Microgerenciamento: o que é e por que evitá-lo?

Uma pesquisa conduzida pela BambooHR constatou que 44% dos entrevistados já pediram demissão por causa de uma “liderança tóxica”, que foi a causa da desmotivação no trabalho. Infelizmente, o microgerenciamento está entre a lista de causas de pedidos de desligamento.

Talvez você não imaginasse que o microgerenciamento pudesse ser tão nocivo, mas é um problema tanto para os líderes como para os liderados.

As lideranças são responsáveis por boa parte da satisfação e motivação dos colaboradores de uma empresa, portanto, se na sua organização muitos pedidos de demissão são decorrência dessa relação não ser saudável, é um sinal de alerta.

Neste artigo, vamos detalhar melhor a questão do microgerenciamento e como ele pode ser nocivo para o dia a dia da sua empresa. Se você ainda tem alguma dúvida sobre isso, continue a leitura e tire todas elas agora, combinado?

O que é o microgerenciamento?

O microgerenciamento é um comportamento gerencial de uma liderança. Caracteriza-se por uma liderança fraca, insegura e autoritária, que sente a necessidade constante de controlar e monitorar os membros do seu time.

Trata-se daquele chefe que quer saber tudo o que os liderados estão fazendo o tempo todo, ou seja, não dá nenhuma autonomia para eles lidarem com o dia a dia de trabalho.

É uma exagerada necessidade de domínio das tarefas que estão sendo executadas e situações vivenciadas. Não se trata de uma preocupação natural e sim de uma vontade de controlar tudo a sua volta.

Não há dúvidas, portanto, de que é uma postura prejudicial para o bem-estar e convívio dentro da empresa, afinal, as pessoas perdem a liberdade e a motivação. O resultado? Altos níveis de desânimo, estresse e conflitos.

Como identificar um líder de microgerenciamento?

É muito comum que profissionais em suas primeiras lideranças, quando estão mais inseguros, praticarem o microgerenciamento. No entanto, isso não significa que líderes com mais tempo de experiência não possam ter esse tipo de perfil.

Vale ressaltar que a liderança não é um respeito imposto e sim adquirido ao longo do tempo e por meio de um vínculo que se cria com as outras pessoas. Um líder despreparado pode sentir a necessidade constante de vigiar e controlar seus liderados por conta da sua própria insegurança. Dessa forma, não se cria um relacionamento saudável.

Um líder com esse perfil está mais preocupado em controlar e ordenar que as coisas sejam feitas do seu jeito, portanto, não é muito difícil identificar o perfil. Considere que esse tipo de profissional poderá contemplar as seguintes características:

  • os membros do seu time não tem liberdade e autonomia no dia a dia;
  • concentra as decisões apenas em si mesmo;
  • tudo deve passar pela sua fiscalização;
  • não delega funções;
  • todos os processos, mesmo que os de rotina, devem ser avisados;
  • ideias que não forem suas costumam ser barradas;
  • quer ser copiado em todos os e-mails;
  • seus liderados não podem participar de projetos de outras áreas sem autorização;
  • supervisiona e controla os colaboradores o tempo todo;
  • pequenos erros se tornam um grande problema;
  • ignora a opinião e/ou experiência dos outros profissionais;
  • quer saber as atualizações sobre projetos o tempo todo;
  • pede relatórios constantemente;
  • não confia na equipe.

É claro que cada gestor que pratica o microgerenciamento pode apresentar algumas dessas características mais ou menos acentuadas. Vale ficar de olho!

Quais são as desvantagens do microgerenciamento?

São muitos os problemas que podem ser causados por um líder com perfil de microgerenciamento. Confira, em seguida, algumas das desvantagens.

Lideranças que não são exemplos

O primeiro e óbvio problema aqui é a questão de que uma liderança que controla demais o seu time não consegue criar vínculos verdadeiros e servir de exemplo. Os liderados obedecem seu líder por medo e não porque concordam e estão em sintonia.

Os profissionais ao redor de um gestor que pratica o microgerenciamento começarão a cultivar sentimentos ruins em relação ao seu próprio chefe, o que culminará em uma relação nociva.

Ambiente de trabalho estressante

Controle e cobrança excessivos são capazes de gerar um desgaste muito alto nos profissionais. Dessa forma, cria-se um clima organizacional ruim, pouco estimulante e desagradável.

Profissionais limitados criativamente

Quando o lugar que você trabalha não te dá autoridade e liberdade para agir, consequentemente você perde espaço para criar também. Assim, a empresa deixa de usufruir do verdadeiro potencial de seus colaboradores, que acabam apenas seguindo regras e ordens.

Sem contar que a falta de oportunidade para expor ideias e soluções acaba desmotivando totalmente os profissionais, principalmente aqueles que por natureza são mais participativos e gostam de colaborar.

Baixos índices de produtividade

Não precisamos nem falar que junto da desmotivação e frustração vem a baixa na produtividade, né?

Profissionais que não se sentem desafiados e estão submersos em um ambiente de trabalho estressante e controlador acabam produzindo menos e até cometendo mais falhas. O comprometimento com o dia a dia de trabalho pode cair drasticamente.

Aumento do turnover e absenteísmo

Desmotivados, esses colaboradores ajudam a elevar o nível de índices negativos para a empresa, como o turnover e o absenteísmo.

As faltas e atrasos podem se tornar cada vez mais recorrentes e os pedidos de demissão aumentam também, afinal, ninguém quer trabalhar em um ambiente tão desmotivador.

Isso é ruim para todos os envolvidos: a empresa e os colaboradores.

Perda da visão do negócio

Além de direcionar o seu time, o papel de uma liderança é manter o foco nos objetivos de negócio da empresa e, portanto, contribuir estrategicamente. No entanto, esse profissional só será capaz de fazer isso se evitar o microgerenciamento.

Isso porque controlar excessivamente o que os seus liderados estão fazendo exige tempo. E esse tempo e esforço na verdade deveriam estar sendo direcionados para a visão estratégia do negócio da empresa.

Como detectar e evitar o microgerenciamento na sua empresa?

Caso seja detectado que na sua empresa existem lideranças que praticam o microgerenciamente, existem algumas maneiras de mudar esse cenário. Confira algumas delas.

Mude de mindset da liderança

Estamos falando sobre fomentar um outro tipo de liderança dentro da sua empresa. Isso significa investir tempo em treinamentos e formações que visem transmitir a mensagem certa sobre o que é esperado de um líder naquele ambiente de trabalho.

Muitas pessoas podem trazer esse estilo de liderança de empregos passados e precisam entender que existem outras maneiras de liderar. Além disso, é sempre importante garantir uma atenção especial às lideranças mais jovens, que podem ser as mais inseguras.

Garanta ciclos de feedbacks reversos

O feedback reverso é aquele que ocorre de baixo para cima, ou seja, quando os liderados podem repassar feedbacks aos seus gestores. Isso é importante porque nem sempre o líder tem consciência clara de que seu estilo de liderança de microgerenciamento está afetando tanto o dia a dia do seu time.

Uma conversa honesta e bem argumentada pode ser um dos primeiros caminhos para mudar a mentalidade da liderança.

Cabe ao RH também ficar atento aos feedbacks reversos e analisar se o microgerenciamento é algo recorrente ou pontual na sua empresa.

Realize pesquisas de clima organizacional

Outra maneira de detectar quando algo não vai bem é por meio da pesquisa de clima organizacional. O RH da empresa deve garantir que esse momento seja levado a sério e todos respondam à pesquisa, pois é o momento de entender como anda o bem-estar dos colaboradores e a percepção que eles têm sobre o dia a dia na empresa.

Inclua o assunto no onboarding

Quando chega um novo funcionário na empresa ele precisa passar por um período de mergulho na cultural organizacional, não é mesmo? Uma dica valiosas para evitar líderes com a mentalidade do microgerenciamento é nesse momento do onboarding transmitir o perfil das lideranças da organização, ou seja, o jeito de liderar naquele ambiente.

É claro que vale analisar o perfil do candidato antes da contratação, afinal, assim é possível evitar erros e maior rotatividade. Mesmo assim, vale ressaltar o que é esperado da liderança durante o onboarding.

Ofereça ferramentas de desenvolvimento

Você deve estar se perguntando o que faz uma pessoa praticar o microgerenciamento, não é mesmo? Afinal, é intencional ou não? Existem várias causas, sendo algumas de viés pessoal e outras de viés organizacional.

A pessoa já pode ser detentora de características como a insegurança e ter a tendência de desconfiar dos outros. Acaba não conseguindo separar os dois mundos e leva essas características para o meio profissional, se tornando extremamente controladora e obsessiva por detalhes.

Por outro lado, podem ser questões organizacionais também, afinal, o gestor pode apenas estar seguindo a política interna da empresa, que preza por perfis de lideranças que praticam o microgerenciamento.

No primeiro caso, quando a pessoa já possui características pautadas na insegurança excessiva, vale considerar a psicoterapia como uma ferramenta para trabalhar tais questões.

Junto de um psicólogo especializado em formação de lideranças, o profissional pode tomar consciência de si mesmo, dos erros que está cometendo e praticar o autoconhecimento para promover algumas mudanças.

A empresa pode, portanto, assumir a sua responsabilidade ao oferecer ferramentas valiosas para o desenvolvimento das lideranças, como é o caso da psicoterapia. Por meio de parceiros como o Vittude Corporate já é possível levar esse benefício corporativo e colher os frutos.

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Afinal, existe uma fórmula perfeita para ser um bom líder?

Não existe uma fórmula, mas algumas boas práticas que podem ser adaptadas para a realidade de cada profissional. O microgerenciamento nunca será a resposta, afinal, ele elimina a liberdade e autonomia das pessoas e isso é essencial para o crescimento de qualquer profissional.

O Google conduziu uma pesquisa que tinha como objetivo entender o perfil dos gerentes de sucesso da empresa, ou seja, o que era preciso para comandar uma equipe na empresa. As dez características que foram detectadas são interessantes e vão justamente contra o microgerenciamento. Confira:

  • é  um bom coach;
  • empodera a equipe, ou seja, não é controlador;
  • cria um ambiente de equipes inclusivo, mostrando preocupação com o sucesso e bem-estar;
  • é produtivo e orientado para resultados;
  • é um bom comunicador – ouve e compartilha informações;
  • apoia o desenvolvimento de carreira e debate a performance;
  • tem uma visão/estratégia clara para o time;
  • tem habilidades técnicas para ajudar a aconselhar a equipe;
  • colabora com outras áreas da empresa;
  • é um forte tomador de decisões.

É claro que de uma empresa para outra essas características mudam um pouco conforme o contexto, mas com certeza praticar o microgerenciamento não está entre as prioridades.

Para ser um bom líder é preciso inspirar e colaborar, não controlar tudo e todos ao seu redor. Começar por aí pode ser um bom ponto de partida, o que você acha?

Bruna Cosenza

Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.

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