses casos, o ideal é discutir com o seu médico benefícios versus riscos do tratamento.

O fármaco pode aumentar a prolactina, substância natural produzida pelo corpo. Nas mulheres essa elevação provoca a produção indesejada de leite materno, perda do período menstrual ou dificuldades para engravidar. Já nos homens, os efeitos são disfunção erétil, aumento dos seios e incapacidade de produzir espermatozoides. Em ambos os casos o médico deverá ser informado.

Se a risperidona causar efeito colateral muito grave, tais como: desmaios, tonturas graves ou convulsões, você deve procurar ajuda médica imediatamente.

Idosos diagnosticados com demência, ao usar este medicamento, poderão ter efeitos colaterais fatais como AVC (acidente vascular cerebral) ou morte por infecção.

Risperidona: contraindicações e advertências 

É importante ao psiquiatra a existência de possível alergia à risperidona ou qualquer outra substância. Informe a ele todo o seu histórico médico e forneça todas as informações necessárias para um diagnóstico clínico mais assertivo.

Risperidona só deve ser utilizada sob prescrição médica

Mencione, por exemplo, medicamentos que já fez ou faz uso, sejam eles prescritos por um médico ou não, se usou/usa produtos naturais (aqueles a base de plantas) ou se possui alguma das seguintes doenças:

  • Hepatite;
  • Doença renal ou cardíaca;
  • Convulsão;
  • Dificuldades para engolir;
  • Contagem de glóbulos brancos baixa;
  • Parkinson;
  • Demência;
  • Glaucoma, catarata, dentre outras;
  • Diabetes;
  • Colesterol ou triglicerídeos elevados;
  • Apneia do sono.

Durante o tratamento, informe ao seu médico sobre o uso do fármaco caso precise fazer algum tipo de cirurgia. Em casos de gravidez ele só deve ser usado se for extremamente necessário e com acompanhamento do profissional.

As substâncias desse antipsicótico são transmitidas para o leite materno, podendo acarretar efeitos não desejáveis no bebê. Qualquer anormalidade no comportamento da criança deverá ser comunicada ao médico.

A risperidona deve ser armazenada longe da umidade, da luz e em temperatura ambiente. A forma líquida não deve ser congelada e é importante deixar longe das crianças e animais domésticos.

Psicoterapia: tratamento combinado e efetivo

Estudos comprovam que a psicoterapia tem se mostrado um importante recurso terapêutico, associado ao tratamento farmacológico, na recuperação e na reabilitação do indivíduo esquizofrênico.

Por meio de abordagens educativas, suportivas, interpessoais ou dinâmicas, visa-se recuperar o indivíduo no nível psíquico, interpessoal e social.

O processo de terapia oferece continência e suporte. É fundamental para oferecer ao indivíduo mais informações sobre a doença e modos de lidar com ela. No trabalho conjunto com o psicólogo, é possível ao paciente restabelecer o contato com a realidade.

É preciso destacar, que as sessões de terapia são poderosas. Através delas, o sujeito pode ser capaz de reconhecer experiências reais e diferenciá-las das alucinatórias ou delirantes. Isso pode ser alcançado por meio do teste de realidade, feito pela intervenção direta do terapeuta ou pelos próprios pacientes no caso da psicoterapia de grupo. 

Psicoterapia vs. Qualidade de vida

Para que seja possível uma vida mais equilibrada, é importante integrar a experiência psicótica no contexto de vida do paciente, ou seja, dar um sentido à experiência psicótica.

Além disso, a terapia pode ajudar a identificar fatores estressores e instrumentalizar o paciente a lidar com os eventos da vida. Os fatores desencadeantes de crises estão intimamente relacionados com as recaídas e o prognóstico da doença.

Discutir formas de suportar, modificar ou compreender melhor as situações vividas pelos pessoas podem ajudá-las a ter uma melhor evolução na sua doença. Algumas estratégias usadas são a busca de solução de problemas e o planejamento de metas, conseguidas pela orientação direta do terapeuta ou por discussões grupais. 

Se você ou alguém próximo recebeu um diagnóstico de esquizofrenia, procure ajuda de um psicólogo. Com certeza este profissional vai contribuir para que o paciente conquiste maior autonomia e independência. É possível conquistar a capacidade de gerenciar a própria vida e ainda melhorar a autoestima!

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta

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Marcos Alves
2 anos atrás

Artigo muito esclarecedor!
Tenho dado risperidona 2mg pro meu pai que tem esquizofrenia paranoide fielmente e estava com muitas duvidas sobre os efeitos e benefícios dessa medicação, aqui encontrei as respostas que procurava. Obrigado!

Aparecida Gaspar
3 anos atrás

Ótima matéria, serviu para termos ciência de que devemos ficar longe dele.
Como pode essas indústrias produzirem um veneno desses??? Isso faz muito mais mal do que bem à saúde.

Lourdes Cavalcanti
3 anos atrás

Meu neto de 02 anos está tomando. O exame: Ressonância que ele fez,disse que está tudo normal,ele não tem autismo, será que esse medicamento prejudicou o cérebro dele? Por favor me ajude. (Ele ainda está tomando). Não conseguimos marcar a volta para a médica.

Thiago Moreno
3 anos atrás

Um dos artigos mais eficazes que tive a oportunidade e sorte de ler.
Clareza e profundidade no quesito questão.
Sou especializado em farmacologia e bioquímica diagnóstica.
Impressionante a clareza e amplitude de informação.
Palmas..

Sanddy Nunes
3 anos atrás

Até que enfim um artigo que trás alento, esperança e informações em linguagem acessível. Obrigada!

Artigo publicado em Medicamentos