10 dicas para dar um feedback negativo corretamente

Infelizmente, o ser humano não gosta de receber críticas. O feedback negativo costuma ser temido pelas pessoas, que normalmente têm dificuldade para aceitarem erros e encararem pontos que ainda precisam melhorar. No meio profissional não é diferente.

De um lado, temos os líderes com receio de que o feedback negativo gere desmotivação e queda no engajamento. Do outro, temos os liderados que, muitas vezes, são resistentes às críticas e assumem uma postura reativa. Realmente, é um enorme desafio para todos os envolvidos, mas isso não significa que deva ser negligenciado.

Faz parte da evolução de cada profissional entender o que não está fazendo tão bem e como pode aprimorar suas habilidades técnicas e sociais. O que vai ajudar nesse processo é o líder saber fornecer um feedback negativo corretamente, ou seja, sem ser agressivo ou maldoso. O foco deve ser esclarecer o que ainda não está tão bem e dar suporte e ferramentas para ajustar o que for necessário.

Se você está enfrentando esse desafio, a boa notícia é que preparamos um artigo completo sobre o assunto que vai te ajudar a entender como planejar e dar um feedback negativo para as pessoas da maneira correta. Continue a leitura para conferir tudo!

O que é o feedback negativo?

Para começo de conversa, o feedback negativo se trata de uma conversa entre líder e liderado em que são pontuados comportamentos inadequados ou um desempenho que não está dentro do esperado para o cargo.

O grande problema é quando a mensagem não é transmitida de forma clara e correta, causando um ruído na comunicação. Consequentemente, o liderado não consegue absorver as informações passadas e nem agir para realizar as mudanças necessárias.

Em muitos casos, a pessoa assume uma postura reativa e entra em negação, por isso é importante saber como fornecer um feedback negativo para que a relação não seja desgastada e o colaborador tenha a oportunidade de melhorar seus resultados e/ou comportamento.

Qual é a importância do feedback negativo?

O feedback negativo é importante para os seres humanos em todas as esferas da vida, inclusive a profissional. Todo mundo precisa receber críticas construtivas para evoluir e se desenvolver. Faz parte do processo natural de crescimento.

Infelizmente, no âmbito profissional, isso pode acabar se tornando mais difícil, afinal, envolve pessoas que têm relações de trabalho, ou seja, não se pode levar nada para o lado pessoal.

Mesmo com todas as adversidades envolvidas, evitar o feedback negativo apenas porque ele é desafiador não é uma boa ideia. As pessoas precisam saber sobre seus pontos fracos e falhas para se desenvolverem, caso contrário, acharão que estão fazendo tudo corretamente enquanto, na verdade, precisam evoluir em diversos aspectos.

Esse processo é importante para as pessoas em âmbito individual assim como para a empresa, que necessita de profissionais cada vez mais dispostos a se desenvolverem e atingirem melhores resultados.

Um feedback deve ser uma via de mão dupla

Uma matéria do Harvard Business Review, com John Hirsch, traz um ponto de vista bem interessante sobre o feedback, reforçando que não precisamos mais focar na questão hierárquica e sim em uma via de mão dupla. Líder e liderado podem construir um relacionamento transparente e honesto que resulte em experiências de feedback mais efetivas.

No lugar dos gestores dizerem o que os membros de seus times devem ver, eles orientam para onde olhar; no lugar de oferecerem diretrizes prontas, fazem perguntas investigativas que os ajudam a entender melhor o trabalho e quais caminhos seguir. É menos imposição e mais colaboração, entende?

Isso pode ser saudável e contribuir bastante no caso de um feedback negativo, em que a pessoa pode se sentir acuada e injustiçada por alguém em uma posição mais alta.

Uma das dicas de John é que as lideranças estimulem seus liderados por meio de algumas colocações e perguntas chamadas “hero questions”, que têm como objetivo desbloquear o potencial de cada um:

  • Conte-me sobre um momento que te fez se sentir energizado esse mês;
  • O que você aprendeu sobre si mesmo ao trabalhar nesse projeto?
  • Quais habilidades você considerou mais importantes para a execução desse projeto?
  • Quem você ajudou recentemente e que diferença isso fez no dia a dia da outra pessoa?

A mudança de mentalidade na hora de dar um feedback ajuda a criar um ambiente mais harmônico. A melhor situação é aquela em que se estabelece uma conversa e não um monólogo, pois só assim estamos de fato ajudando os outros a compreenderem seus pontos fortes e orientando-os em relação a como desenvolver o que ainda não está indo tão bem.

Qual é o papel do líder no feedback negativo?

Cabe ao líder transmitir tanto os feedbacks negativos como positivos. O ideal é que as empresas contem com momentos formais ao longo do ano que possibilitam essa troca de informações. No entanto, isso não impede que um posicionamento sobre o trabalho seja fornecido de maneira mais informal também, caso necessário.

O mais importante é que os líderes estejam devidamente preparados para esse momento. Para isso, precisam acompanhar o dia a dia de trabalho da equipe e ter consciência sobre o que cada membro do time está entregando e como está se comportando de forma geral.

Vale reforçar que o feedback negativo pode vir tanto em relação a questões comportamentais ou de comunicação como sobre as metas e resultados.

Organização e planejamento feitos com antecedência também são essenciais para não seja uma conversa marcada pela tensão e nervosismo excessivos. Ter bons exemplos e evidências em mãos ajuda na hora de argumentar e convencer o outro em relação aos pontos que precisam ser melhorados.

10 dicas para dar um feedback negativo

Pode ser desafiador, mas com certeza é possível dar um feedback negativo sem desmotivar a pessoa e afetar o relacionamento que existe entre líder e liderado. Para que isso aconteça da melhor forma, confira algumas dicas que separamos.

Use um vocabulário positivo

Você não leu errado: usar um vocabulário positivo é importante para que quem está recebendo o feedback negativo não se sinta mal.

Isso significa que você não deve apenas usar palavras que remetam ao lado negativo, ou seja, procure equilibrar e demonstrar que tudo o que está sendo dito na verdade tem como objetivo ajudá-lo a se desenvolver. Mostre o lado positivo de se receber críticas construtivas e como é possível evoluir a partir disso.

Deixe claras as expectativas da empresa

Para não restarem dúvidas em relação ao que é esperado do colaborador, cabe ao líder repassar mais uma vez as expectativas da empresa. Isso significa apontar o que é esperado do cargo e função em questão para que todos fiquem na mesma página e o profissional tenha clareza sobre o que precisa fazer e entregar.

Seja transparente e impessoal

É muito comum algumas pessoas levarem o feedback negativo para o lado pessoal e o considerarem uma forma de ataque. Por isso, muita gente fica na defensiva.

Para evitar esse tipo de postura, o líder deve ser o mais impessoal possível e demonstrar preocupação genuína com a evolução do outro. Uma comunicação objetiva e transparente é essencial nesse momento.

Utilize dados e exemplos reais

Visto que é comum as pessoas ficarem em negação quando recebem um feedback negativo, uma dica importante é sempre utilizar dados e exemplos reais para evidenciar os pontos levantados.

Em alguns momentos, a pessoa pode nem se lembrar de um comportamento inadequado que teve ou não ter consciência de que não estava atingindo uma determinada meta. Por isso, é importante levar evidências que ajudem a comprovar o que está sendo dito.

Fale também sobre os pontos positivos

Só porque é necessário dar um feedback negativo, não significa que você não possa ressaltar pontos positivos também. É até recomendado, pois dessa forma a pessoa não fica desmotivada e entende que está fazendo algumas coisas muito bem também.

Use uma comunicação não-violenta

A comunicação não-violenta (CNV) é uma metodologia comunicacional que foi desenvolvida pelo psicólogo norte americano Marshall Rosenberg. O objetivo é que ela ajude no aprimoramento dos relacionamentos interpessoais, ou seja, é possível e ideal utilizá-la em momentos delicados como o feedback.

Segundo Rosenberg, a comunicação não-violenta é uma abordagem que diz respeito às habilidades de fala e escuta, possibilitando a conexão consigo mesmo e os outros.

Assim, o psicólogo propõe que as respostas aos estímulos comunicacionais não sejam automáticas e totalmente repetitivas, e sim mais conscientes. Para isso, é necessário desenvolver a escuta ativa — outro ponto que aprofundaremos mais para frente.

Evite comparações

As comparações podem ser muito nocivas, principalmente no momento de um feedback negativo. Basta imaginar o quão desconfortável é receber uma crítica e, ainda por cima, ouvir que o fulano está batendo todas as metas e você não. Isso só gera mais competitividade, inveja, raiva e até mesmo o sentimento de inferioridade. Ou seja, não é nada bom.

Não dê o feedback na frente de outros colaboradores

É essencial que o feedback não aconteça no meio do escritório, na própria mesa de trabalho ou em locais onde todos ao redor podem ouvir. A dica é tentar realizar essa conversa fora do espaço de trabalho, como um café. Dessa forma, todos se sentem mais confortáveis para expor ideias e opiniões.

Pratique a escuta ativa

Como citado anteriormente, é importante que líder e liderado tenham uma escuta ativa nesse momento, afinal, prestar atenção na fala do outro e demonstrar interesse é essencial para que a conversa se desenrole.

O líder não pode simplesmente falar tudo o que deseja e não dar espaço para o outro colocar a sua opinião na mesa e vice-versa. É a hora de ouvir com o coração aberto.

Trace um plano de ações

Um feedback negativo não leva a lugar nenhum se logo em seguida não vier um plano de ação. Afinal, a única maneira de ajustar o que não está funcionando tão bem é entendendo o que pode ser feito para atingir melhores resultados.

Para isso, líder e liderado precisam se organizar para traçar um plano claro com ações que devem ser executadas em curto, médio e longo prazo, visando um melhor feedback no próximo ciclo de avaliações.

Como a psicoterapia pode ajudar a lidar com feedbacks negativos?

Desde o começo do artigo estamos falando sobre como o ser humano tem dificuldade para lidar com críticas. Ao mesmo tempo, também não é fácil fazer uma crítica a alguém. E o despreparo é um dos ingredientes que podem ocasionar um processo de feedback desastroso.

Se a sua empresa se preocupa com o bem-estar e desenvolvimento dos colaboradores, vale a pena entender como a psicoterapia pode ser a sua aliada nesse momento. Nem todo mundo sabe, mas a psicoterapia não é indicada apenas para prevenir e tratar distúrbios mentais, como burnout e depressão.

Dentro das empresas, ela também traz benefícios claros para todos os envolvidos. Por meio da psicoterapia os colaboradores da sua organização têm a oportunidade de vivenciarem um processo de autoconhecimento, desenvolverem inteligência emocional e habilidades sociais e de liderança.

Sua empresa ainda não investe em saúde mental?

Também é uma ótima forma para aprender a lidar com os feedbacks negativos, aceitando os seus erros e entendendo como superá-los sem precisar assumir uma postura defensiva ou de vítima. Da mesma forma, a psicoterapia também ajuda a formar líderes mais preparados para lidarem com as adversidades.

Independentemente do cargo e função, todo profissional tem o que desenvolver em sessões de psicoterapia. E hoje já é possível que as organizações assumam parte dessa responsabilidade e ofereçam a psicoterapia como um benefício corporativo. Dessa forma, todos se beneficiam e os momentos de feedback se tornam ainda mais construtivos.

Para entender como levar a psicoterapia para a sua empresa, conheça o Vittude Corporate. Clique aqui e fale com um de nossos especialistas agora mesmo.

Autor

Bruna Cosenza

ver outros conteúdos

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.