Saúde Ocupacional

Empregabilidade e como se relaciona com a saúde mental

Quando abordamos a empregabilidade, que é o aprimoramento constante das habilidades profissionais de uma pessoa, não podemos deixar de falar sobre saúde mental

Em situações em que um indivíduo está em busca de um emprego ou deseja se fortalecer no trabalho atual, precisa se manter atualizado em relação às demandas do mercado. Nesse caso, não apenas a saúde mental em si, como o desenvolvimento de habilidades emocionais, são pontos importantes.

Cada vez mais, o mercado de trabalho valoriza profissionais emocionalmente inteligentes, portanto, quanto mais foco se coloca em saúde mental, maiores são as chances de não apenas conquistar uma boa oportunidade profissional, mas de se manter no emprego por bastante tempo.

Quer entender melhor como se dá a relação entre saúde mental e empregabilidade? Confira este artigo para se aprofundar no assunto.

O que é a empregabilidade?

Vamos começar pelo conceito de empregabilidade, sobre o qual é fundamental ter clareza para, posteriormente, compreender todo o restante.

A empregabilidade se trata de uma busca constante pelo desenvolvimento e aprimoramento de competências e habilidades profissionais de uma pessoa. O objetivo dessa evolução é se manter atualizado para atender às necessidades e demandas do mercado de trabalho.

Dito isto, fica claro que o indivíduo deve estar sempre focado em alguns pontos como:

  • Adaptação às mudanças do mercado;
  • Atualização sobre tendências e novidades relacionadas à sua área de atuação;
  • Capacitação, seja em termos técnicos ou emocionais;
  • Aprimoramento de competências que são requisitadas no seu segmento.

Portanto, a empregabilidade é importante tanto para o profissional como para a empresa.

De um lado, uma pessoa com bom índice de empregabilidade não fica muito tempo desempregada, afinal, é desejada pelo mercado.

Por outro, uma empresa capaz de atrair e reter tais profissionais se beneficia porque são funcionários competentes e com alto potencial, que contribuem significativamente para o crescimento da organização. 

Ou seja: a empregabilidade favorece a criação de novas soluções e ideias que tornam o negócio mais forte e competitivo. Portanto, não basta apenas atrair um trabalhador com bom índice de empregabilidade, mas também investir na sua capacitação para garantir a sua retenção.

Por que a saúde mental é importante para a empregabilidade?

Cada vez mais se fala sobre como a saúde mental precisa ser encarada como um fator que impacta a produtividade, a motivação e o desempenho profissional de forma geral.

Seja para conquistar um emprego ou para se manter no mesmo, estar saudável emocional e psicologicamente deve ser uma prioridade. Dificilmente uma pessoa que enfrenta ansiedade, depressão, síndrome de burnout ou qualquer outra questão relacionada à saúde mental, irá conseguir atingir o máximo do seu potencial no trabalho.

No caso da busca por um emprego, essa jornada pode ser mais longa do que o esperado, gerando frustração, ansiedade, inseguranças e outros sentimentos ruins, principalmente quando o indivíduo não se planejou financeiramente para ficar muito tempo sem ganhos financeiros.

Quando os cuidados com a mente estão em dia, contribuem para tornar todo esse processo menos angustiante, além de ser importante para demonstrar mais confiança aos recrutadores.

Já em situações em que o objetivo é se manter em evolução dentro do emprego atual, a saúde mental também aparece como uma grande aliada. Afinal, pessoas saudáveis e felizes são mais produtivas e motivadas, o que impacta nos resultados e aumenta as chances de promoção.

As empresas, por sua vez, também estão de olho em questões relacionadas à saúde mental. Não só valorizam quem já tem esse tipo de cuidado, como também estão implementando ações internas com esse foco.

Seja por meio de formatos de trabalho mais flexíveis e lideranças melhor preparadas ou até mesmo benefícios corporativos que incluem a psicoterapia, o fato é que estratégias desse tipo são cada vez mais comuns e apontam para qual direção o mercado está caminhando.

3 estratégias para cuidar da saúde mental durante a busca por emprego

A busca por emprego pode ser bastante desgastante, por isso, os cuidados com a saúde mental ao longo desse processo são importantes para tornar tudo mais leve e, é claro, aumentar as chances de conquistar uma oportunidade.

Afinal, quando você não está bem psicologicamente, isso transparece na sua forma de se comunicar, o que pode afetar diretamente a performance em processos seletivos.

Em seguida, confira algumas dicas para cuidar da mente durante essa busca:

Manejar o estresse e a ansiedade

Há várias maneiras de administrar o estresse e a ansiedade que surgem devido à busca por emprego. Cada pessoa deve entender o que é mais adequado para si, mas existem algumas recomendações gerais.

A prática regular de exercícios físicos, por exemplo, é uma das atividades mais indicadas, pois há a liberação de hormônios que ajudam a aliviar o estresse e promovem maior sensação de bem-estar.

A meditação, por sua vez, também é indicada para reduzir a ansiedade e a preocupação, ajudando a regular o organismo, melhorar o foco e o humor.

E, por fim, os trabalhos manuais também são uma ótima forma de manejar sentimentos ansiosos: escrever, desenhar, pintar, bordar, tocar instrumentos são apenas alguns exemplos. O mais importante é encontrar aquilo que traz motivação e relaxamento para os seus dias.

Ter conhecimento sobre os gatilhos de estresse

Você se sente estressado e ansioso, mas será que sabe exatamente quais são as causas desses sentimentos ou é tudo muito nebuloso?

Ter esse tipo de conhecimento é bem importante se você deseja manter a saúde mental em dia durante a busca por emprego. 

Situações desconfortáveis nas entrevistas, sentimento de injustiça por não conseguir uma vaga, desesperança com ausência de retornos dos recrutadores… Há vários possíveis gatilhos que são capazes de elevar o estresse.

Refletir sobre tudo isso e como você está se deixando afetar é um dos primeiros passos para entender como administrar melhor as emoções.

Fazer terapia para ter mais clareza sobre escolhas e caminhos

A terapia é uma grande aliada em termos de autoconhecimento e, durante o processo de encontrar um novo emprego, é capaz de te ajudar a tomar melhores decisões.

Já pensou que talvez você esteja mirando nas empresas ou vagas erradas? Ou que talvez não esteja realmente preparado para as entrevistas?

Pequenas escolhas podem estar impactando a sua performance e os resultados, portanto, a terapia é uma maneira de se questionar, se entender e se aprofundar em quais devem ser os próximos passos (e como chegar lá).

Como encontrar um emprego que valorize a saúde mental dos funcionários?

Quando falamos sobre saúde mental e empregabilidade, não podemos deixar de lado o interesse das pessoas em trabalhar em ambientes que valorizem a saúde em todos os âmbitos e contribuam para o bem-estar psicológicos dos funcionários.

Há várias formas de identificar se uma organização tem ou não esse tipo de preocupação, sendo algumas delas:

Pesquise sobre a cultura organizacional e as políticas de saúde mental das empresas

A cultura organizacional é definida como o conjunto de comportamentos, tradições, crenças e valores que são cultivados dentro de uma empresa. A partir dessa análise já é possível entender se determinada organização fomenta ou não os cuidados com a saúde mental.

Alguns indicativos de que não há uma cultura saudável são:

  • Excesso de competitividade;
  • Lideranças despreparadas;
  • Altas taxas de turnover;
  • Sobrecarga de trabalho.

Além disso, vale analisar se há, de forma mais prática, algum tipo de política ou benefício corporativo voltado para a saúde mental.

Se possível, vale tentar conversar com colaboradores atuais da empresa para entender o ponto de vista de quem vive a cultura diariamente.

Faça perguntas estratégicas sobre saúde mental durante as entrevistas de emprego

Outra maneira de investigar o posicionamento da empresa é fazendo bons questionamentos nas entrevistas.

Aqui vão alguns exemplos de perguntas que podem ser realizadas:

  • Pelo o que a cultura organizacional preza?
  • Como é o dia a dia de trabalho?
  • Como a empresa encara e administra questões de sobrecarga de trabalho e horas extras?
  • Quais são os benefícios corporativos relacionados à saúde mental?
  • Como são tratadas, internamente, as questões relacionadas a transtornos mentais?

Esse tipo de pergunta já ajuda a entender se há sinergia entre o que é prioridade para você e o que é esperado pela empresa, evitando frustrações futuras no caso de uma contratação.

Saiba identificar sinais de que a empresa valoriza a saúde mental dos colaboradores

Por fim, outra dica é saber quais são os sinais de que a empresa prioriza e valoriza a saúde mental no dia a dia de trabalho.

Um dos pontos mais importantes é em relação à taxa de turnover, afinal, ela pode ser um indicativo de muitas coisas, inclusive de um ambiente que não preza pela saúde dos funcionários.

Novamente, uma das melhores formas de entender como é a rotina de verdade é tentando conversar com colaboradores atuais da empresa. É possível encontrar essas pessoas via contatos próximos ou via redes sociais, como o LinkedIn.

Se isso não for possível, o melhor caminho é fazer os questionamentos certos no processo seletivo, deixando claro o que você prioriza e buscando entender, tanto na fala explícita como nas entrelinhas, o que é valorizado pela empresa.

Como desenvolver habilidades emocionais para impulsionar a empregabilidade?

Uma das formas de aumentar a sua empregabilidade é desenvolvendo habilidades emocionais, que são muito desejadas pela maioria das empresas. Profissionais com a inteligência emocional evoluída, por exemplo, são muito cobiçados.

Também conhecidas como soft skills, algumas das principais são:

  • Adaptabilidade e flexibilidade;
  • Empatia;
  • Resiliência;
  • Colaboração;
  • Capacidade de reconhecer e manejar as emoções;
  • Automotivação.

Por serem habilidades emocionais, o caminho das pedras para o aprimoramento não é tão claro como no caso das habilidades técnicas, as hard skills.

Aqui vão algumas orientações para começar este processo que, caso você não saiba, pode ser impulsionado pela terapia, afinal, tudo parte do autoconhecimento:

1. Analise o seu próprio comportamento

Observe como você reage diante das situações, sejam estas positivas ou negativas, que cruzam o seu caminho. A dica é ficar atento às reações da mente e do corpo, além dos pensamentos que chegam até você e se instalam nesse primeiro momento.

Em seguida, analise o que acontece após a chegada dos sentimentos que foram desencadeados pelas situações, independentemente de serem bons ou ruins. 

A inteligência emocional é sobre reconhecer as suas próprias emoções e entender como elas impactam a si mesmo e aos outros. Esse tipo de percepção sobre como cada contexto faz você se sentir é um ótimo ponto de partida.

2. Domine as suas emoções

As emoções, se não forem bem administradas, são capazes de tirar uma pessoa dos eixos, tornando-a agressiva, pouco empática, pessimista e inflexível. 

Por isso, não basta reconhecer o que se sente, mas ser capaz de controlar também. Agir sem pensar e de forma precipitada é natural do ser humano, mas em algumas situações é o pior a se fazer.

Aos poucos, você deve ser capaz de dominar os impulsos e as emoções antes de tomar decisões ou falar alguma coisa. Não é fácil, mas com muita autoconsciência vai se tornando um processo menos complexo.

Primeiro, é preciso recuperar a calma e a racional, impedindo que o instinto e o emocional falem por si só. O que pode ajudar a manter o autocontrole:

  • Exercícios de respiração;
  • Meditação;
  • Exercícios físicos.

Lembrando, é claro, que o objetivo aqui não é suprimir emoções e sim controlá-las a seu favor.

3. Aceite e trabalhe as suas emoções negativas

As emoções negativas são as mais difíceis de lidar, afinal, ninguém quer sentir algo ruim, não é mesmo?

Quando elas te atingem, é normal perder um pouco a estabilidade, mas a autorregulação é fundamental para não sucumbir. Isso significa o seguinte: quando emoções negativas, como raiva, tristeza e medo batem à porta, é necessário entendê-las, aceitá-las e dominá-las para que elas não te dominem.

Essa parte do processo é complexa e, por isso, não se cobre demais. Permita que a evolução seja gradual, conforme você vai se conhecendo e aprimorando as suas habilidades emocionais.

Aqui, é importante aceitar erros, inseguranças e medos como parte da vida. Não adianta querer evitar a todo custo as emoções ruins. É muito mais inteligente aprender a lidar com elas de forma saudável do que reprimi-las ou se deixar levar.

4. Reconheça os seus limites

O reconhecimento dos seus limites não vem do dia para a noite, é com o tempo que você entende até onde consegue ir em cada situação que cruza o seu caminho. Por isso, o autoconhecimento é tão importante.

As limitações não significam que você seja incapaz ou inferior. Pelo contrário, significam que é forte o suficiente para reconhecê-las e, se possível, superá-las. Em alguns casos, é preciso apenas aceitá-las.

Conhecer esses limites ajuda a tomar decisões mais conscientes, conseguir dizer “não” quando necessário e, é claro, pedir ajuda. É uma forma de respeitar a si mesmo e evoluir, sempre protegendo a sua saúde emocional.

5. Aprenda a se manter firme diante das dificuldades e mudanças

Situações dolorosas e difíceis surgem na vida de todos, mas o que diferencia uma pessoa da outra é como ela reage às adversidades.

A resiliência é sobre receber essas dificuldades que cruzam o seu caminho e, ainda assim, continuar firme, focado e em contínuo aprendizado. 

Portanto, significa lidar de maneira inteligente com os problemas, sendo capaz de administrar as emoções mesmo quando não é possível controlar tudo ao seu redor.

6. Pratique se colocar no lugar do outro

Quanto maior o seu autoconhecimento, maior também será a sua empatia. 

Isso porque, quanto mais consciente sobre quem você é e as suas emoções, mais fácil é entender as emoções alheias.

A empatia é sobre se colocar no lugar do outro, sem tentar minimizar ou comparar o que a pessoa está vivendo. Apenas escutar, se solidarizar e ser compreensivo.

Em algumas situações, o impulso do ser humano é tentar mostrar para quem está sofrendo que a situação poderia ser muito pior, por exemplo. Há boa intenção nesse tipo de fala, mas nem sempre é o que o outro precisa ouvir.

Acolhimento sem julgamentos é o caminho e é uma das posturas mais difíceis de assumir diante das dores e dificuldades do outro.

Empregabilidade e saúde mental caminham juntas

Com todas essas orientações para impulsionar a empregabilidade, não restam dúvidas de que, além do aprimoramento das habilidades técnicas, é preciso colocar atenção nas habilidades emocionais e na saúde mental.

Vivemos um momento em que, cada vez mais, o mercado de trabalho está evoluindo para além das hard skills. Pessoas saudáveis e inteligentes emocionalmente são responsáveis por elevar o nível de performance e entregas, por isso, não deixe todos esse desenvolvimento de lado.Para continuar aprendendo sobre saúde mental e temas relacionados, leia mais conteúdos do blog da Vittude. Somos especialistas em soluções de saúde mental para pessoas e empresas. Acesse o nosso site e saiba mais!

Bruna Cosenza

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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