Você sabe o que é TDAH? Por mais que muito se fale sobre o assunto hoje em dia, pouca gente realmente conhece as suas características.
A sigla significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Trata-se de um transtorno neurobiológico, principalmente com causas genéticas. Normalmente, surge na infância e costuma acompanhar o indivíduo por toda a sua vida.
Para entender melhor os sintomas e o tratamento, além de tirar outras dúvidas importantes sobre o assunto, continue a leitura para conferir este guia completo sobre TDAH.
O TDAH é um transtorno que tem como principais características a desatenção, impulsividade e inquietude motora (ou hiperatividade, como também é conhecida).
Os sintomas costumam ficar mais claros na fase escolar, pois é o momento em que a criança passa a frequentar um ambiente novo, em que é necessário interagir e testar suas habilidades. Portanto, é quando as dificuldades ficam mais evidentes.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), os números de casos de TDAH variam entre 5% e 8% em âmbito global. Além disso, é estimado que por volta de 70% das crianças com o transtorno também apresentam outra comorbidade.
Existem alguns graus de TDAH que são levados em consideração quando uma pessoa é diagnosticada:
O TDAH é caracterizado por uma combinação de dois tipos de sintomas: desatenção e hiperatividade-impulsividade.
Nem sempre o portador do transtorno apresenta todos os sintomas, afinal, o mesmo pode ser de maior ou menor gravidade.
Confira os detalhes em relação a cada tipo de sintoma:
São considerados seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade para crianças de até 16 anos ou cinco ou mais sintomas para adultos. Os sintomas devem estar presentes há pelo menos 6 meses e são considerados inadequados para o desenvolvimento do indivíduo:
São considerados seis ou mais sintomas de hiperatividade-impulsividade para crianças de até 16 anos ou cinco ou mais sintomas para adultos. Os sintomas de hiperatividade-impulsividade devem estar presentes durante pelo menos 6 meses até certo ponto que são perturbadores e inadequados para o nível de desenvolvimento da pessoa:
Além dos sintomas citados acima, o diagnóstico de TDAH também deve observar se as seguintes condições estão sendo atendidas:
Também é levado em consideração que a pessoa apresente seis ou mais sintomas por pelo menos seis meses. Em adultos, por sua vez, é necessário apresentar somente cinco dos sintomas listados anteriormente.
Agora que você já sabe o que é TDAH, é importante conhecer os seus subtipos: desatenção, hiperativo e combinado. Confira:
Trata-se de um indivíduo que enfrenta dificuldades para se manter concentrado por muito tempo em um assunto específico, sendo rapidamente distraído por estímulos externos.
Dessa forma, costuma cometer vários erros por falta de atenção, evita atividades que exigem muito esforço mental e, muitas vezes, se esquece o que iria fazer ou falar.
Nesse subtipo, também é muito marcante a dificuldade de fazer uma boa gestão de tempo. Também são pessoas que perdem objetos com frequência e nem sempre prestam atenção no que os outros estão falando.
É uma pessoa inquieta, que não consegue ficar parada. Pode sofrer com a inquietação motora também, ou seja, dificuldades para ficar sentado ou manter mãos e pés sem se mexer.
Esse subtipo de TDAH apresenta tendência a vícios, como drogas e jogos. Além disso, é um indivíduo que encontra dificuldades para se expressar porque a fala nem sempre acompanha a velocidade dos pensamentos.
Não consegue lidar bem com frustrações, pode ter um temperamento explosivo e gosta de fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo para não cair no tédio.
Esse subtipo de TDAH é mais difícil de ser diagnosticado, pois é preciso apresentar uma combinação dos dois tipos anteriores, mesclando sintomas de desatenção e hiperatividade.
Não basta apenas entender o que é TDAH, mas também conhecer as suas principais causas que, segundo estudos, estão relacionadas à uma combinação de fatores genéticos e ambientais, além de alterações no cérebro.
Confira mais detalhes sobre cada um:
As chances de ter TDAH são maiores em filhos e familiares de pessoas portadoras do transtorno, ou seja, a hereditariedade é um fator bem forte.
Existem diversos estudos sobre o transtorno que indicam que os seus portadores têm alterações na região frontal e suas conexões com o restante do cérebro.
A região frontal orbital é responsável pela inibição do comportamento, pela capacidade de prestar atenção, e pela memória, autocontrole, planejamento e organização.
As pesquisas revelam que a alteração nessa região cerebral está no funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores.
Por fim, há os fatores ambientais, que incluem:
Apesar do TDAH não ter cura, com o tratamento adequado é possível amenizar os sintomas. Assim, o portador do transtorno terá mais qualidade de vida e saúde mental.
Os prejuízos no dia a dia podem variar de acordo com a gravidade do caso, mas, no geral, é importante ficar atento aos seguintes pontos:
Um dos principais impactos na infância e na adolescência é o desempenho escolar, pois o TDAH pode gerar dificuldades como ficar parado, escutar e se concentrar, aspectos que são importantes na sala de aula e na hora de estudar.
Conforme a criança ou adolescente começa a ter problemas no seu rendimento, pode acabar sofrendo com frustração, baixa autoestima e sentimento de incapacidade.
Além disso, não é incomum que os portadores do transtorno sofram bullying nessa fase da vida, pois os comportamentos atípicos geram estranhamento nos colegas e se tornam motivo de piada.
Já no caso dos adultos, os prejuízos costumam estar mais relacionados à esfera profissional, acadêmica ou nos relacionamentos.
Podem enfrentar problemas para estudar e se concentrar, o que impacta o rendimento, seja em provas específicas ou no dia a dia de trabalho como um todo.
Além disso, para quem TDAH pode ser um grande desafio se organizar e cumprir horários e tarefas, aspectos que também impactam negativamente a carreira.
Por fim, é importante ressaltar que todos esses sintomas também geram problemas nos relacionamentos, afinal, não é fácil lidar com uma pessoa desatenta e/ou hiperativa. Por isso, é tão importante buscar o tratamento adequado.
Para responder a esta pergunta, é necessário relembrar o conceito de neurodiversidade, criado em 1998, que afirma que as condições neurológicas diversas entre os seres humanos são normais.
Isso significa que não devem ser vistas como doenças, deficiências ou algo incapacitante. E isso vale para o TDAH.
Enquanto uma pessoa neurotípica não tem alterações neurológicas ou no neurodesenvolvimento e, por isso, o seu funcionamento nessa esfera é considerado “normal”, o neurodivergente tem alterações neurológicas ou no neurodesenvolvimento, ou seja, apresenta um padrão fora do esperado pela sociedade.
Além de TDAH, outros exemplos de pessoas neurodivergentes são aquelas que têm Transtorno do espectro autista (TEA), dislexia, dispraxia e síndrome de Tourette.
Hoje em dia, a neurodiversidade é tida como um movimento social em busca de inclusão a fim de que as pessoas tenham seus direitos respeitados e sejam vistas em pé de igualdade.
Assim que for diagnosticado, o tratamento costuma ser multidisciplinar, com a intervenção de diversos especialistas, como psicólogo, fonoaudiólogo, psiquiatra, psicomotricista, entre outros. No caso das crianças, também pode ser necessário auxílio pedagógico.
Em seguida, é possível se aprofundar nas principais intervenções:
Os medicamentos mais utilizados no tratamento de TDAH são da classe de estimulantes.
Não se engane: apesar do nome, eles têm um efeito calmante e tendem a reduzir a hiperatividade e impulsividade, além de contribuir para a concentração e o aprendizado. O mais conhecido nesse tipo de tratamento é a Ritalina (metilfenidato).
O uso de remédios é orientado apenas por um médico psiquiátrico e jamais é recomendado se automedicar.
O tratamento do TDAH também se beneficia de mudanças de hábitos, como alimentação saudável, redução de consumo de cafeína e açúcar e prática de atividades físicas intensas.
A combinação de tudo isso com outras intervenções tendem a trazer ótimos resultados.
Existem diferentes tipos de terapia que foram testadas para TDAH. A psicoterapia é capaz de auxiliar tanto os pacientes como os familiares a lidar melhor com os desafios diários.
Para crianças e adolescentes: a terapia também ajuda pais e professores que interagem com as crianças e adolescentes com TDAH. Uma das funções principais da terapia é tratar de questões como manutenção da rotina para estabelecer um cronograma e organizar itens do dia a dia.
Para adultos: um psicólogo pode ajudar um adulto com TDAH a aprender como organizar sua vida, desenvolver resiliência e ser mais assertivo, aprendendo a manter rotinas e quebrar grandes tarefas em tarefas mais gerenciáveis e menores. A Terapia Cognitivo Comportamental, por exemplo, combina muito com as necessidades dos pacientes, que em geral sofrem com a falta de estrutura, caos e desorganização da vida em quase todas as áreas
Ter acesso à informação de qualidade sobre o que é TDAH é fundamental para reduzir os estereótipos sobre o assunto e aumentar o acesso ao tratamento.
Infelizmente, ainda existem muitas pessoas que não recebem o diagnóstico do transtorno logo na infância ou adolescência e convivem com os sintomas ao longo da vida adulta sem o suporte necessário.
Por isso, é tão importante que, ao identificar os sintomas, os profissionais da área da saúde sejam consultados para evitar prejuízos maiores que impactam a qualidade de vida como um todo do portador do transtorno.
Neste artigo, você aprendeu sobre o que é TDAH, mas se quiser continuar se aprofundando neste e em outros temas relacionados à saúde mental, que tal navegar pelo blog da Vittude?
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Indico o livro infantil JOÃO AGITADÃO da Ed. Caravansarai para as crianças com TDAH.