Depressão é doença ocupacional? Como ajudar os colaboradores que sofrem com esse transtorno?

Uma das grandes preocupações da área de Recursos Humanos das empresas é a doença ocupacional. Isso porque esse problema pode acabar resultando em altos índices de absenteísmo, o que não é nem um pouco vantajoso para nenhum dos lados.

Em casos de afastamento por conta de doenças ocupacionais, tanto a empresa como o colaborador saem perdendo. Neste artigo, falaremos mais especificamente sobre a depressão, que pode ser considerada uma doença ocupacional.

O que muita gente não se dá conta ainda é de que um colaborador com depressão vive uma luta que não impacta negativamente apenas a sua vida, mas a própria empresa também.

Portanto, cuidar da saúde mental dos funcionários é essencial para que a organização continue crescendo e atingindo os seus objetivos. Ainda mais em países como o Brasil que, infelizmente, lidera o número de casos de depressão na América Latina.

Para se ter uma ideia da gravidade, 5,8% dos brasileiros convivem com a doença, segundo a OMS.

Nós, da Vittude, sabemos da importância de prevenir e tratar distúrbios mentais. Por isso, a nossa missão é levar essa conscientização a mais empresas para que o dia a dia seja mais saudável e feliz.

Neste artigo, vamos te ajudar a entender as consequências da depressão no meio corporativo e qual é o papel das organizações nessa luta. Vamos lá?

O que é doença ocupacional?

Primeiro é preciso entender o que é a doença ocupacional. Trata-se da designação de diversas doenças que afetam a saúde de um trabalhador e são provocadas por fatores diretamente relacionados ao ambiente de trabalho no qual ele está inserido.

Dessa forma, a pessoa fica incapacitada para executar o seu trabalho ou pode ter a sua capacidade reduzida.

Além disso, vale entender também que a doença ocupacional é dividida em duas modalidades: a doença do trabalho e a doença profissional.

Doença do trabalho

A doença de trabalho resulta das condições, aparatos e instrumentos fornecidos no contexto de trabalho, portanto, está totalmente relacionado às condições de trabalho que são fornecidas pela empresa e que podem prejudicar a saúde do trabalhador.

Um lugar, por exemplo, que não fornece uma cadeira confortável para quem trabalha o dia todo sentado em frente ao computador pode acabar resultando em profissionais com problemas de coluna, tendinite etc.

Doença profissional

Por outro lado, a doença profissional é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho que é específico de uma determinada atividade.

Portanto, isso significa que aqueles trabalhadores estão sujeitos à doença por conta da atividade que exercem, independentemente das medidas tomadas pela empresa.

Para entender melhor, pense nas pessoas que trabalham na mineração. Elas sofrem o risco de terem certos problemas de saúde. Mesmo que a empresa ofereça as melhores condições de trabalho, é praticamente impossível prevenir completamente alguns riscos.

São doenças que estão relacionadas à categoria e/ou atividade de trabalho e não às condições fornecidas pela empresa.

Quais são os principais tipos de doenças ocupacionais?

Ainda sobre as doenças ocupacionais, é necessário entender que existem algumas classificações sobre os principais tipos. Em seguida, conheça quais são:

LER – Lesão por esforço repetitivo

A LER é uma das doenças ocupacionais mais conhecidas, pois é causada pelo exercício prolongado e repetitivo de um movimento. É grave, podendo reduzir drasticamente a capacidade do trabalhador de executar suas tarefas. Portanto, em casos graves pode ocasionar a aposentadoria por invalidez.

Além disso, outro ponto importante é que por conta da sua lenta progressão, muitas vezes pode acabar passando despercebida. Entre alguns exemplos, podemos citar a tendinite, bursite, mialgias etc.

Asma ocupacional

A asma se caracteriza pela obstrução das vias respiratórias, portanto, a asma ocupacional é causada pela inalação de agentes tóxicos que provocam alergia. As poeiras inaladas podem ser de substâncias como borracha, algodão, madeira etc.

É uma doença ocupacional respiratória muito comum no ambiente de trabalho. Para que ocorra a prevenção adequada, os trabalhadores devem contar com equipamentos de proteção individual.

Surdez temporária ou definitiva

A surdez se caracteriza pela perda da sensibilidade auditiva, o que pode ocorrer por conta da prolongada e intensa exposição aos ruídos e barulhos. Assim como a asma ocupacional, pode ser evitada se o trabalhador receber os equipamentos de proteção individuais adequados.

É uma doença ocupacional comum em operários da construção civil e até mesmo em profissionais de salão de beleza. O grande perigo é quando os danos atingem um ponto em que se tornam irreversíveis.

Dermatose ocupacional

Assim como outras partes do corpo, a pele também pode sofrer com ausência de condições adequadas para a execução do trabalho. A dermatose ocupacional se caracteriza por alterações na pele e na mucosa, decorrentes de exposição a agentes nocivos, como óleo mecânico ou graxa.

Vale pontuar que a dermatose ocupacional engloba a dermatite de contato, cânceres, infecções e ulcerações. Mais uma vez, precisamos citar que a prevenção acontece com o fornecimento de equipamentos de proteção individual.

Antracose pulmonar

A antracose pulmonar é muito comum em trabalhadores das carvoarias, que ficam o tempo todo expostos aos agentes que causam lesões no pulmão. Portanto, para evitar o problema, o equipamento de proteção individual é essencial.

DORT – Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho

Os DORTs se caracterizam pela postura inadequada contínua, que pode levar à dor crônica se não for tratada adequadamente. Em casos mais graves, pode ocasionar na invalidez do trabalhador em questão.

Muitas vezes relacionados ao LER, podem ser problemas decorrentes de sobrecarga de esforço físico e repetição de movimentos, ou seja, estamos falando sobre bursites, mialgias, dores crônicas e por aí vai.

Doenças ocupacionais psicossociais

As doenças psicossociais são um problema muito grave também, mas que muitas vezes passam despercebidos e não são tratados com seriedade. Estamos falando sobre estresse, ansiedade, depressão, síndrome de burnout, entre outras. Tudo isso pode ser causado por diversos fatores, entre eles:

  • carga excessiva de trabalho;
  • assédio moral ou sexual;
  • metas inatingíveis;
  • ambiente muito competitivo;
  • exigências emocionais da função.

Diferente do que muita gente pensa, problemas de saúde mental afetam a produtividade do trabalhador, ou seja, ele pode acabar precisando se afastar temporariamente ou permanentemente do ambiente de trabalho.

E não podemos nos esquecer de que quando a saúde mental não vai bem, há vários sinais que podem ajudar a detectar o problema:

  • fadiga;
  • alterações no sono;
  • gastrite;
  • ganho ou perda de peso;
  • mudanças de apetite;
  • humor deprimido.

Depressão é doença ocupacional?

Uma pessoa passa grande parte dos seus dias dedicada ao trabalho. Dessa forma, o ambiente no qual está inserida e os profissionais com os quais se relaciona têm um grande impacto na sua felicidade, bem-estar e qualidade de vida.

Como já vimos anteriormente neste artigo, as condições de trabalho fornecidas por uma empresa têm o poder de afetar positiva ou negativamente um trabalhador. E não estamos nos referindo apenas às doenças físicas, pois as doenças psicológicas, como a depressão, também podem ser classificadas como doenças ocupacionais.

Os gatilhos podem ser vários e essas doenças, que ainda são um tabu na sociedade, podem ter um desenvolvimento lento e silencioso, o que não contribui para a prevenção e tratamento.

Ademais, a desinformação sobre o que é depressão faz com que muitas pessoas não se deem conta do que estão enfrentando. Mas o pior é quando têm vergonha de assumirem que estão enfrentando a doença.

As empresas, por sua vez, nem sempre estão atentas em relação aos danos psicológicos que seus colaboradores podem estar sofrendo naquele ambiente.

Várias condições de trabalho podem gerar esse tipo de transtorno, mas é importante ressaltar que há uma variação de acordo com a combinação dos riscos ambientais e características individuais dos funcionários.

Entre os fatores que podem estar relacionados ao desencadeamento da depressão dentro de uma empresa, podemos citar a carga excessiva de trabalho, o assédio sexual ou moral, além de ambientes tóxicos e muito competitivos.

Como a depressão afeta as empresas?

Talvez seja novidade para você, mas sabia que a depressão causa um enorme prejuízo para as empresas? Segundo a OMS, essa doença seria a maior causa de afastamentos do trabalho no mundo até 2020. Bom, esse ano chegou e a pergunta que fica é: o que a sua organização tem feito para lidar com essa situação?

Outro dado alarmante revela que a economia global perde US$ 1 trilhão de dólares por ano por não tratar a depressão e ansiedade. Fica claro, portanto, que prevenir e tratar distúrbios mentais é válido sob o ponto de vista da saúde e da economia também, afinal, todos os lados saem ganhando.

Além disso, estudos da OMS apontam que a cada US$1 investido no tratamento para depressão e ansiedade, é gerado um retorno de US$4 por meio de melhorias na saúde e capacidade de trabalho do paciente.

O que acontece é o seguinte: pessoas com depressão ou outros distúrbios mentais não produzem de maneira eficiente e afetam o clima organizacional da empresa.

Assim, em casos mais graves, podem precisar se afastar ou se desligar do emprego, o que resulta em níveis de absenteísmo e turnover mais elevados.

Bom, e tudo isso impacta a balança financeira das empresas. Colaboradores menos produtivos geram menos resultados para a organização.

Além disso, as faltas e rotatividades excessivas também elevam custos de contratação e substituição de profissionais. Já deu para perceber que a depressão afeta, e muito, as empresas, não é mesmo?

Qual é o papel das empresas no tratamento da depressão?

Agora que você já entendeu o impacto da depressão na saúde e na economia, precisamos ser mais práticos e falar sobre soluções.

Afinal, como as empresas podem lidar com a depressão como uma doença ocupacional? Listamos algumas dicas essenciais para ficar de olho e começar a colocar em ação na sua organização. Confira!

Criar uma cultura organizacional voltada para saúde mental

Tudo começa com a cultura da empresa. O primeiro passo é introduzir na cultura da empresa a questão da saúde mental, tornando esse assunto parte do dia a dia da organização. Não é simples e nem acontece do dia para a noite, mas é preciso começar de algum lugar.

Os valores da empresa e os discursos das lideranças devem vir permeados de preocupação e atenção em relação ao tema.

Lembre-se de que ainda é um assunto tabu para muitas pessoas, portanto, é preciso encontrar a melhor forma de abordar e introduzir na rotina dos colaboradores.

É preciso que todos pensem na sua empresa como aquela que levanta a bandeira da saúde mental e proporciona um ambiente saudável, onde as pessoas se sentem à vontade para falar sobre o assunto.

Estruturar ações em prol da saúde mental

Também não adianta falar e não agir. Por isso, lembre-se de que é necessário incluir no plano de ações da empresa algumas iniciativas relacionadas à saúde mental.

Palestrantes, eventos, comunicados, campanhas (Setembro Amarelo, por exemplo) e por aí vai. Cada ação conta para a construção de um dia a dia mais feliz e saudável para os seus colaboradores.

Cultuar um ambiente que preza pela qualidade de vida

Outro ponto sobre a cultura organizacional está relacionado ao bem-estar e à qualidade de vida. Para isso, é preciso eliminar cargas de trabalho excessivas e discursos que vangloriam a competitividade e pessoas que viram noites trabalhando é importantíssimo.

Na prática, os colaboradores precisam sentir que a empresa prega por um ambiente saudável. Vale conversar com os próprios funcionários para entender o que, para eles, tornaria o dia a dia mais agradável e focado em saúde mental.

Ofereça a psicoterapia como um benefício corporativo

A empresa pode e deve fazer a sua parte quando o assunto é estabelecer uma cultura organizacional saudável e promover iniciativas em prol da saúde mental. No entanto, há algumas coisas que somente um psicólogo pode fazer. Por isso, é importante que a organização inclua a psicoterapia no seu pacote de benefícios.

Essa é a única maneira de prevenir e tratar distúrbios mentais, evitando que os seus colaboradores adoeçam e precisem se afastar do trabalho. Um profissional especializado é a melhor opção nesse sentido e cabe às empresas enxergarem essa necessidade em um país em que o acesso à psicoterapia ainda é elitizado.

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Autor

Bruna Cosenza

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Escritora, produtora de conteúdo freelancer e LinkedIn Top Voice 2019. Autora de "Sentimentos em comum" e "Lola & Benjamin", escreve para inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa.