Não é novidade nenhuma que a pandemia da Covid-19 mudou a rotina de trabalho de muitas empresas. Até então o home office era pouco difundido no Brasil, mas com as medidas de isolamento se tornou uma opção para muita gente. Agora, enfim chegou a hora de entender como será o retorno ao trabalho presencial.
O avanço da vacinação tem feito muitas organizações considerarem a volta ao escritório, mas como será o processo? O que os colaboradores devem esperar?
Uma pesquisa realizada pela KPMG no Brasil, “Covid-19: como será o seu retorno aos escritórios”, contou com a participação de 287 empresários de diferentes ramos de negócios. Entre os dados, o estudo revelou que 85% das empresas devem apostar no formato híbrido, ou seja, na mescla entre trabalho remoto e presencial.
Além disso, como a pesquisa foi realizada entre julho e agosto de 2021, apontou que 40% dos entrevistados voltariam aos escritórios no segundo semestre de 2021, enquanto 40% afirmaram que isso aconteceria somente no primeiro semestre de 2022.
Independentemente de quando as mudanças vão acontecer, o ponto é que as empresas estão planejando ou executando retorno ao trabalho presencial. Por isso, precisamos falar sobre medidas de segurança, boas práticas e, é claro, sobre como a saúde mental se encaixa nisso tudo. Vamos lá?
No final de 2020, o Governo Federal publicou a Instrução Normativa nº 109, com orientações relacionadas à volta ao trabalho presencial, que deveria ocorrer de forma gradual. O documento, por sua vez, é focado nos servidores públicos, mas as medidas recomendadas são úteis para outros ambientes de trabalho também.
Os principais pontos foram:
Com o avanço da vacinação no Brasil, além de tudo o que já foi listado, outras medidas também necessitam de atenção. Confira:
O primeiro é o mapeamento vacinal contra a COVID-19, a ser realizado de maneira sigilosa pelo RH, de tal forma que os colaboradores devem apresentar o comprovante de vacinação. Vale pontuar que a Justiça considera que o empregador tem permissão a tomar esse tipo de atitude e, assim, decidir quem está autorizado ou não a retornar ao trabalho presencial.
Ainda sobre este ponto, há a discussão sobre a possibilidade de demitir o funcionário que se recusar a se vacinar ou apresentar o comprovante de vacinação. Nesses casos, há um conflito entre o livre arbítrio e a proteção da saúde coletiva.
Caso a empresa opte por demitir o colaborador, a recomendação é fazer isto na modalidade dispensa sem justa causa em virtude do respeito à decisão do indivíduo de não se vacinar.
As medidas de segurança permanecem, como distanciamento social, uso de máscaras, orientações sobre higienização das mãos e medição diária das temperaturas.
Além disso, as recomendações em caso de contaminação também devem estar claras para que todos saibam o que fazer se forem detectados casos da doença no time.
O retorno ao trabalho presencial deve levar em consideração um esquema híbrido, que é a tendência que boa parte das empresas deve seguir.
Para não haver confusão e aglomerações no escritório, é fundamental estabelecer as regras sobre a divisão de dias entre trabalho remoto e presencial.
Para garantir um retorno mais seguro e tranquilo, o plano de retomada deve ser primeiro validado internamente. Feito isto, chega a hora de apresentá-lo aos colaboradores para que todos fiquem na mesma página.
Dessa forma, é possível esclarecer dúvidas e fortalecer a confiança para que os funcionários se sintam confortáveis para trabalhar no escritório.
Em seguida, confira algumas ações que podem ser implementadas na empresa com o objetivo de preparar todos para as mudanças ocasionadas pelo retorno ao trabalho presencial:
É muito importante que as pessoas saibam com certa antecedência sobre as mudanças no formato de trabalho. Cada um reagiu de uma forma à pandemia e os efeitos colaterais na saúde mental foram pesados para muita gente, por isso, é fundamental estabelecer uma comunicação clara e objetiva para gerar confiança.
Nestas reuniões iniciais, o RH deve esclarecer quais serão as regras, recomendações e as medidas de segurança. Além disso, deve existir espaço para o diálogo, ou seja, todos precisam sentir que suas dúvidas e necessidades podem ser expostas sem receios.
Não é necessário que todas as mudanças aconteçam ao mesmo tempo. Principalmente em empresas maiores, é recomendado que o processo seja feito gradualmente.
Do mesmo jeito que foi complexo se adaptar de repente ao home office, também não será simples voltar à rotina presencial. Por isso, o esquema híbrido é o formato que muitas empresas estão planejando adotar para que a adaptação seja mais tranquila e, ao mesmo tempo, todos possam usufruir do melhor dos dois mundos.
Como toda mudança, pode ser que os primeiros meses necessitem de adaptações e melhorias. Por isso, vale a pena pedir feedbacks para os colaboradores contarem como tem sido a experiência de retorno ao escritório. Assim, o RH consegue repensar em estratégias para aprimorar aquilo que ainda não está funcionando tão bem.
Além de todas as preocupações com os protocolos de segurança e o modelo híbrido de trabalho, também é fundamental prestar atenção na saúde mental dos funcionários.
Não é novidade que um dos efeitos colaterais da pandemia foi o aumento dos transtornos mentais, como depressão e ansiedade no trabalho. As razões para isso foram muitas:
Com isso, muitos não se sentem seguros e preparados para o retorno ao trabalho presencial. Como lidar com a preocupação dessas pessoas para que elas se sintam mais tranquilas para as mudanças que estão por vir? Ou seja: o que as empresas podem fazer para amenizar a situação e oferecer o suporte necessário aos seus funcionários?
Em seguida, confira algumas ações que podem contribuir em relação aos cuidados com a saúde mental dentro das organizações:
As rodas de conversa são uma forma interessante de aproximar as pessoas e criar uma abertura para o diálogo. Podem ser realizadas presencialmente ou online e, se possível, é interessante até contar com um mediador externo, por exemplo, um profissional da área da saúde, como um psicólogo.
Por meio desse tipo de atividade, é possível que todos se expressem e aprendam em conjunto. Para dar certo, é fundamental que todos se sintam confortáveis para falar como se sentem e compartilhar experiências.
Para quem ainda está com muito medo em relação à Covid-19 ou está sofrendo com ansiedade, depressão ou outros transtornos, é uma maneira interessante de demonstrar acolhimento, informar e conscientizar.
Outro ponto importante é que a empresa estimule os colaboradores a praticarem o autocuidado diariamente. Além de falar sobre o assunto para despertar o interesse de todos, também é recomendado:
A psicoterapia é uma das ferramentas mais poderosas na prevenção e tratamento de transtornos mentais. Nem todo mundo reconhece a importância de um acompanhamento psicológico, seja por falta de informação ou tabus que ainda permeiam a sociedade.
A empresa deve incentivar seus colaboradores a cuidarem da saúde mental, reforçando o papel do psicólogo neste processo. E uma das formas de se fazer isso é oferecendo a psicoterapia como um benefício corporativo, afinal, ainda é um serviço inacessível para boa parte dos brasileiros.
O retorno ao trabalho presencial pode ser dificultado pelo medo que algumas pessoas têm de demonstrar quando estão gripadas, visto que há muitos protocolos e é necessário conviver presencialmente com os colegas de trabalho.
Este medo pode fazer com que o indivíduo tente negar e esconder os sintomas, o que gera um grande risco para todos os colaboradores. Por isso, a comunicação interna aberta e empática é essencial para que todos se sintam confortáveis para sinalizarem quando estiverem com sintomas de gripe (seja Covid-19 ou não) e poderem trabalhar de casa.
É necessário que os funcionários se sintam à vontade e tranquilos mesmo com todos os protocolos e medidas de segurança, caso contrário, a tensão irá tomar conta do ambiente.
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