Ser perfeccionista demais é um problema? Entenda como isso impacta sua mente!

Ser perfeccionista demais pode impactar negativamente diversas aéreas da sua vida, sabia? A necessidade de alcançar a perfeição em todas as situações pode gradualmente danificar a sua saúde mental e autoestima. 

O que é uma pessoa perfeccionista?

O perfeccionismo é descrito por muitos psicólogos como a necessidade de estabelecer padrões elevados e rígidos para si mesmo. A pessoa perfeccionista segue uma série de requisitos de conduta, criados especialmente para ela mesma, e faz constantes autoavaliações. 

Suas opiniões sobre os outros são balanceadas e costumam estar de acordo com a realidade de cada indivíduo. Quando se trata de si mesma, porém, a pessoa perfeccionista não é tão compreensível. Sua autocrítica é rigorosa, frequentemente colocando-a para baixo e incentivando a culpa. Ela nunca se satisfaz com seu próprio desempenho.

Por outro lado, o perfeccionismo pode fazer com que ela atinja objetivos em tempo recorde e aperfeiçoe habilidades independentemente da sua condição de vida. 

Mesmo se trabalha o dia inteiro e ainda precisa cuidar dos filhos ou da casa/ir para a faculdade/fazer um curso/se exercitar após o expediente, consegue arranjar tempo para os seus projetos pessoais. O cansaço mental e físico pode ser enorme, mas ela persevera. 

O lado bom do perfeccionismo

Como visto, o perfeccionismo pode ser muito útil quando bem aplicado. Pessoas perfeccionistas prestam mais atenção aos detalhes e orientações, executando tarefas com facilidade. São observadoras e meticulosas, competências que são especialmente úteis em algumas profissões. 

Como gostam de se desafiar, costumam alcançar resultados além do esperado e até deslumbrar as pessoas com seus grandes feitos. 

Embora tenham dificuldade em aceitar conselhos e sugestões, tendem a buscar referências consideradas apropriadas em fontes distintas e diversificar o seu trabalho. Assim, o perfeccionismo pode ajudá-las a se destacar no ambiente profissional ou acadêmico. 

Como as suas profissões e modos de vida exigem muita dedicação, atletas, profissionais da saúde, chefs de cozinha, empresários e artistas, em especial, podem se beneficiar desse traço de personalidade. Porém, não podem se perder na busca para satisfazer padrões exageradamente elevados. 

Quando o perfeccionismo se torna um problema?

O perfeccionismo também pode nos prejudicar de diferentes formas. A busca cega pela perfeição influencia negativamente o nosso estado mental e emocional. Não raro pessoas perfeccionistas desenvolvem depressão, ansiedade, insônia e distúrbios alimentares

O esforço desenfreado para ser perfeito em literalmente tudo é exaustivo. É muito fácil cair em um loop eterno onde buscamos a perfeição em cada momento de nossa existência, não a encontramos e ficamos frustrados, decepcionados e/ou irritados. 

Primeiramente, a perfeição não existe. 

Logo, nos esforçamos e desrespeitamos os nossos limites para chegar a um cenário impossível. Em segundo lugar, o processo para alcançar os nossos objetivos é mais recompensador do que o resultado em si. Erramos, aprendermos e crescemos justamente durante o percurso. Realizar sonhos é satisfatório, é claro, mas a sensação de satisfação é temporária. 

Os seres humanos precisam de desafios constantes para se sentir vivos e evoluírem. Por isso, o processo para realizar os nossos sonhos tende a ser mais interessante que a realização do mesmo. 

A pessoa muito perfeccionista não pensa assim. Ela quer ser perfeita a todo custo e percorre caminhos extremos para satisfazer a sua obsessão. Quando não consegue (o que acontece com frequência), ela se sabota ou se pune. 

Em seguida, confira os fatores que tornam o perfeccionismo prejudicial. Caso você se identifique com todas ou somente algumas das situações, é provável que seja um tanto perfeccionista.    

Procrastinação 

Ser perfeccionista demais é um problema? Entenda como isso impacta sua mente!

Ironicamente, pessoas perfeccionistas são inclinadas a procrastinar mais do que outras. A lógica por trás desse comportamento é a seguinte: “Se eu não conseguir executar X com perfeição, não adianta tentar”. Ou seja, elas apenas iniciam projetos ou executam tarefas quando estão certas que o farão perfeitamente. 

O problema dessa forma de pensar é simples. A não ser que você seja superdotado, é impossível iniciar qualquer coisa satisfatoriamente. Precisamos de tempo para praticar e aperfeiçoar técnicas antes do “ruim” se tornar “bom”. 

O perfeccionismo, nesse caso, contribui para a estagnação e pode até influenciar a desistência. Muitas pessoas perfeccionistas deixam de realizar seus sonhos simplesmente porque não nascem com as habilidades necessárias para fazê-lo, mesmo que tenham a oportunidade de desenvolvê-las ao longo da vida. 

Autocrítica 

Os objetivos estipulados por nós mesmos se tornam assustadores quando somos muito críticos. Como sabemos que não o cumpriremos com o padrão de perfeição desejado (porque é impossível fazê-lo), as críticas são severas. 

“Você não é bom o suficiente”, “Você não é inteligente”, “Você é incompetente”, “Você precisa treinar mais, mais e mais”, “Você nunca conseguirá” e “Você nunca será feliz se não conseguir fazer X” são alguns pensamentos que resultam dessa autocrítica rigorosa. Tão rigorosa que pode levar à depressão

Com tantas autoavaliações negativas, é comum nos sentirmos desesperados, incompreendidos e estressados. 

Padrões rígidos e elevados

A perfeição por si só já é um padrão bastante elevado e rígido, mas existem outros! A pessoa que abraça o perfeccionismo julga a qualidade do seu trabalho baseada em uma série de fatores, tais como: 

  • quanto tempo levou para fazer uma tarefa;
  • o número de elogios que recebeu;
  • o tamanho da repercussão do seu esforço;
  • a sua satisfação pessoal com o resultado (quase sempre inexistente);
  • quantos empecilhos foram encontrados durante o processo;
  • se alguém foi melhor do que ela;
  • a grandeza do resultado. 

Com frequência, as expectativas para cada um dos fatores são inalcançáveis, sendo impossível alcançá-las. Mesmo recebendo elogios por seu trabalho, a pessoa perfeccionista não se dá por satisfeita.  

Ausência de satisfação na vida diária

Quando o perfeccionismo causa muitas emoções ruins, as pessoas começam a buscar formas pouco saudáveis de lidar com o estresse. Afinal, a vida de quem não consegue agradar a si mesmo é desanimadora! Como esses indivíduos não conseguem satisfazer-se com nada, iniciam uma busca alucinante pelo bem-estar emocional. 

A satisfação com a vida pode ser encontrada em si mesmo. Esse conselho é válido para todas as pessoas, independente do perfeccionismo. 

Quem vive insatisfeito não consegue ter essa visão e prioriza prazeres externos por serem de “fácil” acesso, como o sucesso profissional, vida social movimentada, compras, bebidas alcoólicas, festas e sexo. No entanto, esses fatores deixam de ser agradáveis com o tempo. Assim, surgem os transtornos mentais. 

Dificuldade para estabelecer laços

O perfeccionismo também pode interferir nos relacionamentos interpessoais. Quando nos relacionamentos, seja romanticamente ou não, é normal nossos defeitos se tornarem evidentes para os outros com a convivência

As amizades e os namoros se formalizam quando os defeitos são tolerados por ambas as partes do relacionamento. Na verdade, a maioria das pessoas não se importa com as falhas alheias (a não ser que sejam extremamente prejudiciais) porque reconhecem que também são imperfeitas. O medo de revelar defeitos impede que laços duradouros se formem.

Esgotamento psicológico

Ser perfeccionista demais é um problema? Entenda como isso impacta sua mente!

Por fim, um dos maiores problemas do perfeccionismo neurótico é o esgotamento psicológico. 

A pessoa em busca da perfeição não vive, mas, sim, desempenha um papel. Ela transita pela vida na pele de alguém que não comete erros, tentando passar uma imagem de eficiência ou de pureza para os outros. 

Em algum momento, o estresse de esconder a sua verdadeira personalidade torna-se insuportável e ocasiona a esgotamento psicológico

Como deixar de ser perfeccionista demais?

Para ser útil, o perfeccionismo precisa ser aplicado nas situações corretas, como em seus projetos pessoais, no ambiente profissional e na vida acadêmica. Dessa forma, você pode melhorar a sua produtividade e os resultados do seu trabalho. 

As características boas do perfeccionismo são: 

  • atenção aos detalhes;
  • determinação;
  • força de vontade;
  • motivação;
  • cautela;
  • gosto por desafios; 
  • busca por conhecimento e autoconhecimento;
  • vontade de crescer;
  • inclinação para correr riscos.

Esses fatores são voltados para a “busca por excelência”. O perfeccionismo voltado para “evitar o fracasso” é o que tem características neuróticas e causadoras de estresse. O medo de não corresponder às próprias expectativas, ser alvo de críticas e fracassar tem raiz nele.  

Para superar a necessidade de ser perfeito, é preciso entender que os seres humanos são passíveis de erros. Todos nós temos defeitos, logo não faz sentido tentar escondê-los. 

De fato, quando se tenta esconder as falhas, mais elas são notadas e menos tolerável a pessoa se torna. Já percebeu que quem encara os erros com bom humor é mais bem visto? A admissão da condição de ser errante gera identificação! 

Está tudo bem não dominar uma habilidade ou ter dificuldade para executar uma tarefa. Esses impasses momentâneos tornam a vida mais interessante e desafiadora. A vergonha e a ansiedade podem aparecer em decorrência deles, mas são passageiras.  

O perfeccionismo geralmente nasce de uma criação rígida. A criança que não consegue agradar os pais passa a vida inteira tentando fazê-lo, mesmo que inconscientemente. 

Essa característica também pode ser desenvolvida no convívio com pessoas muito competitivas. O meio força a pessoa a buscar um diferencial em todas as ocasiões, sem descanso. 

Felizmente, é possível se tornar uma pessoa mais maleável. Você pode buscar ajuda psicológica para descobrir a origem do perfeccionismo e as questões emocionais atreladas a ele.

Se você não sabe por onde começar a procurar o seu bem-estar emocional, a Vittude pode ajudá-lo!

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Autor

Tatiana Pimenta

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CEO e Fundadora da Vittude. É apaixonada por psicologia e comportamento humano, sendo grande estudiosa de temas como Psicologia Positiva e os impactos da felicidade na saúde física e mental. Cursou The Science of Happiness pela University of California, Berkeley. É maratonista e praticante de Mindfulness. Encontrou na corrida de rua e na meditação fontes de disciplina, foco, felicidade e produtividade. Você também pode me seguir no Instagram @tatianaacpimenta